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CONSTRUÇÃO DE TEXTO

1. Lê o início e o fim de um episódio narrado por um dos intervenientes.


De seguida, imagina
e redige a parte que retirámos ao texto. Deverás:
– manter a narração em 1.a pessoa;
– utilizar discurso directo;
– introduzir curtas descrições (de personagens, ambientes, reacções).

VOAR
– Hoje vou voar a sério! – anunciou um dia o Gouveia, à saída da escola.
Acompanhámo-lo, para ver como era. Pelo caminho ele ia armando o seu
mistério. Curiosidade danada, a nossa! Mas nós ajudávamos a criar a
fantasia.
– Fabricaste umas asas?
– Frio! Frio! – respondia ele, rindo.
– Vais mas é voar num cabo de vassoura!
– Isso querias tu! – continuava, perdido
de riso até às lágrimas.
(…)

(…)
Só sossegámos, com a consciência remordida, quando soubemos que o
Gouveia não tinha morrido. Uma data de tempo na cama do hospital com
as pernas e os ossos da bacia partidos.
Fernando Campos, O pesadelo de dEus, Difel – Difusão Ed., 1990 (texto
adaptado)

VOAR

Parte retirada do excerto:

“Atas um foguete ao rabiosque e pedes à gente que te bote fogo!”


“É o botas!”
“Depois, no ar, pareces uma bicha-de-rabiar.”
“A tua mãe!”
Chegámos à casa dele. Apontou-nos lá para cima o varandim das águas-
furtadas:
“Esperai aqui!”
Fomos para o outro lado da rua, encostámo-nos a uma parede, de nariz no
ar. O janelo chiou emperrado.
Aparece o Gouveia, galga a grade de ferro e, um instante oscilando sobre
o abismo, as biqueiras das chancas fora da estreiteza do parapeito, abre a
negridão de um enorme guarda-chuva. Roíamos as unhas, a respiração
contida e o coração louco. O companheiro lança-
-se no vácuo… Havia milhões de séculos que a natureza tinha inventado a
umbrela com seus equilíbrios radiais. O fulcro do pára-quedas improvisado
encontrava-se deslocado e num ápice um golpe de ar guina as bandas
gomadas para a direita e, despenhado, o pobre Gouveia, sem o tempo de
um grito, vem esborrachar-se no solo como morto. Desatámos aos berros.
Acorreram os adultos, o Fortunato, o Marques, o padeiro, o Dr. Moreira, o
professor, o abade. Comparece o Dr. Maurício, que se ajoelha a auscultar,
a abrir as pálpebras, a dar ordens. Chega a ambulância…

Fernando Campos, O pesadelo de dEus, Difel Ed., 1990

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