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Análise e Comentário Crítico à presença de referências a

respeito das BEs no Relatório de Avaliação Externa


2006-2007

Seleccionei o Relatório de Avaliação Externa da Escola


Secundária Manuel Teixeira Gomes, Portimão, que foi elaborado após a
visita à escola nos dias 21 e 22 de Março de 2007. Escolhi esta escola, por
ser a escola onde lecciono desde Setembro de 2002.
O documento contém doze páginas e tem uma estrutura de acordo
com o Quadro de Referência para a Avaliação de Escolas e
Agrupamentos. No Ponto III – Conclusões da Avaliação, podemos
encontrar a atribuição da classificação a cada um dos cinco domínios e a
respectiva caracterização dos pontos fortes e pontos fracos de cada um dos
domínios em particular.
No domínio 2. Prestação do serviço educativo, ao qual foi atribuído
a classificação de Bom, não se encontra qualquer referência à BE/CRE. De
facto, a BE é um local onde se presta serviço educativo. Na listagem de
Perguntas ilustrativas do entendimento dos factores, não há uma
orientação para essa concepção da BE como local de serviço educativo. No
ponto 2.2. Acompanhamento da prática lectiva em sala de aula, nenhuma
pergunta aponta para a indicação da prática docente em orientar a
aprendizagem também para a BE, ou seja, a aula, com toda a sua
imprescindível dinâmica (testes, t.p.c, aulas práticas, aulas expositivas,
trabalhos individuais, trabalhos de grupo, etc) ocorre sempre na sala de
aula.
No domínio 3.Organização e Gestão Escolar, ao qual foi atribuído a
classificação de Bom, há a seguinte referência:
«No que à promoção de equidade e justiça se refere, salienta-se a
criação do Gabinete de Apoio ao Aluno Estrangeiro e do Gabinete de
Apoio ao Aluno. Por outro lado, o Centro de Recursos, estrutura que se
revela bem organizada e funcional, presta um apoio efectivo a todos os
alunos e docentes que dele necessitem, constituindo-se como uma mais-
valia na resposta às necessidades sentidas ao nível da integração, do
acompanhamento e dos processos de ensino e de aprendizagem.» (p.4)
A referência à BE enquadra-se no ponto 3.3 Gestão dos recursos
materiais e financeiros, onde se salienta a pergunta Os recursos, espaços e
equipamentos (nomeadamente refeitório, laboratórios, biblioteca e outros
recursos de informação) estão acessíveis e bem organizados? Depois de
ler esta questão, assaltou-me ao espírito uma outra questão: por que razão
se engloba numa mesma pergunta, espaços da escola tão diferentes como,
laboratórios/biblioteca e refeitório? Os laboratórios e a biblioteca têm
afinidades entre si, mas qual a afinidade entre estes dois espaços educativos
e o refeitório? Bem, os primeiros alimentam a vontade de aprender, o
último alimenta a vontade de comer…
Parece-me pobre a análise feita à BE neste domínio 3,
nomeadamente no ponto 3.2. Gestão dos recursos humanos, pois em
nenhuma das Perguntas ilustrativas se faz referência à exigência de
especialização do pessoal docente e não docente da equipa da BE. A
primeira questão é generalista («A direcção da escola conhece as
competências pessoais e profissionais dos professores e do pessoal não
docente e tem-nas em conta na sua gestão?»), mas a BE deveria estar
referida em destaque, pois é uma estrutura com exigências muito próprias.
O professor bibliotecário, tal como os restantes elementos da equipa, deve
ter competências não só pessoais como habilitações profissionais para
desempenhar a função, tal como os professores não estão todos habilitados
para serem directores de turma com o mesmo sucesso e em turma mais
complicadas, a atribuição desse cargo deve ser ponderada pela direcção, tal
como fica identificado nesta questão retirada das Perguntas ilustrativas:
«Como é feita a afectação dos professores às turmas e às direcções de
turma? A relação desenvolvida entre os alunos e entre estes e os
professores é considerada na constituição das turmas e na atribuição do
serviço docente?»
O mesmo género de pergunta deveria ser feito em relação à BE e a
toda a equipa, exceptuando a atribuição do cargo de professor bibliotecário,
pois essa atribuição está de acordo com a Portaria nº 756/2009, de 14 de
Julho: «Como é feita a atribuição das tarefas aos docentes na BE? Esta
atribuição das horas da Componente não lectiva na BE prende-se, apenas,
para completar horário, ou há uma selecção dos docentes em função da sua
experiência/formação?»
No Ponto IV- Avaliação por domínio-chave, no domínio 2.
Prestação do serviço educativo, subponto 2.3. Diferenciação e Apoios, há
uma referência à BE: «Ao nível do CRE, é elaborado um plano de
intervenção estruturado, decorrente das necessidades dos alunos.» (p.8)
Isto significa que a BE nesta escola serve essencialmente como local onde
decorrem os APA, sendo feito um horário em conformidade com o
professo/aluno e taxa de ocupação da sala.
No domínio 3. Organização e gestão escolar, subponto 3.3 Gestão
dos Recursos Materiais e Financeiros, há uma referência à BE: «Ao longo
dos anos, a Instituição tem desenvolvido um esforço sistemático de
investimento nas instalações e equipamentos, ao nível da conservação e
expansão, no qual se incluem os laboratórios de Química, o CRE, a sala
de electricidade e a Sala Bejaya, espaço apetrechado com 24
computadores portáteis …» (p.9) Esta afirmação indica que a escola
entende como necessário e imprescindível para o seu sucesso educativo o
investimento e melhoria na qualidade dos diversos recursos que preenchem
a BE.
No domínio 4. Liderança, suponto 4.3. Abertura à Inovação, há uma
referência à BE: «Nesta escola existe abertura à mudança e à
consequente inovaação, bem como a capacidade de mobilizar os apoios
necessários para garantir a continuidade da sua aplicação. Este facto
emerge na adesão a projectos nacionais e internacionais que se revelam
estruturantes e inovadores, contribuindo para tornar as práticas
diversificadas, activas e socializadoras. Neste domínio, salienta-se o
serviço prestado pelo CRE, que se revela organizado, dinâmico e
promotor de actividades de complemento curricular no âmbito da
inclusão da população emigrante.» (p.11) Esta informação caracteriza
toda a acção da BE não só como complemento educativo, mas também
como integradora da população estudantil emigrante, que é bastante
significativa nesta escola. A BE define-se, assim, por ser um lugar de
abertura e de integração multicultural.
Em síntese, a leitura do Relatório de Avaliação Externa da Escola
Secundária Manuel Teixeira Gomes, e em particular as referências feitas à
BE, permite-me concluir que há uma atenção discreta dada ao papel e
importância da BE nesta escola, realçando-a um pouco mais em alguns
pontos, em especial na Gestão dos Recursos Materiais e Financeiros, na
Diferenciação e Apoios e Abertura à Inovação. Considero que no
documento Tópicos Para A Apresentação da Escola, a BE deve ser um
organismo que deve ter um contributo muito significativo na elaboração do
documento descritivo da escola. Para esse contributo, é indispensável todas
os resultados obtidos pela BE ao longo dos anos, a partir da sua aplicação
do Modelo de Auto-Avaliação, da aplicação dos Instrumentos de Recolha
de Dados e do Relatório e, em especial, do Relatório da Auto-Avaliação.

A Formanda: Maria do Rosário Cristóvão

Bibliografia:
. Tópicos para a Apresentação da Escola, IGE
. Quadro de Referência para a Avaliação de Escolas e
Agrupamentos, IGE
. Relatório de Avaliação Externa da Escola Secundária Manuel
Teixeira Gomes, IGE
. Modelo de Auto-Avaliação 2009, RBE
. Instrumentos de Recolha de Dados, RBE
. Relatório de Auto-Avaliação, RBE

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