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c o m u n i c a o , m d i a e c o n s u m o s o p a u l o v o l . 7 n . 2 0 p . 3 3 7 - 3 4 2 n o v. 2 0 1 0
resenha
e s c o l a s u p e r i o r d e p r o pa g a n d a e m a r k e t i n g
sob a gide do incmodo e da insegurana, isto , o medo de misturarse. Mas a diversidade e a heterogeneidade caractersticas das metrpoles
podem tambm provocar o movimento inverso, balizado na curiosidade
e na aprendizagem com o estranho ou, simplesmente, a mixofilia.
Ambos os sentimentos podem ser vividos diariamente por quem, em
suas atividades cotidianas, convive, voluntariamente ou no, com a
diversidade, tornando as cidades campos de batalha por excelncia.
Essa nova conjuntura que atravessa as metrpoles empresta-lhes
uma configurao de laboratrio ideal para se perceber a experincia
urbana ancorada na convivncia com a diferena terceiro ponto do
diagnstico anteriormente destacado pelo autor. Dado que o ser humano
essencialmente feito de diferenas, mesmo que algumas gerem
incmodo e impeam a interao, Bauman afirma que reconhecer esse
aspecto imprescindvel para a mudana de perspectiva, a fim de que as
pessoas, nas cidades, convivam minimamente.
Para chegar a essa trade, o autor busca em Manuel Castells as pistas
que impulsionam a discusso a partir do binmio local x global. A
aparente assimetria entre o local e o global leva a pensar inicialmente
que o primeiro regido por harmonia incapaz de desestabilizar a ordem
dos fatos. Em relao ao segundo, cr-se ser esse o territrio onde toda
a confluncia gerada, revelando-se como imagem prototpica de
movimento e efervescncia. Essa conceituao no d conta, porm, de
explicar que o local espao em que fecundam diferenas e explicitaes
no harmnicas. O global, por sua vez, at detm poder de influncia,
representado na figura dos grupos econmicos e das elites nacionais,
acostumados a tomar decises que interferem no destino da localidade.
Mas o global, assim como o local, no pode ser entendido como esquema
tcito e estanque, pois a interpretao alternativa do lugar se constri a
partir de uma constelao de relaes sociais, que se entrelaam num
locus particular. Por essa razo, Bauman ressalta que o local e o global
so mais palpveis no campo terico, por serem classificaes que
tornam o debate mais acessvel. Da o seu argumento trilhar em direo
materialidade da discusso, ao sugerir que os contrastes entre o local e o
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Referncias
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