O documento discute a relação entre lógica, linguagem e argumentação. Apresenta diferentes concepções de argumentação, como a sofística que visa persuadir e a dialética que busca a verdade única. Também discute os limites da lógica e da argumentação conclusiva com base nas ideias de Freud e Carroll, mostrando que a racionalidade depende de crenças individuais e que a argumentação é um processo infindável.
O documento discute a relação entre lógica, linguagem e argumentação. Apresenta diferentes concepções de argumentação, como a sofística que visa persuadir e a dialética que busca a verdade única. Também discute os limites da lógica e da argumentação conclusiva com base nas ideias de Freud e Carroll, mostrando que a racionalidade depende de crenças individuais e que a argumentação é um processo infindável.
O documento discute a relação entre lógica, linguagem e argumentação. Apresenta diferentes concepções de argumentação, como a sofística que visa persuadir e a dialética que busca a verdade única. Também discute os limites da lógica e da argumentação conclusiva com base nas ideias de Freud e Carroll, mostrando que a racionalidade depende de crenças individuais e que a argumentação é um processo infindável.
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO
Centro de Letras e Artes Letras 2012/2
Estudos Lingusticos e Gramaticais V - Semntica Prof: Daniel Silva Aluno: Andr Fraga Fernandes
A lgica da linguagem - Argumentao O pensamento humano no funciona de maneira linear. catico por natureza, apenas forado a se organizar, em uma tentativa de encontro da lgica, atravs da linguagem. Por sua vez, a linguagem, em oposio ao pensamento, linear e organizada. Baseado no texto Sentido, verdade e argumentao, do filsofo Danilo Marcondes, que, por sua vez, baseado nas ideias de Oswald Ducrot, discute os conceitos temas de seu texto, faremos uma breve anlise da relao entre a lgica e a linguagem. Trazendo ainda um pouco das teorias de Freud sobre a negao, tentaremos traar linhas de raciocnio que nos ajudem a vislumbrar um pouco da complexidade envolvida na arte de analisar o discurso e perceber a verdadeira mensagem embutida nas palavras do falante. A concepo de racionalidade do homem est estreitamente ligada sua capacidade de argumentar. Por isso, torna-se importante entender a noo de argumentao. Os filsofos gregos afirmavam que tudo podia ser dito, desde que baseado em argumentos aceitveis. Segundo Ducrot a argumentao se caracteriza como Diretiva, como uma forma de conduzir o interlocutor a algo, com sua fora ilocucionria. A argumentao tem como dois sentidos bsicos, ou funo: a) provar, demonstrar, estabelecer verdades ou produzir certezas; b) persuadir, convencer ou produzir consenso. a busca da verdade nica. Porm, em que condies produzida esta verdade nica? Ao fazer este questionamento, a filosofia grega gera um confronto entre a filosofia e a sofstica. A Concepo Sofstica baseia-se em uma argumentao retrica, visando persuadir, convencer, gerar um consenso como forma essencialmente poltica de solucionar um conflito. A Concepo Dialtica, socrtica e posteriormente metafsica, platnica e aristotlica, visa estabelecer uma verdade nica e universal, definitiva. A dialtica e a lgica fundam a episteme, cincia.
Segundo os filsofos gregos a retrica no se fundamentava em conhecimento, mas apenas na manipulao do discurso com argumentos que Aristteles classificou como defeituosos, os Sofismas. Porm, este ataque sofistica torna necessrio estabelecer os princpios da Argumentao Vlida. O que torna vlida uma argumentao? O problema que os princpios bsicos da argumentao se estabelecem em um momento anterior prpria argumentao. So consensos pr-argumentativos. Aristteles defendia que estes consensos eram parte da metafsica, do prprio real e eram apreendidos por intuio. Ou seja, uma base de verdade absoluta e indiscutvel.
Apresenta-se, portanto, uma dificuldade em estabelecer estes princpios. Isto demonstra os limites da argumentao e tambm os limites da lgica como teoria da deduo e inferncia, bem como da articulao das proposies no discurso e, sobretudo, como paradigma para a argumentao discursiva. O texto What the turtle said to Achilles, de Lewis Carroll, exemplifica bem esta dificuldade em estabelecer um princpio lgico nico e irrefutvel. A racionalidade em que a argumentao se d consiste em um conjunto de crenas, hbitos, prticas, valores, interesses que tornam possveis e aceitveis determinadas articulaes e no outras. isso que torna possvel, no texto de Caroll, a Tartaruga ao mesmo tempo questionar a noo lgica de argumento e, contudo, ainda assim, argumentar com Aquiles. - A lgica no irrecusvel. Pode ser aceita ou no. - O que problematizado a lei da transitividade Freud, em seu texto A Negao, trata da observao do modo como pacientes apresentam suas ideias espontneas, durante o trabalho psicanaltico. Durante suas narrativas, os pacientes muitas vezes negam o que na verdade o real contedo de suas ideias. Causando um distanciamento total entre a articulao das palavras e a lgica de suas mentes. Como observa Freud, Nisso vemos como a funo intelectual se separa do processo afetivo. O juzo intelectual tem como funo confirmar ou negar os contedos dos pensamentos, mas negar algo pode ser, no fundo, dizer que aquilo algo que se gostaria de reprimir. Freud conclui seu raciocnio sobre o juzo dizendo: A funo do juzo tem essencialmente duas decises a tomar. Deve adjudicar ou recusar a uma coisa uma caracterstica e deve admitir ou contestar a uma representao a existncia na realidade (...) Na linguagem dos mais antigos impulsos instintuais os orais teramos: Quero comer, ou quero cuspir isso. E, numa verso mais geral: Quero pr isso dentro de mim e, quero retirar de mim.
A outra deciso do juzo sobre a existncia real de uma coisa representada. importante no apenas que algo seja bom, mas que tambm exista no mundo exterior, de maneira que seja possvel possui-lo em caso de necessidade.
Percebemos ento que, as aes conclusivas e certezas, at mesmo da existncia de verdades e objetos, so de natureza individual e exclusiva de cada homem. Existe assim, outro conceito ou concepo de argumentao, a Concepo de argumentao no conclusiva, que no visa fundamentar ou legitimar a concluso, no visa mais uma certeza nica. H uma pluralidade de verdades e o que leva o indivduo a certas concluses depende basicamente das crenas e pressupostos que compartilha. Porm, mesmo assim, possvel realizar uma anlise da argumentao discursiva baseada em critrios de validade e condies de realizao de inferncias discursivas. Segundo Ducrot, h sempre algo que possvel/permitido e algo que impossvel/vedado. Mesmo abandonando a noo de lgica e a pretenso de verdades definitivas, permanece um constrangimento que torna possvel a argumentao, sem cairmos no aleatrio, no arbitrrio, no vale tudo. A pretenso filosfica da verdade absoluta nada mais do que uma tentativa de encerrar a argumentao. Enquanto que com base em uma concepo de argumentao discursiva, a comunicao deve prosseguir sempre. Argumentar um processo infindvel, que no se encerra com nenhuma verdade final. esta janela sempre aberta do argumento, que no existe fora de um encadeamento lgico, que torna a linguagem algo fascinante e provocador da evoluo constante dos conhecimentos humanos.