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ANÁLISE CRÍTICA AO MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS

BIBLIOTECAS ESCOLARES

O modelo enquanto instrumento pedagógico e de melhoria. Conceitos implicados.

O modelo tem como objectivo avaliar o trabalho realizado nas Bibliotecas Escolares e
não se fica apenas pelo processo; vai mais longe avaliando os resultados escolares e o
impacto que o trabalho da BE tem na escola. A importância dos resultados supera a que
é atribuída aos processos.
A linha de suporte deste documento é a necessidade de avaliar, reflectir para mudar, ou
manter as boas práticas, fazendo diferente e, sempre que as condições materiais e
humanas o permitam, melhor. A avaliação servirá para orientar na definição de
prioridades de acordo com o contexto em que a BE se insere.
Os conceitos envolvidos na elaboração do modelo são a noção de valor e auto-
avaliação. Em “Six impossible things before breakfast”, Cram diz que “as Bibliotecas
Escolares não têm um valor objectivo” estando esse valor relacionado com”a percepção
do potencial benefício”.
A missão actual da BE no contexto escolar, confere-lhe especial relevo nas
aprendizagens, liga-a ao desenvolvimento curricular e ao sucesso educativo, estando
este princípio na base da construção do já referido modelo. Os novos conceitos de
aprendizagem ao longo da vida, construção do conhecimento, “inquiry based learning”,
as modificações operadas nas redes sociais, o aparecimento dos ambientes digitais, que
fornecem informação mas obrigam ao desenvolvimento de novas literacias, a desejada
melhoria permanente dos serviços prestados, no contexto das organizações em que BE
se insere(segundo Van House), a vontade de ser eficiente, a necessidade de medir
regularmente o alcance dos objectivos delineados, para aferir ganhos e qualidade
motivaram o surgimento deste modelo. De considerar também, o conceito de “evidence-
based practice”, a recolha sistemática de evidências para provar o impacto qualitativo da
BE na escola, logo nos alunos, segundo Ross Todd, “evidence for, in, of practice”. A
avaliação da BE ligada à avaliação da escola.

Pertinência da existência de um modelo de auto-avaliação para as BE


O processo de auto-avaliação permite-nos ter “feedback” do trabalho que a BE está a
desenvolver.Com este modelo/documento é-nos possível perceber se o caminho que
estamos a trilhar é o certo ou se é preciso mudar de rumo. Se no passado a avaliação da
BE estava limitada ao número de requisições, à sua frequência, à riqueza da colecção,
agora pretende-se avaliar o seu impacto no sucesso educativo.

Organização estrutural e funcional. Adequação e constrangimentos


O modelo está organizado em quatro domínios, e respectivos sub-domínios, que
correspondem às áreas mais significativas do trabalho da BE: apoio ao desenvolvimento
curricular, leitura e literacias, projectos /parcerias e actividades livres e de abertura à
comunidade e gestão da BE.A estrutura clara de cada domínio permite ter uma visão
completa do trabalho desenvolvido ou a desenvolver através dos indicadores, factores
críticos, recolha de evidências e acções para a melhoria.
Sugere fontes diversas para recolha de evidências, embora algumas possam ser difíceis
de conseguir por falta de hábito de se fazerem registos. As propostas de inquéritos são
adequadas aos dados que se querem recolher, ainda que possam ser adaptados conforme
os pontos a avaliar. Este é um modelo flexível.
Na minha opinião, e talvez porque ainda não o apliquei, parece ser muito útil e
oportuno. Resta esperar pelas dificuldades na sua aplicação. Poderá surgir alguma falta
de colaboração, ou mesmo alguma relutância, por desvalorização da BE.

Integração/aplicação à realidade da escola


A integração do modelo de avaliação deverá ser gradual, entrar nas práticas do dia-a-dia
da escola. Exige alguma metodologia de sensibilização, jornadas de formação,
comunicação constante. Permite que se seleccionem os domínios, que se adequem os
instrumentos à realidade que se pretende avaliar. Importa uma vez mais realçar a
flexibilidade do documento. Deverá unir a escola em torno de uma crescente
valorização do trabalho da BE e do seu impacto nas atitudes, conhecimentos e
competências dos alunos/utilizadores.

Competências do Professor Bibliotecário e estratégias implicadas na sua aplicação


Neste contexto de aplicação do modelo de avaliação, partilho da opinião de Tilke que,
em “The role of the school librarian…”, refere que um PB deve “ser um comunicador,
saber trabalhar com Departamentos e colegas, envolver a comunidade em todo o
processo, saber estabelecer prioridades, realizar uma abordagem construtiva aos
problemas e à realidade, ser proactivo, gerir e avaliar de acordo com a missão e
objectivos da BE”. Tem que sensibilizar a escola para a necessidade de implementar o
modelo de avaliação, apesar de toda a carga burocrática que ele carrega, promover uma
cultura de avaliação e fazer entender que só desse modo os serviços poderão ser
optimizados. Deverá ser um “expert” em informática e tratamento de dados, se a ele
competir tratar os mesmos. Nas palavras de Eisenberg, o Professor Bibliotecário deve
ser “ active and engaged”.

Helena Ventura

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