Pedro Pereira Pinto está sendo processado por tentativa de homicídio contra seu vizinho Antonio Miranda. Seu advogado alega que (1) o processo é nulo por não ter sido nomeado um defensor para Pedro durante a audiência, violando seu direito de defesa, e (2) o crime foi impossível pois a arma estava desmuniciada quando Pedro tentou atirar, portanto ele deve ser absolvido sumariamente.
Pedro Pereira Pinto está sendo processado por tentativa de homicídio contra seu vizinho Antonio Miranda. Seu advogado alega que (1) o processo é nulo por não ter sido nomeado um defensor para Pedro durante a audiência, violando seu direito de defesa, e (2) o crime foi impossível pois a arma estava desmuniciada quando Pedro tentou atirar, portanto ele deve ser absolvido sumariamente.
Pedro Pereira Pinto está sendo processado por tentativa de homicídio contra seu vizinho Antonio Miranda. Seu advogado alega que (1) o processo é nulo por não ter sido nomeado um defensor para Pedro durante a audiência, violando seu direito de defesa, e (2) o crime foi impossível pois a arma estava desmuniciada quando Pedro tentou atirar, portanto ele deve ser absolvido sumariamente.
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE TERESINA - PI.
Processo n 32456/2013 Autor: Ministrio Pblico. Denunciado: Pedro Pereira Pinto
Pedro Pereira Pinto, j qualificado nos autos do processo em epgrafe, atravs de seus procuradores ao final subscritos, vem respeitosamente presena de V. Exa., nos termos do art. 403, 3 do Cdigo de Processo Penal, apresentar
ALEGAES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razes de fato e de Direito a seguir expostas. FATOS
Segundo denncia do Ministrio Pblico, o denunciado encontra-se incurso nas sanes do crime prescrito no art. 121, caput, c/c o art. 14, inciso II, ambos do Cdigo Penal, porque teria agido com animus necandi, posto que na data de 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10 horas, foi preso em flagrante sob acusao de possuir uso de arma de fogo, e tentar efetuar disparos contra seu vizinho ANTONIO MIRANDA. Segundo o apurado na instruo criminal, uma semana antes dos fatos, o acusado, planejando matar Antonio, pediu emprestada a uma colega de trabalho, uma arma de fogo e quantidade de balas suficientes para abastec-la completamente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revlver. No dia seguinte, conforme j esperava, Pedro encontrou Antonio em um ponto de nibus e, sacando a arma desmuniciada anteriormente. Por ser primrio, o juiz de primeiro grau concedeu ao acusado o direito de defender-se solto. Pedro apresentou defesa escrita de prprio punho, pois no tinha condies de constituir advogado. A audincia de instruo e julgamento foi designada e Pedro compareceu desacompanhado de advogado. Na oportunidade, o juiz no nomeou defensor ao ru, aduzindo que o Ministrio Pblico estaria presente e que isso seria suficiente. As alegaes finais de acusao foram oferecidas pelo representante do Ministrio Pblico, requerendo a condenao do acusado nos exatos termos da denncia. Em sntese, so os fatos.
PRELIMINAR
Da nulidade por ausncia de nomeao de defensor ao ru
A nulidade pela ausncia de defensor, conforme previsto no artigo 564, inciso III, alnea c, do Cdigo de Processo Penal Brasileiro, tem respaldo constitucional, uma vez que a lei maior garante no artigo 5, inciso LV, que aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes, naturalmente que a no garantia desses princpios constitucionais positivados, geram nulidade absoluta por se tratar de ferida ao comando constitucional obrigatrio.
Art. 564. A nulidade ocorrer nos seguintes casos: III - por falta das frmulas ou dos termos seguintes: c) a nomeao de defensor ao ru presente, que o no tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor de 21 anos;
Corrobora tal dispositivo, o artigo 396-A, 2., do CPP:
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poder arguir preliminares e alegar tudo o que interesse sua defesa, oferecer documentos e justificaes, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimao, quando necessrio. 2 o No apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, no constituir defensor, o juiz nomear defensor para oferec-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10 (dez) dias. (grifos nossos)
O ordenamento brasileiro reafirma sua preocupao em salvaguardar o direito de defesa do acusado no art. 261 do CPP, a ver: art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, ser processado ou julgado sem defensor.
Em consonncia com o comando constitucional e processual penal sobredito, ferindo os princpios do contraditrio e ampla defesa, destaca-se a jurisprudncia do STJ: NULIDADE. AUSNCIA. DEFENSOR. AUDINCIA. Foi realizada audincia para oitiva de testemunha de acusao, em 17/4/2000, sem a presena do advogado do paciente, no tendo o juiz de primeiro grau, na oportunidade, nomeado defensor e, na sentena, o juiz valeu-se desses depoimentos para amparar sua concluso sobre a autoria e a materialidade. Assim, verifica-se o constrangimento ilegal sofrido pelo paciente que conduz nulidade absoluta do processo a partir do vcio reconhecido, por inequvoco cerceamento de defesa. Logo, a Turma anulou o processo desde a audincia da oitiva de testemunhas de aval da denncia realizada sem a presena de defensor e, aps o paciente responder em liberdade, assegurou o prosseguimento da referida ao penal, facultando a ele ser novamente interrogado. HC 102.226-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 3/2/2011. Conclui, de maneira inequvoca a smula n 523 do STF:
no processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficincia s o anular se houver prova de prejuzo para o ru.
MRITO
Da absolvio sumria
Crime impossvel, na conceituao de Fernando Capez, " aquele que, pela ineficcia total do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material impossvel de se consumar ". (Curso de direito penal. Volume 1: parte geral). J o renomado jurista Antonio Jos Miguel Feu Rosa convencionou chamar de crime impossvel "a atitude do agente, quando o objeto pretendido no pode ser alcanado dada a ineficcia absoluta do meio, ou pela absoluta impropriedade do objeto ". (Direito penal: parte geral). O corpus legis, por sua vez, no art. 17 do Cdigo Penal dispe que: "Art. 17. No se pune a tentativa quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime." O crime impossvel tambm chamado pela doutrina de quase-crime, tentativa inadequada ou inidnea. O egrgio Tribunal de Justia de Mato Grosso em caso envolvendo a discusso em baila, j julgou o seguinte: E M E N T A. "CRIME IMPOSSVEL - FURTO - AUSNCIA DE BENS A SUBTRAIR - EXECUO INIDNEA - INIDONEIDADE ABSOLUTA DO OBJETO - CARACTERIZAO DA CONDUTA ATPICA - RECURSO PROVIDO. Restando comprovado a impropriedade absoluta do objeto, no h falar-se em tentativa, mas sim em crime impossvel. Inteligncia do art. 17 do Cdigo Penal. (Tribunal de Justia de Mato Grosso - Relator convocado composta pelo Dr. Adilson Polegato de Freitas - Primeira Cmara Criminal. Recurso de Apelao Criminal n. 10049/2006 - Classe I - 14 - Comarca de Tangar da Serra)". Na presena de crime impossvel assegura o art. 415, CPP, pela absolvio sumria do ru: Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolver desde logo o acusado, quando: I - provada a inexistncia do fato; II - provado no ser ele autor ou partcipe do fato; III - o fato no constituir infrao penal; IV - demonstrada causa de iseno de pena ou de excluso do crime. PEDIDO
Ante o exposto, requer Vossa Excelncia digne-se de:
Absolver o denunciado Pedro Pereira Pinto, pelo fato sub judice constituir crime impossvel, nos termos do art. Art. 415, CPP. Caso no seja este o entendimento, que seja absolvido por no ter sido constituda a defesa em conformidade com os princpios da garantia ao contraditrio e ampla defesa.