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Mas Lacan diz que no, argumentando que faltou a Freud dar ao paciente
tempo para compreender. A cena primria se manteve sempre como uma construo
de Freud e o homem dos lobos jamais chegou a integrar a rememorao em sua
histria5. Com esta atitude, Freud se teria colocado como mestre que sabe de antemo
o momento exato em que a neurose do paciente se resolver, o que s favoreceu a
permanente alienao de Serguei Pankejeff ao analista , fazendo inclusive com que ele
passasse a se autodenominar homem dos lobos.
Como ento Lacan define o tempo lgico?
Alm de defender, claro, assim como Freud, que o sujeito do inconsciente
no funciona pelo tempo cronolgico mas pelas associaes significantes que agem por
retroao, Lacan sublinha que h um tempo prprio de emergncia do inconsciente, uma
pulsao do inconsciente, ou seja, um movimento de abertura e fechamento. O
inconsciente se abre em certos momentos a cada vez em que se produz uma formao
do inconsciente (um ato falho, sintoma, sonho, chiste) e cabe ao analista, nestes
instantes fugazes, sem perda de tempo, a intervir com seu ato, qualquer que ele seja,
sob o risco de deixar passar o que importa e compactuar com o adiamento neurtico.
seqncia linear e sucessiva do tempo cronolgico, Lacan ope assim a
pulsao do tempo lgico6, que ele divide em trs momentos:
_ o instante de ver definido como um instante de fulgurao;
_ o tempo para compreender tempo de hesitao e adiamento; e
_ o momento de concluir onde a pressa e a urgncia levam concluso.
Estes trs tempos podem ser pensados a respeito de qualquer fatia em que se
escolha repartir a anlise : seja o intervalo entre a idia de procurar um analista at a
NOTAS:
1-Freud,S. Screen Memories(1899). Em: Standard Ed., vol.3, Londres, Hogarth
Press, 1962.