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Avaliação na educação a distância: reflexões sobre o processo

Juliana Guimarães Faria

No projeto dos cursos da Universidade Federal de Goiás compreende-se a ava-


liação como um processo contínuo e dialógico, percebendo-a com o foco no desen-
volvimento da interação dos participantes nas disciplinas no curso. Dessa maneira, o
planejamento das atividades a serem desenvolvidas nas disciplinas apresenta-se com
importância singular, tanto por ser um momento de envolvimento, interação e interati-
vidade dos estudantes, como também por ser o meio pelo qual será possível perceber
o crescimento da aprendizagem em relação aos conteúdos do curso.

Mas, vamos recuperar um pouco sobre o conceito de avaliação e também o


que se entende por avaliação na educação a distância, especificamente nos cursos da
UFG. Não é intenção discutir conceitos, mas apenas refletir um pouco.

A avaliação foi muito utilizada como forma de controle dos estudantes e também
de recompensa e seleção com base no rendimento escolar. Séculos antes de Cristo, os
atenienses já utilizavam a avaliação para selecionar os indivíduos para atuar no serviço
público. Nas escolas modernas francesas, a avaliação começa a ser desenvolvida por
meio de testes escritos com caráter público e de busca pela transparência e objetivi-
dade, transparecendo um caráter de legitimidade e de seleção. Esta prática passa a ter
valor para a educação e para a sociedade (DIAS SOBRINHO, 2002).

A partir da década de 1970, os fundamentos sociais se alteram e a educação


começa a repensar suas práticas pedagógicas e, então, passa-se a se discutir o caráter
da avaliação escolar. Houve uma valorização da participação, negociação e métodos
qualitativos, buscando deixar claro o sentido ético e político da avaliação. Mesmo as-
sim, ainda hoje existem práticas avaliativas com caráter meramente seletivos e classifi-
catórios.

Na educação a distância, os processos e práticas educativas apresentam-se com


uma dinâmica diferenciada e inovadora. A construção do conhecimento pode acontecer
em rede, colaborativamente e integrada a outros sujeitos. A avaliação deste processo
de ensino precisa, então, considerar esta dinâmica intensa de interação e movimento
que a Educação a Distância, que utiliza a internet, apresenta. Os cursos da UFG a dis-
tância consideram o processo de avaliação contínuo e dialógico, com uma perspectiva
formativa.

A perspectiva formativa da avaliação tem o sentido de melhoria do processo


de ensino-aprendizagem e a construção do conhecimento durante este processo. Por
isso, desenvolve-se em três momentos importantes: avaliação inicial, avaliação con-
tínua e avaliação final. No momento inicial, busca-se avaliar para conhecer quem são
nossos estudantes e quais conhecimentos já estão consolidados nesses sujeitos. No
momento da avaliação contínua, busca-se julgar como está o desenvolvimento do pro-
cesso de ensino-aprendizagem e na avaliação final, busca-se averiguar de forma global
os resultados dos processos de ensino-aprendizagem e a evolução dos conhecimentos

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transformados e construídos.

Vale destacar as idéias de Sacristan e Gomez (1998) quando ressaltam que nós, profes-
sores, avaliamos com base nas nossas concepções, expectativas, valores e a partir das
determinações institucionais. Cabe refletirmos:

Quais são as nossas concepções? Como temos percebido e praticado a avalia-


ção? Na educação a distância, o que muda? Quais são as minhas expectativas?

Como você pode ter lido no Eixo 1, sobre a avaliação formativa na educação on
line, Rodrigues e Lima (2006) dizem:

O processo formativo acontece durante todo o curso considerando os erros e as relações


são instrumentos de aprendizagem. O desenvolvimento das atividades e das relações inter-
pessoais, contribui para aprendizagem dos alunos e da equipe responsável. Todos os sujei-
tos participantes são aprendizes mútuos. A avaliação sob esta abordagem tem a auto-ava-
liação como forma de despertar no aluno a consciência do seu processo de aprendizagem,
bem como suas limitações de comportamento e de cognição que precisam ser melhoradas.
Para isto, uma recomendação é a utilização de ferramentas que demonstrem o processo de
interação entre os alunos e entre o aluno e o tutor, seja por meio do Fórum, os comentários
do Porta Arquivo e o Portfólio. Essas ferramentas no processo de avaliação podem inserir
questões que levem o aluno a refletir sobre o seu comportamento diante do grupo e na
participação das atividades num processo de aprendizagem significativa. Há uma aprendi-
zagem mútua dos aprendizes em diferentes níveis e intencionalidades (p. 71).

Neste sentido, podemos perceber a importância da utilização das ferramentas


tecnológicas de interação no processo de avaliação formativa e no processo de me-
diação da construção do conhecimento. Os conteúdos estudados no Eixo 2, sobre o
processo comunicacional, tornam-se fundamentais no processo de construção do co-
nhecimento, mediação pedagógica e avaliação formativa.

Questões do nosso processo de avaliação e acompanhamento:

Vale destacar que no processo avaliativo da EAD os encontros presenciais são


importantes, pois, tanto para a aprovação no curso, como pela construção do conhe-
cimento dos estudantes, nestes momentos ocorrerão situações de ensino e apren-
dizagens com maior peso acadêmico. Trata-se de momentos de sínteses, momentos
de reflexões, interdisciplinaridades, concretizações e também de avaliação coletiva e
formativa.

Assim, temos que a avaliação deverá ser planejada pela equipe de Professores
Formadores, Orientadores Acadêmicos e Tutores de Pólo de forma que dê conta da
complexidade da aprendizagem e também que dê conta de mostrar realidades que
precisam de intervenção na construção do conhecimento.

Para isso, a nota em cada disciplina será construída tendo como referência a
seguinte situação:

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• 60% da nota é consolidada nos encontros presenciais;
• 40% da nota é composta por atividades a distância.
Assim, é exigido de nós muita organização e dinamicidade para a construção do
processo de avaliação e, para isso, é possível levantar algumas sugestões e elementos
para que cada equipe, de cada disciplina, possa definir a maneira de lidar e registrar o
processo avaliativo:

• A ficha de acompanhamento da turma, por disciplina, é um instrumen-


to importante que possibilita o registro da pontualidade, freqüência, de-
dicação, conteúdo apreendido, aproveitamento e outros itens que podem
compô-la.

• É interessante pensar na possibilidade de construir uma ficha individual de


cada estudante e, nesta ficha, registra-se diariamente o andamento do estu-
dante dentro do ambiente virtual e nas atividades a distância. Assim, todos
podem acompanhar a vida acadêmica dos estudantes.

• É interessante, também, pensar nos processos de auto-avaliação.

• Por que não uma ‘provinha’ escrita? Ela mostra alguns caminhos que de-
vam ser atacados pela equipe no processo de construção de conhecimento
dos estudantes.

•As atividades propostas de forma coletiva (duplas, trios) devem ser clara-
mente explicitadas, para não ocorrer de apenas um estudante construir a
atividade e o mérito ser do grupo. O pólo é um espaço que pode ser ampla-
mente utilizado como espaço de encontros dos grupos, basta motivação e
promover oportunidades aos estudantes para que isso ocorra.

• É importante deixar claro para os estudantes quais são os objetivos da


avaliação e, principalmente, oferecer retorno (feedback) o mais rápido pos-
sível da construção de cada uma das atividades, visto que é a única maneira
do estudante saber como está no curso, podendo se sentir motivado e esti-
mulado a melhorar e a se dedicar mais. O estudante sempre irá se questio-
nar: será que o que eu fiz está certo? Era isso mesmo que queriam que eu
fizesse? Nossa, eu mandei a atividade já tem uma semana e ainda não me
falaram nada, o que será que acharam?

• Vale destacar que os encontros presenciais não precisam ser exclusivamen-


te para ‘AVALIAÇÃO’. No planejamento das atividades de cada disciplina,
pode caber um momento em que várias disciplinas tenham momentos de
avaliação e em outros encontros, temos momentos de aprendizagem com
reflexões e discussões presenciais que serão estendidas para outras ativida-
des a distância, em mais de uma disciplina. Assim, o planejamento coletivo
e interdisciplinar é essencial.

• É bom lembrar que nem sempre o estudante que não se interage intensa-
mente no ambiente virtual sabe menos. Muitas vezes, ele é apenas tímido
ou tem reduzidas oportunidades de estar conectado. Por isso, diversificar a

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forma de avaliar é importante, como também perceber estas peculiaridades
em cada um.

• Por fim, é importante lembrar que a autonomia deve ser preservada sem-
pre: tanto do estudante, quanto a autonomia de coordenadores de sala,
professores e assistente de turma. Por que destacar a autonomia dentro da
discussão da avaliação? Simplesmente para deixar claro que o “professor
coletivo” neste curso, pode planejar as atividades que acharem pertinen-
tes, de acordo com o seu público, e ainda incluir e suprimir elementos que
acharem pertinentes. Proporcionar, também, a autonomia do estudante, no
sentido de estimulá-lo a ser autônomo na busca pelo conhecimento e não
entregar ‘de mão beijada’ respostas prontas e acabadas, mas em construção
pelo próprio estudante.

• Outras questões sobre o processo de avaliação podem ser levantadas,


basta você abrir-se ao diálogo com outros profissionais. Temos certeza da
competência e criatividade de todos os que participam deste curso.

Referências Bibliográficas:

- DIAS SOBRINHO, José. Universidade e avaliação: entre a ética e o mercado. Floria-


nópolis: Insular, 2002.

- RODRIGUES, Cleide Aparecida Carvalho; LIMA, Daniela da Costa Britto Pereira . Ava-
liação on line: interfaces do ensinar e do aprender. In: SANTOS, Edméa; SILVA, Marco
Antônio da. Avaliação da aprendizagem online. São Paulo: Edições Loyola, 2006.

- SACRISTAN, J. e GÓMEZ, A. I. Pérez. Compreender e transformar o ensino. 4 ed.


Porto Alegre: Artmed, 1998.

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