You are on page 1of 4

As oportunidades de Negócio no Mercado de Carbono no Brasil

Laércio Bruno Filho


Hoje existem basicamente dois tipos de Mercado de Carbono: o Mercado
Regulatório e o Mercado Voluntário.

O Mercado Regulatório representa a obrigatoriedade ao atendimento às metas de


redução dos gases efeito estufa e os créditos de carbono servem para seu
atingimento.
O Protocolo de Quioto, ou o ainda recente RGGI são os exemplos emblemáticos.

No Mercado Voluntário os compradores adquirem os créditos de carbono de acordo


com sua conveniência: Responsabilidade Socioambiental, Posicionamento
Competitivo/Marketing ou Investimento Financeiro.

Serão abordados três tipos de oportunidades de negócios: 1- Projetos do VCM; 2-


Projetos REDD,REDD plus e Florestais e ; 3- Projetos de MDL. Considerando-se a
posição do Brasil frente ao cenário global do mercado de carbono e o potencial de
desenvolvimento de projetos no Brasil.

1- Projetos do VCM
Sendo processos menos burocráticos, oferecem algumas vantagens: maior rapidez
de desenvolvimento e menor custo; a metade de um projeto de MDL.
Geram um ativo ambiental conhecido por VER-Verified Emission Reduced ou VCUs-
Verified Certification Units, comercializados no Brasil com valor ao redor de 8 U$
por unidade.
Hoje existem 17 diferentes padrões de certificação para projetos no VCM. A
validação de um projeto por alguns destes padrões agregam mais valor ao ativo
ambiental por conta do reconhecimento dado á abrangência social do projeto e o
VER adquire maior valor.

Demanda
A demanda por VERs tende a crescer principalmente porque os EUA já vêm
discutindo há algum sobre uma legislação de controle de suas emissões de carbono.
Caso isto aconteça o desenvolvimento de novos projetos e a procura pelo VER
crescerão exponencialmente.

Números
Este mercado teve forte crescimento, em 2007 negociou U$ 263 milhões, em 2008
U$ 396 milhões em 2009 novamente apresentou expansão, tendência que deve se
manter em 2010 pelas razões já mencionadas: legislação nos EUA e crescente
conscientização de parte da população que passa a exigir produtos com menor
pegada ambiental.
Principais modalidades de projeto desenvolvidas e comercializadas no VCM:
Geograficamente distribuídos da seguinte forma:

A maioria dos projetos no Brasil são aprovados dentro do esquema do VCS e


validados seja pelo Carbono Social ou Gold Standard, como forma de adicionar
mais valor.
Existem ainda oportunidades de projetos com reflorestamento em terras
degradadas ,Tratamento de Efluentes Industriais e Aterros sanitários de pequeno e
médio porte.

2- Projetos de REDD e Florestais.


O numero de projetos deve crescer nos próximos anos no Brasil.
Razões:a preocupação mundial com emissões provenientes de desmatamento e
queimadas, legislação futura sobre carbono nos EUA e a assunção de metas
voluntárias pelo Brasil.

O tema REDD foi amplamente discutido em Copenhagen e talvez tenha sido aquele
que melhor resultado obteve em termos pragmáticos.
Alguns países concordaram em aportar recursos financeiros.
A Noruega e EUA prevêem aportes de alguns bilhões de dólares nos próximos 3
anos.

O Estado do Mato Grosso está investindo fortemente em projetos de REDD.Veja o


documento:
“DOCUMENTO-BASE PARA O DESENVOLVIMENTO DO
“PROGRAMA DE REDD DO ESTADO DE MATO GROSSO”;
link: http://www.icv.org.br/w/library/1315449609conceitoreddmt_dez091.pdf

No Brasil são 17 projetos em fases distintas de desenvolvimento,12% deles estão


implementados sendo que 53% estão em fase de elaboração e os outros 35% ainda
estão negociando créditos e captando recursos.
Destes, quinze estão na região amazônica e dois no Vale do Ribeira, em São Paulo.
Abrangem cerca de 46 milhões de hectares distribuídos em propriedades públicas,
privadas e terras indígenas.
Acesse o site e veja os detalhes: http://g1.globo.com/FlashShow/0,,24585,00.swf

A reserva do Juma, no estado do Amazonas é o projeto pioneiro e emblemático.


Veja detalhamento no site: http://www.fas-amazonas.org/pt/secao/projeto-juma

Outras Iniciativas de REDD

· Na Indonésia:mais de 10 projetos, incluindo o Ulu Masen na


província de Aceh, que é financiado parcialmente pelo banco
americano Merrill Lynch.

· O governo da Noruega anunciou recentemente que vai pagar US$


250 milhões à Guiana para que suas florestas tropicais sejam
preservadas.
· O Nedbank, da Africa do Sul assinou MoU comprometendo-se a
adquirir os créditos de carbono gerados pelo Projeto “Wildlife
Works' Kasigau Corridor Project”.
· O Banco Mundial está implementando projetos de REDD em 35
países.

Sobre REDD ainda há muito que se discutir, principalmente sobre as políticas


internas para gestão e controle (nacionais e sub-nacionais), mas a partir do
momento em que a demanda por VERs se apresentar mais firme os tramites
deverão fluir com maior agilidade.

Ainda no âmbito de projetos florestais: os créditos de carbono florestais mais


transacionados até a data foram gerados por projetos de Aflorestamento e Projetos
de Reflorestamento,seguidos por Redd e projetos de Melhoria da Gestão Florestal;

“O mercado de carbono de projetos florestais está em uma posição incerta, mas à


beira de um crescimento potencial enorme, especialmente em Redd”.
Fonte: Ecosystem Marketplace/PointCarbon

3- Projetos de MDL
Atualmente discute-se qual será o futuro deste mercado. No ano de 2012 expira o
primeiro período do Protocolo de Quioto.
O tema foi amplamente debatido em Copenhagen. Sem conclusão consensada o
resultado trouxe instabilidade ao cenário de negócios reduzindo o valor dos ativos
negociados ao redor de 10%.
O mercado Global de Carbono opera acima dos 100 bilhões de dólares/ano e
sinaliza que triplicará seu tamanho até o ano de 2014 por conta inclusive de novas
de atividades de projetos como o CCS– Captura e Estocagem de Carbono. Atividade
de projeto que deve tomar corpo por volta de 2011.

Em ações fomentadas pelo Banco Mundial alguns projetos de MDL já foram


comercializados com entrega para após 2012, buscando trazer visão de
continuidade ao mercado. Apesar disso ainda pairam muitas duvidas á respeito do
futuro do Protocolo de Quioto.

Perda de Atratividade
Hoje os projetos de MDL perdem atratividade e espaço, levando investidores a
procurar outras modalidades ou a aguardar momentos melhores
Razões:
• Futuro Incerto: a indefinição sobre o que virá após o ano de 2012 em
substituição ao mecanismo do Protocolo é um fator preponderante neste
cenário.
• Tempo longo para Registro: identificar, preparar e registrar um projeto de
MDL é longo, 18/24 meses, podendo até ser superior.
Hoje existe o risco de se iniciar um projeto e o trâmite burocrático pode levar
tanto tempo que os resultados financeiros esperados com a comercialização dos
créditos de carbono podem torná-lo pouco atrativo e com alto risco.
• Custo x Risco: Alto custo de transação do processo completo pode chegar aos
150/200 mil dólares por projeto.
A questão do valor tornou-se um obstáculo para muitas empresas e tem
desmotivado muitas iniciativas.
A introdução de um agente financiador tem sido uma alternativa, mas muitos
empreendedores já declinam por conta do custo elevado.
• Complexidade do processo: a burocracia intrínseca tem colocado à margem
inúmeros potenciais projetos.
• Os low hanging fruits já foram quase todos realizados; aterros sanitários
privados; co-geração de energia com bagaço de cana; substituição de matriz
energética, etc. As grandes empresas aguardam momentos de melhor definição
(inclusive metodológicas) para desenvolver novos projetos.

MDL programático.
Dois projetos até hoje. O da Sadia no sul do país e outro projeto ainda em fase
inicial (PIN) no estado de Minas Gerais, conjunto entre 40 usinas de cana e o banco
alemão KFW.
Recentemente o Banco Mundial lançou uma carta-convite para que o MDL
Programático fosse avaliado de forma a ser entender quais as razões que
emperram a decolagem desta modalidade no Brasil.

A modalidade florestal continua a representar um quadro pouco atrativo para


projetos de MDL. Apesar do grande potencial nacional. Aparentemente este espaço
será ocupado pelo mercado voluntário com projetos de REDD.

Neste momento é complexo e mais arriscado desenvolver projetos de MDL no


Brasil. A modalidade encontra-se cada vez mais limitada no sentido de
representar oportunidade concreta de redução de GEE e ganhos marginais para
seus realizadores.

You might also like