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Presbiterianismo
O Presbiterianismo faz parte da família das igrejas reformadas dentro das denomi
nações do Protestantismo Cristão e é baseado nos ensinamentos de João Calvino, t
ais como eles foram institucionalizados na Escócia por John Knox. Há muitas enti
dades autônomas em países por todo o mundo que subscrevem igualmente o presbiter
ianismo. Para além de distinções traçadas entre fronteiras nacionais, os presbit
erianos também se dividiram por razões doutrinais, em especial no seguimento do
Iluminismo.
Apesar da Igreja Presbiteriana ser oriunda da Reforma Protestante do Séc. XVI, e
la mantém o carácter católico da Igreja (traduzida literalmente e especificament
e só como "Igreja Universal"), como declarado no Credo Niceno-Constantinopolitan
o, ainda que não submissa à autoridade do Bispo de Roma.
É uma denominação cristã comprometida com valores éticos e morais. Sua atuação n
o contexto social brasileiro, por exemplo, é marcante, através de instituições d
e ensino desde o infantil até o superior, que têm alcançado excelência e reconhe
cimento internacional, como por exemplo, Universidade Presbiteriana Mackenzie, I
nstituto Presbiteriano Gammon, entre outras.
HISTÓRIA DO PRESBITERIANISMO
O nome destas denominações deriva da palavra grega presbyteros, que significa li
teralmente "ancião". O governo presbiteriano é comum nas igrejas protestantes qu
e foram modeladas segundo a Reforma Protestante na Suíça.
Na Inglaterra, Escócia e Irlanda, as igrejas reformadas que adotaram uma forma d
e governo presbiteriano em vez de episcopal ficaram conhecidas como a Igreja Pre
sbiteriana.
Na Escócia, John Knox (1505-1572), que tinha estudado com João Calvino em Genebr
a, levou o Parlamento da Escócia a abraçar a Reforma Protestante em 1560. A prim
eira Igreja Presbiteriana, a Church of Scotland (ou Kirk), foi fundada como resu
ltado disso.
Na Inglaterra, o presbiterianismo foi estabelecido secretamente em 1572, nos fin
ais do reinado da raínha Elizabeth I de Inglaterra. Em 1647, por efeito de uma l
ei do Longo Parlamento sob o controle dos Puritanos, o presbiterianismo foi esta
belecido para a Igreja Anglicana (Church of England). O restabelecimento da mona
rquia em 1660 trouxe também o restabelecimento da forma de governo episcopal na
Inglaterra (e, por um período curto, na Escócia); mas a Igreja Presbiteriana con
tinuou a ser considerada não-conforme, fora da igreja estabelecida.
Na Irlanda, o presbiterianismo foi estabelecido por imigrantes escoceses e missi
onários ao Ulster. O presbítero de Ulster foi formado separadamente da igreja es
tabelecida, em 1642. Todos os três, ramos muito diversos do presbiterianismo, be
m como igrejas independentes e algumas denominações Holandesas, Alemãs e Frances
as, foram combinadas nos EUA para formar aquilo que se tornou conhecido como a P
resbyterian Church USA (1705). A igreja presbiteriana na Inglaterra e País de Ga
les é a United Reformed Church, enquanto que esta tradição também influenciou a
Igreja Metodista, fundada em 1736.
Os Presbiterianos destacam-se pelo incentivo à educação, entre as inúmeras insti
tuições presbiterianas espalhadas pelo mundo destacam-se a Yale University e o I
nstituto Mackenzie.
O GOVERNO PRESBITERIANO
O governo presbiteriano é uma forma de organização da Igreja que se caracteriza
pelo governo de um Presbitério, ou seja: uma assembléia de presbíteros, ou anciã
os. Esta forma de governo foi desenvolvida como rejeição ao domínio por hierarqu
ias de bispos individuais (forma de governo episcopal). Esta teoria de governo e
stá fortemente associada com os movimentos da Reforma Protestante na Suíça e na
Escócia (calvinistas), com as igrejas reformadas e mais particularmente com a Ig
reja Presbiteriana.
O Presbiterianismo assenta em pressupostos específicos sobre a forma de governo
desejada pelo Novo Testamento:
Um bispo é o cargo mais elevado da Igreja (não há patriarca ou Papa acima dos bi
spos). Bispo, ancião ou presbítero são termos sinônimos. Bispo descreve a função
do ancião (literalmente, inspetor) e não a maturidade do oficial.
A função do ministério da palavra de Deus e a administração dos sacramentos é or
dinariamente atribuída ao pastor em cada congregação (igreja) local. As congrega
ções são núcleos dependentes da igreja local.
A administração da ordenação e legislação está a cargo das assembléias de presbí
teros, entre os quais os ministros e outros anciãos são participantes de igual i
mportância. Estas assembléias são chamadas concílios.
Todas as pessoas são sacerdotes, preocupado com a sua própria salvação, em nome
dos quais os anciãos são chamados a servir pelo assentimento da congregação (sac
erdócio de todos os crentes).
Desta forma, o papel governamental dos presbíteros é limitado à tomada de decisõ
es quando há uma reunião, sendo de resto a função dos pastores o serviço da cong
regação, orar por eles e encorajá-los na sua fé. Esta forma de governo permite a
flexibilidade na tomada de decisão, em contraste com o que acontece nas Igrejas
em que bispos detêm um poder concentrado.
Os concílios presbiterianos crescem em gradação hierárquica. Cada Igreja local t
em o seu concílio, chamado de sessão ou conselho. As Igrejas de uma determinada
região compõem um concílio maior chamado presbitério. Os presbitérios, por sua v
ez, compõem um sínodo. O concílio maior numa Igreja presbiteriana é a assembléia
geral ou supremo concílio.
PRESBITERIANOS FAMOSOS
Brasileiros (e/ ou fixados no Brasil)
Alexander Latimer Blackford (1829-1890) - missionário e pioneiro do presbiterian
ismo brasileiro, fundou a Igreja Presbiteriana de São Paulo
Ashbel Green Simonton (1833-1867) - missionário e pioneiro do presbiterianismo b
rasileiro. Fundou a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, o jornal Imprensa Ev
angélica, o Presbitério do Rio de Janeiro e o Seminário Primitivo.
Belmiro de Araújo César - missionário no Nordeste
Domício Pereira de Mattos - pastor e escritor
Erasmo Braga - pastor
Eduardo Carlos Pereira - pastor e gramático
Edward Hemming Dodd - missionário. Saiu do Presbiterianismo e ajudou a fundar a
Igreja Cristã Maranatha, com o estilo de organização presbiteriano.
Edward Lane (circa1837-1892) Pioneiro missionário da Igreja Presbiteriana nos Es
tados Unidos, fundador do Colégio Internacional e da Igreja Presbiteriana de Cam
pinas.
George Chamberlain (1839-1902) - missionário, fundador da escola americana, o qu
e se tornaria o Mackenzie College.
George Nash Morton (1841-1925) - fundador da Missão de Campinas, diretor e educa
dor do Colégio Internacional e do Colégio Morton (São Paulo).
Horace Manley Lane - diretor do Mackenzie College no Brasil. Lane era educador,
médico, lavrador e negociante. Era também abolicionista e republicano
James (Jaime) Wright - pastor, paladino na defesa dos Direitos Humanos no Brasil
, um dos autores do manifesto contra a tortura "Brasil Nunca Mais"
João Fernandes Campos Café Filho - presidente do Brasil
John Rockwell Smith (1846-1918) - pioneiro presbiteriano no Nordeste e primeiro
professor do Seminário Presbiteriano do Sul.
José Manuel da Conceição - padre que se converteu ao presbiterianismo. Foi o pri
meiro pastor presbiteriano brasileiro.
José Zacarias de Miranda - pastor
Josué Montello - escritor brasileiro e gramático
Júlio Andrade Ferreira (1912-2001) - pastor e escritor da "História da Igreja Pr
esbiteriana do Brasil"
Júlio Ribeiro (1845-1890) - introdutor da escola realista na literatura brasilei
ra
Orígenes Lessa (1903-1986) - escritor brasileiro
Rubem Alves - escritor brasileiro
Samuel Rhea Gammon (1865- 1928) - fundador da Missão Leste do Brasil e grande lí
der e fundador do Instituto Gammon, em Lavras, MG
Vital Brasil (1865-1950) - médico imunologista e pesquisador biomédico que desco
briu o soro antiofídico, antitetânico e antidiftérico.
Outras nacionalidades
Patricia Heaton - atriz norte-americana (protagonista de série "Everybody loves
Raymond"
Andrew Jackson - 7º presidente dos Estados Unidos
Benjamin Harrison - 23º presidente dos Estados Unidos
Brian DePalma - realizador de cinema, foi educado como presbiteriano.
Condoleezza Rice - secretária de estado do Governo Bush (Ministra dos Negócios E
strangeiros) (2005).
Dwight D. Eisenhower - 34º presidente dos Estados Unidos
Grover Cleveland - 22º e 24º presidente dos Estados Unidos
James Buchanan - 15º presidente dos Estados Unidos
James Knox Polk - 11º presidente dos Estados Unidos (saiu da igreja presbiterian
a e passou para a metodista).
John Glenn - astronauta, senador
Mark Twain - escritor norte-americano
Ronald Reagan - 40º presidente dos Estados Unidos
Woodrow Wilson - 28º presidente dos Estados Unidos
Haroldo Cook - Missionário Inglês
ALGUMAS DENOMINAÇÕES PRESBITERIANAS
Escócia
Church of Scotland
Brasil
Igreja Presbiteriana Conservadora do Brasil (IPCB)
Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB)
Igreja Presbiteriana Independente do Brasil (IPIB)
Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (IPRB)
Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPUB)
Igreja Presbiteriana Nova Aliança (IPNA)
Portugal
Igreja Cristã Presbiteriana de Portugal (ICPP)
Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal (IEPP)
Igreja Presbiteriana Missionária de Portugal (IPMP)

2. Episcopado
Por Episcopado, entenda-se a forma de governo da Igreja liderada por um Bispo (e
piskopos = superintendente). O Episcopado é a mais antiga das formas de administ
ração eclesiástica, estabelecida no segundo século, após a morte dos Apóstolos,
pelos Pais Apostólicos (seus discípulos), para manter a coesão e a ordem nas com
unidades, coordenar e supervisionar as suas ações, preservar a doutrina original
e combater as heresias, manter, em colegialidade, a unidade entre as várias com
unidades locais, empreender esforços missionários, preparar e ordenar presbítero
s e diáconos para os seus ministérios. O Episcopado consolidou-se e expandiu-se
como a única forma conhecida de governo da Igreja de Cristo, tanto no Oriente (B
izantinos, Pré-Calcedônios e Nestorianos), quanto no Ocidente (Igreja de Roma) a
té o Século XVI e a Reforma Protestante. A Primeira Reforma (Anglicanos e Lutera
nos), bem como outros grupos reformados mantiveram o Episcopado. Hoje, entre Rom
anos, Ortodoxos e Protestantes, 90% da Cristandade é episcopal.
Por Episcopado Histórico, entenda-se o Episcopado quem tem sido mantido por orde
nações sucessivas por quem já possuía essa ordenação, através dos séculos (o Bis
po da DAR tem comprovada essa sucessão, retroativamente, até o século VIII). Alg
umas Igrejas, como a Luterana da Alemanha e dos EUA, e setores da Metodista, pos
suem o Episcopado Não-Histórico, os seus bispos possuem a autoridade, mas não a
tradição da Ordenação com sucessão, e outras mantêm o sistema episcopal de gover
no, dando, porém, aos seus dirigentes, outros títulos (pastor presidente : Assem
bléia de Deus; pastor-sinodal ou pastor-distrital , Igreja Luterana (IECLB, IELB
); superintendente : Igreja do Nazareno etc.).
COMO FUNCIONA O EPISCOPADO NAS IGREJAS
Entre as correntes internas do Anglicanismo, há, entre setores anglo-católicos,
quem defenda que o Episcopado é do “esse” (essência) da Igreja, e que sem bispo
não há verdadeiramente uma Igreja, mas uma comunidade eclesiástica (posição da I
greja Romana e das Igrejas Orientais); enquanto setores anglo-evangélicos se div
idem entre os que consideram o Episcopado um “bene esse” (benefício) para a Igre
ja, uma marca que a torna melhor. Setores dos anglo-católicos e dos anglo-evangé
licos consideram o Episcopado uma “plena esse” (plenitude), as igrejas não-episc
opais surgidas apenas com setores da Reforma Protestante do Século XVI (governo
presbiterial e governo congregacional) são Igrejas, mas são limitadas em sua ple
nitude pela ausência do Bispo, embora todas elas tenham autoridades que desempen
ham “de fato” tarefas típicas de um Bispo. Embora as igrejas de governo presbite
rial e congregacional (presbiterianos, batistas etc.) sejam apenas 10% da Crista
ndade, são responsáveis por 90% dos cismas e fragmentações institucionais ocorri
das nos últimos 500 anos, que é um dado a se considerar.
Na Idade Antiga e na Idade Média encontramos os bispos-missionários, que liderav
am, apostolicamente, equipes de presbíteros, diáconos e leigos para implantar o
Evangelho em novas regiões ainda não cristianizadas, e os bispos-diocesanos, tit
ulares de uma região eclesiástica dada. Nas igrejas episcopais o termo Diocese,
algumas vezes, é substituído por região eclesiástica, área, distrito, ou outro,
mas com o mesmo significado de uma região com um conjunto de congregações e seus
dirigentes, sob a autoridade de um Bispo.
Para a Doutrina Anglicana o termo “igreja local” é usado para Diocese, e “comuni
dades locais” para as Paróquias, Missões e Pontos Missionários. Os fiéis são mem
bros da Diocese, arrolados em uma Paróquia ou Missão. Os Párocos ou Ministros En
carregados não são “pastores de uma igreja local”, mas dirigentes e representant
es do Bispo. No Brasil, dentre os protestantes, Igrejas como a Metodista (bispos
) e Assembléia de Deus (pastor-presidente) possuem um sistema episcopal de gover
no solidamente estabelecido.
Os Bispos Anglicanos são os “Pais em Deus” da família da fé, Pastores dos pastor
es e dos fiéis, Mestres e defensores da fé, Líderes da missão e titulares da adm
inistração. De acordo com os Cânones (normas eclesiásticas), presidem os Concíli
os Diocesanos, representam a Diocese perante as Províncias, a Comunhão Anglicana
, o Estado e as Relações Ecumênicas ou Inter-Confessionais, são membros “ex-ofíc
io” do Conselho Diocesano e de todas as Juntas e Comissões, supervisionam a form
ação do Clero, detêm o jus liturgicum (autorizar a Liturgia), e são responsáveis
pela ministração dos Ritos Sacramentais da Confirmação (dos novos fiéis profess
os) e da Ordem (Ordenação de presbíteros e diáconos), e designação de ministério
s instituídos (Ministros Leigos e Evangelistas).
O uso do termo Episcopado Histórico é o adotado na Comunhão Anglicana, no lugar
de “com sucessão apostólica”(adotado em outras Igrejas), subentendendo-se que a
sucessão apostólica é não somente pessoal e sacramental (Rito de Sagração), mas
também comunitária e doutrinária (O Bispo, seu Clero e seu Povo mantendo o Sagra
do Depósito da Fé Apostólica).
O desconhecimento histórico e doutrinário, experiências denominacionais não-epis
copais (presbiterais ou congregacionais) passadas ou suas influências presentes,
e o espírito do século Pós-Moderno: individualista, localista e refratário à tr
adição e à autoridade, tem trazido obstáculos ao pleno exercício do Episcopado e
m Dioceses Anglicanas.
“Agostinho de Hipona” afirmou ser o Episcopado formado por “pouca honra e muito
martírio”. O Episcopado, segundo o apóstolo Paulo, pode ser licitamente aspirado
(embora ele nunca tenha sido Bispo), não como busca de status ou honraria, mas
como uma forma sacrificial de serviço a Cristo e a sua Igreja.
3. Congregacionalismo
O regime de governo eclesiástico conhecido como Congregacional é um sistema onde
cada congregação local é autônoma e independente. A igreja local possui autonom
ia para sua própria reflexão teológica, expansão missionária, relação com outras
congregações e seleção de seu ministério. O Congregacionalismo está baseado nos
seguintes princípios:
Cada congregação de fiéis, unida pela adoração, observação dos sacramentos e dis
ciplina cristã, é uma Igreja completa, não subordinada em sua administração a qu
alquer outra autoridade eclesiástica senão a de sua própria assembléia, que é a
autoridade decisória final do governo de cada igreja local.
Não existe nenhuma outra organização ou entidade maior ou mais extensa do que um
a Igreja local a quem pode ser dada prerrogativas eclesiásticas ou ser chamada d
e Igreja.
As igrejas locais estão em comunhão umas com as outras, são interdependentes e e
stão intercomprometidas no cumprimento de todos os deveres resultantes dessa com
unhão. Por isso, se organizam em Concílios, Sínodos ou Associações. Entretanto,
essas organizações não são Igrejas, mas são formadas por elas e estão a serviço
delas.
O Congregacionalismo é o regime de governo mais comum em denominações como Anaba
tistas, Igreja Batista, Discípulos de Cristo, Igreja de Cristo no Brasil e obvia
mente a própria denominação que deu nome ao termo: a Igreja Congregacional.

CONGREGACIONALISMO NA INGLATERRA
Puritanos e Separatistas
As origens do Congregacionalismo estão no movimento puritano e nos separatistas
ingleses. As reformas introduzidas na Igreja Anglicana a partir do reinado de He
nrique VIII eram consideradas por muitos como insuficientes e em certos setores
havia um claro sentimento de insatisfação e inconformismo e um desejo que a Igre
ja experimentasse uma reforma mais profunda, se tornar-se mais pura em sua vida,
doutrina, governo e liturgia. Foram nessas circunstâncias que surgiram os purit
anos, que queriam reformar a Igreja da Inglaterra, tornando-a mais pura, sem con
tudo deixá-la. Diferentemente dos puritanos, alguns grupos chamados de separatis
tas começaram a formar comunidades separadas da Igreja da Inglaterra.
As primeiras manifestações históricas de comunidades organizadas sob o regime de
governo congregacional surgem entre os separatistas. Em 1561 apareceu uma confi
ssão de fé com uma Exortação à Reforma da Igreja, defendendo que no governo que
Jesus Cristo estabeleceu, com pastores, superintendes e diáconos, todos os verda
deiros pastores têm igual poder e autoridade, e por isso nenhuma igreja deve exe
rcer qualquer autoridade ou governo sobre outras, e ninguém deveria exercer auto
ridade na Igreja se isso não lhe fosse conferido por meio de eleição. Richard Fy
tz é considerado o primeiro pastor de uma igreja desse tipo, entre os anos de 15
67 e 1568, na cidade de Londres. Por volta de 1570 ele publicou um manifesto int
itulado "As Verdadeiras Marcas da Igreja de Cristo".
Em 1580 Robert Browne, um clérigo anglicano que tornou-se separatista, junto com
o leigo Robert Harrison organizaram em Norwich uma congregação cujo sistema era
congregacionalista. Browne é tido como o primeiro teórico do Congregacionalismo
.
Alguns separatistas que se destacam no período foram Henry Barrowe, John Greenwo
od e John Penry. Um marco importante no período foi a formação de uma congregaçã
o em Scrooby, um povoado próximo à Londres. A congregação se reunia na casa de W
illiam Brewster. Devido à perseguição religiosa, mudaram-se, assim como muitos o
utros puritanos e separatistas, para os Países Baixos, e estabeleceram-se na cid
ade de Leyden, onde escolheram John Robinson como seu pastor. Foi dessa congrega
ção que partiram os Pais Peregrinos, que iniciaram a colonização da Nova Inglate
rra.
Dentro do movimento puritano, os que defendiam o princípio da autonomia e indepe
ndência das igrejas locais eram chamados de independentes. Henry Jacob é um dos
primeiros independentes de que se há notícia. No ano de 1616, após retornar dos
Países Baixos fundou uma congregação em Southwark.
No ano de 1658, os independentes ingleses, inspirados na Confissão de Fé de West
minster, produziram a Declaração de Savoy sobre Fé e Ordem. Declaração afirmava
os princípios congregacionais de autonomia da Igreja local bem como a necessidad
e de relações fraternas entre essas igrejas locais. Vemos isso em trechos como o
s abaixo:
"O Senhor Jesus chama do mundo para a comunhão consigo, aqueles que lhe são dado
s por seu Pai... Aos assim chamados... Ele manda que andem juntos em sociedades
ou igrejas locais... A cada uma dessas igrejas assim reunidas... Ele deu todo aq
uele poder e autoridade, que são de qualquer maneira necessários para levar adia
nte a ordem no culto e na disciplina, que instituiu... Além dessas igrejas locai
s, não foi instituída por Cristo nenhuma igreja mais extensa... dotada de poder
para... a execução de qualquer autoridade em Seu nome... Está de acordo com a me
nte de Cristo, que muitas igrejas que mantém comunhão entre si, encontrem-se, me
diante seus representantes, em sínodos ou concílios, para considerarem e aconsel
harem-se... Contudo, esses sínodos assim reunidos não são dotados de nenhum pode
r eclesiástico, propriamente dito, ou com qualquer jurisdição sobre as igrejas c
omo tais, para exercer quaisquer censuras".
Após o Ato de Uniformidade de 1662, que obrigava o uso de Livro de Oração Comum
e exigia a ordenação episcopal dos clérigos, cerca de 2.000 ministros puritanos
se viram forçados a deixar a Igreja da Inglaterra. A partir de então os puritano
s independentes formaram várias Igrejas Congregacionais.
Durante o século XIX discutiu-se a formação de uma associação entre as igrejas c
ongregacionais a fim de promover cooperação em áreas como a evangelização. Por i
sso, em 1831 foi formada a União Congregacional da Inglaterra e País de Gales.
Com o passar do tempo, a estrutura da União Congregacional foi se tornando mais
centralizadora, até que em 1967 foi formada a Igreja Congregacional da Inglaterr
a e do País de Gales, termo que foi considerado por muitos como uma verdadeira c
ontradição dos princípios congregacionalistas, pois, no Congregacionalismo não h
á uma Igreja Nacional, mas a igreja local é a uma igreja plena, independente de
todas as outras igrejas, no seu trabalho e administração.
Algumas igrejas locais, não concordando com essa distorção do Congregacionalismo
, formaram a Fraternidade Evangélica de Igrejas Congregacionais (Evangelical Fel
lowship of Congregational Churches - EFCC, em inglês), que reúne atualmente cerc
a de 125 igrejas no Reino Unido.
A Igreja Congregacional da Inglaterra e País de Gales manteve conversações com a
Igreja Presbiteriana, até que em 1972 essas duas denominações se fundiram e for
maram a Igreja Reformada Unida da Inglaterra. No mesmo ano foi formado o órgão c
hamado Federação Congregacional (Congregational Federation - CF, em inglês), reu
nindo igrejas locais que não aderiram à fusão com a Igreja Presbiteriana. Hoje,
a CF conta com cerca de 312 igrejas no Reino Unido.
Atualmente, além da EFCC e da CF há várias igrejas congregacionais que não estão
filiadas a nenhum órgão associativo.
CONGREGACIONALISMO NOS ESTADOS UNIDOS
A história do Congregacionalismo Norte-Americano começou no ano de 1620, com a c
hegada à Baía de Massachussets dos 102 colonos que partiram da Inglaterra embarc
ados no navio Mayflower e fundaram a colônia de Plymouth. Dos 102 passageiros do
navio, 35 eram membros da Igreja de exilados de Leyden (Holanda), pastoreada po
r John Robinson. Eles fundaram a primeira igreja do tipo congregacionalista na A
mérica.
Pouco tempo depois dos Peregrinos do Mayflower chegarem ao Novo Mundo, a situaçã
o na Inglaterra piorou. Charles I assumiu o trono e o novo Arcebispo era William
Laud. A perseguição contra os Puritanos na Inglaterra aumentou e, por volta de
1640 , aproximadamente 20 mil Puritanos haviam partido para a América, por causa
da liberdade religiosa. Na Inglaterra, eles eram uma parte da Igreja da Inglate
rra, mas no Novo Mundo eles estabeleceram congregações independentes, sob a form
a de governo congregacionalista.
O Congregacionalismo na América cresceu em sua influência. As primeiras universi
dades dos Estados Unidos, como Harvard e Yale, foram estabelecidas para treinar
pastores Congregacionais. Dartmouth foi estabelecida para treinar missionários C
ongregacionais, afim de que pudessem evangelizar os índios.
Por volta de 1734 houve um avivamento na região da Nova Inglaterra liderado por
Jonathan Edwards, pastor de uma igreja Congregacional em Northampton. Esse aviva
mento, que ficou conhecido como Primeiro Grande Despertamento, se espalhou por t
oda a região, mas também levantou a resistência de alguns opositores.
Como não haviam instituições superiores que assegurassem uma uniformidade doutri
nária entre as congregações, as Igrejas Congregacionais se tornaram diversificad
as do que outras igrejas Reformadas. Nos séculos XVIII e XIX, muitos pastores e
igrejas Congregacionais tornaram-se unitarianos, negando a doutrina da Trindade.
O Unitarianismo, que fora introduzido em Boston por volta de 1776, em 1815 já h
avia sido adotado por 12 das 14 igrejas Congregacionais da cidade. O mesmo acont
eceu com o resto de Massachussets, onde 96 igrejas se passaram para o novo credo
e muitas outras, diminuídas de seus membros, tiveram que reiniciar suas ativida
des com os poucos que restaram. As igrejas foram divididas em evangélicas (ou co
nservadora) e liberais. As igrejas mais liberais mudaram-se rapidamente para o U
nitarianismo.
Os congregacionais norte-americanos também estavam na dianteira da atividade mis
sionária tanto nacional como estrangeira. Logo no ano de 1640, já haviam mission
ários pregando aos indígenas. A primeira Bíblia publicada no Novo Mundo foi de u
ma tradução indígena. David Brained foi um dos primeiros missionários entre os i
ndígenas. Em 1798, a primeira sociedade missionária nacional foi organizada na A
mérica. Seu objetivo era “cristianizar os indígenas da América do Norte, manter
e promover o conhecimento cristão nos novos povoados dentro dos Estados Unidos”.
Em 1826, a Sociedade Missionária Nacional Americana foi reformada, a qual torno
u-se depois a Sociedade Missionária Nacional Congregacional. Grupos de estudante
s seminaristas foram enviados para o oeste para implantar novas Igrejas.
O começo do movimento missionário moderno está também ligado aos Congregacionais
e ao histórico Encontro de Oração de Haystack. Uma noite, um grupo de estudante
s avistou um abrigo debaixo de um monte de feno durante uma tempestade. E naquel
e lugar eles oravam e foram avivados com zelo missionário. Daquela reunião de or
ação, foi proposta em 1819 a ciração da Junta Americana de Comissionados para Mi
ssões Estrangeiras, que se tornou uma realidade em 1812.
No início do século XIX, na marcha para o Oeste, a fim de promover cooperação na
evangelização nas novas fronteiras, foi celebrado entre os congregacionais e os
presbiterianos um Plano da União, através do qual ministros de uma das denomina
ções poderiam servir na outra. Entretanto, durante os 50 anos de funcionamento d
o Plano, cerca de 2.000 igrejas se tornaram presbiterianas.
Foi por volta de 1870 que as igrejas congregacionais se organizaram nacionalment
e no Concílio Geral de Igrejas Congregacionais.
Em 1931 o Concílio Geral das Igrejas Congregacionais se uniu à Convenção Geral d
a Igreja Cristã, formando o Concílio das Igrejas Cristãs Congregacionais.
Na década de 1940, um grupo de pastores e igrejas Cristãs Congregacionais começa
ram a reagir ao liberalismo teológico que era predominante e à possibilidade que
estava sendo discutida de união entre as igrejas Congregacionais com uma denomi
nação não-congregacional. Por isso, em 1948, um grupo de pastores e igrejas form
ou uma nova denominação - a Conferência Cristã Congregacional Conservadora , que
conta atualmente com cerca de 280 igrejas locais nos EUA, e está filiado à WECF
- Fraternidade Mundial Evangélica Congregacional , da qual também faz parte a F
raternidade Evangélica de Igrejas Congregacionais da Inglaterra.
Em 1957, o Concílio de Igrejas Cristãs Congregacionais dos EUA se uniu à Igreja
Reformada e Evangélica e formou a atual Igreja Unida de Cristo, que é uma das de
nominações mais liberais dos Estados Unidos. A maioria das Igrejas Congregaciona
is dos Estados Unidos hoje em dia são membros da Igreja Unida de Cristo.
Outro grupo de igrejas Congregacionais formado a partir do surgimento da Igreja
Unida de Cristo foi a Associação Nacional de Igrejas Cristãs Congregacionais (Na
tional Association of Congregational Christian Churches - NACCC).
CONGREGACIONALISMO NO BRASIL
O Congregacionalismo brasileiro não tem suas origens históricas no Congregaciona
lismo Britânico ou norte-americano, mas sim no trabalho missionário interdenomin
acional realizado pelo médico-missionário escocês de origem presbiteriana Robert
Reid Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley, que chegaram ao Brasil em 1855.
Eles começaram um trabalho de evangelização e mais tarde fundaram, no Rio de Jan
eiro, a Igreja Evangélica Fluminense (11/07/1858), a Igreja Evangélica Pernambuc
ana, no Recife, e uma congregação que se tornou Igreja Evangélica de Niterói (18
63,atual 1 Igreja Evangélica e Congregacional de Niterói). Todas essas igrejas
eram apenas igrejas evangélicas brasileiras, sem nenhum vínculo denominacional c
om igrejas no exterior.
Apesar de ter sido batizado na Igreja da Escócia (presbiteriana), Kalley não pos
suía vínculos com nenhuma denominação. Em certa ocasião Kalley escreveu: "eu não
sou presbiteriano e nem estou em contato com qualquer tipo de igreja - sou irmã
o de qualquer cristão independente de sua denominação" [1] Neste ponto, suas cre
nças eram bem parecidas com a dos Irmãos de Plymouth (Casa de Oração), que, no B
rasil, teve origem na mesma Igreja Evangélica Fluminense. Em outros pontos, como
atestado pelo Dr. Kalley no folheto "Darbismo", ele discordava dos Irmãos de Pl
ymouth, por exemplo quanto ao Dispensacionalismo, doutrina a que o Reverendo se
opunha radicalmente.
Ao estabelecer igrejas no Brasil, Kalley se afastou da tradição presbiteriana, r
ígida em matéria de organização eclesiástica, e introduziu uma estrutura congreg
acionalista, onde cada igreja local é independente e autônoma. Além disso, Kalle
y deixou também a prática do batismo de recém-nascidos, que é realizado tanto po
r presbiterianos quanto por congregacionais de outros países. Por causa disso, a
lgumas pessoas identificaram as igrejas que Kalley fundou como batistas. Quando
o missionário William Bowers foi enviado ao Recife para pastorear a Igreja Evang
élica Pernambucana, por um equívoco foi divulgado que ele estava sendo ordenado
para o pastorado de uma igreja batista. Acerca disso Kalley se pronunciou e escr
eveu enfaticamente demonstrando sua desaprovação:
"Desde o início o nome da igreja tem sido, 'Igreja Evangélica', e ela é filha da
Igreja Evangélica do Rio, e nenhuma das duas têm sido igrejas batistas... Eu nã
o sou batista; não tenho nada a ver com diferenças denominacionais... Eu sabia q
ue ele [Bowers] foi batizado como crente e que se opõe ao batismo de crianças. E
u sabia que ele não considera a imersão como essencial ao batismo cristão em águ
a, e me dispus a conduzi-lo ao pastorado da igreja sem nenhuma inovação, e fique
i feliz por poder ajudá-lo a ir e trabalhar como ministro cristão (como eu sempr
e tenho sido), sem restrições denominacionais" [2]
Era dessa forma que Kalley definia a si mesmo: um ministro cristão, sem restriçõ
es denominacionais. Ainda acerca da Igreja Evangélica Pernanbucana, Kalley escre
veu em outra ocasião:
"A Igreja Evangélica Pernambucana não pertence a nenhuma denominação estrangeira
; não é presbiteriana porque esta considera válido o batismo romano e pratica o
batismo de crianças; aproxima-se mais da denominação batista, mas prefere ter a
liberdade de admitir à comunhão qualquer crente fiel e obediente ao Senhor... É,
pois, uma igreja evangélica brasileira" [3].
Em 1913, as Igrejas originadas do trabalho de Kalley se agruparam na União de Ig
rejas Evangélicas Interdenominacionais do Brasil, que mais tarde, depois de vári
as mudanças de nome, seria chamada de União das Igrejas Evangélicas Congregacion
ais do Brasil (UIECB). O termo "Congregacional" foi adotado por essas igrejas (a
pesar da resistência inicial) para designar o regime de governo pelo qual são re
gidas, e não para indicar suas origens históricas, uma vez que essas igrejas são
fruto de um trabalho interdenominacional, sem nenhuma relação com as Igrejas Co
ngregacionais Britânica ou Norte-Americana.
Sobre a obra Congregacional no Brasil, Erasmo Braga, estudioso do protestantismo
brasileiro, escreveu em 1931: "Sua característica peculiar é o fato de que se t
rata de um movimento inteiramente nacional, que nunca esteve eclesiasticamente s
ujeito ou foi financeiramente dependente de qualquer sociedade estrangeira e rep
resenta na América Latina uma tendência muito significativa, a saber, uma respos
ta de mentes ibero-americanas ao Evangelho que não pode ser atribuída à atividad
e missionária estrangeira"[4].
A UIECB junto com a AIECB (Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Br
asil), constituem as duas principais e maiores fraternidades do Congregacionalis
mo brasileiro. A UIECB, porém, tem sofrido algumas divisões recentes, geralmente
relacionadas com sua modernização e com o distanciamento das doutrinas Calvinis
tas que caracterizam o Congregacionalismo histórico. A AIECCB (Aliança das Igrej
as Evangélicas Congregacionais Conservadoras do Brasil)e a AICK (Associação das
Igrejas Congregacionais Kalleyanas) são dois frutos destas divisões.
As Igrejas originadas do trabalho de Kalley, subscrevem como declaração de fé a
Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo. Elas batizam adultos
por aspersão, não batizam crianças (exceto a AICK), e em seu corpo eclesiástico
possuem pastores, presbíteros e diáconos.
Os grupos congregacionalista brasileiros são:
Igreja Cristã Evangélica do Brasil, que por algum tempo esteve associada com a U
IECB.
Igreja Evangélica Congregacional do Brasil, de origem alemã pietista, sua presen
ça está concentrada em sua maior parte na Região Sul do Brasil.
Associação das Igrejas Evangélicas Congregacionais Conservadoras do Brasil (AIEC
CB) - formada em 1998 em uma assembléia realizada na Igreja Congregacional da Av
enida Canal em Campina Grande - PB.
Associação das Igrejas Congregacionais Kalleyanas (AICK) - formada em 2008 em um
a assembléia realizada na Segunda Igreja Congregacional de Magé - RJ.
Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais Brasileiras
Comunhão das Igrejas Bíblicas Congregacionais
A UIECB é um dos membros fundadores da Fraternidade Mundial Evangélica Congregac
ional.

RELAÇÕES COM OUTRAS DENOMINAÇÕES


Histórica e teologicamente as Igrejas Congregacionais fazem parte da família Cal
vinista e muitas das denominações são afiliadas com a Aliança Mundial de Igrejas
Reformadas, entidade que mantém a comunhão das denominações Reformadas, Congreg
acionais e Presbiterianas.
A diferença entre o Congregacionalismo e o Presbiterianismo está que o primeiro
adota a crença da autonomia total das igrejas locais; não aceitam credos e confi
ssões como regras de fé, mas como sínteses do pensamento comum de uma igreja; ce
lebram o culto com espontaneidade em uma ordem estabelecida, mas sem fixar litur
gias.

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