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Também são utilizados os termos patrimônio tangível e intangível (material e imaterial).
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UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). Organismo especializado
do sistema das Nações Unidas criado em 16 de novembro de 1945 com o objetivo de contribuir para a paz
e segurança no mundo mediante a ciência, a educação, a cultura e as comunicações. Com sede em Paris,
França.
Sendo assim, acrescentaram-se outras experiências àquela européia, novas
categorias foram postas em cena pelos países asiáticos e também por muitos países de
modernidade tardia3, sendo chamadas de “patrimônio imaterial”.
Se para os ocidentais, exclusivamente os europeus, a seleção de certos bens
materiais cria um testemunho e define uma perspectiva histórica numa relação
específica com o passado; para os orientais as tradições são vividas no presente
importando mais a transmissão dos saberes a elas vinculadas do que a conservação dos
objetos produzidos.
Segundo Márcia Sant’Anna:
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Por sua coerência, empresto aqui o termo utilizado por Stuart Hall (2001) em A identidade cultural na
pós-modernidade, para referir-me aos países que antes (ou para alguns autores ainda hoje), eram
chamados de sub-desenvolvidos ou de terceiro mundo - termos ultrapassados e que não condizem mais
com a atual realidade.
O primeiro documento a valorizar a importância do patrimônio imaterial foi a
Carta de Veneza, de 1964. Em seu artigo 1º estabelece que a noção de monumento
histórico se estende a “não só as grandes criações, mas também às obras modestas, que
tenham adquirido com o tempo, significação cultural”.
Ao longo dos anos 70 e 80, nos encontros internacionais em países menos
periféricos, com destaque para o México, vários países reagem ao conceito restrito da
UNESCO de considerar o patrimônio cultural como sendo marcadamente material. A
Bolívia lidera a reivindicação da realização de estudos a fim de se propor um
instrumento internacional para as “expressões populares de valor cultural”. Estes
estudos avançam, e em 1989 é aprovada pela 25ª Conferência Geral da UNESCO em
Paris, a Recomendação sobre a Salvaguarda da Cultura Tradicional e Popular,
definida da seguinte forma:
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O Brasil possui dois itens inscritos na lista de “Obras Primas do Patrimônio Oral e Intangível da
Humanidade” da UNESCO: a arte Kusiawa dos índios Wajãpi e o samba de roda do Recôncavo Baiano.
Os critérios utilizados na seleção desses valores foram as raízes das tradições
culturais, a afirmação da identidade cultural, a fonte de inspiração e as trocas
interculturais, a cultura contemporânea e o papel social, a excelência na aplicação das
práticas, o testemunho único de uma tradição cultural viva e o risco de desaparecimento.
Esta iniciativa tem por objetivo preservar a cultura tradicional popular, devendo
se tornar complemento na lista dos Patrimônios da Humanidade.
As discussões em torno do reconhecimento do patrimônio cultural imaterial
trouxeram, a partir da década de 80, uma nova visão a respeito da preservação das
tradições e dos bens culturais dando um grande destaque à questão. Uns implementaram
um sistema de proteção há mais tempo como a Coréia, França e Japão, mais tarde vários
países começaram a repensar a valorização dos seus bens culturais, tomando medidas,
criando leis e incentivando projetos, que se não são completamente satisfatórios, ao
menos impulsionam um avanço para o reconhecimento da autenticidade de uma
identidade cultural.
Bibliografia