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TROCADORES DE CALOR

1. INTRODUÇÃO

Como discutimos ao longo do curso de Transmissão de Calor, frequentemente estamos


interessados em transferir energia térmica de um sistema para a vizinhança ou entre partes de
um sistema. Isto é feito através de um equipamento, chamado de Trocador de Calor, muito
comum de ser encontrada em indústrias. Podemos classificar os trocadores de diversas
maneiras: quanto ao modo de troca de calor, quanto ao número de fluidos, tipo de construção,
etc. De uma forma mais básica, duas classificações vão nos interessar: aquela que divide os
trocadores entre aqueles que utilizam o contato direto e os de contato indireto e uma outra que
os classifica em função das suas características de construção.

2. CLASSIFICAÇÃO DE TROCADORES DE CALOR

Classificação de Trocadores de Calor

DE ACORDO A DE ACORDO A
PROCCESOS TIPO DE
DE TRANSFERENCIA CONSTRUÇÃO

2.1. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA

Nesta categoria, trocadores de calor são classificados em: de contato indireto e de


contato direto.

DE ACORDO A
PROCCESOS
DE TRANSFERENCIA

CONTATO CONTATO
DIRETO INDIRETO

TRANSFERENCIA TIPO
DIRETA ARMACENAMIENTO
2.1.1. TROCADORES DE CALOR DE CONTATO INDIRETO

Em um trocador de calor de contato indireto, os fluidos permanecem separados


e o calor é transferido continuamente através de uma parede, pela qual se
realiza a transferência de calor.

Os trocadores de contato indireto classificam-se em: trocadores de


transferência direta e de armazenamento.

a. Tipo de Trocadores de Transferência Direta

Neste tipo, há um fluxo contínuo de calor do fluido quente ao frio através


de uma parede que os separa. Não há mistura entre eles, pois cada corrente
permanece em passagens separados. Este trocador é designado como um
trocador de calor de recuperação, ou simplesmente como um recuperador.
Alguns exemplos de trocadores de transferência direta são trocadores de:
placa, tubular, e de superfície estendida. Recuperadores constituem uma
vasta maioria de todos os trocadores de calor.
b. Trocadores de armazenamento

Em um trocador de armazenamento, os ambos fluidos percorrem


alternativamente as mesmas passagens de troca de calor . A superfície de
transferência de calor geralmente é de uma estrutura chamada matriz. Em
caso de aquecimento, o fluido quente atravessa a superfície de transferência
de calor e a energia térmica é armazenada na matriz. Posteriormente,
quando o fluido frio passa pelas mesmas passagens, a matriz “libera” a
energia térmica (em refrigeração o caso é inverso). Este trocador também é
chamado regenerador.
2.1.2. TROCADORES DE CALOR DE CONTATO DIRETO

Neste trocador, os dois fluidos se misturam. Aplicações comuns de um


trocador de contato direto envolvem transferência de massa além de
transferência de calor; aplicações que envolvem só transferência de calor são
raras. Comparado a recuperadores de contato indireto e regeneradores, são
alcançadas taxas de transferência de calor muito altas. Sua construção é
relativamente barata. As aplicações são limitadas aos casos onde um contato
direto de dois fluxos fluidos é permissível.
2.2. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO A CARACTERÍSTICAS DE
CONSTRUÇÃO

DE ACORDO A
TIPO DE
CONSTRUÇÃO

TUBULAR TIPO PLACA

CARCAÇÃ TUBO SERPENTINA


E TUBO DUPLO

Temos trocador tubular, de placas, de superfície estendida e regenerativos. Outros


trocadores existem, mas os grupos principais são estes. Aqui serão estudados apenas
os dois primeiros.

2.2.1. TROCADORES TUBULARES

São geralmente construídos com tubos circulares, existindo uma variação de


acordo com o fabricante. São usados para aplicações de transferência de calor
líquido/líquido (uma ou duas fases). Eles trabalham de maneira ótima em
aplicações de transferência de calor gás/gás, principalmente quando pressões
e/ou temperaturas operacionais são muito altas onde nenhum outro tipo de
trocador pode operar. Este trocadores podem ser classificados como carcaça e
tubo, tubo duplo e de espiral.
a. Trocadores de carcaça e tubo

Este trocador é construído com tubos e uma carcaça. Um dos fluidos passa
por dentro dos tubos, e o outro pelo espaço entre a carcaça e os tubos.

Existe uma variedade de construções diferentes destes trocadores


dependendo da transferência de calor desejada, do desempenho, da queda
de pressão e dos métodos usados para reduzir tensões térmicas, prevenir
vazamentos, facilidade de limpeza, para conter pressões operacionais e
temperaturas altas, controlar corrosão, etc.

Trocadores de carcaça e tubo são os mais usados para quaisquer


capacidades e condições operacionais, tais como pressões e temperaturas
altas, atmosferas altamente corrosivas, fluidos muito viscosos, misturas de
multicomponentes, etc. Estes são trocadores muito versáteis, feitos de uma
variedade de materiais e tamanhos e são extensivamente usados em
processos industriais.
b. Trocador tubo duplo

O trocador de tubo duplo consiste de dois tubos concêntricos. Um dos


fluidos escoa pelo tubo interno e o outro pela parte anular entre tubos, em
uma direção de contrafluxo. Este é talvez o mais simples de todos os tipos
de trocador de calor pela fácil manutenção envolvida. É geralmente usado
em aplicações de pequenas capacidades.

Tf,e

Tq,e Tq,s

Tf,s

Trocador de calor tubo duplo


c. Trocador de calor em serpentina

Este tipo de trocador consiste em uma ou mais serpentinas (de tubos


circulares) ordenadas em uma carcaça. A transferência de calor associada a
um tubo espiral é mais alta que para um tubo duplo. Além disto, uma
grande superfície pode ser acomodada em um determinado espaço
utilizando as serpentinas. As expansões térmicas não são nenhum
problema, mas a limpeza é muito problemática.
2.2.2. TROCADORES DE CALOR TIPO PLACA

Este tipo de trocador normalmente é construído com placas planas lisas ou com
alguma forma de ondulações. Geralmente, este trocador não pode suportar
pressões muito altas, comparado ao trocador tubular equivalente.
3. COEFICIENTE GLOBAL DE TROCA DE CALOR

No capítulo inicial do curso, apresentamos o conceito do Coeficiente Global de Troca


de Calor, U, como uma maneira de sistematizar as diferentes resistências térmicas
equivalentes existentes num processo de troca de calor entre duas correntes de fluido, por
exemplo. A partir da lei do resfriamento de Newton:

q = h. As .(Ts − T∞ )
que envolve a temperatura da superfície exposta a uma das correntes de fluido, estendemos o
raciocínio para envolver outras partes do sistema

Em diversos momentos ao longo do curso, estudamos a troca de calor entre fluidos e


superfícies divisoras do escoamento. Com as hipóteses de regime permanente, ausência de
fontes, etc, utilizamos o conceito das resistências térmicas equivalentes e eventualmente
apresentamos o Coeficiente Global de Troca de Calor, U. Veja a figura abaixo
representando a situação tratada:

Dando origem ao circuito térmico equivalente:

Ou seja, nestas condições, o calor trocado foi escrito como:

q = U . A.(Tb1 − Tb2 )
onde Tb indica a temperatura média de mistura de cada um dos fluidos. Neste ponto,
consideramos que Tb de cada fluido permanecia constante, o que é equivalente a
considerarmos fluidos com capacidade térmica (o produto da massa ou do fluxo de massa
pelo calor específico) infinita. Na realidade, esta é uma aproximação muito forte.

Quando estudamos a troca de calor por convecção no interior de dutos e canais, na


Aula #28, começamos a relaxar a hipótese de temperatura média de mistura constante ao
longo do escoamento. Consideramos duas situações para a condição térmica: fluxo de calor
constante ou temperatura superficial constante. Após a devida análise, determinamos como a
temperatura média de mistura do fluido varia ao longo do comprimento da superfície:

• Fluxo constante de calor na parede:

q' ' P
Tb ( x ) = x + Tb,i
m& .c p
• Temperatura superficial constante:

Ts − Tb ( x ) ∆T ( x )  h A( x ) 
= = exp  − 
Ts − Tb,i ∆Ti  &
m c P 

onde Tb,i indica a temperatura média de mistura na entrada do equipamento de troca de calor.

A situação em um Trocador de Calor é um pouco mais complicada pois não temos


mais informações sobre o fluxo de calor na parede ou sobre a temperatura superficial (na
verdade, só podemos garantir é que não serão mais constantes). Felizmente, a maioria dos
conceitos já discutidos se aplicam aqui, permitindo uma análise simples.

Uma primeira consideração deve ser feita sobre as possíveis variações de temperatura
de cada fluido ao longo do trocador, em função da direção com que as correntes seguem. As
direções relativas do escoamento são especificadas abaixo e mostradas na figura adiante:

• correntes opostas: quando as correntes escoam em direções opostas - situação (a);


• correntes paralelas: quando elas seguem na mesma direção - situação (b);
• correntes cruzadas: quando as correntes seguem em ângulos de 90º - situação (c). Neste
caso, podemos ter uma, as duas ou nenhuma das correntes misturadas (caso mostrado). Na
prática, uma ou mesmo as duas correntes permanecem não-misturadas.

O projeto de trocadores de calor usualmente começa com a determinação da área de


troca de calor necessária para acomodar uma determinada condição térmica de uma ou das
duas correntes, que entram no trocador a determinadas temperaturas e vazões e precisam sair
em determinadas temperaturas, por exemplo, especificadas em algum ponto da linha de
produção.

Arranjos Básicos de Trocadores:


Um tipo muito comum de trocador de calor é o conhecido como carcaça e tubos, como
mostrado na próxima figura:

Nesta situação, temos um volume externo, da carcaça, que abriga inúmeros tubos que
podem fazer vários passes. Na situação mostrada, temos que o fluido que escoa pelos tubos
passa por dois passes enquanto que o fluido na carcaça segue um único passe. Observe ainda
a presença dos defletores internos, que tornam o escoamento do fluido na carcaça mais
envolvente com os tubos (o que você acha que poderia acontecer sem estes defletores?).

A análise das condições de troca de calor em situações com diversos passes é bastante
complexa. Nosso estudo, portanto, será mais detalhado para a situação na qual os fluidos
passam uma única vez pelo trocador. Em seguida, implementaremos correções para outras
situações.

4. TEMPERATURA MÉDIA LOGARITMICA

Considere o trocador de correntes paralelas ilustrado na figura abaixo. Como hipótese


de trabalho, vamos considerar fluido quente no tubo central e fluido frio no espaço anular
entre tubo central e carcaça. O fluido quente entra à temperatura Tq,e e sai à temperatura Tq,s.
Por outro lado, o fluido frio entra à temperatura Tf,e e sai à Tf,s. O comprimento do trocador é
L e a área de troca é A. No nosso estudo, iremos considerar uma área elementar dA, de troca
de calor, e depois integrar os resultados por toda a área.

São nossas hipóteses:

1. Regime permanente;
2. Calores específicos não são funções da temperatura (se a faixa de variação for muito
grande, valores médios devem ser usados;
3. Escoamento totalmente desenvolvido (implicando que os coeficientes de troca de calor
por convecção, h, e o coeficiente global são constantes ao longo do trocador);

Como podemos perceber, a última hipótese é realmente a mais séria e supõe um


trocador muito longo. Como já vimos no curso, esta consideração é ruim pois os coeficientes
de troca de calor por convecção são muito elevados nas regiões de entrada dos trocadores. Na
prática, isto pode dificultar o projeto de um trocador novo ou mascarar a análise do
desempenho do trocador real ao compararmos com o teórico. De toda forma, esta hipótese é
importante para uma análise teórica como a que pretendemos. A figura mostrada adiante
indica algumas informações importantes para nosso estudo.

Para começar, vamos aplicar a primeira lei da Termodinâmica para relacionar as


quantidades de troca de calor:

Da corrente quente: dqq = − m& q .c p , q .dTq

Da corrente fria: dq f = m& f .c p , f .dT f


Usamos o sinal negativo pois sabemos de antemão que se uma corrente se esfria, a
outra se esquenta. Isto é, necessáriamente os sinais de dTq e dTf devem ser opostos.

Podemos escrever as duas equações da forma:

1
dTq = − .dqq
m& q .c p ,q
e
1
dT f = .dq f
m& f .c p , f
Notando que dqq e dqf são iguais, podemos escrever que:

 1 
d (Tq − T f ) = − 
1
+ .dq
 m& q .c p , q m& f .c p , f 
Entretanto, devemos lembrar que, por definição, o calor trocado pode ser escrito como:

dq = U .dA.(Tq − T f )
onde U é o coeficiente global de troca de calor
 1 
d (Tq − T f ) = −  .U .dA.(Tq − T f )
1
+
 m& q .c p ,q m& f .c p , f 
Considerando as hipóteses feitas anteriormente, podemos separar as variáveis e
integrar a equação, desde A = 0 até A = A, obedecendo às especificações:

Área Fluido Quente Fluido Frio Diferença

entrada A = 0 Tq,e Tf,e Tq,e - Tf,e


saída A = A Tq,s Tf,s Tq,s - Tf,s

Que resulta em:

 Tq, s − T f , s   1 1 
ln   = −  + .U . A.
 Tq , e − T f , e   m& q .c p , q m& f .c p , f 
Lembrando as expressões da 1a Lei da Termodinâmica para cada uma das correntes,
temos que:

qq = m& q .c p , q .(Tq, e − Tq, s )


e

q f = m& f .c p , f .(T f , s − T f ,e )
Entretanto, é claro que qq = qf, que chamaremos simplesmente de q. Assim:

 1 
 = [(Tq,e − Tq , s ) + (T f , s − T f ,e )]/ q
1
 +
 m& q .c p , q m& f .c p , f 
Substituindo esta expressão na anterior que relaciona U, obtemos:

 Tq, s − T f , s 
ln   = −[(Tq, e − Tq , s ) + (T f , s − T f , e )].U . A / q
T
 q, e − T f ,e 

ou seja:
 [(Tq,e − Tq , s ) + (T f , s − T f ,e )]
q = U . A. 
 − ln [Tq, s − T f ,s T q ,e − T ]
f ,e 

que é do tipo q = U A ∆T . O termo entre chaves é conhecido como a diferença média


logaritmica de temperaturas ou LMTD (do inglês Log Mean Temperature Difference).
Operando neste termo, podemos escrevê-lo de forma ligeiramente diferente, mais usual:

∆Tentrada − ∆Tsaída
LMTD =
Ln (∆Tentrada ∆Tsaída )
com as seguintes definições:

• ∆Tentrada = Tq ,e − T f ,e
• ∆Tsaída = Tq, s − T f , s
Para um trocador de calor de correntes paralelas, a entrada é óbvia. Entretanto, para
trocadores de correntes opostas ou cruzadas, a situação é um pouco mais complexa. Por isto,
é comum alterarmos a definição acima para uma outra:

∆Tmáxima − ∆Tmínima
LMTD =
Ln (∆Tmáxima ∆Tmínima )
Naturalmente, há uma diferença entre os dois cálculos, normalmente muito pequena.

Exemplo 1

Exemplo 2

Um caso especial aparece na análise de temperaturas de um trocador de calor de


correntes opostas. Observando o esquema apresentado anteriormente, você deve notar que a
saída do fluido frio se dá junto à entrada do fluido quente. Assim, não é absurda a situação
em que o fluido frio sai do trocador numa temperatura mais elevada do que o fluido quente
deixa o mesmo. Vamos considerar aqui, a situação na qual a diferença de temperaturas na
entrada é igual à diferença de temperaturas da saída.

Como você poderá concluir, nestas situações teremos que a média logarítmica ficará
indeterminada. Antes de resolvermos a indeterminação, faremos algumas manipulações para
facilitar o entendimento seguinte:
  ∆Ts 

 entr  ∆T
T − 1
 ∆Tentr − ∆Tsaída    entr  
Lim∆Tentr = ∆Tsaída   = Lim  
 Ln(∆Tentr ∆Tsaída )   Ln(∆Tentr ∆Tsaída ) 
 

 ∆T (F − 1) 
= Lim F >1  
 Ln (F ) 
onde a razão de ∆Tsaída / ∆Tentrada foi designada como F. A solução deste impasse
segue pela aplicação direta da regra de L'Hopital, resultando em:

∆T
lim F − − >1 = ∆T
1/ F
ou seja, quando ∆Tsaída = ∆Tentrada ou quando a diferença for muito pequena, a
equação se torna simplesmente:

q = U . A.∆T
Exemplo 3

5. TEMPERATURA MÉDIA LOGARITMICA CORRIGIDA

O conceito da diferença média logaritmica de temperaturas foi desenvolvido para um


trocador de tubo concêntrico, bastante simples. Entretanto, há situações mais sofisticadas
como aquelas envolvendo trocadores de passes múltiplos cujos tratamentos matemáticos são
bastante complexos. Consequentemente, é usual utilizarmos um procedimento corretivo
simples para facilitar nossos cálculos:

q = U . A.( F .LMTD )
onde o fator F de correção é determinado a partir de gráficos como o das figuras abaixo para
diversas configurações. Nestes gráficos, F depende de dois fatores:

F = F ( R, P )
onde
(T1 − T2 ) (Tq, e − Tq, s )
R= =
(t1 − t2 ) (T f , e − T f , s )

(t − t ) (T − T f , e )
P = 2 1 = f ,s
(T1 − t1 ) (Tq, e − T f , e )

A maioria dos trocadores de calor de passos múltiplos cairá na situação do caso 1 abaixo: um
passe na carcaça e múltiplos passes nos tubos. Entretanto, quando as condições de
temperatura e velocidade tornarem necessários os múltiplos passes na carcaça, os gráficos
adiante tornam-se úteis.

Caso 1: Fator de Correção para Trocador com um passe na carcaça e dois, quatro ou outros
múltiplos de passes nos tubos:

Caso 2: Fator de Correção para Trocador com dois passes na carcaça e quatro, oito ou outros
múltiplos de passes nos tubos:
Caso 3: Fator de Correção para Trocador com três passes na carcaça e seis, doze ou outros
múltiplos de passes nos tubos:

Caso 4: Fator de Correção para Trocador com quatro passes na carcaça e oito, dezesseis ou
outros múltiplos de passes nos tubos:

Caso 5: Fator de Correção para Trocador com um passe na carcaça e três, seis ou outros
múltiplos de passes nos tubos:

Os fatores de correção encontram-se adiante.


Caso 2: Dois passes na carcaça e múltiplos de quatro passes nos tubos:

Caso 3: Três passes na carcaça e múltiplos de quatro passes nos tubos:


Caso 4: Quatro passes na carcaça e múltiplos de oito passes nos tubos:

Caso 5: Três passes na carcaça e múltiplos de 3 passes nos tubos:


Exemplo 4

6. MÉTODO DE ANÁLISE DA EFETIVIDADE - NTU

Como vimos nas seções anteriores, analisar o trocador de calor a partir da diferença
média logaritmica (LMTD) é simples quando as temperaturas de entrada dos fluidos são
conhecidas e as temperaturas de saídas são especificadas ou quando podem ser facilmente
determinadas pelo Balanço de Energia. O valor da média logaritmica ou ∆TLn , do fluxo de
troca de calor e do coeficiente global de troca de calor, U, possibilitam a determinação da
superfície de troca necessária que é, pelo comum, o objetivo a ser alcançado. Entretanto, em
inúmeras situações, o uso do método LMTD requer um procedimento iterativo, como pode
ser também comprovado no exercício. Nestas situações, o uso de uma alternativa, chamada
de método da efetividade - NTU é desejável. Vamos primeiro ver algumas definições.

Definições:

Para definirmos a efetividade de um trocador de calor, devemos primeiro procurar


definir a máxima taxa de troca de calor para o trocador em estudo, chamada de qmax .
Naturalmente, o calor trocado, máximo ou o efetivo, é igual, pela primeira lei da
Termodinâmica, à variação de entalpia de qualquer um dos fluidos de trabalho (com a devida
consideração de sinal). Para líquidos, geralmente a variação de energia cinética mas para
gases, tal variação pode ser significante, especialmente para grandes vazões e/ou grandes
variações de temperatura. Em todo o caso, genericamente, variações de energia cinética e
potencial são desprezadas. Supondo fluidos incompressíveis ou gases perfeitos, podemos
escrever que a variação da entalpia é medida pelo produto do calor específíco e da variação da
temperatura, ou seja:

q = m& .cP .∆T = C.∆T


onde C é a capacitância térmica de um fluido.

Um trocador capaz de trocar a máxima quantidade de calor poderia ser um trocador de


correntes opostas de comprimento infinito. Neste trocador, um dos fluidos iria passar pela
maior diferença possível de temperaturas, Tq ,e − T f , s . Para ilustrar esta questão,

considere a situação para a qual C f < C q , o que implica em que dT f > dTq , pelo
Balanço de Energia. Para um comprimento infinito, haveria condições (isto é, espaço) para
que a temperatura de saída do fluido frio atingisse a temperatura de entrada do fluido quente,
isto é: T f , s = Tq ,e e portanto:

q = C f (T f , s − T f ,e )
qmax = C f (Tq ,e − T f ,e )
ou no caso:

Se, ao contrário, C f > C q , então o fluido quente irá experienciar a maior variação
de temperatura, sendo resfriado até a temperatura de entrada do fluido frio, isto é,
Tq, s = T f ,e , resultando na expressão:

qmax = C q (Tq,e − T f ,e )
ou em suma:

qmax = C min (Tq ,e − T f ,e )

Podemos definir então a efetividade como sendo a razão entre a troca de calor
efetivamente conseguida pela máxima troca de calor possível, em igualdades de condições.
Isto é:
qefet
ε=
qmax
Ou seja, o calor efetivamente trocado pode ser expresso como:

qefet = q = ε .Cmin .(Tq, e − T f , e )


Vejamos agora os dois casos básicos: trocadores de correntes paralelas e de correntes opostas.
A efetividade de um trocador de correntes paralelas para o caso do fluido quente ter a
menor capacitância é dada por:

qefet (m& .c pq )(. Tq,e − Tq,s ) Tq,e − Tq,s


ε= = =
qmax (m& .c pq )(. Tq,e − T f ,e ) Tq,e − T f ,e
Para o trocador de calor de correntes opostas nas mesmas condições, a expressão é a
mesma, como pode ser visto facilmente. Para o caso em que o fluido frio seja o de menor
capacitância, a dedução irá mostrar um resultado análogo, permitindo escrever as relações:

T f , s − T f ,e
ε mff =
Tq ,e − T f ,e

Tq ,e − Tq, s
ε mfq =
Tq ,e − T f ,e
onde os subscritos mff e mfq indicam "mínimo fluido frio" e "mínimo fluido quente".

Como vimos na dedução da temperatura média logarítmica, a relação abaixo é


verdadeira para um trocador de correntes paralelas:

 T − T f ,s   1 1 
ln  q ,s =
  + 
T
 q ,e − T f ,e   C min C max 
Se definirmos Z como sendo a razão entre a mínima e a máxima capacitância, ou seja:

Cmin
Z=
Cmax
poderemos escrever a equação anterior da forma:

 Tq, s − T f , s  1 + Z 
ln  = 
T
 q,e − T f ,e   C min 

Se substituirmos esta equação naquela deduzida anteriormente, obteremos que:


 T − T f ,s   UA 
ln  q ,s  = − .(1 + Z )
 Tq ,e − T f ,e   C min 
Com as mesmas hipóteses anteriores, de regime permanente, calores específicos
independentes da temperatura e escoamento totalmente desenvolvido para que U, o
coeficiente global de troca de calor não seja função da posição, podemos considerar o termo [
U A / Cmin ] como constante. Se definirmos:

NTU = UA
C min
onde NTU é o número de unidades de transferências (NTU em inglês ou NUT em português,
para quem desejar). Deve ser observado que NTU é uma grandeza adimensional
(Verifique!). Com isto, a equação se escreve:

 Tq ,s − T f ,s 
  = exp[NTU .(1 + Z )]
T
 q ,e − T f ,e 

Um balanço de energia entre as duas correntes de fluido irá indicar que:

C q .(Tq ,e − Tq, s ) = C f .(T f , s − T f ,e )


Se tivermos que Z = Cf / Cq , a condição que o fluido frio é o mínimo, então temos que:

(Tq,e − Tq, s ) = Z .(T f ,s − T f ,e )


que pode ser escrita (após alguma manipulação algébrica) como:

 Tq , s − T f , s   T f ,e − T f , s 
  = 1 − (1 + Z ).  
T
 q,e − T f ,e  T
 q,e − T f ,e 

ou

 Tq , s − T f , s 
  = 1 − (1 + Z ).ε mff
T
 q,e − T f ,e 

combinando as duas equações, chegamos à:


1 − exp[− NTU .(1 + Z )]
ε mff =
1+ Z
Embora tenhamos considerado que Z = Cf / Cq na presente análise, rigorosamente o
mesmo resultado será encontrado se tivermos Z = Cq / Cf. Com isto, podemos escrever que:

ε mff = ε mfq = ε cp

na qual ε cp indica a efetividade do trocador de correntes paralelas.

Efetividade - Correntes Paralelas


Z=0 Z = 0,2 Z = 0,4
Z = 0,6 Z = 0,8 Z = 1,0

100,0%
Efetividade (%)

80,0%

60,0%

40,0%

20,0%

0,0%

0,1 1 10
Número de Unidades de Transferência - NTU
Para um trocador de correntes opostas, uma análise pode ser feita, embora de forma
muito mais elaborada. Os resultados podem ser resumidos da forma:

1 − exp[NTU .(1 − Z )]
ε co =
Z − exp[NTU .(1 − Z )]
Deve ser observado que a situação Z = 1 faz com que a efetividade fique indeterminada. Pela
aplicação da regra de L'Hopital, esta indeterminação é levantada e obtemos:

NTU
ε co =
1 + NTU

Efetividade - Correntes Opostas


Z=0 Z = 0,2 Z = 0,4 Z = 0,6
Z = 0,8 Z = 1,0

100,0%
90,0%
80,0%
Efetividade (%)

70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
0,1 1 10
Número de Unidades de Transferência - NTU

Em algumas situações, precisamos determinar o número de unidades de transferência a


partir de informações sobre a efetividade, ou seja, o inverso do que fizemos até agora. Nesta
situação, as equações a serem usadas são:
Ln[ε cp .(1 + Z ) − 1]
Correntes Paralelas:

NTU =
1+ Z
Correntes Opostas:
1 ε .Z − 1
NTU = Ln  co Z ≠1
1 − Z  ε co − 1 
se

ε co
NTU = se Z =1
1 − ε co
A determinação das efetividades ou dos números de unidades de transferência podem
ser feitos através dos gráficos acima ou dos aplicativos desenvolvidos, disponíveis no
endereço http://venus.rdc.puc-rio.br/wbraga/transcal/troc1.htm.

Exemplo 5

Exemplo 6

7. ANÁLISE DE OUTROS TIPOS DE TROCADORES

Quando houver necessidade de se trocar grandes quantidades de calor, o uso de


trocadores de passo único deixa de ser interessante, pelas grandes extensões necessárias.
Nestas situações, o uso de outros tipos, mais eficientes, neste ponto de vista, passa a ser
vantajoso. Por exemplo, temos os trocadores de carcaça e tubos ou os trocadores de fluxo
cruzado. Veremos um pouco deles aqui.

Uma análise detalhada dos outros tipos de trocadores está além dos nossos objetivos.
Para os trocadores de carcaça e tubos, vamos nos limitar a apresentar as equações para a
efetividade do trocador para o caso de termos um ou vários passes na carcaça, embora com
um número qualquer de pares de tubos.
−1
  ( )
1 + exp − NTU . 1 + Z 2 1/ 2  

ε1 = 2.1 + Z +
 
(
. 1+ Z )
2 1/ 2 

1 − exp − NTU .(1 + Z )


 2 1/ 2  
   
Se tivermos N passes na carcaça e 2N, 4N, 6N, etc., passes nos tubos, devemos utilizar
o valor acima na equação:
−1
 1 − ε . Z  n   1 − ε . Z  n 
ε n =  1
 − 1. 1
 − Z 
 1 − ε1    1 − ε1  
Valores para números de unidades de transferência, NTU's, para estas situações estão
disponíveis no endereço http://venus.rdc.puc-rio.br/wbraga/transcal/troc2.htm:

TROCADORES DE CALOR DE FLUXO CRUZADO

8. PROJETO DE UM TROCADOR

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