O documento discute as principais crenças do hinduísmo, como karma, renascimento e os três caminhos para a salvação. Também contrasta a cosmovisão hindu com a cristã, notando que enquanto o hinduísmo vê a salvação como um esforço humano, o cristianismo a vê como um dom divino por meio de Jesus Cristo.
O documento discute as principais crenças do hinduísmo, como karma, renascimento e os três caminhos para a salvação. Também contrasta a cosmovisão hindu com a cristã, notando que enquanto o hinduísmo vê a salvação como um esforço humano, o cristianismo a vê como um dom divino por meio de Jesus Cristo.
O documento discute as principais crenças do hinduísmo, como karma, renascimento e os três caminhos para a salvação. Também contrasta a cosmovisão hindu com a cristã, notando que enquanto o hinduísmo vê a salvação como um esforço humano, o cristianismo a vê como um dom divino por meio de Jesus Cristo.
Se voc alguma vez quiser ter um dilogo intelectualmente estimulante, escolha a ndia. Esquea- se do p, da sujeira e das multides. Viaje num trem, primeira classe. Enquanto o trem ganha velocidade, volte-se para um vizinho. Pode ser um homem de negcios, professor de faculdade, poltico ou no importa quem. Se for hindu, voc encontrou a pessoa certa. Ele pode prender sua ateno a viagem toda, falando da vida, morte, do que vem depois, sobre misticismo e a origem da cincia nuclear em escritos hindus antigos. No fim da viagem, sua jornada ter escapado do enfado e abrangido o nada.
Hindusmo tudo. Hindusmo nada. No o tome literalmente. Tome-o filosoficamente. Uma das antigas religies do mundo, seus adeptos aproximam-se de 800 milhes e vivem ao redor do mundo. O hindusmo no simplesmente uma religio; um sistema complexo de crenas forjado num sistema de acomodao; um oceano de crenas que ora so coerentes, ora complementares, ora contraditrias. Pode no ter uma resposta para todas as perguntas, mas certamente tem uma pergunta para cada resposta.
Para o cristo, isso cria um problema fundamental. Como comunica um cristo suas crenas e valores a um hindu? No fcil, mas podemos tentar. Para comear, precisamos compreender cinco questes bsicas antes de podermos decifrar o enigma da mente hindu.
Teria o mundo evoludo? Os hindus crem que o mundo evoluiu atravs de estgios sucessivos. Primeiro veio a matria. Depois veio a conscincia, a inteligncia e finalmente a espiritualidade. Num extremo do espectro csmico h matria pura e, no outro, esprito puro. No meio est o tempo. Na matria, o esprito est dormente. A riqueza de uma determinada existncia depende da proporo de esprito na matria. Quanto mais alto o esprito, tanto menos matria e tanto mais rica a experincia. O inverso tambm verdade. O esprito aparece em muitas formas: como vida elementar nos vegetais, como conscincia nos animais, como inteligncia nos seres humanos, e como bem- aventurana no esprito supremo. Assim h uma progresso da matria para a vida, da vida para a conscincia, da conscincia para a razo, e da razo para a perfeio espiritual. Em relao ao esprito supremo, um ser humano est mais prximo dele que um animal, um animal do que uma planta, uma planta do que uma pedra. Do mesmo modo um santo est mais prximo do ser supremo que um depravado.
Assim, o universo um vasto anfiteatro no qual h uma luta colossal entre esprito e matria, dando origem a vrias ordens de ser, desde a pedra sem vida ao ser supremo onisciente.
Como organizada a sociedade? O hindusmo define o sistema social ideal como varnadharma um conceito que chegou ndia com os arianos vindos do centro da Europa, muitos anos antes da era crist. Varna significa cor e dharma significa dever, e o estofo social urdido pelos arianos primitivos no norte da ndia finalmente deu origem ao sistema de castas, to fundamental para a compreenso do hindusmo. Os arianos louros dividiram a sociedade em quatro castas, segundo os deveres efetuados por cada grupo numa sociedade. Aqueles que no se enquadravam em nenhuma destas castas e sub-castas de cor e dever tornaram-se os intocveis da sociedade. A contradio interna do sistema de castas tem sido uma fonte perene de tenso dentro da sociedade hindu e o ponto de contato para outras religies que parecem ensinar a dignidade do ser humano sem qualquer distino. Mas o ponto de contato nem sempre tem sido bem sucedido por causa do poder esmagador da casta em resistir a quaisquer pretenses contrrias.
Como compreendemos a salvao? Em terceiro lugar, os hindus afirmam que a vida controlada pelo princpio de progresso espiritual, tendo moksha liberao ou salvao como objetivo final. Para os hindus, moksha no somente liberao da servido da carne, mas tambm das limitaes da finitude. Moksha significa tornar-se um com o esprito perfeito. O progresso para este alvo supremo envolve um esmagamento dos desejos animais do corpo e a fuso final do indivduo com a divindade, escapando assim do ciclo de renascimento. A jornada para o alvo final pode levar eras inteiras e milhes de renascimentos, mas cclica e contnua, funcionando sob a lei do karma.
Que karma e renascimento? Karma a doutrina mais caracterstica e importante do hindusmo. Karma a lei moral da causa. Do mesmo modo em que a lei de causa e efeito opera no mundo fsico, a lei do karma opera no mundo moral. Um corte faz o dedo sangrar; do mesmo modo, se algum rouba, aquele ato afeta a natureza moral da pessoa a ponto de serem necessrios muitos atos de bondade para contrabalanar um ato de maldade. Semelhantemente, muitas existncias podem se necessrias para neutralizar o mal de uma existncia, e o ciclo quase eterno. Segundo a lei do karma, passamos por uma srie de vidas ou nesta terra ou alhures antes de alcanarmos moksha, isto , liberao ou salvao. A srie de vidas conhecida como reencarnao dando-nos tanto um impasse quanto uma possibilidade; o primeiro, porque o que fazemos numa vida afeta o que poderemos ser na seguinte; a ltima, porque o caminho para moksha tem possibilidades ilimitadas. O processo envolve vrias vidas, levando o indivduo a subir ou a descer.
Como se obtm moksha? O hindusmo sugere trs caminhos para obter liberao ou salvao: karma, gnana e bhakthi, que significam boas obras, conhecimento e devoo. O caminho do karma para pessoas de ao. Elas alcanam unio com o supremo mediante servio desinteressado. O caminho do conhecimento para pessoas de contemplao. Conhecimento poder, e seu poder pode compreender a realidade ltima e levar a pessoa unio com o supremo. O jugo da inteligncia muito superior ao, e a inteligncia sob jugo tem o poder de rejeitar tanto o bem como o mal. O caminho da devoo superior aos outros dois e permite mente fixar-se no supremo. Os devotos se entregam a Deus, que tem piedade deles e lhes assegura salvao. Para desenvolver a manter esta atitude religiosa essencial, a pessoa deve estar constantemente empenhada no servio e adorao de Deus, devotando corpo e alma ao servio de Deus. A cosmoviso hindu Tendo visto as abordagens bsicas do hindusmo s questes da origem e destino da vida, que espcie de cosmoviso notamos nesta religio antiga? Primeiro, uma viso baseada num conceito politesta e pantesta de Deus. Enquanto os hindus adotam muitos deuses e muitos senhores e tm a opo de escolher uma divindade favorita, tambm mantm a doutrina da onipresena em seu sentido ltimo isto , deuses existem em toda parte, l e aqui. Filosoficamente, os hindus se do ao luxo de adorar deuses diferentes para propsitos diferentes, ocasies diferentes e por pessoas diferentes. Essa doutrina da multiplicidade de deuses jaz raiz da tolerncia e acomodao, que parte integral da filosofia e cultura hindus.
Segundo, a cosmoviso hindu contempla o cosmo como num processo de evoluo contnua da matria para a vida, para a conscincia, para a inteligncia e finalmente para a espiritualidade. Atingir essa espiritualidade final a salvao ltima, unicamente pelo esforo prprio. A salvao deve ser operada por uma vida de boas obras, conhecimento e devoo. Cada pessoa luta atravs deste processo do mesmo modo como cada um luta com a lei do karma com a tenso do fatalismo de um lado e a liberao do outro e dentro dos parmetros de renascimento e reencarnao. A salvao final obra do indivduo.
Terceiro, a cosmoviso hindu tem um sistema de castas no cerne de sua sociologia. O conceito de casta atribui diferentes valores aos seres humanos e exclui um grande nmero fora de seu privilgio e dignidade.
A cosmoviso crist A cosmoviso crist drasticamente diferente. Tem seu fundamento num Deus pessoal que criou o cosmo e tudo o que nele h. O conceito da criao divina fere no s a raiz da evoluo materialista e de todos os seus desvios, mas tambm coloca o ser humano dentro do contexto de um Deus que ama, cuida e salva. Assim, homens e mulheres no so apenas criaturas de Deus, mas tambm objeto de Sua graa e de Seu propsito redentor. A salvao, por conseguinte, no uma realizao humana, mas uma ddiva divina a ser aceita pelos seres humanos. No somos amarrados por uma lei de karma ou destinados a passar pelo ciclo infindo da reencarnao, mas somos convidados a aceitar o dom divino da salvao pela f em Sua obra redentora efetuada por Jesus. Na cosmoviso crist, a vida tem significado e a histria avana para seu destino, quando Deus por fim ao pecado, sofrimento e morte e criar uma nova terra de justia e paz.
As cosmovises hindu e crist Toda tentativa de compreender a mente hindu levar inevitavelmente a uma comparao das cosmovises hindu e crist. Tal comparao leva a contrastes e entendimentos amplos. 1. O conceito de Deus. Ao passo que o politesmo e o pantesmo formam o arcabouo do conceito hindu de Deus, a cosmoviso crist ancora sua crena num conceito monotesta. Com efeito, ele refora essa posio por seu relato da Criao. O monotesmo pressupe que h um s Deus e que este Deus a fora motriz do mundo. Este conceito diametralmente oposto filosofia hindu, na qual Deus impessoal e sem relao com os seres humanos, ao passo que o conceito cristo pessoal e implica relacionamento. 2. O conceito das origens. O pensamento hindu sustenta a posio da evoluo, que abraada por alguns cristos. Contudo, os cristos que aceitam o relato de Gnesis como histrico e verdadeiro s podem rejeitar a evoluo como uma opo na compreenso das origens. A Bblia inequivocamente sugere que pela palavra do Senhor foram feitos os cus. Naturalmente essa afirmao um ato de f, mas toda experincia religiosa uma experincia de f. Ademais, enquanto a aceitao hindu da evoluo confunde Deus e a natureza (pantesmo, portanto), a negao crist da evoluo e a afirmao da Criao tornam Deus e a natureza ontologicamente separados. Conseqentemente, Deus para um cristo est acima da natureza e em posio de julgamento da mesma no que concerne entrada do pecado. 3. O conceito da salvao. Para os hindus a salvao vem como resultado de suas boas obras, conhecimento ou devoo. As aptides e atividades humanas decidem a salvao. O conceito cristo da salvao singular: aceitar e seguir a Jesus, que disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. A diferena significativa entre o conceito hindu de moksha e o conceito cristo de salvao a diferena entre o que sou e de quem sou: a minha vida controlada e governada desde o nascimento por uma fora impessoal ou sou eu um filho de Deus criado Sua imagem e sustentado por Sua graa? Ademais, o hindusmo argumenta que o karma decide nosso destino; isto , as aes determinam nosso fim. O cristianismo bblico, por outro lado, afirma que a f num Deus pessoal decide nosso destino. Assim, a f bsica e essencial para nossa sobrevivncia espiritual como cristos. 4. O conceito de liberdade. A lei do karma d ao fatalismo um papel cruel no dogma hindu. Fatalismo a crena em que seu destino foi predeterminado por um poder mais alto que voc. Os hindus atribuem experincias negativas ou realizaes positivas fatalidade. Assim a vida programada, determinada e vivida muito antes de voc nascer. Esse fatalismo nega qualquer liberdade na obteno da salvao. O conceito cristo de liberdade no pode ser explicado ou descrito filosoficamente. Essa liberdade tem de ser experimentada. liberdade do pecado. No liberdade para imergir no divino, mas liberdade para ser libertado do poder escravizador do pecado, a fim de viver em paz com Deus e com o prximo.
Partilhando a Palavra Com base no que temos visto, o cenrio de nossa viagem de trem pode ser bem fascinante. O sistema de crenas muito complexo, com filosofia e lgica prprias. Abordar um crente nesse sistema com o evangelho cristo ou mesmo dialogar com tal pessoa no simples. Contudo, o hindusmo no um sistema fechado; aberto, tolerante e acomodatcio. Levanta e tenta responder a questes que so comuns raa humana. E nesse nvel podemos dialogar. Mas no podemos abordar a tarefa com arrogncia intelectual ou superioridade de qualquer espcie. A tarefa requer compreenso, humildade e respeito. Tambm requer nossa submisso ao Esprito Santo, que capaz de tocar todo corao com a mensagem de amor que o Criador tem para cada ser humano. Acima de tudo, a tarefa requer uma vida que reflita os reclamos do evangelho, de modo que aquilo que Mahatma Ghandi uma vez disse possa de fato verificar-se: Mostre-me um cristo, e me tornarei um.
Edison Samraj (Ph.D., Universidade de Puna, ndia) editor-chefe da Casa Publicadora Oriental Watchaman. Seu endereo: Oriental Watchman Publishing House, Post Box 1417, Puna 4411037; ndia Dilogo 10:3 - 1998