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parece insustentvel ao senso comum definir critrios para o belo. A procura destes
critrios foi caracterstica da esttica moderna e o problema central da
psmodernidade.Apesar do autor considerar que, curiosamente, h mais consenso
sobre as grandes obras de arte, do que sobre algumas cincias exactas, isso
acontece, de facto, porque sobre aquelas a prpria histria o rene. No obstante,
quando nos colocamos perante obras do nosso tempo, o consenso e a reunio de
critrios surge, novamente, como uma problemtica.
CONCLUSES
Em todo o seu texto, Ferry apresenta-nos uma concepo da esttica e da
arte ligada ao sujeito, que se completa pela concepo ligada temporalidade, que
j Baudelaire expunha9. A histria da esttica como a histria da subjectividade,
dividida em cinco momentos, clara no que respeita a esta posio. A pr-histria
da esttica, associada ao perodo dos sculos XVII e XVIII, j se apresenta com a
ideia do individualismo (o sujeito como mnada), mas ainda a comunicao atravs
de um terceiro termo (intermedirio) e a este modelo, Baumgarten vai contrapr-se,
colocando na sensibilidade o peso da conquista da expresso da beleza. O
momento kantiano desembaraa as primeiras estticas da sua rstia de platonismo,
uma inverso sem precedentes que dar a autonomia sensibilidade, finita e
humana, que j no necessita do satlite divino (substituindo-o pela
intersubjectividade). Mas se, no momento hegeliano, se nega a autonomia do
sujeito para a dar histria (de uma comunidade, conjunto
de sujeitos ), Ferry afirma que s na historicidade introduzida, este ponto se cruza
com a histria da esttica. , por fim, com o momento nietzschiano, que inaugura o
individualismo, o sujeito fragmentado associado morte de Deus, a morte do
intermedirio. Chegamos ao subjectivismo total. O real multiplicidade, fractura,
diferena, que s a arte pode apreender adequadamente. Ainda que nos apresente
um ltimo momento, a ps-modernidade, depois de Nietzsche, Ferry talvez erre ao
considerar que aps os anos 80 do sculo XX (para ns, actualidade) se voltaria a
perder a noo da inovao. O que observamos hoje, em clarividncia, , pelo
contrrio, um mundo rizomtico, que cresce para fora dos seus limites e, cada vez
mais, se enche de gnios, de inovaes e da problemtica do consenso sobre as
obras de arte.