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EXCERTO DO LIVRO: “FORMULAÇÃO DE PROJETOS PARA PPP”

Capítulo 2.
ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA,
COMERCIAL E GERENCIAL.

2.1 ESTUDOS DE VIABILIDADE: TÉCNICA, ECONÔMICO-FINANCEIRA,


COMERCIAL E GERENCIAL.

Todos sabemos da importância da identificação da necessidade (ou


oportunidade) que será a principal norteadora de tudo o que deverá ser feito para
levar um projeto a seu objetivo final, qual seja, suprir exatamente aquela
necessidade (ou aproveitar aquela oportunidade), a qual, por sua vez, deverá
estar alinhada com os objetivos e missão da empresa.
O fato de, via de regra, negligenciar-se o estudo de viabilidade, qualquer
que seja ele, é fruto do fato de que, normalmente, um projeto surge em função de
uma necessidade e, como tal, a sua execução é tida como “altamente necessária”
e, portanto, sua viabilidade não é discutível. Ou, pior ainda, se for feita, será feita
de forma tendenciosa, com o intuito apenas de “comprovar” a necessidade de se
executar aquele projeto por causa de um objetivo escuso qualquer.
De qualquer maneira, todos entendemos como indiscutível a utilidade de se
efetuar um estudo de viabilidade decente. Este estudo analisará a exeqüibilidade,
os modos de se atingir objetivos, opções de estratégias e metodologias, bem
como investigará os prováveis resultados, riscos e conseqüências de cada
possibilidade de ação. O mais importante: um bom estudo de viabilidade evitará
que o Gerente de Projetos (e suam organização) caiam em armadilhas muitas
vezes óbvias.
Mas, em que momento devemos efetuar este estudo? Bom, usualmente, o
ciclo de vida do projeto em uso na organização determina se o estudo de
viabilidade constituirá a primeira fase do projeto ou se deve ser tratado como um
projeto à parte [PMI 2000], o que não é raro. Em qualquer caso, uma decisão de
continuidade (“go – no go") do projeto faz parte da finalização deste estudo.
Um outro ponto acerca do estudo de viabilidade diz respeito a sua forma.
Naturalmente, deve-se sempre optar por relatórios escritos, datados e assinados
por quem o elaborou e de preferência no formato preconizado na
empresa/instituição.

2.1.1 Pesquisando a viabilidade


Segundo Ralph Keeling em seu livro “Gestão de Projetos – uma abordagem
global”, o estudo de viabilidade deve abranger diversos temas e assuntos de
interesse de todos os envolvidos no projeto, interna ou externamente à
organização. De acordo com o autor, esses assuntos seriam:
1. Dados existentes de registros anteriores ou em operações semelhantes;
2. Escopo, objetivos e premissas, testando estas últimas;
3. Esboço de estratégia, resultando, inclusive, em sugestão de estratégias
para um projeto estagnado;
4. Análise financeira do país/região(fatores externos, quando relevantes);
5. Análise financeira, acerca das estimativas de custo realistas, podendo
sugerir fontes de capital;
6. Avaliação do retorno sobre investimento e o esforço;
7. Avaliação de riscos;
8. Fontes de apoio do projeto;
9. Avaliação tecnológica;
10. Análise política (quando cabível);
11. Avaliação do Impacto Ambiental (AIA);
12. Avaliação do Impacto Sociológico (quando indicada) e identificação dos
interessados (stakeholders) ;
13. Estrutura gerencial e administração do projeto; e
14. Recursos do projeto.
2.1.2 Estrutura do estudo de viabilidade
Grandes empresas e instituições públicas, de modo geral, já possuem um
“template” (modelo) de relatório de viabilidade, o qual deverá ser seguido pela
equipe responsável por sua elaboração.
A composição deste mesmo relatório, ainda que padronizado, é fruto da
maturidade da empresa em atividades de desenvolvimento de projetos. De
qualquer forma, entende-se que qualquer estudo desta natureza deverá ter a
seguinte estrutura mínima, a saber:
1. Identificação:
a. Título, local e data em que foi assinado o estudo;
b. Membros da equipe responsável pelo estudo (preferencialmente
discriminando a área em que cada um atuou);
c. Interessados (setores, departamentos, etc.);
d. Termos de referência; e
e. Objetivos do estudo.
2. Corpo do relatório:
a. Sumário;
b. Lista de anexos, figuras e tabelas; e
c. Relato detalhado de cada aspecto analisado pela equipe.
3. Conclusões:
a. Relativas à viabilidade;
b. Conseqüências;
c. Benefícios;
d. Custos; e
e. Alternativas.
4. Recomendações:
a. Recomendações para prosseguir (ou não);
b. Como prosseguir;
c. Recursos requeridos;
d. Aspectos de financiamento;
5. Anexos e apêndices
a. Diagramas;
b. Dados relevantes;
c. Estimativas financeiras e previsão de fluxo de caixa; e
d. Avaliação de ameaças e riscos.
Conforme já dito, esta estrutura é apenas uma sugestão. Claro está que,
conforme a experiência da empresa em gerenciamento de projetos, bem como
dependendo da complexidade do objeto tema do projeto, esta estrutura pode
variar em escopo e profundidade.
Outro ponto importante acerca do estudo de viabilidade diz respeito ao fato
de que, nos dias atuais onde tudo é feito e obtido de forma quase instantânea,
nossas autoridades já não têm tanto tempo disponível para ler e absorver
informações. Desta forma, atualmente está em voga a criação e uso dos
“resumos executivos”. De modo geral, este possui a seguinte estrutura, a saber:
1. Identificação, contendo apenas título, lugar e data do estudo;
2. Descrição sucinta dos achados do estudo, para cada aspecto analisado;
3. Resumo das conclusões; e
4. Resumo das recomendações;
5. Assinatura e identificação clara dos membros da equipe.

2.1.3 Destinos do estudo de viabilidade


Muitos são os possíveis destinos de um relatório de viabilidade de um
projeto da empresa/instituição. Estes, em realidade, dependem demais da
maturidade e confiança da empresa em diversos setores, as quais normalmente
estão traduzidas em normas, diretrizes, visões e missões da entidade. Entre estes
destinos, destacam-se, lembrando que podem ser cumulativos:
1. Pessoa/setor/departamento solicitantes;
2. Imprensa, como parte da estratégia de marketing da empresa/instituição;
3. Resumo executivo para a board diretora e acionistas;
4. Escritório de Gerência de Projetos;
5. Provável equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto;
6. Parceiros (potenciais e/ou de fato);
7. Órgãos públicos responsáveis por licenças/alvarás diversos; e
8. Instituições e órgãos federais financiadores, entre tantos outros.
2.1.4 Tipos de estudos de viabilidades
Uma vez entendidos o conteúdo e a forma mais usuais para um estudo de
viabilidade, temos de compreender, neste ponto de nossos estudos, que quando
se fala em “viabilidade” podemos estar nos referindo a vários tipos de viabilidade
bem distintos. Nenhum deles é, isoladamente, melhor do que os demais. A bem
da verdade, eles são complementares e, desta forma, juntos, trazem uma
percepção mais precisa do ambiente a ser enfrentado pelo Gerente de Projetos na
condução de seus trabalhos e de sua equipe, numa eventual decisão pelo início
de seu projeto.
Vejamos estes tipos em maior profundidade.

Estudo de Viabilidade Técnica


Não raramente nos depararemos com projetos que, a despeito de serem
economicamente viáveis, serão tecnicamente difíceis de se atingir uma execução
correta ou sequer mínima. Mas o que faria nosso projeto ser “tecnicamente
inviável”?
Como regra geral, deve-se pensar na questão técnica como aquela voltada
para o “como será feito” o projeto, ou seja, aquele rol de questões que impedem a
fase de EXECUÇÃO do projeto. Desta forma, normalmente estas questões estão
focadas na disponibilidade de material, pessoal e técnicas necessários para a
consecução do projeto.
Há diversos aspectos que podem ter esta forma negativa de impacto na
execução do projeto. Vejamos alguns exemplos mais comuns:
• Ausência de pessoal qualificado, nos quadros da sua empresa, para
a execução do projeto e/ou de difícil obtenção no mercado local ou,
ainda, que requer longo tempo de formação (curva de aprendizado
necessária é agressiva).

• A tecnologia necessária para se levar a termo o projeto pode,
simplesmente, não existir ainda.
Estudo de Viabilidade Econômico-Financeira
A viabilidade econômico-financeira, por sua vez, busca verificar se o projeto
é sustentável, em termos econômicos e financeiros, antes, durante e após sua
conclusão, ou seja, em sua fase “operacional”.
Muitos projetos, ainda que tecnicamente possíveis, esbarram em situações
do tipo:
• A tecnologia necessária para se atingir o objetivo do projeto é
extremamente cara ou requer parcerias difíceis de conseguir.
• O volume financeiro necessário para se iniciar o projeto não está disponível
na organização, ou é muito alto, ou, ainda, inviabiliza outros projetos
igualmente importantes. Uma variante destes exemplos ocorre quando um
financiamento ao projeto é muito caro para que a empresa/instituição possa
suportar.
• O cenário macro-econômico não é favorável, seja por uma questão,
sazonal, seja por uma questão cambial, ou mesmo de barreiras
econômicas. Tais contextos influenciam, normalmente de forma negativa, a
execução do projeto e, por este motivo, devem ser antecipados pelo estudo
de viabilidade econômico-financeira. Note-se, ainda, que estes casos
influenciam o antes, o durante e o após do projeto.

Estudo de Viabilidade Comercial


A viabilidade comercial, por sua vez, diz respeito ao “após” do projeto,
especialmente para aqueles em que se espera efetuar vendas em massa, uma
vez seu resultado final esteja implementado.
Este tipo de viabilidade pode ser crucial para a decisão de se seguir em
frente, ou não, com a implantação de um projeto. Há casos, muito comuns, em
que se está trabalhando a inserção de um novo produto na linha de produção da
empresa, por exemplo. Esta é uma situação delicada para a maioria das
empresas, pois uma decisão equivocada a este respeito certamente representará
um dispêndio precioso de tempo, pessoas e dinheiro.
A análise comercial do projeto vai considerar aspectos como: sazonalidade,
estatísticas populacionais, clima, ambiente físico, concorrência e custos de
implantação do projeto, dentre outros.
Praticando
Responda ao Questionário Para Estudos a seguir, utilizando, como
ponto de partida, seus estudos no presente capítulo. Este trabalho
poderá ser feito em grupos de, no máximo, 03 (três) pessoas.

- ESTUDO DIRIGIDO -
(opcionalmente em grupos)
 Por que é importante conduzir um cuidadoso e detalhado trabalho na
identificação das necessidades?
 Por que é importante selecionar o projeto certo antes de começar a
trabalhar?
 Dê exemplos de situações nas quais uma empresa pode desenvolver uma
CP.
 Por que é importante para uma empresa quantificar os benefícios
esperados com a implementação de uma solução para um problema?
 Qual o grande objetivo pretendido ao se fazer um (ou mais) estudo de
viabilidade? Ele poderia ser abstraído? Explique sua resposta.

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