Professional Documents
Culture Documents
Romano
Me tirem de um engano:
Me apontem com o dedo
Quem Francisco Romano,
Pois eu ando no seu piso
J no sei h quantos anos.
Inao da Catinguera,
Escravo de Man Luiz
Tanto corta com risca,
Como sustenta o que diz!
Sou vigaro capelo
E sacristo da matriz.
Inao da Catinguera
nego desengonado:
Abre cacimba no seco
D em baixo do muiado...
Aperta sem s troqus,
Corta pau sem s machado.
Eu felizmente no sou
Escravo de senhor cru,
Que trabalha todo o dia
De noite faz quinguingu
Aparpando no escuro
Fossando que nem tatu.
Negro, se eu te pegar
Numa volta de caminho
Eu te fao um agrado,
Com meu chicote um carinho
Se a camisa for nova
S te deixo o colarinho.
Negro se tu me cercares
Com quatrocentos caifai
Cem de uma banda, cem de outra
Cem adiante, cem atrai
Isto que tapa que dou
Isto que nego que cai.
Romano da Catingueira
Madeira do Pianc
Eu boto-lhe no meu machado
E tiro-a toda no p
Boto-lhe a rgua em cima
E desempeno de enx.
Inao, se s to sabido,
Responda sem estud,
Qual o tranze da vida
Que mais nos faz apert,
Que at nos tira a alegria,
O jeito de convers,
O sono durante a noite,
A vontade de almo.
Romano da Catingueira
Se mete a cantar repente,
Negro me trata melhor,
Que estamos em meio de gente
Queira Deus voc no saia
Da sala de couro quente.
Inao da Catinguera
Fala como uma folhinha...
No quero escut bobage,
Guarda a tua ladainha,
No s pra me d conselho:
Quando tu ia eu j vinha...
Negro, se tu pretendes
Contra mim te armar em guerra,
Vers eu tirar-te a vida,
Deixar-te inerte, na terra,
E botar no teu cadver
Serra por cima de serra.
Coitadim de Catingueira
Aonde vei se socar,
Dentro de uma mata escura
Onde no pode enxergar,
Ele vei por inocente,
No volta sem apanhar.
Negro, tu me conheces,
J sabes bem eu quem sou;
Mas quero te prevenir
Que na Catingueira eu vou
Derrubar o teu Castelo
Que nunca se derrubou.
J fao tu te calar
No quero articulao.
Vamos geografia
Que chama o povo ateno.
V se sabes ou se podes
Me dar uma explicao.