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Mais, ainda.
Numa carta para Jung, Freud afirma que deveramos ver Helena em
cada mulher. Helena de Tria.
No amor est em jogo um no saber. Na literatura tambm. Em
ambos h uma acomodao de restos que se quer fazer signo para
dar conta do inominvel. O amante no sabe o que lhe falta e o
amado no sabe o que ele tem. Agalma o objeto a ser conhecido,
capturado. O Edelweiss na beira do penhasco. Captura imaginria.
Mas, na angstia, o que engana ao sujeito? sua localizao, nos diz
Lacan no seminrio sobre a transferncia. O sujeito pensa que o
capturvel estaria nos objetos envelopados i(a), imaginrios, quando
na verdade est no real da fantasia S<>a, o que torna sua captura
impossvel. Objeto que falta. Objeto que escapa.
Freud nos fala de Helena como um modelo para as mulheres. Helena
representa a mulher que escapa (no-toda) e aquela que impossvel
captur-la. E mais: aquela que, como metfora do objeto cobiado,
precipita, por sua ausncia, a guerra e o amor. Na procura pelo amor
est um saber ligado a um objeto causa, um saber ligado ao desejo,
um saber no sabido.
Helena, um enigma. Clarice, uma pergunta.
Ser que hoje poderamos, com Freud, tambm dizer: Ver Clarice em
cada mulher?