You are on page 1of 11

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Construções Rurais I– IT 462


T 01 – T 02
Materiais e Técnicas de Construções – IT 461
T 01
Edmundo Rodrigues

DOSAGEM DO CONCRETO

SEROPÉDICA – RJ
Novembro - 2003
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 1

Determine o traço por saco de cimento para se obter um concreto de fcck=20


MPa (200 kgf/cm2).

Considere que:

1. o cimento será medido em peso;

2. os agregados serão medidos em volume;

3. haverá correção da quantidade de água em função da umidade da areia,


simplesmente estimada;

4. o adensamento será manual;

5. o cimento utilizado será o CP 32 com massa específica real Dc = 3150


kg/m3;

6. o agregado miúdo utilizado será a areia quartoza média, com as seguintes


características físicas:
. massa específica real Da = 2650 kg/m3;
. massa específica aparente da = 1500 kg/m3;
. umidade h = 5%;
. inchamento I = 25%.
7. o agregado graúdo utilizado será uma mistura de brita 1 e 2, com as
seguintes características físicas:
- brita 1
. massa específica real Db1=2650 kg/m3;
. massa específica aparente db1= 1450 kg/m3.
- brita 2
. massa específica real Db2=2650 kg/m3;
. massa específica aparente db2= 1420 kg/m3.
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 2

RESOLUÇÃO

1) Determinação da tensão de dosagem (fcc28)

Sejam:
fcck = resistência característica do concreto à compressão aos 28 dias de idade;
fcc28 = resistência média de dosagem do concreto aos 28 dias de idade.

Estatisticamente, tem-se (Figura 1):

FIGURA 1

Então:

fcc28 = fcck+1,65.Sd, onde Sd (desvio padrão) depende do controle de qualidade da obra


(NB1).
Observação:

50
Frequência de ocorrência (%)

40
Controle de qualidade excelente Î Sd=4,0 MPa;
Controle de qualidade bom Î Sd=5,5 MPa;
30
Controle de qualidade razoável Î Sd=7,0 MPa.

20

10

10 20 30 40 50
f f f
cck3 cck2 cck1
Resistência à compressão do concreto (MPa)

Logo:

fcc28 = 20+1,65x7 ⇒ fcc28 = 31,55 MPa.


DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 3

2) Determinação do fator água/cimento (x)


Define-se fator água/cimento como:
Pag
x= .
Pc
Sendo:
x = fator água/cimento;
Pag = peso de água;
Pc = peso de cimento.
A resistência do concreto, fundamentalmente, depende de seu fator água/cimento.
Quanto mais baixo o fator água/cimento maior a resistência do concreto.
ABRAMS pesquisou a relação entre x e fcc28, a qual é representada na Figura 2
seguinte, para as categorias de cimento especificadas pela Norma Brasileira.

Curvas de Abrams

55
Resistência média do concreto
à compressão fcc28 (MPa)

50
45
40
35
30
25
20
15
10
0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
fator água / cimento (x = Pag / Pcim)

CP 40 CP 32 CP 25

FIGURA 2
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 4

Para o nosso problema, teremos:

 f cc 28 = 31,55MPa
 ⇒ x = 0,51 .
cimento = CP32

Logo, para um saco de cimento (50 kg), vem:

Pag Pag
x= ⇒ 0, 51 = ⇒ Pag = 25, 5kg .
Pc 50

3) Determinação da quantidade de agregados

A trabalhabilidade do concreto é função das características dos agregados miúdo e


graúdo.

3.1) Determinação da relação água/materiais secos (A%)

Pag
A% =
Pc + Pm

Sendo:

A% = relação água/materiais secos;


Pag = peso de água;
Pc = peso de cimento;
Pm = peso de agregados (areia + pedra).

A Tabela 1 (NB1), fornece valores de A%, que conduzem a trabalhabilidades


adequadas, em função da natureza, da granulometria dos agregados e do tipo de adensamento.

TABELA 1

Agregado Adensamento Observações


Manual Vibratório
Seixo 8% 7% *
Brita 9% 8% **
* Valores da tabela para:
- agregado graúdo = brita 1 + brita 2;
- agregado miúdo = areia natural.
** Se:
- brita 1 ⇒ somar 0,5%;
- brita 2 ⇒ diminuir 0,5%;
- areia artificial ⇒ somar 1%

Então, para A% = 9%, vem:


Pag 25, 5
A% = ⇒ 0, 09 = ⇒ Pm = 233kg
Pc + Pm 50 + Pm
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 5

3.2) Determinação da quantidade de areia e brita

A Tabela 2 (NB1), fornece a relação entre a quantidade de agregado graúdo e miúdo,


para obtenção de uma trabalhabilidade adequada, em função do tipo do agregado e das
condições de adensamento.
TABELA 2

Agregado % de areia Observação


Graúdo Fina Média Grossa
Seixo 30 35 40 *
Brita 40 45 50 **
* Os valores constantes da tabela referem-se a adensamento vibratório.
** Para adensamento, manual somar 4%.
Para o problema em questão temos:

% de areia = 45%+4% = 49%

Logo, o peso de areia (Pa) será:

Pa = 0,49x233 ⇒ Pa = 114 kg.

E o peso de pedra (Pp) será:

Pp = 0,51x233 ⇒ Pp = 119 kg.

Como se está usando brita 1 e brita 2, vem:

Pb1 = 59,5 kg e Pb2 = 59,5 kg.

Tem-se pois, já calculado, o traço em peso por saco de cimento, ou seja:

- 1 saco de cimento (50kg);


- 114 kg de areia seca;
- 59,5 kg de brita 1;
- 59,5 kg de brita 2;
- 25,5 l de água.

4) Determinação do traço por kg de cimento

O traço por saco de cimento é:

- 50 kg de cimento : 114 kg de areia : 119 kg de pedra.

Por kg de cimento tem-se: 1 kg de cimento : 2,28 kg de areia : 2,38 kg de pedra.


DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 6

5) Correção da quantidade de água

O traço determinado anteriormente vale para a areia seca. Como a areia tem 5% de
umidade, carreia água para o concreto, alterando seu fator água cimento e, consequentemente,
sua resistência.

Define-se umidade (h) como:

Ph − Ps
h= .
Ps

Então:

Ph − 114
0, 05 = ⇒ Ph = 120 kg .
114

Logo, o peso de água carreado com a areia (Paa) será de:


Paa = Ph-Ps ⇒ Paa = 6 kg = 6 l.

O traço corrigido, em função da umidade será:

- 1 saco de cimento (50 kg);


- 120 kg de areia úmida;
- 59,5 kg de brita 1;
- 59,5 kg de brita 2;
- 19,5 l de água.

6) Determinação do traço em volume

Na obra é mais prático medir os agregados (areia e pedra) em volume do que em peso.
A conversão de peso para volume é feita em função da massa específica aparente dos
agregados.

6.1) Determinação do volume de areia seca

Define-se massa específica da areia seca como:

Pas
da = .
Vas

Em que:

da = massa específica aparente da areia seca;


Pas = peso da areia seca;
Vas = volume de areia seca.

Logo:

114
1500 = ⇒ Vas = 0, 076 m3 ⇒ Vas = 76l
Vas
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 7

6.2) Determinação do volume de areia úmida (Vah)

Devido à agua aderente aos grãos de areia, esta sofre o fenômeno do inchamento,
apresentando variação no seu volume.
Define-se inchamento (I) como:

Vah − Vas
I=
Vas

Logo, tem-se:

Vah − 76
0, 25 = ⇒ Vah = 95l .
76
6.3) Determinação do volume de brita 1

P 59,5
d b1 = b1 ⇒ 1450 = ⇒ Vb1 = 0,041m3 ⇒ Vb1 = 41 L
Vb1 Vb1

6.4) Determinação do volume de brita 2

P 59,5
d b 2 = b 2 ⇒ 1420 = ⇒ Vb 2 = 0,042m3 ⇒ Vb 2 = 42 L
Vb 2 Vb 2

Tem-se, então, o traço em volume:

- 1 saco de cimento (50 kg);


- 95 l de areia úmida (5%);
- 41 l de brita 1;
- 42 l de brita 2;
- 19,5 l de água.
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 8

EXERCÍCIO II

Considerando o traço determinado no Exercício I, calcule o consumo dos


materiais (cimento, areia e pedra) por m³ de concreto pronto.

RESOLUÇÃO

1) Determinação do consumo de cimento

Prova-se que:
1000
C=
1 a p
+ + +x
Dc Da D p
Em que:
C = consumo de cimento por m³ de concreto pronto;
Dc, Da e Dp = massa específica real do cimento, areia e pedra, respectivamente,
em (kg/dm3);
a = kg de areia por kg de cimento;
p = kg de pedra por kg de cimento;
x = kg de água por kg de cimento.
Logo:
1000
C= ⇒ C = 386kg / m3
1 2,28 2,38
+ + + 0,51
3,15 2,65 2,65

2) Determinação do consumo de areia úmida

Cimento Areia
50 kg 120 kg
386 kg Pa

Pa = 926 kg.

3) Determinação do consumo de brita 1 e brita 2

Cimento brita 1
50 kg 59,5
386 kg Pb1

Pb1 =459 kg.

Idem para brita 2.


Logo:
Pb2 = 459 kg.
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 9

EXERCÍCIO III

Considerando o traço por saco de cimento determinado no Exercício I,


dimensione as padiolas para medição da areia e da brita.

RESOLUÇÃO

As padiolas possuem base fixa e altura variável. As dimensões da base são de 0,35m x 0,35m e
a altura varia em função do volume de agregado a ser medido. Recomenda-se que a altura da
padiola não exceda 0,35 m a fim de facilitar o manuseio do operário na obra, não as tornando
extremamente pesadas.

FIGURA 3

Para o exemplo em questão as padiolas ficam assim dimensionadas:

a) Padiola de Areia

V = 95litros = 0,095m3

V = (l1 x l2) x h l1 = 0,35m
l = 0,35m
2

Substituindo-se os valores na equação, tem-se:

0,095m3
0,095m3 = (0,35m × 0,35m) × h ∴ h = ∴ h = 0,78m
0,35m × 0,35m

A altura excede o valor estipulado, que é de no máximo 0,35 m, pode-se então dividir
0,78 m por 3, usando-se três padiolas com 0,26 m de altura.
DAU/IT/UFRRJ ⇔ Construções Rurais ⇔ Edmundo Rodrigues 10

b) Padiola de Brita 1

V = 41litros = 0,041m3

V = (l1 x l2) x h l1 = 0,35m
l = 0,35m
2

Substituindo-se os valores na equação, tem-se:

0,041m3
0,041m3 = (0,35m × 0,35m) × h ∴ h = ∴ h = 0,33m
0,35m × 0,35m

A altura encontrada atende a altura recomendada, podendo ser usada uma padiola de
brita 1.

c) Padiola de Brita 2

V = 42litros = 0,042m3

V = (l1 x l2) x h l1 = 0,35m
l = 0,35m
2

Substituindo-se os valores na equação, tem-se:

0,042m3
0,042m3 = (0,35m × 0,35m) × h ∴ h = ∴ h = 0,34m
0,35m × 0,35m

A altura encontrada atende a altura recomendada, por este motivo a altura final pode
ser de 0,34 m, usando-se somente uma padiola de brita 2.

d) Medição do traço

- 1 saco de cimento;
- 3 padiolas de 0,35m x 0,35m x 0,26m de areia;
- 1 padiola de 0,35m x 0,35m x 0,33m de brita 1;
- 1 padiola de 0,35m x 0,35m x 0,34m de brita 2.

You might also like