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no a viu. Hades e Persfone os seguiram e como ficou estabelecido que ele no poderia
olhar para Eurdice at chegar ao fim do tnel, Hades a tomou novamente.
Por um momento ele a viu, perto da sada do tnel escuro, perto da vida outra vez. Mas
enquanto ele olhava, ela se tornou de novo um fino fantasma, seu grito final de amor e
pena no mais do que um suspiro na brisa que saa do Mundo dos Mortos. Ele a havia
perdido para sempre. Em desespero total, Orfeu se tornou amargo. Recusava-se a olhar
para qualquer outra mulher, no querendo lembrar-se da perda de sua amada.
Posteriormente deu origem ao Orfismo, uma espcie de servio de aconselhamento; ele
ajudava muito os outros com seus conselhos , mas no conseguia resolver seus prprios
problemas, at que um dia, furiosas por terem sido desprezadas, um grupo de mulheres
selvagens chamadas Mnades caram sobre ele, frenticas, atirando dardos. Os dardos de
nada valiam contra a msica do lirista, mas elas, abafando sua msica com gritos,
conseguiram atingi-lo e o mataram. Depois despedaaram seu corpo e jogaram sua
cabea cortada no rio Hebro, e ela flutuou, ainda cantando, "Eurdice! Eurdice!"
Chorando, as nove musas reuniram seus pedaos e os enterraram no monte Olimpo.
Dizem que, desde ento, os rouxinis das proximidades cantaram mais docemente que os
outros. Pois Orfeu, na morte, se uniu sua amada Eurdice.
Quanto s Mnades, que to cruelmente mataram Orfeu, os deuses no lhes concederam
a misericrdia da morte. Quando elas bateram os ps na terra, em triunfo, sentiram seus
dedos se espicharem e entrarem no solo. Quanto mais tentavam tir-los, mais
profundamente eles se enraizavam. Suas pernas se tornaram madeira pesada, e tambm
seus corpos, at que elas se transformaram em carvalhos silenciosos. E assim
permaneceram pelos anos, batidas pelos ventos furiosos que antes se emocionavam ao
som da lira de Orfeu, at que por fim seus troncos mortos e vazios caram.