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História do carburador

Vamos resgatar a história de um sistema que, até alguns anos, era a única forma de alimentar
o motor de um veículo: o carburador.

Antes da popularização da injeção eletrônica, havia poucos meios de controlar a entrada de ar


e combustível nos motores do Ciclo Otto, sendo o carburador o sistema escolhido por todos os
fabricantes, devido a sua confiabilidade, facilidade de produção, manutenção e instalação em
vários motores.
Invenção e reinvenção

O carburador foi inventado em 1883 pelos cientistas húngaros Donát Bánki e János Csonka e
utilizado pela primeira vez em 1896 na Inglaterra. Nos Estados Unidos, as primeiras fábricas de
carburadores surgiram em 1900.

No início, o carburador constituía-se por um tubo ligado a um pequeno reservatório de


combustível, com uma borboleta para regular a passagem do ar, o qual arrastava o
combustível da cuba para dentro do motor.

Sabe-se de casos de carburadores projetados com latas de alimentos, como nas motos
Harley-Davidson, que entre os anos de 1903 (início de sua produção nos EUA) e 1904,
receberam carburadores feitos de latas de massa de tomate, pois seus construtores já
conheciam o princípio de seu funcionamento, porém não possuíam meios para encomendar
peças especificas para sua aplicação.

Todo motor de combustão interna precisa de uma determinada quantidade de combustível para
funcionar, sendo que, a relação entre o ar que entra no motor e o combustível necessário para
a queima precisa ser regulada. E é ai que ele entra em cena, pois em uma época em que não
se sabia o que era um computador, essa regulagem era realizada mecanicamente.

Durante toda sua vida o carburador sofreu uma série de alterações indo de uma lata de
conservas aos carburadores Quadrijet, com duas cubas e quatro passagens de ar simultâneas.

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No Brasil o carburador foi usado nos automóveis até o final da década de 1990, quando a
Kombi,em 1997, passou a contar com injeção eletrônica. O modelo mais utilizado foi o de corpo
duplo progressivo, no qual o acionamento do segundo estágio só é liberado após uma
determinada abertura do primeiro. Entre eles podemos citar os carburadores Weber TLDZ e
Brosol 2E/3E.

Componentes do carburador

Para os desafortunados que não viveram essa época de ouro conheça alguns dos vários
componentes que um carburador possui. Confira abaixo:

• Corpo: local em que estão as passagens de ar e são fixados os acessórios do carburador;

• Tampa: onde, na maioria dos casos, se encontram os giclês, tubos emulsionadores (flautas) e
o conjunto agulha e bóia;

• Base: nem todos os carburadores possuem a base, mas sua função principal é unir as
borboletas de aceleração, os parafusos de correções da marcha lenta, mais o corpo do
carburador ao coletor de admissão;

• Venturis: estrangulamento nas passagens de ar que pode ou não ser removido;


• Agulha e bóia: administram a passagem do combustível para dentro da cuba do carburador;

• Giclês: responsáveis por regular a passagem do combustível para os tubos emulsionadores;

• Bomba de aceleração: injeta uma maior quantidade de combustível em acelerações bruscas,


a fim de corrigir possíveis buracos de aceleração.

Como essa "geringonça" funcionava

Em essência, o carburador é responsável por obter a relação estequiométrica ideal, de forma


mecânica, em qualquer exigência de aceleração e em qualquer condição atmosférica.

Durante o funcionamento do motor, o ar aspirado pelos cilindros passa pelo corpo do


carburador, onde estão os venturis, que são estreitamentos na passagem do ar com a função
de aumentar a velocidade que este segue para os cilindros. O arrasto gerado abaixo dos
venturis carrega o combustível para ser queimado.

Antes de o combustível ser arrastado para dentro do motor, ele passa pelos tubos
emulsionadores, para ser aerado antes de ser conduzido por uma série de canais e aspirado
pelo ar que se desloca pelos venturis.

Todos os canais e furos de passagem do combustível são calibrados, para que este obtenha o
melhor índice de atomização possível, quando se juntar ao ar, formando a mistura
ar-combustível, que será queimada na câmara de combustão.

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Para partidas a frio, o carburador conta com o afogador, uma segunda borboleta, geralmente
no corpo do primeiro estágio. Ao ser acionada, fecha e restringe a passagem do ar,
aumentando o arrasto de combustível, enriquecendo a mistura e facilitando o trabalho do
motor.

O segundo estágio do carburador entra em médias e altas rotações, para atender as


exigências do motor. Seu acionamento pode ser mecânico ou a vácuo, simultâneo ou
progressivo, e com quase todas as funções do primeiro estágio.

Frankstein

Durante todo o tempo em que o carburador reinou na indústria automotiva, houve algumas
tentativas de melhorá-lo e o Brasil, desenvolveu o carburador eletrônico. Muitos irão se
recordar de seu apelido carinhoso, Frankstein, devido à mistura de carburador com injeção
monoponto.

O "Frankstein" foi desenvolvido em um período conturbado no País, logo após o presidente da


época, Fernando Collor de Mello qualificar os veículos nacionais como verdadeiras carroças, e
naquele ano, 1991, as fronteiras estavam abertas. Chegavam ao Brasil verdadeiras maravilhas
da engenharia automotiva: Mercedes-Benz, BMW, Honda, entre outros, que desembarcaram
aqui causando uma revolução em nosso mercado.

Com o passar do tempo, a indústria nacional começou a buscar uma alternativa barata para
atender as exigências de emissões de poluentes, que começavam a preocupar a todos, e
também, queriam se equiparar aos veículos importados na suavidade de funcionamento.

Carburador eletrônico

Com isso, o carburador eletrônico foi utilizado até o final de 1995 com o Fiat Uno Mille, e
substituído definitivamente pela injeção eletrônica quando passou a não atingir os novos limites
de emissões (com exceção da Kombi que recebeu o carburador até 1997, porém, diferente dos
anteriores).

• Além do descrito acima, esse tipo de carburador conta com regulagem automática de marcha
lenta, feita por meio da válvula pneumática de três vias, que libera ou fecha a passagem de
combustível por meio do vácuo do coletor de admissão;

• Possui válvula EGR para recirculação dos gases de escape;

• Válvula cut-off que corta a alimentação da marcha lenta quando em freio motor;

• Válvula dash-pot, que amortece o fechamento das borboletas, gerando uma menor incidência
de HC nos gases de escape.

Essas válvulas eram gerenciadas por meio de uma pequena central eletrônica que coletando
dados sobre rotação, temperatura da água e posição da borboleta, decidia como as válvulas

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atuariam sobre o carburador.

Se pararmos para analisar, seu funcionamento se assemelha muito com a injeção eletrônica,
porém, sem a precisão e o controle que o gerenciamento eletrônico fornece. E é importante
ressaltar, que o carburador está em sua operação normal quando estiver totalmente aberto, ou
seja, a plena carga.

Missão cumprida

O carburador já foi reverenciado e criticado, mas é certo afirmar que sempre cumpriu sua
função. É um equipamento exigente, que necessita de critério e atenção para o seu reparo.

Existem muitos tipos de carburadores. Nesta matéria, abrangemos uma visão geral do modelo
mais utilizado no mercado nacional, mas não podemos esquecer os modelos Weber 40, Solex
PHH, deitados ou em pé, que ainda fazem muito sucesso nas pistas de competições. E
também no caso dos motores V8 dos famosos Quadrijet.

Muitos lembrarão as receitas de preparação que alegravam alguns e entristeciam a maioria dos
pais dos pilotos de rua: troca do carburador, do comando de válvulas, instalação do um escape
dimensionado e assim estava pronto um TS (VW Passat), que andava na frente de muito
"Opalão 6 caneco".

Alguns reparadores sentirão verdadeiros arrepios ao ler esta matéria, pois se recordarão das
intermináveis mangueiras, testes de vazamento, fios em várias válvulas, a maravilhosa caixa
Ecobox dos Fiat Uno Mille Eletronic, que mais parecia uma aranha tamanho o número de
mangueiras que eram ligadas.

Enfim, o carburador foi muito importante para o desenvolvimento dos automóveis e marcou a
história automobilística mundial, mas com a evolução tecnológica e as exigências ambientais,
não havia como continuar sua utilização salvo alguns modelos de motocicletas que mantém,
até hoje, os carburadores, mas que em breve, também serão substituídos.

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Texto: Jornal Oficina Brasil
Fotos: Oficina Brasil

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