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Introdução
Impossível negar que, nos últimos anos, o Brasil tenha passado por
um período de inéditas mudanças econômicas e que estão
permitindo ao país uma oportunidade de, finalmente, vislumbrar um
horizonte de desenvolvimento econômico com justiça social. Mas,
por ora, e apesar de alguns avanços, estamos muito longe de onde
podemos e devemos chegar.
Uma mudança que parece necessária e que não seria do tipo que
iria garantir apenas um resultado inflacionário maior, seria
reformular a composição do Copom, hoje bastante restrito, fechado,
criando-se um sistema que inclua outros conselheiros que não
sejam apenas do BC. Poderiam ser escalados em rodízio e essa
proposta abriria as decisões do BC a idéias e influências diferentes,
enriquecendo o debate da fixação da política de juros. Deveriam ser
escolhidos dentro de critérios rigorosos de conhecimento e
experiência na área econômica e financeira, efetivo saber.
Deveriam ser remunerados pela tarefa e passar pelo mesmo
processo institucional de aprovação dos atuais diretores do BC.
Incorporariam também as regras de obrigação de sigilo e intervalo
mínimo de tempo para assumir funções no mercado.
Provavelmente é aqui onde fica mais claro que existe quase que
uma determinação de não entender como a situação do Brasil e sua
inserção na economia internacional podem ter mudado.
A afirmação que só a indústria agrega tecnologia não procede.
Pode ter sido verdade no passado, mas hoje, com o avanço da
economia de serviços, é um saudosismo um tanto inexplicável
afirmar que a indústria tem um lugar especial e privilegiado para a
acumulação de conhecimento técnico de ponta.
Devemos olhar não para a restrição da demanda por reais, algo que
tende a crescer, na medida que a economia brasileira cresce em
importância, mas o outro lado da equação cambial, o aumento da
demanda por dólares e moedas estrangeiras como um todo. Isso
sim tenderia a depreciar a taxa de câmbio, mas de forma positiva
para a economia. Pode ser feito por várias maneiras, como, por
exemplo, corte de tarifas de importação, mas vamos mencionar
duas que se conjugam com a questão de uma política industrial.
A primeira seria liberar nossos fundos de investimento e pensão
para investir fora do país, diversificando suas carteiras. Tal
movimento, hoje muito restrito, ajudaria na internacionalização
desse setor, algo que devemos procurar como meta de política
econômica.