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Novis CnFERENCUSINTEODUTHRAS APSCANALISE bbém admitimos, apesar de todo 0 orgulho por nossas conquistas culturais, que para nés nfo éfécil eumpri as exigéncias dessa civilizagZo, sentirmo-nos bem nela, pois as restrigSes instintuais que nos s20 impos- ‘as constituem um pesado fardo psigitica. Ora, o que percebemos quanto 20s instintos sexuais vale em me- dida igual, ou talvez maior, para os outros instintos, 0s de agressao. Sto sobrerud esses que tornam mais dificil a vida em comum dos seres humanos amea- ‘am a sua continuidade; a limitagio da agressividade €0 primeiro, talvez mais dura sacrificio que a socie- dade requer do individuo. Vimos de que maneira en- -genhiosa € obtida essa domesticaco do recaleitrante A instauragio do Super-eu, que toma para si os peti- .gosos impulsos agressivos, como que estabelece uma guarnigl0 numa area inclinada 4 revolta. Por outro lado, numa consideragio apenas psicol6gica, & pre- ciso reconthecer que 0 Eu nfo se sente bem quando & sacrificado desse modo as necessidades da sociedade, quando tem de sujeitar-se as tendéncias destrutivas da agressividade, que de bom grado ele dirigiriacon- 50 & como um prosseguimento, no Aambito psfquico, do dilema “devorar ou ser devora- do", que prevalece no mundo orginico, Felizmente (5 instintos agressivos nunca estio 368, mas sempre amalgamados com os eréticos. Nas condigies da cul- tura eriada pelos homens, esses iltimos tém muito a mitigar e prevenir 33, AFEMINILIDADE Senlorase senhores: Durance o tempo em que me pre pro para Ihes falar ando is vols com uma dtu de interior, No me snto seguro de minka licen pars fazd-l, digamos. & certo que a psicanslise mudou ve eniqueceu em quinze anos de trabalho, mas ands sim uma introdugio & psicandlise podera far sem al- teragio ou complemento. Sempre quer me parecer que estas conferéncias nio tm razio de ser. Para 0s ana~ lists estou dzendo muito pouco,e nada de novos mas para voots, coisas demas, que no esto equipados para compreendere que n30Thestocam dietamente Procu- rei por eseusas,e cada conferénciatente ustificar com um motive diferente, A primeira, sobre a teoria dos sonhos, devia recolocé-ls de imediato na atmosfera pricanalitieae mostrar-lhes como as nosis concepges provaram ser duradouras. Na segunda, que segue tri Tha que vai dos sonhos até o assim chamado oculism, atraiu-me a oportunidade de falar-Ihes livremente so bre uma area de trabalho em que expectatvasplenas de preconceitos liam hoje com apaixonadas resistencias, ofizesperando que 0 seu julgamento, treinado na ole- tincia com o exemplo da psicanlise, no se recusari a acompanharsme nessa excursio, A terceira conferéncia, sobre a disseogio da prsonalidade, fi certamente aque ais exigi de voes, pela singularidade do conteido, :mas eu no podia lhes ocular esse primeito esbogo de uma psicologia do Eu, , seo tvéssemos qunze anos ats, teria tdo que mencionéclo enti. A éltima eon- 6 Novas CONFERENCAS MIROOUTOAISAFSIANALISE feréncia, por fim, que provavelmente paderam seguir apenas com grande esforgo, trouxe retificagbes neces sirias, nova tentarvas de solugio dos mais importantes problemas, e minha introdusSo resultaria em incotre- ‘fo, se eu as omitisse. Como veer, quando alguém co- ‘mega se desculpar, clhega enfim & conclusio de que era tudo inevitavel, tudo obra do destino. Eu me conformo isto, esugito que fagam 0 mesmo. ‘Também a palestra de hoje nio teria propriamente lugar numa introdugio, mas pode Ihes dar uma amostra do trabalho psicanalitico em detalhe, ¢ ett posso afc mar duas coisas a seu favor. Ela apresenta somente fa- tos observados, quase sem acréscimos especulativos, © se ocupa de um tema que reivindica seu interesse como rnenhum outro quase, Em todas as épocas os homens ‘meditaram sobre o enigma da feminilidade: Cobegas em goros com heros, Cabesas de rarbantes ede negrosboretes Cabega com perucase mil euoas Pobres, suadascabesas humanas(...J (Heine, Die Nordee) * No rma prin Heb perme ier Tuan snd eka Ban Pencknktponnd nnd onl and, _irende ech Cade“ Fraga os ea ts} poems ie en ma do Nore Sogn Cine into de poemar de Heisch Heine (e990; no coment Si peg in gto hm ep ‘2 AFEMILOADE ‘Também voo8s nfo deixario de cismar a respeito disso, na medida em que so homens; 0 que nio se peta das mulheres que nos ouvem — elas mesimss sin ‘© enigma. Ao deparar com um outro ser human, primeira distingio que fazem é “macho ou fémea",¢ estdo habituados a fazer essa distingo com tranquil certeza. A ciéneia da anatomia partilha a sua certet até determinado ponto e no muito além dele. Macho Eo produto sexual masculino, o espermatozoide, e seu portador; fémea &0 6vulo eo organismo que o abriga. [Nos dois sexos formaram-se Grgios que serve exch sivamente as fungées sexuais, que provavelmente se desenvolveram em duas configuragies diversas a par~ tir da mesma disposigio inata. Além disso, em ambos ‘0 sexos os demais dros, as formas do corpo ¢ 08 te- cidos, mostram influéneia pelo sexo, mas esta € ncons- tante e de medida varivel, os chamados caracteres se xuais secundérios. E a cigneia também Ihes diz algo aque vai de enconteo «suas expectativas,e que talver se preste a confundir seus sentimentos. Ela Ihes chama a tengo para ofato de que algumas partes do aparelho sexual masculino se acham igualmente no corpo da fé- mea, ainda que em estado atrofiado, ¢ 0 mesmo acon tece no macho. Nisso ela vé sinais de bisserualidade, como se 0 individuo nao fosse homem ou muller, mas sempre as duas coisas, apenas um tanto mais de uma {que da outra, Voeés sio convidados a familiarizar-se com a ideia de que a proporgio em que masculino e feminino se misturam, no ser individual, esta sujeita 8 consideriveis variagées. Mas como, excetuando casos NOVAS CONFERENCS ARODUTORUSA SIANALSE rarissimos, apenas um tipo de produto sexual — 6vu- los ou sémen— se acha presente numa pessoa, vocés devem ter dividas quanto a0 significado decisive des- ses elementos ¢ concluir que o que constitu a masculi- nidade ou feminilidade & uma caracteristica desconhe- cida, que a anatomia nao pode aprender. Ser que a pscologia pode? Estamos habituados a empregar “masculino” “feminino" também como axsibutospiquios da mesma forma, tanspusemos nogio de bissexlidade para a vida psiquica. Dizemes, nto, que ma pessoa sea homem ou mulher, compor- ta-se de manera masculna num pont, e feminina em contro, Mas logo vocés verdo que isso apenas signin cede natomiae&convengio, Nio podem dc nenbum conteido novo aos concitos“masculino”e “fini”. A distingio nfo psicol6gia; quando falam em *mnas- calino", normallmente querem dizer “aio”, quando ssivo.E cert que existe essa relagi. A célula sexual masculim moves ativamen- te, procura aque feminina,e esta, o Svul,€ move, aguarda possivamente. Essa conduta dos organisms senuais lementares,inclsive, um modelo par ocom- portamento ds indviguos no intererso sexual. O mt- cho persue a fémea para fins de unio sexual, garraa, e.8pencrs, Mas com isso voots reduzem, quanto pie cologia,o carter do mascuino ao fator da agressvia- de, Teri dividas de haverem dado com algo essencial, sc levarem cm considera que em aguas clases de animais as meas so mais fortes eagressvas eos ma- falam em “feminino” hos sio ativos apenas no tinico ata de unis sets As sim & com as aranhas, por exemplo. Tambén as lines de ineubar e eriae a prole, que nos parecem femininss por exeeléncia no sto li entre os animais. Em espécies nada inferiores eonstats _mos que 0s sexos partilham os cudados com os fillus, cow até mesmo que o macho se dedica exclusivamente a les, Mesto no dmbito da vida sexual humana voo!s Jogo percebem como é insatisftGri identifica a condu- ta masculina com aatividade ea feminina com s passivi- dade, Em todo sentido a mie €ativa em relago a filo, mesmo do ato de mamar podemos dizer tanto que ela da dde mamar & crianga como que deixa a crianga mamar. Quanto mais nos afastarmos do estrto mbito sexual, mais nitido ficari esse “erro de superposigio" As mu Theres podem despender grande atividade em diferentes Jreas, ¢ 08 homens ni podem conviver com seus igus se no desenvolverem um alto grau de passiva docilida- de, Se voots agora disserem que esses fatos demonstra ram justamente que tanto os homens como as mulheres sito bissexuais no sentido psicol6gico, concluiret apenas {que decidiram faze “ativo” coincidit com “masculino” ‘e“passivo” com “feminina”. Mas aconselho que nio 0 fagam, Parece-me inapropriado e nada acrescenta a0 aque sabemos. * cero de superposgio": 0 original, OSerdeckanyiler seri 0 ‘ero de pensar que se est vendo uma os, quand, na verda- fe wats de dts coisas sperpostss cf. Conferbcias inode rid psn, ep. 30. Noms CONFERENCUS WTROGUTERUSAPSKANMUISE oderiamos pensar na feminilidade como caractesi- zada psicologicamente pela preferéncia por metas passi- vas. Isso nlo € 0 mesmo que passividade, naturalmente ode ser necessitia uma boa dose de atividade para al- cangar uma meta pastiva. Talvez ocorra que na mulher, derivando de seu papel na fungio sexual, uma preferén- cia pela conduta passiva e metas passivas se estenda em. maior oa menor grat a sua vida, conforme se restrinja ‘ou se amplie esse cariter modelar da vida sexual. Mas nisso temos que atentar para no subestimar ainfiuéncia da organizagio social, que igualmente empurra a mu Ther para situagbes passivas, Tudo isso ainda esté pou- 0 eselatecido. Hi um nexo particularmente constante entre feminilidade e instintos, que no pretendemas ig norat. A supresso da agressvidade, prescrita constitu cionalmente eimposta socialmente & mulher, favorece 0 desenvolvimento de fortes impulsos masoquistas, que, ‘como sabemos, tém éxito em ligar-se eroticamente & inclinagBes destrutivas voltadas para dentro. De modo «que 0 masoquismo &, como se diz, realmente feminino.. [No entanto, se voe8s encontrarem o masoquismo em homens, como é frequente, nfo Ihes resta senio dizer {que esses homens mostram nitidos tragos femininos. Agora jd estio prep bém a psicologia ni soluciona o enigma da feminili- dade, Esse esclarecimento tera que vie de outra parte, ce nio poderi vir até que suibamos como ocorzen a di ferenciagio dos seres vivos em dois sexos. Nada sabe- ‘mos quanto a isso, e, no entanto, a existéncia de dois sexos é ma caracteristica notével da vida orginica, que .dos para o fato de que tam- 22AFOMNEUDADE adistingue do claramente da naturezainanimada, Nes se interim, achamos algo para estudar nos individuos. que, possuiindo genitals femininos, sio curucterizados como evidentemente ou predominantementefemininns. {proprio da peculiaridade da psicanlise, entio, que lt no se ponha descrever 0 que €a mulher — uma tare- fa quase impossivel para ela—, mas investigue como a mulher vem a ser, como se desenvolve a partir da crian- «2 inatamente bissexual. Descobrimos algumas coisas Sobre isso 10s tltimos tempos, devido a circunstincia de virias das nossas excelente colegas terem comegado a trabalhar em torno dessa quest20 na anilise. A dife- renga entre os sexos dew & diseussio um estimulo extra, pois, « cada ver que uma comparagio parecia resultar desfavorivel a0 seu sexo, a8 damas podiam externar suspeita de que nés, 08 analistas homens, nio haviamos superado alguns preconceitos muita arraigados em re- Iago & ferinilidade, ¢ estavamos pagando isso com a parcialidade da nossa pesquisa, De nosso lado, situando- ‘nos no terreno da bissexualidade, nfo foi dificil eviear {qualquer indelicadeza. Precisamos apenas dizer: “Isso no vale para voots. Voods sio uma exceso, mais mas- cculinas do que femininas nesse ponto”. com dua expectativas que comesamos a investi gar o desenvolvimento sexual feminino. A primeira, de que também nele a constiuigio nto se sjustard a angio sem alguma relutincia. A outa, de que 3s mudangas de cisivas teri sido encaminhadas ou relizadas antes da puberdade, As dias logo se eonfirmam. Além diso, 8 6 ows CONPERENCSINMRODUTERUSARSIANGUISE comparagio com o que sucede no garoto nos diz que a evolugio da gorota pequena para uma mulher normal & mas dif ecompliada, pois abrange dus taelas mai, paras quais no hi contrpartda na evolugio do meni- ‘no, Sigamos os paralelos desde inicio. Sem divida, i «material € diferente no menino ena meninas no se r= «quer pscanlise para constatar isso. A diferenga na for magio dos genitais &acompanhada de outras dstingBes fisicas, tio conhecidas que dispensam mengio, Também na disposigio dos instintos aparccem dferengas que per= rite imaginara posterior nature da mulher. A garota 8, via de era, menos agressva, teimosieaucossuficen- te; parece tee mais necessidade de que Ihe demsonstrem carinho, da ser mas décledependene. & provivel que 0 fato de ela aprender mais ice rapidamente o controle das excreges ej apenas uma consequéncia dessa doc lidade; pois urna e fezes so 0s primeirs presentes que a eianga ds pessoas que dela euidam, eo seu contol, a primeira concesio que se obtém da vid institu ine {anil Adquire-se também a impressto de que a garotaé mais inceligenteevivaz do que o garoto de mesma idade, de que & mais recepiva para com 0 mundo exterior 30 mesmo tempo, forma investimentosobjetais mas fortes. [No seis ssa vantagem no desenvalvimento jf foi con- fiemada por observapes mais precisa; de todo modo, & certo que. menina nfo pode ser tida como intlectal- mente atrasada. Mas esss diferengas enre os Sexos no devem receber muita consieraso, elas podem ser con- teabalangadas por variagBesindividuais. Para os nossos propésitos imediatos podemosdeix-ta de lado, (Os dois sexos parecem atravessar da mesma fori 3s primeiras fses de desenvolvimento da libido, Seria de es perar que na fase siico-anal é houvesse um arrefecimen= to da agressividade na menina, mas isto nio se verifca. A anilise das brincadeiras infantis mostrou is nossas psica- nalistas que os impulsos agressivos da garota nao deixar a esejar quanto’ abundéncia e veeméncia. Como ingresso na fase flica, as diferengas entre os sexos recuam com- pletamentediante das semelhangas. Temos de reconhecer ‘que entio a garota pequena é um pequeno homem, Nos garotos, como se sabe, esta fse se caracterza pelo fato de cle obier sensagdes prazerosas do seu pequeno membro € relacionar 0 estado de excitago deste com as ideias que tem do intercurso sexual. mesmo faz garota com seu pequenino clisrs, Parece que nela todos os tos mastur- bat6rios se do nesse equivalente do pénis, que a vagina, ‘© éxiio propriamentefeminino, nfo foi descoberto ainda pelos dois sexos. & certo que um ou outro relato também rmenciona sensagies vaginas em idade tenra, mas no se- sia fii dstingui-las de sensagbes anais ou no vestibulo; ‘demaneira nenhuma podem ter um papel relevante. Pode ‘mos insistirem que o liérs € a prinipal zona erdgena da fase flica da menina. Mas naruralmente ito nio continu assim; com a madanga rumo A feminilidade,o clits deve ceder vagina sua sensibilidade , com sso, sua importin- cia, no todo on em parte Esta seria uma das duas tarefis a serem cumprides no desenvolvimento da mulher, enquan= too homem, tendo mais sorte, na época da maturidade se- sual precise apenas dar continuidade 20 que j praticou no period da primeira florescéncia sexual NOMS CONFERENEAS MIROOUTORIS APSICAIALSE Ainda retornaremos a0 papel do clitéris; voltemo- pos agora para a segunda tarefa que complica o desen- ‘volvimento da menina. O primeieo objeto amoroso do menino a mie; ela continua a sé-lo na formagio do complexo de Edipo e, no fundo, por toda a vida. Tam= Dém para a garota a mie — eas figuras da ama de ete eda babi, que com ela se confundem — tem de ser 0 primeiro objeto; pois os primeiros investimentos abje- tais ocorrem se apoiando na satisfagio das grandes e pe- ‘quenas necessidades vitas, eas cicunstincias que en- volvem o eudado da crianga so as mesmas para os dois. sexos. Mas na situagdo edipica o pai se torna o objeto amoroso paraa menina, e esperamos que ea, no curso ‘normal do desenvolvimento, ache o caminho para 2 es- colha objetal dfiniiva a parti do objeto paterno. Por- tanto, no transcorrer do tempo a menina deve trocar de ‘zona erdgena e de objeto, ambos conservados pelo me- nino. Surge entio a pergunta de como sueede isto, em especial, como ela passa da mie i ligaglo com o pai, ou, em outras palavras: da sua fase masculina para a que Ihe Ebiologicamente destinada, a feminina? TTeriamos uma solugio de simplicidad ideal se pu- déssemos supor que a partir de certa idade vigora a atragio heterosexual e impele a pequena mulher para ‘ohomem, enquanto a mesma lei permite a0 garoro con- ‘inaar com sua mae. E poderia ser acrescentado que os filhos seguem nisso a indicago que Ihes é dada pela preferéncia sexual dos pais. Mas as coisas nfo devem ser to ficeis para nés; mal sabemos se & possivel aeredi- tar seriamente naquele poder misterioso, recaleitrante AFEMNLIDAOE ise, que tanto entusiasma os poetas. Laboriosas investigagies, em que pelo menos o material foi ficil de obter, trouxeram-nos uma informagio de espécie bem diferente, Vocés devem saber que é grande 0 niimero de mulheres que durante muito tempo ainda permane~ ccem na dependéncia afetiva do objeto paterno, ¢ mes smo do pai real. Foi nessas mulheres de ligagio inten sa.e duradoura com o pai que fizemos surpreendentes constatagties, Naturalmente sabiamos que tinha havido uum estigio de ligagio com a mie, mas no que podia ser tio rico em contetido, durar tanto e deixar tantos censejos para fixagdies e predisposigées. Durante esse tempo, o pai é um rival importuno; em varios casos 2 ligago com a mie ultrapassa os quatro anos de idade, Quase tudo 0 que achamos na elago com o pai jé esta va presente naquela, ¢ depois foi transferido para o pai. Em sama, adquirimos a conviegdo de que no podemos ‘compreender a mulher se no consideramos esta fase de igasae pré-edipica com a me. Agora perguntamos quais as relagSes libidinais da _gatota com a mie. A resposta é que slo de diversos ti- pos. Como passa por todas as trésfases da sexualida- de infantil, assumem também as caractersticas de cada fase, manifestando-se em desejos orais, sidico-anais e falicos, Esses desejos representam tanto impulsosativos como passives; se forem relacionados a diferenciagio entre os sexos que surge mais tarde —o que devemos evitar na medida do possivel —, poderio ser chamados de masculinose femininos. Sio, além disso, totalmente ambivalentes, de natureza tanto carinhosa como hostil~ NAS CONFERENCASUTROQUTORASA PSCANALSE -agressiva, Com frequéneia, esses iltimos vém 3 tona somente apés terem se transformado em ideas angus- tiantes, Nem sempre é fei indicar como se formulam cesses primeiros desejs sexuais; que acha expressio rnaisnitda & 0 desejo de fazer um filbo na mie, e aque- Te correspondente de the dar um filo, ambos perten- centes ao peviodo falco, e certamente espantosos, mas cestabelecidos fora de qualquer dda pela observagio psicanalitica, O atrativa desss iavestigagies esti nos surpreendentes achados que nos proporcionam. Por exemplo, 0 medo de ser assassinado ou envenenadd, aque mais tarde poder sero nticleo da enfermidade pa- ranica,descobrimos jf nessa fase pré-edipiea, re nado mie. Ourum outro caso: vocés devem se embrar de um imeressanteepisédio da pesquisa psicanalitia, «que me ocasionou muitas horas dices. Naépocaem que 6 nosso interessevoltva-seprincipalmente para a des- coberta de traumas sexuais infantis, quase todas as mi- ‘has pacientes mulheres me contavam que havism sido sedurias plo pai. final percebi que esses relatos no exam verdadeios, vim a compreender que os sinromas histéticos derivam de fantasia, nio de acontecimentos reais, Somente depois pude reconhecer, nessa fantasia da sedugio pelo pai expresso do tpico compleso de FEdipo na mulher E agora reencontramos essa fantasia 1a histénia pré-edipia da garota, mas a sedutora& in- ‘ariavelmemte a mde. Mas nsso a fantasia toca no io da elidade, pois fi realmente a mie que euidando da higiene coxporal do beb, suscitou-Ihe (ou talver des- ertou mest) sensaghesprazerosas nos genta, Imagino que estejam a ponto de suspeitar que esse _quadro da riqueta e da intensidade dos vinculos sexusis dda menina com a mie é um tanto exagerado. Afinal, as pessoas tém oportunidade de ver meninas pequenas © nfo percebem nada disso nelas. Mas a objesio no se sustenta; & possivel enxengar muita coisa nas eriangas ‘quando se sabe observar, e,além do mais, considerem _quio pouco de sous desejos sexusis uma crianga écapaz de levar A expressio pré-consciente ou mesmo comuni= car, Entdo apenas recortemos a algo licito, a0 estudar os residuos desse mundo afetivo a posteriori, em pessoas nas quais esses processos de desenvolvimento atingiram ‘uma forma particularmente nitida ou mesmo excessiva. Pois a patologia sempre nos presiou 0 servigo de tor- nar reconhecivels,isolando-as e exagerando-as, coisas {que ficariam ocultas no estado de normalidade. E, como rnossas pesquisas ado se realizaram em pessoas grave mnormais, acho que podemos eonsiderar dignos 8 08 seus resultados, Agora vamos dirgir o interesse para a questio de ‘como desaparece essa forte ligagao materna da garova Sabemos que esta é sua sina habitual; ela esti destinada Aacedero lugar ligaglo com o pai. Aqui nds damos com tum fato que nos mostra a diresio a seguir. Este passo no desenvolvimento nfo envolve una simples mudanga de objeto. © afestamento em relagio & mie ocoree sab © signo da hostiidade, a ligasiio materna acaba em ddio, (Um édio assim pode se tornat conspicuo, e durar por toda a vida. Mais tarde pode ser cuidadosamente sobre compensado; via de regra, uma parte dele & superada, ons coNFERENCAS MTRODUTERINSAPSICANKUSE cenquanto outra parte persist. Nisso os eventos poste lores da vida tém grande infuéncia, naruralmente. Mas rs nos limitamos a estudi-lo no periodo em que a ga~ rota se volta para o pai, e perguntamos por suas moti- ‘vagies. Outvimos entio uma longa lista de acusagBes e queixas contraa mie, tendentes a justifiear os sentimen tos hosts da filha; elas variam bastante em sea valor, & ppassaremos a examini-las, Algumas io claras raciona- Tinagbes, as verdadiras fontes da hostlidade precisam ser encontradas, Voces me acompanhat%o, espero, se eu agora conduzi-los pelos pormenores de uma investiga io psicanalitia, Das reeriminagbes feitas 8 me, a que mais recua no tempo é de haver dado muito pouco leite 3 filha, © que é visto como falta de amor. Essa objegio tem alguma justficativa em nossas familias. Com frequéncia as mies no tim nutrigio suficiente para os bebése e contentam fem amamenticlos por alguns meses, até seis ou nove ‘meses. Nos povos primitivos os bebés se nutrem no seio smaterno até 0s dois ou trés anos. A figura da ama delete se funde, via de regra, com a da mae; quando isso no acontece, a reeriminagio se transforma em outra, ade que ela dispensou muito cedo a ama que mutria to soli cGtamente a erianga. Qualquee que tena sido areal situa ‘9, porém, é impossivel que a recriminagio da erianga sejajustiicada to frequentemente como é encontrada, Parece, ito sim, que a avider da crianga por seu primei- +o alimento é insacivel, que ela nunca se refaz da per= da do seio materno. Eu nfo ficara suepreso se a anilise de uma erianga primitiva, que ainda pudesse mamar no seio da mae quando ji fosse capax de andar ¢fular evi= denciasse a mesma recriminagio, També serenvenenado provavelmente se acha ligado& privagio do seio. Veneno € alimento que causa doenga. Tulver ‘med de crianga também relacione suas primeiras enfermidiades essa frustragio. Algum treino intelectual jé € necessrio para se crer no acaso; © homem primitivo, o inculto, © certamente também a crianga, sabem achar uma r3240 para tudo o que acorre. Originalmente tales fosse wm ‘motivo no sentido animista. Em varios estatos de nossa sociedade, ainda hoje, a morte de um individuo s6 pode ter sido causada por outro, de preferéncia o médico. Ea ‘comum reago neurétia & morte de alguém préximo 6 coulpar-se porté A queixa seguinte irrompe quando um outro bebé aparece na familia. Se possive, ela mantém 0 nexo com ocasionado, a frustragio oral. A mie no péde ou nio quis mais amamentar a crianga, porque nevessitou do leite para © recém-chegado. No caso de os dois bebés serem tio préximos que a lactagio éprejudicada pela segunda gra videz, essa objesio adquire um fundamento real, e én0- vel que mesmo com uma diferenga de apenas onze me~ ses a erianga nio saja nova demais para perceber 0 que ‘corre. Nao $6 a amamentaglo indispde a garota com © intruso e rival, mas todos os outros sinais de euidado ‘materno. Ela se sente destronada, espoliada,lesada em seus direitos, acalenta édio e ciime pelo irmiozinho desenvolve, em relagdo a mie iniel, um rancor que fre~ quentemente se exprime numa deplorivel mudanga de comportamento. Torna-se “ma” rrtadiga, desobedien- ovis cnr enencusteTRODUTORSAPSCANAUISE te, eabandona o progresso realizado no controle das fe zes, Hé muito tempo isso & conhecido e aceito como algo cevidente, mas raramente formamos uma ideia precisa da orga destesimpulsos ciumentos, da tenacidade com que perdaram, ¢ também da magnimude da sua inftuéncia no desenvolvimento posterior. Sobrerudo porque tal eiime sera sempre realimentado ao longo da infincia e todo © cchoque se repetitd a cada novo irmiozinho. E ndo faa muita diferenga que a menina continue como a favorita dda mie; a8 exigéncias de amor da crianga sto desmedi- das, ela quer exclusvidade, nio admite a partiha, ‘Uma grande fonte de hostilidade da erianga para com ‘ame se acha em seus miiplos deseo sexusis, que mu- dam conforme a fase da libido e que geralmente no po- cdemser satsfits. A mais forte dessasfrustragdes ocorre no periodo filico, quando a mae proibe 2 ocupasio pra- ‘zerosa com os genitais — frequentemente com duras ameagase todos 0s sinais de indignagiio —, em que ela riesma havia iniciado a crianga, porém. Acreditarfamos que este seria motivo bastante para justifcar o afasta- rento da garota em relagio & mie. Entio julgarfamos {que esse estranhamento decorre inevitavelmente da na- ‘ureza da sexualidade infantil, da desmesura das exigen- cas de amor e da impossibilidade de satisfazer os dese- jos sexuais.E talvee achemos que esta primeira relagio amorosa da crianga est condenada a acabar,justamente ‘por sera primeira, pois essas primeiras relagdes abjerais sii amabvalentes em alto graus junto a0 amor intenso hi uma forte inclinago agressiva, e quanto mais apaixona- ddamente a crianga ama seu objeto, mais sensivel orna-se SAFE a decepgbese feusteagdes da parte dee, Por fim, 0 amor tem de sucumbir & hostilidade acumulada, Ou podemos rejeitar essa ambivaléncia original dos investimentos de objeto ¢ indicar que é a narureza especial da relagio ‘nde-filhe que, coma mesma inevitabilidade, leva 3 in- terrupgio do amor infantil, pois mesmo a mais suave cedueago nio pode deixar de exercer coagio e inteoduzit restrgdes, e cada imerferéncia em sua liberdade provo- cari na erianga, como reaso, a tendéncia & revolta e agressividade. Quero dizer que a discussio dessas poss bilidades poderia ser muito interessante, mas de repente surge uma objes0 que condus nosso interesse em outra diregdo. Todos esses fatores, as desatengies, os desapon- tamentos no amor, 0 ciiime, a sedugio acompanhada de proibigio, também aparecem na relagio do garoto com ‘ame e nao so capazes de alieni-lo da objeto materno, Se nio encontramos algo que seja especifico da meni na, que ndo o¢orra no menino — ou nio ocorra nele da mesma forma —, no teremos esclacecido 0 desfecha da ligagio materna na garota, Acho que encoatramos esse fator especfico, e num ugar nio inesperado, embora numa forma surpreen- dente. Em lugar no inesperado, eu digo, porque esta no complexo da castragio, Afinal, a diferenga snatémi- cca tem de manifestar-se em consequéncias psiquicas, Mas foi uma surpresa descobrir, nas anilises, que @ ga rota responsabiliza a me por sua fata de pénis e no the perdoa essa desvantagem. Como veem, nés também atribuimos & mulher am complexo da eastragio. Por boas razdes, mas ele no as CONFERENCES WIRODUTORIAS PSICANAL SE pode ter 0 mesmo conteiide que rem no menino. Neste, ‘ocomplexo da castragio surge depois que ele percebeu, A vista de um genital feminino, que omembro que tanto estima no é necessariamente parte do corpo. Recorda- se entio das ameagas que ouvi por ocupar-se do seu smembro, comesa a Thes dar crédito, e fica sob a influ cia do medo da castrasao, que se torna o mais poder so mével de seu desenvolvimento posterior. Também 0 complexo da castrasao da garotaé iniciado pela visio do ‘outro genital, Ela logo percebe a diferenga e — deve-se admitir — sta importincia, Sente-se muito prejudiea- da, diz com frequéncia que gostaria de “ter algo assim também" e sucumbe 8 iaveja do pénis, que debxa tragos indeléveis em seu desenvolvimento ena formagio do eax rite, ¢ mesmo em casos favordveis nZo & superada sem grande dispéndia psiquico. O fato de a garota reconhe- cer sua auséncia de pénis no quer dizer que se subme- te facilmente a ele. Ao contrério, ela se atém ainda por ‘muito tempo a0 desejo de adquiie algo assim, cré nessa possibildade até uma época inverossimilmentetardia ‘mesmo num periodo em que o conbecimento da realida- de hi muito descartou como inatingivel a saisfaglo des- se desej, a anlise pode demonstrar que ele permaneceu no inconsciente e manteve um considerivel investimen- to de energia. O desejo de obter enfim o pénis ansiado pode contribuir para os motivos que levam a mulher adulta& andlise,e 0 que ela pode razoavelmente espe= rat da andlise — digamos, a eapacidade de exercer uma profissia intelectual — muitas vezes se percebe como ‘uma modificagio sublimada desse desejo reprimido. Nilo se pode duvidar muito da importincia da in- -veja do pénis. Tomem como ium exemplo de injustiga masculina a afirmagio de que a inveja ¢ 0 cidme de~ sempenham, na vida psiquica das mulheres, um pax pel ainda maior que na dos homens. No que essas caracteristicas estejam ausentes nos homens ou que rio tenham, nas mulheres, outra raiz sendo a inveja do pénis, mas somos inclinados a atribuir a esta dl- tima influéncia o seu maior montante nas mulheres. Em vitios an. iminuir a importncia daquela primeita onda de in- veja do pénis na fase fica. Eles opinam que o que se sacha dessa atitude na mulher seria, no principal, uma formagao secundiria que surgiu por ocasiio de consli- tos posteriores, mediante regressdo aquele impulso da primeira inflincia. Este é um problema geral da psico- logia das profundezas, Em mstas atitudes instineuais patolégieas ou apenas insélitas — por exemplo, em todas as perversdes sexuais — pergunta-se quanto de sua forga deve ser imputado as fxagées da primeira infincia, e quanto a influéncia de experiéncias e evo- lugBes posteriores, Nesses casos trata-se quase sem- pre de séries complementares, tal como supusemos na discussio da etiologia das neuroses. Os dois fatores istas, porém, nota-se uma inclinagio a participam da causagio em graus varidveis; um tanto ‘menos de um lado é compensado por um tanto mais do outro, O elemento infantil determina adiregio em todos 0s eas0s; nem sempre, mas com frequéncia, de~ termina o desfecho. Quanto & inveja do pénis,favore- «0 decididamente a preponderincia do fator infantil os coNFERENERS TADOUTORSAPSCAMAUISE ‘A deseoberta da propria castragio & um ponta de vi- sada no desenvolvimento da garota. Dela partem txés di- re96es de desenvolvimento: uma leva a inibiglo sexual fu 8 neurose; a segunda, A mudanga de cariter no sen- tido de um complexo de masculinidade; a tereira, en- fim, 8 feminilidade normal, Aprendemos muito, mas io tudo, acerca de todasastrés. O teoressencial da primeira E que a menina, que até entio viveu de modo maseulino, soube obter prazer pela excitagdo do clitris velacio nou ess atvidade com seus descjossenuais em relago & mie, frequentemente ativos, permite que a influéncia da Snveja do pis esrague a fruigio de sua sexualidade fli- ca, Magoada em seu amor-proprio pela comparagio com 0 garoto mais bem aparelhado, ela renuncia a satisagio ‘masturhatria com o citi rejeita seu amor & mae e, ‘io rato, reprime assim uma boa parte de seus impul- 20s sexuts, O afastamento em relagdo A mie no ocorte de uma ver, pois a menina vé sua castragio inicialmente ‘como uma desgraga pessoal, s6 a0s poucos a estende a ‘outros seeesfemininos, por fim também i mie. Seu amor dizia respeto & mae filiea; com a descoberta de que a mie é castrada, torna-se possivel abandoné-la como ob- jeto amoroso, de modo que ganham proeminéncia 0s ‘motivos para a hostlidade, langamente acurmulados. Isto significa, portanto, que com a descoberta da auséncia dd pénis 2 muller perde valor para garota, tanto como para o garoto e depois o homem, tlver. Vooés todos conhecem a imensa importincia erologi- ca que 08 nossos neuréticas dio sua masturbagio. Eles a responsablizam por todos os sens problemas, edespen- {a AFEMNILDAOE demos muita esforgo para faz¢-los acreditar que esto cenganados. Na verdade, deverfamos admitir que esto cer- ts, pois a masturbasio é o agente executive da sexuali- dade infantil, eles sofrem do desenvolvimento fall desta. Os neurdticos culpam geralmente a masturbagio do periodo da puberdade; a maioria deles esquece a da primeira infincia,a que na realidade importa. Eu quise- rater a oportunidade de mostrar-Ihes demoradamente colo vém a ser importantes, para a posterior neurose ‘oto carter do individuo, todos os detalhes fctuais da masturbagdo infantil: se ela foi descoberta ou no, como (0s pais a combateram ou permitiram, se ele mesmo conseguit suprimi-a. Tudo isso deixa tragos perma- rnentes no individuo. Mas, por outro lado, estou conten- te de nio precisar fazer isso. Seria uma tarefa dificil, trabalhosa, ¢ vocés terminariam por me embaragar, pois certamente me pediriam conselhos priticos de ‘como pais ou eiucadores devem lidar com a masturba- cio das criangas pequenas. O desenvolvimento das ‘meninas, 0 assunto desta nossa palestra, Ihes di um ‘exemplo da erianga mesma se empenhando em libertar- -se da masturbagio. Mas no & sempre que cla tem éxito nisso. Quando a inveja do penis suscita um forte impul- s0 contra @ masturbagio clitoridiana ¢ esta nilo quer ceder, segue-se uma violenta luta de libertagio, em que ‘a menina como que assume o papel da mile deposta e exprime toda a sua insatisfagiio com seu clitéris de valor inferior, no empenho contra a satisfac proporcionada pore. Muitos anos depois, quando a atividade mastur- bat6ris foi hé muito tempo suprimida, persiste um inte- NOWASCOMFERENCA RRODUTONUSA PSICANALSE resse que devemos interpretar como defesa contra uma tentasio ainda temida. Manifesta-se a simpatia por pessoas a que sio atribuidas dificuldades semelhantes, inscreve-se entre os motivos para contrat casamento, podendo mesmo determinae a escolha do parceiro de vida ou de amor. A resolugio do onanismo da infincia ao é, verdadeiramente, algo simples ou indiferente. ‘Ao abandonar a masturbagio clitoridiana, a garota renuncia a algumsa atividade, A passividade predomi- ‘na, vieada para o pai é realizada principalmente com a ajuda dle impulsos instintnas passivos. Voces perceber {que uma onda de desenvolvimento assim, que remove 4 atividade flies, aplaina o terreno para a feinilidade Se nisso nao se perder muita coisa mediante a repressio, ‘essa feminilidade poders ser normal. O desejo com que a menina se volta para 0 pai é provavelmente, na origem, ‘0 desejo pelo pis que a mie no he deu e que ela espe- ra receher do pai, Mas a sitaagio feminina se estabelece apenas quando o desejo pela erianga substtui o desejo pelo penis, ou sea, quando a erianga, conforme uma ve= Tha equivaléncia simbélica, toma o lugar do pénis. Nao ignoramos que mais cedo, na fase alia no perturbada, 44 menina ji tinha desejado um be; este era, claro, 0 sentido de sua brincadeira com bonecas, Mas essa brinea deira no era de fto expressio de sua feminilidade; ser~ identficagio com a mic, na intengio de substituir a atividade pela passividade, Ela brincava de mie, € a bo- neca era ela mesmas podia fazer com 0 bebl tudo o que 4 mie costumava fazer com ela, S6 com a emerggncia do descjo do pénis 0 bebe-boneca torna-se um bebe do pai, SR AFDANILIOADE c,apaniede entio,oalvo do mais forte deseo feminino. E grande a felcidade, quando esse deseo infantil vem a ser concreizade um dia; especialmente quando 0 bebé & sum menino, que tz consigpo pénisansido. Na idea de tet “um bebé do pai feequentemente a énfase & no bei, rit no pai. Assim, o velho desejo maseulino de possuiro pénis ainda transparece na feminlidade consumada Mas ddeveriamos talver reconhecer tal desejo de pénis como um deseo apuradamente feminino. Com a transferéncia do desejo de bebe-pénis para 0 pai, a menina entrou na situaglo do complexo de Ep. ‘A hostilidade em relagio A mie, que no precisou ser de fotalecimento, pois ela se torna a rival, que rece- be do pai tudo o que a menina cobiga dele. Por muito tempo 0 complexo de Edipo da menina nos impediu de ver esa ligagia matera pré-edipica, Go importante, porém, © que deixa ats desi fixagies to duradouras. Para a menina, a situagdo edipica 0 resuktado de um desenvolvimento longo e dif, uma espécie de solugio temporia, uma posigdo de descanso que ndo é logo abandonada, especialmente porque o inicio do periodo de latencia nose acha dstane. Eno que toa 3 relasio centre 0 complexo de Eiipo ¢ 0 complexo da castragio, notamos uma diferenga entre os sex0s que peovavel: mente tem sérias consequéncias, © complexo de Eipo do menino, em que ele deseja a mie e gostaria deel minaro pai como rival, desenvolve-se naturalmente da sua fase de sexualidae fica, Mas a ameaga de castea-

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