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RESUMO: A Educação Continuada é o componente essencial dos programas de formação e desenvolvimento de recursos humanos das
instituições. O desenvolvimento da equipe de enfermagem é um dos fatores que pode assegurar a qualidade do atendimento ao cliente
e a sobrevivência da instituição neste cenário de mudanças e competitividade. Assim, neste estudo fizemos alguns diagnósticos através
do levantamento de necessidades da equipe de enfermagem das Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) de um Hospital Público da Grande
São Paulo, quanto ao desenvolvimento de um programa de educação continuada na instituição, bem como os fatores que favorecem
e os que dificultam a inserção dos enfermeiros assistenciais das UTI’s nas ações educativas in loco e naquelas que são promovidas pelo
Serviço de Educação Continuada do hospital.
Palavras-chave: Educação continuada. Equipe de enfermagem. Desenvolvimento de pessoal.
Abstract: Lifelong Learning is the essential component of education and development programs for the human resources of institutions.
The development of the nursing team is one of the factors that can assure the quality of assistance to the customer and the survival of
the institution in this scene of changes and competitiveness. This way, our study made some diagnostics through a survey of the nursing
team necessities in Intensive Care Units (ICUs) of a Public Hospital of Metropolitan São Paulo regarding the development of a program
of lifelong learning in the institution, as well as the factors that favor and hinder the insertion of assistant nurses of ICUs regarding in
loco educative actions and those promoted by the Service of the Hospital’s Lifelong learning.
Keywords: Lifelong learning. Nursing team. Staff development.
Resumen: La Educación Permanente es el componente esencial de los programas de formación e desarrollo de recursos humanos de
las instituciones. El desarrollo del equipo de enfermería es un de los factores que pueden asegurar la calidad de la ayuda al cliente y la
supervivencia de la institución en esta escena de cambios y de competitividad. Así, en este estudio efectuamos un diagnóstico mediante
la presentación de necesidades del equipo de enfermería de las Unidades de Cuidados Intensivos (UCI’s) de un Hospital Público de la
región metropolitana de São Paulo , focalizando el desarrollo de un programa de educación permanente de la institución e igualmente
los factores que estimulan la inserción de los enfermeros auxiliares de las UCIs respecto acciones educativas in loco y las que promueve
el Servicio de Educación Permanente del Hospital.
Palabras llave: Educación permanente. Equipo de cuidados. Desarrollo de personal.
1. Este estudo tem como referência a monografia de conclusão do II Curso de Especialização em Gerenciamento de Serviços de Saúde da Escola de Enfermagem da
Universidade de São Paulo.
* Enfermeira Especialista do Laboratório de Ensino do Departamento de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP. E-mail: milenafroes@usp.br
** Enfermeira Assistencial da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Estadual Mário Covas. E-mail: fabianaaconceicao@ig.com.br
*** Professora Livre-Docente do Depto. de Orientação Profissional da Escola de Enfermagem da USP. E-mail: marimada@usp.br
Dalvim, Torres, Santos (1999) não esquecendo que os enfermei- em que é feito o levantamento de
verificaram, em sua prática como ros do serviço de educação conti- necessidades da equipe de enfer-
docentes assistenciais em uma ins- nuada devem ser capacitados para magem das Unidades de Terapia
tituição pública de saúde, um certo desempenhar o papel de educador, Intensiva (UTI’s) de um Hospi-
distanciamento dos enfermeiros tendo a consciência da realidade tal Público da Grande São Paulo,
em relação às ações educativas, na qual estão inseridos, pois […] quanto ao desenvolvimento de um
bem como uma restrita visão no ninguém pode estar no mundo, com o programa de educação continuada
que se refere aos problemas e ne- mundo e com os outros de forma neutra na instituição, bem como os fatores
cessidades educacionais da equipe […] (Freire, p. 86, 1998). que favorecem e os que dificultam
de enfermagem como um todo. As ações dos programas de edu- a inserção dos enfermeiros assisten-
Cadete e Villa (2000) observa- cação continuada devem estimular ciais das UTI’s nas ações educativas
ram que alguns enfermeiros têm nos educandos o repensar sobre os in locu e naquelas que são promo-
buscado um fazer diferente, um valores profissionais, que resulte vidas pelo SEC do hospital.
fazer que leve o outro a pensar e na melhoria do processo de cuidar. Segundo Wichowiski; Kubsch
procurar, por si mesmo, visualizar Garrido (2000) afirma que a edu- (1995) apud Koizumi et al (1998),
o que pode ser mudado. As ações cação continuada deve surgir como as atividades de educação continu-
de enfermagem indicam haver fator determinante para a mudança, ada na UTI, mesmo restringindo-
um trabalho educativo dentro de permeando a ciência do ser enfer- se às necessidades do enfermeiro, é
uma nova abordagem, assentada meiro, proporcionando a aquisição deficiente, dada a presença da alta
numa aprendizagem inovadora, de habilidades, autoconfiança, cres- tecnologia e o constante desafio
que leve o educando a refletir nas cimento profissional e incentivo. É para o enfermeiro de aprendê-la
suas próprias possibilidades. Para a educação que leva ao cuidar e o prontamente, sendo este um desa-
as autoras, a condução do processo cuidar que leva à educação. fio tanto para os enfermeiros das
ensino-aprendizagem sob essa ótica O desenvolvimento das pessoas unidades quanto para os enfermei-
demanda tempo e experiência para é um dos fatores que pode assegu- ros de educação em serviço.
que se possa consolidar a proposta. rar a qualidade do atendimento ao
Contudo, apesar da nova visão de cliente e a sobrevivência da insti- Objetivos
“como educar”, os enfermeiros ex- tuição neste cenário de mudanças
pressam a dificuldade em trabalhar e competitividade. Para Boff (p. 47, Diante da problemática expos-
de maneira diferente e reiteram e 1999): “No processo de nossa vida, ta, tivemos como objetivos neste
velha forma no fazer diário. lentamente vamos conquistando trabalho: identificar a percepção da
Ainda existe um grande cam- nosso ser, nosso lugar na sociedade, equipe de enfermagem em relação
po a ser conquistado pelos serviços nossa profissão, nossos objetivos de ao Serviço de Educação Continuada
de educação continuada, porém o curto e longo prazo. É uma árdua da instituição; identificar as neces-
estímulo para essa conquista tam- caminhada...” sidades da equipe de enfermagem
bém deve vir de nós mesmos, en- Diante do exposto, verificamos das Unidades de Terapia Intensiva
fermeiros que compõem a equipe que é de fundamental importância (UTI’s) do Hospital Estadual Mário
de trabalho. A busca contínua por o constante aprimoramento dos Covas quanto ao desenvolvimento
conhecimento, criatividade, pela profissionais de saúde, ressaltando- de um Programa de Educação Con-
capacidade de tomar as decisões se o papel do Serviço de Educação tinuada na instituição; identificar
certas e realizar as mudanças neces Continuada dentro das instituições, os fatores que favorecem e os que
sárias são algumas das atitudes que bem como o entendimento que as dificultam a inserção dos enfer-
esperamos encontrar nos enfermei- equipes de trabalho têm a respeito meiros assistenciais das UTI’s nas
ros que compõem esse serviço. desse serviço. ações educativas in locu e naquelas
Garrido (2000) ressalta a neces- Dessa forma, considerando as que são promovidas pelo Serviço
sidade de se reiterar as possibilida- fases do planejamento do Servi- de Educação Continuada da insti-
des de criar, aprender, se renovar, ço de Educação Continuada que, tuição.
num trabalho educativo no qual o segundo Gonçalves (2003), com-
educador e o educando têm muito preende: Diagnóstico, Objetivos/ Metodologia
a contribuir no processo ensino- Metodologia, Avaliação/ Imple-
aprendizagem. Devemos conside- mentação e Análise dos Recursos/ O estudo realizado foi do tipo
rar a equipe de enfermagem como Custos, iniciamos a nossa investi- descritivo, pois apresentou e identi-
sujeitos da sua própria educação, gação a partir da fase de diagnóstico ficou sistematicamente as caracte-
apenas uma recusa. Inicialmente Tabela 1. Distribuição da variável Função de acordo com o Tempo
fizemos a caracterização da popula- de Experiência em UTI. São Paulo, 2007
ção do estudo, sendo que quanto à Tempo de Experiência em UTI
Idade, verificamos que 48,5% pos-
Função ≤ 1 ano 13 meses 3 anos e 6 me- 5 anos e 10 anos e
suem de 21 a 30 anos, 36,8% de 31 a 3 anos e ses a 5 anos 6 meses a 1 mês a
a 40 anos, 11,8% de 41 a 50 anos e 5 meses e 5 meses 10 anos 24 anos
apenas 2,9% com mais de 50 anos. Téc. de 41,4% 19% 24,1% 8,6% 6,9%
Em relação ao Sexo, 67,6% dos pro- Enfermagem
fissionais são mulheres e 32,4% Enfermeiros 20% 20% 50% 0% 10%
são homens. Quanto à Formação,
57,3% possuem o ensino médio,
1,5% possuem o ensino superior
incompleto, 20,6% são graduandos possuem até 1 ano de experiência ção Continuada da instituição,
e 20,6% têm nível superior com- em UTI e 50% dos enfermeiros pos- foram feitas análises quantitativas
pleto. Quanto à Função, 85,3% são suem de 3 anos e meio a aproxima- e cruzamentos dos dados obtidos
técnicos de enfermagem e 14,7% damente 5 anos de experiência em nos questionários, para o qual o
são enfermeiros. No item Tempo de UTI, o que caracteriza a Unidade de instrumento propôs ao indivíduo
Formado, 52,9% possuem entre 2 Terapia Intensiva do hospital como questões relacionadas ao seu co-
e 5 anos de formado, 27,9% entre um setor composto, em sua maio- nhecimento sobre Educação Con-
6 e 10 anos, 11,8% entre 11 e 15 ria, por técnicos de enfermagem tinuada e suas funções, bem como
anos, 4,5% entre 16 e 20 anos e com pouca experiência no cuidado o seu desenvolvimento profissio-
2,9% entre 22 e 25 anos. No item de enfermagem a pacientes críticos, nal. Na primeira questão: Quando
Tempo na Instituição , verificamos
a
mas com enfermeiros que possuem foi a última vez que você participou
que 21,8% dos funcionários pos- maior tempo de experiência nessa de um curso ou evento de aprimora-
suem de 13 a 17 meses de atuação especialidade. mento?, 91,2% responderam que
na instituição, 33,8% de 18 meses Após a caracterização da popu- participam de cursos e eventos. Ao
a 3 anos, 29,1% de 4 anos e 1 mês a lação e respondendo ao primeiro relacionar com a variável Partici-
4 anos e 5 meses, 15,3% de 4 anos objetivo, que foi identificar a per- pação em curso ou eventos com
e 6 meses a mais de 5 anos. No cepção da equipe de enfermagem a Função, obtivemos a Tabela 2
item Tempo de Experiência em UTI, em relação ao Serviço de Educa- abaixo descrita:
29,3% dos funcionários possuem
até 1 ano de experiência, 28% de
13 meses a 3 anos e 5 meses, 16,7% Tabela 2. Distribuição da variável Participação em Cursos ou
de 3 anos e 6 meses a 5 anos e 5 Eventos de acordo com a Função. São Paulo, 2007
meses, 20,6% de 5 anos e 6 meses Função Participação em Cursos ou Eventos
a 10 anos e 5,4% de 10 anos e 1 Sim Não
mês a 24 anos. O Turno de Trabalho
Téc. de Enfermagem 93,1% 6,9%
foi o último item abordado na ca-
racterização. Nele, observamos que Enfermeiros 80% 20%
29,4% dos profissionais trabalham
no período da manhã, 27,9% no
período da tarde e 42,7% no perío Conforme a tabela, 93,1% dos to de aprimoramento, e 77,9%
do da noite. técnicos de enfermagem e 80% dos responderam que foi há menos de
Ao relacionarmos a variável enfermeiros afirmaram participar 3 meses, 5,9% entre 3 e 6 meses,
Função com o Tempo de Experiência de cursos ou eventos. Ainda sobre 5,9% entre 6 meses e 1 ano e 8,8%
em UTI, obtivemos os seguintes da- a questão Participação em cursos ou há mais de 1 ano. Correlacionando
dos, conforme Tabela 1, abaixo: eventos, questionamos quando foi este dado com a variável Função,
Como podemos observar, a última vez que os entrevistados percebemos que 84,2% dos que
41,4% dos técnicos de enfermagem participaram de um curso ou even- afirmaram a participação em cur-
a. Respeitando o critério de exclusão, somente os funcionários com mais de 1 (um) ano de atuação na instituição participaram do estudo; assim, 29,2% da amostra não
foi analisada.
sos ou eventos há menos de 3 me- foram feitas análises quantitativas na avaliação dos Plano de Carreira,
ses são técnicos de enfermagem e e cruzamento dos dados obtidos no 51,7% dos técnicos de enfermagem
apenas 15,8% são enfermeiros. questionário. Relacionando a va- consideram importante, número
Nas questões relacionadas ao riável Função com a questão Assina- expressivamente menor que 80%
Serviço de Educação Continuada le a(s) alternativa(s) que melhor define dos enfermeiros.
e suas funções, podemos apreen- o que a Instituição pode fazer para con- Cruzando a variável Função com
der que os entrevistados, em qua- tribuir como o seu desenvolvimento pro- a questão Que(quais) programa(s) de
se sua totalidade (96%), afirmam fissional, observamos que 56% dos capacitação promovido pelo Serviço de
saber o que é Serviço de Educação técnicos de enfermagem e 50% dos Educação Continuada desta instituição
Continuada. Ainda neste item, enfermeiros não consideram que atenderia as suas necessidades?, obti-
pedimos que os mesmos assinalas- a instituição deva Financiar cursos vemos outra tabela:
sem a(s) alternativa(s) que melhor de aprimoramento fora da instituição; Na Tabela 3, podemos observar
expressasse(m) a função do Serviço 82,8% dos técnicos de enfermagem que praticamente 60% dos profis-
de Educação Continuada na insti- e 60% dos enfermeiros consideram sionais não consideram necessário/
tuição do estudo. Sobre isto, 55,9% que a instituição deve Promover cur- importante a promoção de cursos
assinalaram o item Auxiliar o profis- sos de aprimoramento dentro da Insti- que abordem questões Éticas e de
sional a adquirir novos conhecimentos, tuição. Comunicação; Relacionamento Inter-
Em relação a Acrescentar carga ho- pessoal e Relacionamento com o pacien-
50% assinalaram o item Treinar a
rária dos cursos realizados em Banco de te e acompanhante.
equipe de Enfermagem sobre determi-
Horas +, 81% dos técnicos de enfer- Sobre essas questões, um estudo rea-
nado assunto, 35,3% assinalaram
magem e 70% dos enfermeiros não lizado por Santos (2006), “Percepção
o item Atuar no processo de recruta-
consideram importante, contudo dos Profissionais de Saúde sobre a Co-
mento de profissionais, e o item Criar
do total de 49% dos entrevistados municação com Familiares de Pacientes
condições que favoreçam as modifica-
que consideram importante este em UTI’s”, demonstrou que os pro-
ções e atitudes e 1,5% referem que o item, 64,2% pertencem ao turno fissionais de enfermagem de nível
Serviço de Educação Continuada de trabalho da noite. médio sentem que a família não
atua na Integração dos profissionais No que diz respeito a Participa- valoriza suas informações, porque
na instituição. Do total de técnicos ção em cursos como um critério positivo para a família o mais importante é
de enfermagem, somente 16,2%
assinalaram todos os itens, e do to-
tal de enfermeiros, somente 18,2%
Tabela 3. Distribuição da variável Função com a resposta à
também assinalaram todos os itens,
pergunta Que(quais) programa(s) de capacitação promovido pelo
o que mostra que poucos profissio-
Serviço de Educação Continuada desta instituição atenderia as
nais entendem qual é a real função
suas necessidades. São Paulo, 2007
do Serviço de Educação Continua-
da na instituição. Enfermeiros Técnicos de
Enfermagem
Ao cruzarmos a questão Você
considera que o Serviço de Educação Programas de capacitação Sim Não Sim Não
Continuada da Instituição é totalmen- Liderança 50% 50% 27,6% 72,4%
te responsável pelo seu desenvolvimento Ética 40% 60% 37,9% 62,1%
profissional? com a variável Função,
Comunicação 40% 60% 34,5% 65,5%
observamos que 70,7% dos téc-
nicos de enfermagem e 90% dos Sistematização da 30% 70% 43,1% 56,9%
Assistência de Enfermagem
enfermeiros não consideram o
Serviço de Educação Continuada Legislação 50% 50% 24,1% 75,9%
totalmente responsável pelo seu Relacionamento 30% 70% 50% 50%
desenvolvimento profissional. Interpessoal
Quanto ao segundo objetivo, Relacionamento com 30% 70% 36,2% 63,8%
que foi identificar as necessidades da paciente e acompanhante
equipe de enfermagem das Uni- Técnicas específicas para 40% 60% 81% 19%
dades de Terapia Intensiva (UTI’s) UTI
do hospital quanto ao desenvolvi- Ações voltadas à prevenção 30% 70% 58,6% 41,4%
mento de um Programa de Edu- e controle de infecções
hospitalares
cação Continuada na instituição,
conversar com o médico. Outros assistenciais das UTI’s nas ações Trabalho foi o mais citado como fa-
fatores abordados no estudo que educativas in locu e naquelas que cilitador para as ações educativas
dificultam a relacionamento com são promovidas pelo Serviço de do enfermeiro, visto que ele pode
o paciente e acompanhante é a Educação Continuada da institui- atuar diretamente sobre as necessi-
própria dinâmica da UTI, o grau de ção, de 15 questionários entregues, dades do trabalhador no momento
desconhecimento pelo profissional 67% foram devolvidos com a Parte em que o trabalhador executa suas
acerca da evolução clínica do pa- II respondida. A pergunta Quais são atividades, percebendo o real inte-
ciente, além do desconhecimento os fatores que favorecem e os que dificul- resse da equipe diante das situações
do modo de ser e perceber da fa- tam a sua inserção nas ações educativas cotidianas.
mília e as dificuldades inerentes ao in locu? Para a pergunta Quais são os fato-
próprio jeito de ser do profissional. A partir das respostas, classifi- res que favorecem e os que dificultam a
A autora ainda ressalta a im- camos as dificuldades e facilidades sua inserção nas ações educativas junto
portância da existência de suporte em Fatores Estruturais e Processo ao Serviço de Educação Continuada
e treinamento para os profissionais de Trabalho. Nomeamos como Fa- do hospital?, também utilizamos a
conseguirem desenvolver uma co- tores Estruturais as respostas que mesma classificação, Fatores Es-
municação mais efetiva com os fizeram referência às oportunida- truturais e Processo de Trabalho,
familiares e poderem atender à des oferecidas pela instituição, bem e observamos que a dificuldade
família como um núcleo que tam- como a inexistência destas; e como do enfermeiro em atuar junto ao
bém precisa de cuidados. Processo de Trabalho que tradu- Serviço de Educação Continuada
Ao compararmos as porcenta- ziram a percepção dos indivíduos deve-se aos Fatores Estruturais
gens obtidas no item Sistematização sobre a sua atuação na instituição, relativos ao horário de atuação do
da Assistência de Enfermagem, veri- ressaltando seus pontos positivos e Serviço de Educação Continuada,
ficamos que 70% dos enfermeiros negativos. excesso de atividades da enfermei-
não a consideram importante, por Quanto aos Fatores que Favo- ra responsável por este serviço,
outro lado 43,1% do técnicos de recem, classificamos como Estrutu- ausência de parceria entre enfer-
enfermagem consideram impor- rais a Realização de atividades durante meiros assistenciais e enfermeira da
tante essa temática para cursos o período de trabalho e Campo rico em educação continuada, o que gera
de capacitação, o que nos chama materiais e diagnósticos; e como Pro- em desinteresse do grupo em parti-
a atenção, visto que na prática cesso de Trabalho a Proximidade e cipar das atividades de capacitação
profissional esse tema tem gerado o contato diário entre o enfermeiro e o desenvolvidas, pois, segundo as
muitas discussões e estudos quan- técnico, Interesse pessoal e Interesse da falas dos entrevistados, elas pouco
to ao entendimento de sua efetiva equipe. contribuem para o aprimoramento
aplicabilidade. Quanto aos Fatores que Dificul- da equipe, visto que são repetitivas
Ainda respondendo sobre as tam, classificamos como Estruturais e atendem, prioritariamente, aos
necessidades da equipe quanto ao a Sobrecarga de atividades voltadas à interesses da instituição. E o Pro-
Serviço de Educação Continuada, assistência, Número insuficiente de cesso de Trabalho facilita devido à
ressaltamos a fala de um colabora- funcionários e número excedente de Proximidade e o contato diário entre o
dor técnico de enfermagem, que pacientes, Problemas administrativos enfermeiro e o técnico, que permite
enfatizou a extrema necessidade e burocráticos afastam o enfermeiro das o diagnóstico das necessidades da
que a equipe tem em aprimorar atividades educativas, Treinamento fora equipe/ indivíduo e a intervenção
seus conhecimentos, através da do horário de trabalho, Não disponibi- imediata, propiciando a capacitação
realização de discussões de casos liza Banco de Horas +, Temas impostos da equipe por meio de atualizações
semanal, pois “[...] infelizmente, ao pela instituição e Ausência de subsí- constantes promovidas pelo Servi-
longo dos dias, essas atividades vão dios para promover ações educativas; e ço de Educação Continuada com
ficando cada vez mais impossíveis; como Processo de Trabalho a Falta conseqüente melhora da assistên-
os profissionais estão sobrecarrega- de planejamento e administração do cia prestada, estimulando o Interesse
dos, com um número excessivo de tempo e Educação Continuada não es- pessoal e o Interesse da equipe em par-
clientes e o serviço acaba ficando timula a promoção de ações educativas. ticipar das atividades educativas.
robotizado e mecânico [...]” Mediante essa classificação,
Quanto ao terceiro objetivo do observamos que os Fatores Es- Conclusão
trabalho, que foi identificar os fa- truturais dificultam a adesão/in-
tores que favorecem e os que difi- serção dos enfermeiros nas ações Visto a importância do Servi-
cultam a inserção dos enfermeiros educativas in locu, e o Processo de ço de Educação Continuada nas
instituições de saúde, observamos ele pode ser rico no seu dia-a-dia, vidade está cada vez mais presente
que muitos profissionais, inclu- devendo sempre motivá-lo à busca em qualquer tipo de empresa, tanto
sive o enfermeiro, desconhecem de enriquecimento profissional. industrializadas como de prestação
sua finalidade, e esse fato foi evi- Assim, a Educação Continua- de serviços, no Brasil e no mundo,
denciado na primeira questão, em da deve ser uma ferramenta para sendo as pessoas o recurso mais va-
que somente 16,2% assinalaram promover o desenvolvimento das lioso neste cenário.
todos os itens, sendo que desses pessoas e assegurar a qualidade do Para Chiavenato (1999), no
81,8% são técnicos de enferma- atendimento aos clientes, deven- amb iente competitivo, a única
gem e 18,2% são enfermeiros, o do, também, ser voltada para a rea- vantagem real são as pessoas, e so-
que mostra que poucos profissio- lidade institucional e necessidades breviverão as empresas que consi-
nais entendem qual é a real função do pessoal, visto que foi citado pelos derarem o trabalho humano, não
do Serviço de Educação Continua- enfermeiros que a proximidade e o apenas físico, mas o desenvolvi-
da na instituição. Acredita-se que contato diário com os técnicos de mento global. Assim, cada vez mais
esse “desconhecimento” é resul- enfermagem, o interesse pessoal e o conhecimento constitui a força
tado das poucas discussões acerca o interesse da equipe são facilitado- propulsora dos indivíduos nas or-
desse tema durante a graduação, res das ações educativas, pois nesse ganizações e na sociedade.
como também da não informação contexto o enfermeiro pode atuar É importante ressaltar que o de-
nos cursos de nível médio; em con- diretamente sobre as necessidades senvolvimento das pessoas na área
seqüência a esse fato, observamos do trabalhador no momento em da enfermagem é de responsabili-
que alguns profissionais acreditam que este executa suas atividades, dade do enfermeiro de Educação
ser de total responsabilidade des- percebendo o real interesse da equi- Continuada que conta com o apoio
se Serviço o seu desenvolvimento pe diante das situações cotidianas. de outros enfermeiros, do gerente
profissional, ou seja, 29,3% dos Segundo Bezerra (2000), os de enfermagem e da instituição;
técnicos de enfermagem e 10% especialistas de recursos humanos por isso é desejável que o enfermei-
dos enfermeiros, transferiram toda têm se preocupado, particular- ro desse Serviço tenha a formação
a responsabilidade para a institui- mente, com o desenvolvimento compatível com a de um educador,
ção. No entanto, acreditamos que de aspectos comportamentais que devendo buscar continuamente o
o treinamento não pode ser ape- envolvem as relações de trabalho, autodesenvolvimento, sendo capaz
nas um meio para o funcionário tais como: formação, necessidade de influenciar as pessoas na busca
capacitar-se para o trabalho; deve de treinamento das pessoas, formas do conhecimento e compartilhar
ser um instrumento que auxilie o de satisfazê-las e fatores motivacio- seu trabalho com todos os envolvi-
profissional a refletir sobre a im- nais; visto que a globalização dos dos na assistência de enfermagem
portância do seu trabalho e quanto mercados mostra que a competiti- nas instituições de saúde.
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