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2009
© 2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito
dos autores e do detentor dos direitos autorais.
Inclui bibliografias
ISN: 978-85-387-0779-0
CDD 658.5
Gabarito.................................................................................................................. 165
Referências............................................................................................................ 169
Anotações.............................................................................................................. 187
Introdução
O mundo globalizado tem vivido nos últimos anos a
sua mais intensa e rápida evolução tecnológica. Os refle-
xos e as consequências dessa (re)evolução são inúmeros e
podem ser sentidos nos comportamentos das empresas e
dos consumidores. No caso das empresas, novas estruturas
organizacionais vêm tomando forma contribuindo, inclu-
sive, para o surgimento de uma nova disciplina científica
denominada de Redes Colaborativas. No caso dos consu-
midores, um papel mais ativo – e menos reativo – é o que
se vem sentindo, com essa mudança de comportamento
sendo diretamente influenciada pelas novas ferramentas
baseadas em Tecnologias de Informação e Comunicação.
A nova geração web vem participando – na maioria dos
casos, sem se dar conta – de um movimento silencioso de
formação de prosumers (produtor + consumidor).
A nova disciplina de Redes Colaborativas (RCs), que vem se firmando nos últimos
anos nos meios acadêmico e industrial, constitui um esforço na direção da concretiza-
ção e, principalmente, da modernização do conceito tradicional de colaboração entre
empresas. As RCs são formadas por um grupo de atores (instituições e/ou empresas
– do setor privado ou público –, profissionais liberais, Organizações Não Governamen-
tais etc.) que têm a predisposição de colaborar através de uma rede para atender a
uma oportunidade de negócio ou a um interesse comum fazendo uso de Tecnologias
de Informação e Comunicação (TIC).
redes internacionais
9
Bremer (1996 apud AMATO, 2005) destaca como razões estratégicas o comparti-
lhamento de recursos, instalações e, eventualmente, competências a fim de ampliar
o alcance geográfico ou tamanho aparente que um concorrente pode oferecer a um
cliente, além da possibilidade de dividir os riscos e os custos de infraestrutura.
RCs são, portanto, constituídas por uma variedade de entidades (ex.: organiza-
ções e indivíduos) que são em grande parte autônomas, geograficamente distribuídas
e heterogêneas em termos de seus ambientes de operação, cultura, capital social e
objetivos. Entretanto essas entidades colaboram para melhor atingir objetivos comuns
ou comparativos e suas interações são suportadas por redes computacionais. (CAMA-
RINHA-MATOS, 2005b)
10
(CAMARINHA-MATOS; AFSARMANESH, 2004. Adaptado.)
Redes Colaborativas (RCS)
Comunidades Organizações em
Virtuais de Redes Colaborativas (ORC)
Profissionais (PVC)
Organização
Empresa Virtual (OV)
Estendida Cadeia de Suprimento Empresa
(EE) Estrela ou Cubo Virtual
Par a par (EV)
Laboratório ...
Virtual (LV)
Ambiente de Criação de
Organizações Virtuais (VBE)
Figura 1 – Algumas manifestações de Redes Colaborativas.
... ...
11
Para um esclarecimento sucinto das formas de cooperação tradicionais, temos:
Alianças – parceria entre duas ou mais empresas (podendo ser inclusive com-
petidoras) para complementar o fornecimento (de valor) ao longo da cadeia;
Holding – parceria entre duas ou mais empresas (podendo ser inclusive com-
petidoras) para complementar o fornecimento (de valor) ao longo da cadeia;
12
que são definidas como um conjunto de organizações (legalmente) independentes que
compartilham recursos e habilidades para alcançar uma missão ou objetivo, mas que não
estão somente limitadas a uma aliança que visa ao lucro. Essas organizações proveem ao
mercado um conjunto de serviços e funcionalidades, como se todas elas juntas represen-
tassem uma única organização (CAMARINHA-MATOS; AFSARMANESH, 2004).
Segundo Katzy et al. (2005), três tipos de OVs aparecem frequentemente citadas
na literatura (Figura 3):
tipo estrela: em que os parceiros interagem com um cubo (hub) central ou com
um centro estratégico (também conhecido como empresa dominante); e
par a par: em que existem múltiplas relações entre todos os nós, sem seguir
uma determinada hierarquia.
A Figura 4 exemplifica alguns dos papéis que podem ser exercidos ao longo do
ciclo de vida de uma OV que conta, basicamente, com quatro fases principais: criação,
13
operação, evolução e dissolução (SPINOSA et al., 1998; CAMARINHA-MATOS; AFSAR-
MANESH, 1999; PEREIRA-KLEN et al., 2005). A seguir, serão apresentados alguns deta-
lhes dessas fases.
Evolução: esta fase pode ou não ocorrer durante o ciclo de vida de uma OV.
Sua ocorrência depende, entre outros, da necessidade de se adicionar ou
substituir um participante à/da OV. Isso pode acontecer devido ao aconte-
cimento de eventos inesperados como, por exemplo, capacidade de produ-
ção (temporariamente) insuficiente, falta de recursos humanos adequados
etc. Nesta fase são requeridas funcionalidades semelhantes àquelas da fase
criação.
14
(ECOLEAD, 2005b)
Gestor
da OV Membros
da OV
Planejador
da OV
Operação
Criação OV Dissolução
Evolução
Coordenador
Broker Membros da VBE
da VBE
Figura 4 – Alguns/principais papéis exercidos no ciclo de vida de uma OV.
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Coordenador da VBE: também conhecido como gerente da VBE ou admi-
nistrador da VBE, este papel é executado por uma pessoa responsável pela
operação e evolução da VBE, promoção da cooperação entre os membros
da VBE, gestão diária dos processos gerais da VBE, executando políticas
comuns entre eles.
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criar rapidamente uma OV em um ambiente de criação (1b) do que através de uma
busca de parceiros generalizada (2). Em outras palavras, VBEs contribuem substancial-
mente para incrementar o nível de preparação dos seus membros para participação
em potenciais processos colaborativos.
Ambiente de Criação de
(AFSARMANESH, 2005)
Universo aberto Organizações Virtuais (VBE)
de organizações Aquisição de membros
Acordo de cooperação
Infraestrutura comum
Princípios de divisão Universo de
fronteiras
1a controladas
Oportunidade
Seleção de parceiros da OV
de negócio
Rápida negociação de contrato
1b Parametrização de infraestrutura
Um VBE não necessita ser uma organização fechada, novos membros podem se
juntar e aderir a essa associação, mas eles devem concordar com os princípios gerais
de operação dessa associação (ECOLEAD, 2005c).
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similares, percepções de problema, técnicas de resolução de problema, valores profis-
sionais, e comportamento. PVCs são um dos elementos mais relevantes para manter
o ecossistema de negócio “vivo” e para o lançamento e operação de OVs dinâmicas
(CAMARINHA-MATOS et al., 2005b).
(KATZY, 2002b)
Planejamento
Desenvolvimento
da comunidade
central
Projeto de
tecnologia
Desenvolvimento
da comunidade
em geral
Crescimento da
comunidade
Projeto de tecnologia – uma comunidade de sucesso precisa ter uma junção fle-
Novas estruturas organizacionais
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Crescimento da comunidade – o estágio final do processo de criação é a manu-
tenção de eventos contínuos. Agrupamento esmerado de eventos, de acordo com seus
estágios de ciclo de vida, facilitarão o processo de comparação (eventos relacionados).
Discussões organizadas parecem ser um caminho efetivo para extrair o conhecimento
de cada indivíduo e para dividi-lo entre outros e o banco de dados de conhecimento
pode ser usado como medida de sucesso da comunidade.
Dentro de uma empresa, PVC pode ser um meio de criar competências e de ge-
renciar conhecimento como recurso estratégico através dos níveis da organização hie-
rárquica, divisão de barreiras e de diferença cultural (KATZY, 2002b).
Termos e definições
Por ser ainda uma disciplina recente, os termos e definições advindos da área de
Redes Colaborativas podem ser apresentados com pequenas variações em outras pu-
blicações, inclusive as abreviações. Esse ajuste se fará através do tempo ou em ações
de respaldo como aconteceu na Europa com a aplicação do Projeto ECOLEAD, (http://
ecolead.vtt.fi/) cofinanciado pela Comissão Europeia, que vem servindo como base
para melhor interpretação do tema.
Texto complementar
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indústrias na Europa. A principal ideia no ECOLEAD foi que um impacto substancial na
materialização de redes colaborativas de negócios requer uma abordagem holística
compreensível. Dada a complexidade da área e as múltiplas interdependências entre
as entidades de negócios, atores sociais e abordagens tecnológicas envolvidos, bar-
reiras substanciais não podem ser quebradas com inovações incrementais em áreas
isoladas. Desta forma, o projeto ECOLEAD atuou em três áreas fundamentais e inter-
relacionadas, que são a base para organizações em rede dinâmicas: Ambientes de
Criação (Breeding Environments), Organizações Virtuais Dinâmicas (Dynamic Virtual Or-
ganizations) e Comunidades Virtuais Profissionais (Professional Virtual Communities).
20
“Os novos paradigmas estratégicos e de gestão alteraram os requisitos de ne-
gócio, exigindo novas habilidades e competências dos atores da cadeia, em função
da maior integração e interdependência.”
entre outros…
Divulgação Isoin.
Divulgação
Comarch.
Novas estruturas organizacionais
22
Divulgação Orona
Eic.
Divulgação
CeBeNetwork.
Orona Eic S. Coop. – Espanha CeBeNetwork GmbH – Alemanha
www.orona.es www.cebenetwork.com
Divulgação
Joensuun
Tiedepuisto Oy
Finland.
Divulgação
Virtuelle Fabrik.
Joensuun Tiedepuisto Oy – Finlândia Virtuelle Fabrik AG – Suíça
www.carelian.fi www.virtuelle-fabrik.com
Divulgação Edinform.
Divulgação
Virfebras.
Edinform SpA – Itália Associação de Ferramentarias – Brasil
www.edinform.it www.virfebras.com.br
23
Divulgação SoCol Net.
Divulgação
ECOLEAD.
Divulgação Pro-Ve.
Pensando em ganhos para todos!
“Numa parceria, você tem que desejar para seu sócio exatamente o que deseja
para si próprio.”
Atividades
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2. Indique três formas de colaboração emergentes.
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A evolução da produção e dos consumidores
Domínio público.
A “manu”“fatura”
Antes do século XVIII e da sua famosa Revolução Industrial, “manu” “fatura” (no
seu estrito sentido da palavra, isto é, do latim: manu + factura – “feito a mão”) era o
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único tipo de produção conhecido. Os artesãos da chamada Idade Moderna (1453-1789)
eram simultaneamente responsáveis pelo planejamento, desenvolvimento e execução
do produto, assim como pelo trabalho de venda e pós-venda. Desde produtos relaciona-
dos à tecnologia de ponta da época (como os inventos de Leonardo da Vinci) até aqueles
considerados gêneros de primeira necessidade, como roupas e sapatos.
A tecnologia disponível era precária e rudimentar. Mas, ainda assim, atendia aos
anseios daquela geração. Os produtores daquela época, muitas vezes, eram eles pró-
prios os clientes, ou seja, produziam para si mesmos. Ou, então, como a grande maio-
ria dos produtos era “manu” “faturado”, os clientes tinham grande poder de influência
sobre o produtor, tanto no caso de produtos (roupas ou sapatos feitos especialmente
para uma determinada pessoa, por exemplo) como no caso de serviços. Era uma pro-
dução tipicamente artesanal em que trabalhadores altamente qualificados, usando
ferramentas manuais, fabricavam cada produto (e um de cada vez) de acordo com as
especificações do consumidor. É famosa, por exemplo, a história da pintura da Capela
Sistina. Diz-se que, para a realização desta obra, Michelangelo teria feito o trabalho
contrariado, convencido de que era mais um escultor do que um pintor. Mas o Papa
Júlio II, sobrinho de Sisto IV (que vem a dar nome à Capela) e quem o encarregou de
pintar o famoso teto, exerceu seu poder de cliente (WIKIPÉDIA, 2009a). Mas a nego-
ciação não parou aí. Michelangelo deveria, originalmente, pintar os 12 Apóstolos, mas
negociou com seu cliente e pediu uma tarefa mais audaciosa. Foi então que, clien-
te e produtor, acordaram em um esquema que representasse a Criação, a Queda do
Homem e a Promessa da Salvação (WIKIPÉDIA, 2009b).
Comportamento prosumer
Durante a Idade Moderna, e os tempos que a precederam, a maioria das pessoas
consumia o que elas mesmas produziam. Era uma “produção para uso”. Ou seja, as pes-
soas não eram nem produtoras nem consumidoras. Toffler, escritor norte-americano
A evolução da produção e dos consumidores
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social dominante. Nas cidades, as relações produtivas eram mescladas: o artesanato,
praticado em oficinas, nas quais o mestre artesão e os artesãos auxiliares eram produ-
tores e donos dos meios de produção necessários à confecção do produto, dominando
todas as etapas da transformação, da matéria-prima até chegar ao produto final; e as
manufaturas, onde os trabalhadores urbanos eram muitas vezes reunidos num mesmo
local de trabalho, cada um desempenhando uma atividade específica, utilizando prin-
cipalmente as mãos para transformar a matéria-prima (um sistema de produção carac-
terizado basicamente pela divisão do trabalho e aumento da produtividade, mas ainda
sem o auxílio de máquinas em grande escala) (PORTALBRASIL, 2009).
Foi apenas no final da Idade Moderna que a classe burguesa reuniu meios para edi-
ficar uma ordem social, política e econômica à sua própria imagem, embora somente
os acontecimentos da segunda metade do século XVIII, como a Revolução Industrial, a
independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa, consolidassem definitiva-
mente a posição da burguesia, inaugurando a Idade Contemporânea. Assim, sendo um
período de transição, a Idade Moderna reforçou a importância do comércio e da capi-
talização, que constituíram a base sobre a qual se desenvolveria o sistema capitalista, o
qual foi um dos principais responsáveis por separar as funções dos prosumers nascendo,
assim, o que agora conhecemos por produtores e consumidores (TOFFLER, 1980).
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também para aquelas consideradas “gerenciais”. Surgia, assim, uma das mais famosas
estruturas organizacional e gerencial que defendia a separação do trabalho mental do
trabalho físico e a retenção de todo o poder de decisão nas mãos da gerência.
Fordismo
Seguindo a cronologia dos fatos, em 1903 é criada a “Ford Motor Company” (FORD,
2008). Um marco na história da manufatura que deve seu mérito ao seu idealizador, Henry
Ford. Considerado o inventor da produção em massa (que, por essa razão, também ficou
conhecida como Fordismo) Ford consagrou a montagem em série para a produção em
massa de automóveis em menos tempo e a um menor custo (ROCHA, 2003).
Ford era considerado um pacifista e via no consumismo uma chave para a paz
(WIKIPÉDIA, 2009c). Dessa forma, seus “clientes consumidores” eram estimulados ao
consumismo através do preço baixo dos veículos que produzia (o famoso “modelo T”
era vendido em 1908 por US$825,00, mas seu preço foi baixando gradativamente a
cada ano e chegou a ser vendido em 1916 por US$360,00) e também graças à alta pro-
dução conseguida pelos seus métodos considerados pouco ortodoxos para a época,
como a montagem em esteiras em movimento e o processo de pintura não diferen-
ciado. É célebre a frase de Ford em que ele diz: “O cliente pode ter o carro da cor que
quiser, contanto que seja preto” (FORD; CROWTHER, 2003).
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Manufatura enxuta
Os anos se seguiram e, no início dos anos 1950, encontramos Taiichi Ohno, que
trabalhava para uma pequena e quase falida empresa de carros japoneses conhecida
como Toyota. A empresa buscava reduzir os custos e aumentar a eficiência – assim como
Ford havia feito no início do século. Por isso, Ohno foi até a fonte. Viajou para os Estados
Unidos para estudar as linhas de montagem da Ford e logo percebeu que a produção em
massa no Japão enfrentaria grandes problemas, por diversos motivos (GODINHO FILHO,
2004):
o Japão tinha um mercado interno limitado, que demandava uma vasta varie-
dade de veículos, tornando a produção em massa inviável;
a força de trabalho nativa do Japão não era propensa a ser tratada como custo
variável ou peça intercambiável;
inexistiam no Japão os trabalhadores-hóspedes, isto é, trabalhadores tempo-
rários dispostos a enfrentar condições precárias de trabalho em troca de re-
muneração compensadora. Esses indivíduos no ocidente constituíam o grosso
da força de trabalho na maioria das empresas de produção em massa;
a economia do Japão encontrava-se devastada pela guerra.
Assim, na sua volta ao Japão, juntamente com seus colegas da Toyota, Ohno de-
senvolveu o Sistema Toyota de Produção (GHINATO, 1996) que revolucionou, mais
uma vez, os modelos de manufatura. Era cunhado, então, o termo lean manufacturing
(manufatura enxuta). Com a manufatura enxuta, Ohno propôs que se concentrassem
na eliminação incansável do desperdício de tempo e de atividades em cada parte do
processo de manufatura. O resultado disso é que foram capazes de reduzir radical-
mente os custos e os prazos de entrega da produção. Eles também desenvolveram um
processo que possibilitou a mudança rápida do equipamento e das linhas de produ-
ção para produzir diferentes modelos (TMB, 2009). Como resultado, a Toyota foi capaz
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Desperdício de superprodução – provém, em geral, de problemas e restrições
do processo produtivo, tais como altos tempos de preparação de equipamen-
tos, induzindo à produção de grandes lotes; incerteza da ocorrência de proble-
mas de qualidade e confiabilidade de equipamentos, levando a produzir mais
do que o necessário; falta de coordenação entre as necessidades (demanda) e
a produção, em termos de quantidades e momentos; grandes distâncias a per-
correr com o material, em função de um arranjo físico inadequado, levando à
formação de lotes para movimentação, entre outros. Desse modo, a filosofia
enxuta sugere que se produza somente o que é necessário no momento e, para
isso, que se reduzam os tempos de set up, que se sincronize a produção com a
demanda, que se compacte o layout da fábrica, e assim por diante.
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Desperdícios de estoque – significam desperdícios de investimento e espaço.
A redução dos desperdícios de estoque deve ser feita através da eliminação das
causas geradoras da necessidade de manter estoques. Eliminando-se todos os
outros desperdícios, reduz-se, por consequência, os desperdícios de estoque.
Isso pode ser feito reduzindo-se os tempos de preparação de máquinas e os
lead times1 de produção, sincronizando-se os fluxos de trabalho, reduzindo-se
as flutuações de demanda, tornando as máquinas confiáveis e garantindo a
qualidade dos processos.
zero defeito;
estoque zero;
movimentação zero;
quebra zero;
1
Lead time ou tempo de aprovisionamento, em português europeu, é o período entre o início de uma atividade, produtiva ou não, e o seu término (WIKIPÉDIA,
2009d).
2
Just-in-Time: no fluxo de produção, os materiais e componentes só serão produzidos ou recebidos nas quantidades certas, com a qualidade desejada, no
momento necessário (DE MOURA, 2004).
3
CAD – Computer Aided Design; CAM – Computer Aided Manufacturing; CAPP – Computer Aided Process Planning.
33
principalmente, nos anos 1980. A ideia da integração total e plena, possibilitada pelo CIM
(Computer Integrated Manufacturing – Manufatura Integrada por Computador), embora
não tenha correspondido totalmente às expectativas, foi um marco para as empresas de
manufatura, já que prometia a integração e o controle de todos os processos de produ-
ção através do computador. A visão dos anos 1980, que também ficou conhecida como
manufatura digital4, tinha como um de seus objetivos principais flexibilizar ainda mais
a manufatura (WALDNER, 1992; DE TONI; TONCHIA, 1998). Foi mais uma época de gran-
des mudanças e adaptações para as empresas. A integração vislumbrada à época não
chegou a se tornar uma realidade, mas enormes avanços foram feitos nessa direção.
Manufatura ágil
Ainda nos inícios dos anos 1990, a manufatura ganhou novos contornos. Ela passou,
agora, a ser ágil. Os pesquisadores que cunharam o termo “manufatura ágil” (GOLDMAN
et al., 1991) receberam do congresso norte-americano a incumbência de realizar um
estudo para definir as bases da indústria do próximo século (ou seja, do século XXI, no
qual nos encontramos hoje). O estudo deveria definir como as empresas americanas
poderiam voltar a se tornar competitivas internacionalmente, fazendo frente às novas
potências industriais e principalmente ao Japão.
alta qualidade aos clientes. A manufatura ágil, então, se apresentava como extremamen-
te adequada a ambientes de mudanças rápidas e com alta incerteza.
Ainda segundo Kidd, a manufatura ágil segue cinco princípios básicos: mudança
contínua; resposta rápida; melhoria da qualidade; responsabilidade social; e foco total
no cliente. E, com base nesses princípios, Colin et al. (1997) listam os principais concei-
tos (cujas características genéricas devem ser adaptadas para cada caso) para a elabo-
ração de uma metodologia de projeto e de implementação de uma manufatura ágil:
4
A manufatura digital é uma iniciativa alinhada aos objetivos estratégicos de fortalecer a colaboração nas empresas. Ela integra o projeto do produto ao plane-
jamento dos processos de manufatura e de suporte ao produto. Produtos, processos e recursos são modelados a partir de dados reais, em uma fábrica virtual. O
funcionamento desta fábrica virtual é testado até sua validação. Ao final, os resultados são aplicados na fábrica real (CARLI; DELAMARO, 2007).
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Uma estratégia para transformar um empreendimento convencional em um
empreendimento com manufatura ágil: o objetivo deve ser o uso das habilida-
des humanas associadas à utilização de recursos computacionais disponíveis.
Deve-se levar em consideração os fatores organizacional, pessoal e tecnoló-
gico de uma maneira associativa, integrativa e complementar, sem priorizar
nenhum dos mesmos.
Customização em massa
As décadas de 1980 e 1990 foram muito proveitosas em termos de modelos de
35
Segundo Godinho Filho (2004) o termo customização em massa surgiu em 1987
no livro O Futuro Perfeito, de Stanley Davis, que deixou claro que as tecnologias exis-
tentes na época não permitiam uma ampla customização de produtos e serviços. Mas
o próprio Davis previa que, no futuro, a customização em massa prevaleceria. Ainda
de acordo com Godinho Filho, autores como Kotha (1995), Pine (1993), Duray et al.
(2000) e outros sustentam a tese de Davis ao sugerir que os avanços na tecnologia da
manufatura e da informação associados com a evolução dos princípios administrativos
tornaram a customização em massa uma prática mais viável. Dessa forma, a customi-
zação em massa pode ser entendida como uma evolução natural dos processos de ne-
gócios, resultante do aperfeiçoamento das tecnologias e dos padrões tradicionais de
organização de processos que possibilitou aumentar significativamente a flexibilidade
e agilidade da empresa, bem como melhorar seus índices de qualidade, mantendo os
custos competitivos (SAHIN, 2000).
Existe uma grande literatura disponível que trata de produção em massa, da manu-
fatura enxuta, da manufatura ágil, da customização em massa e de outros tantos mode-
los relacionados (como a manufatura responsiva, a manufatura flexível etc.), incluindo
estudos comparativos dos modelos em questão (DE CAMPOS, 1998; GODINHO FILHO,
2004). Contudo, não é o objetivo desta seção incursionar exaustivamente através de
cada um desses modelos. O objetivo maior é dar ao leitor uma pequena amostra da
evolução dos modelos de manufatura nos últimos tempos e associá-la tanto à evolu-
ção das tecnologias de comunicação e informação quanto à mudança do comporta-
mento dos clientes.
apenas para as empresas, mas para toda a organização que se assuma como orien-
tada para o mercado (DUBOIS, 1998, apud VIEIRA, 2004). Por esta razão, o estudo
do comportamento do consumidor surgiu como um campo de estudo na década
de 1960, mais precisamente em 1968, através da influência de escritores como
Engel, Blackweel e Miniard (RODRIGUES; JUPI, 2004), que visavam identificar as va-
riáveis que rodeiam o consumidor5. Em seu artigo “O comportamento do consumi-
dor – fatores que influenciam em sua decisão de compra”, Rodrigues e Jupi (2004)
apresentam como fatores de influência na decisão de compra as motivações, a per-
sonalidade e as percepções dos consumidores. Também destacam as variáveis, que
5
Estudos sobre o consumo, entretanto, são mais antigos e remontam ao século XIX (VEBLEN, 1994).
36
são consideradas muito importantes no ato da compra: as classes sociais, as variáveis
sociais, as variáveis econômicas e as variáveis culturais. Perspectivas extremamente
importantes para a caracterização do consumidor que podem refletir tanto o consu-
mo utilitário quanto o consumo do supérfluo.
Adam Smith (1776) via no consumo dos bens supérfluos uma forma de desenvol-
vimento econômico da humanidade. De acordo com McKendrick et al. (1982), na Ingla-
terra do século XVIII deu-se, ao lado da Revolução Industrial, a emergência de práticas
regulares de aquisição de bens duráveis, mais especificamente voltadas ao vestuário,
fenômeno reconhecido como a Revolução do Consumo. De acordo com os estudos
feitos por Almeida Jr. e Andrade (2007), para alguns autores, o comportamento consu-
mista já pôde até ser percebido ao longo dos séculos XVII e XVIII em manifestações de
grupos abastados e na corte de grandes monarcas, como Luis XIV, mas seria somente
no final do século XX que se configuraria um consumo massivo e institucionalizado,
como o que conhecemos hoje.
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Texto complementar
Ela diz que somos todos como o rio que vai descendo, procurando o melhor
caminho. Podemos nos enganar muitas vezes, mas isso fará parte do aprendizado e
não da derrota. Podemos cansar de tudo e, deprimidos, querermos até desistir.
No entanto, começa a cair uma chuvinha irritante que termina nos fazendo trans-
bordar e lá vai o rio descendo novamente, seguindo caminho, inapelavelmente.
O rio, então, muda-se para um lugar onde não chova e ele possa continuar sua
reclusão em paz, onde ele possa sofrer sozinho sem ninguém para lhe dar lições de
moral. Mas aí, acaba descobrindo que aos poucos está se transformando em vapor,
subindo para o céu e virando nuvem. Ele até pensa em aproveitar e seguir como
uma nuvem até o polo sul, onde desceria como neve e ficaria como aquelas monta-
nhas de gelo, solitárias e autossuficientes.
38
Mostrou ao mundo que podia ficar deprimido e desistir de tudo, tinha esse
direito de não querer seguir em frente, de não querer se transformar. Então, com-
pletamente exausto, sorriu satisfeito e morreu. E a morte veio saudar-lhe com todas
as honras. Afinal, um rio que dedicou sua vida inteira a se transformar no lago mais
distante da mais profunda caverna, e conseguiu, é mesmo um rio bem especial.
Um rio que captou como nenhum outro que a evolução é o sentido da vida.
Moral da história:
Tudo se transforma, cada um a seu modo, ainda que insista em não se transfor-
mar. Porque somos a própria evolução.
Atividades
3. O que pode ser indicado como fator(es) estimulador(es) para o retorno do con-
sumidor prosumer?
39
A produção colaborativa e a volta
do cliente prosumer
A evolução do paradigma da produção em massa para novos paradigmas está,
sem dúvida, estreitamente relacionada ao desenvolvimento tecnológico dos sistemas
produtivos, bem como das próprias tecnologias de informação e de comunicação. As
facilidades proporcionadas por esses avanços tecnológicos têm um papel fundamen-
tal em todo esse processo de transição e evolução.
Recentemente, com o surgimento das Redes Colaborativas, mais um paradig-
ma foi quebrado e um novo surgiu. Como consequência direta da globalização e do
avanço das tecnologias de informação e de comunicação, as empresas tiveram que se
adaptar e mudar a sua maneira de fazer negócios. A produção se tornou colaborativa.
Empresas se juntam em redes para compartilhar habilidades e recursos e, com isso,
atingir um objetivo comum. Tudo isso, com o apoio e o suporte fundamental e indis-
pensável das novas tecnologias.
Objetivos comuns
integração Entidades articuladas
trabalhando juntas
(criando junto)
Coordenação em rede
Adicionalmente à troca de informações, a coordenação envolve o alinhamento
e a alteração de atividades para que se possa alcançar resultados mais eficientes. Co-
ordenação, definida como o ato de trabalhar junto de forma harmoniosa, é um dos
principais componentes da colaboração.
Cooperação em rede
Envolve não somente troca de informações e ajustes de atividades, mas também
compartilhamento de recursos para atingir objetivos compatíveis. Cooperação é atin-
A produção colaborativa e a volta do cliente prosumer
cada participante executa sua parte do trabalho (de uma maneira quase
independente);
objetivos compatíveis (de modo que seus resultados possam ser somados ou
compostos em uma cadeia de valor resultando no produto final ou serviço).
1
Lobbying: ação de intermediar.
42
Colaboração em rede
Consiste no processo em que as entidades compartilham informações, recursos
e responsabilidades para que, de maneira comum, possam planejar, implementar e
avaliar um programa de atividades visando atingir um objetivo comum. Colaborar tem
origem no latim collaborare, significa “trabalhar junto” e pode ser entendido como um
processo de criação conjunta, ou seja, um processo no qual um grupo de entidades
intensifica as aptidões um do outro. Isso implica compartilhar riscos, recursos, respon-
sabilidade e recompensas. Requer confiança, tempo, esforço e dedicação.
43
analisar os colaboradores e de líderes que possam ajudar a orientar e administrar as
interações, assim como auxiliar na integração das contribuições díspares dos usuários.
Além disso, elas precisam estabelecer regras de cooperação e colaboração e descobrir
maneiras de motivar e coordenar a ação coletiva durante longos intervalos de tempo.
44
serviços baseados na plataforma web, como wikis, aplicações baseadas em folksono-
mia2 e redes sociais. Uma tendência que reforça o conceito de troca de informações e
colaboração dos internautas com sites e serviços virtuais (FOLHA DE S.PAULO, 2006).
Embora o termo tenha uma conotação de uma nova versão para a web, ele não se
refere à atualização nas suas especificações técnicas, mas a uma mudança na forma
como ela é encarada por usuários e desenvolvedores (WIKIPÉDIA, 2009).
Ao que tudo indica (O’REILLY, 2005), o marco divisor entre a Web 1.0 e o surgi-
mento da Web 2.0 foi o que os especialistas da economia chamaram de ”estouro da
bolha” das empresas ponto-com, em 2001. Segundo Tim O’Reilly (2006), o precursor
do uso do termo, a Web 2.0 significa a mudança para uma internet como plataforma, e
um entendimento das regras para obter sucesso nessa nova plataforma. Entre outras,
a regra mais importante é desenvolver aplicativos que aproveitem os efeitos de rede
para se tornarem melhores quanto mais são usados pelas pessoas, aproveitando a “in-
teligência coletiva”. Assim, os aplicativos “Web 2.0” são desenvolvidos de modo que
fiquem melhores quanto mais são usados, pois os usuários podem ajudar a torná-los
melhores. Por exemplo, quando um usuário avalia uma notícia, ele ajuda o software a
saber qual notícia é a melhor. Da mesma maneira, quando um usuário organiza uma
informação através de marcações (tags), ele ajuda o software a entregar informações
cada vez mais organizadas.
Algumas pessoas afirmam que o termo Web 2.0 surgiu somente como uma jogada
de marketing. A verdade é que ainda não existe um consenso sobre o que exatamente
é a Web 2.0. O blog http://web2.0br.com.br/, totalmente dedicado à discussão e re-
flexão sobre a Web 2.0 , justifica essa falta de consenso afirmando que só é possível
analisar um fato histórico depois de algum tempo de acontecido e como a Web 2.0
está em construção, ela ainda não tem sua forma final. “Nós ainda estamos moldando
a Web 2.0.”
2
A folksonomia é uma maneira de indexar informações. É uma analogia à palavra “taxonomia”, mas inclui o prefixo folks (do inglês: pessoas). Enquanto na
taxonomia clássica primeiro são definidas as categorias do índice para depois encaixar as informações em uma delas (e em apenas uma), a folksonomia permite
a cada usuário da informação classificar com uma ou mais palavras-chaves, conhecidas como tags (do inglês: marcadores). O primeiro site a usar folksonomia
foi o “deli.icio.us” e, em seguida, o flickr e o YouTube – três sucessos da Web 2.0.
45
“Melhor aproveitamento da inteligência coletiva e do poder de processamento
da máquina cliente. Poder às pessoas.” Marco Gomes – cocriador do boo-box (http://
boo-box.com/site/).
“Mudança ocorrida na vida dos usuários que com a banda larga passam mais
tempo on-line e exercem massivamente o potencial interativo da internet.” Carlos
Nepomuceno – autor do livro Conhecimento em Rede.
“Web 2.0 é um buzzword3 que define conteúdo gerado pelo usuário e com foco
no compartilhamento de informações. Tudo regado a AJAX4.” Nando Vieira – criador
do spesa (http://spesa.com.br/).
“Web 2.0 é um novo paradigma na utilização e criação de web sites mais parti-
cipativos e colaborativos.” Fabio Seixas – criador do Camiseteria (www.camiseteria.
com/).
“Web 2.0 é o momento em que o mercado, por força dos usuários, voltou a dar
importância para web depois do estouro da bolha.” Paulo Rodrigo Teixeira – criador
do OBR (http://0br.com.br/).
“Web 2.0 é o termo usado para identificar uma nova forma de navegar pela
internet e, consequentemente, de desenvolver aplicações orientadas à esta nova
geração de internautas.” Diego Polo – criador do linkk (www.linkk.com.br/).
A produção colaborativa e a volta do cliente prosumer
“Web 2.0 é como chamamos, depois de uma profunda análise histórica da web,
um conjunto de práticas que ao longo dos anos provaram dar resultado.” Gilberto
Jr. – criador do Outrolado (http://outrolado.com.br/).
“A Web 2.0 aponta para uma mídia popular, independente de grandes corpo-
rações, recriada pelos seus próprios usuários.” Frederick van Amstel – edita o blog
Usabilidoido (www.usabilidoido.com.br/).
46
“AJAX, redes sociais, CGM5: as definições mais comuns pra Web 2.0, ou um jeito
para se voltar a falar de internet? Para mim nada mudou, tudo evoluiu.” Michel Lent
– sócio-diretor da 10 Minutos (www.10sa.com.br/).
“Web 2.0 é buzzword, é fato que a internet está sofrendo transformações, mas
precisamos rotulá-la para que essas mudanças tenham validade? Pra maioria da po-
pulação mundial, que ainda está offline, essa é a Web 1.0.” Edney Souza – editor do
blog Interney (www.interney.net/).
“Sinaliza uma fase na web onde se pratica a liberdade de falar e ser ouvido. É
uma consequência natural do desenvolvimento da internet.” Vicente Tardin – editor
do Webinsider (http://webinsider.uol.com.br/).
“Web 2.0 usa a web como plataforma de socialização e interação entre usuários
graças ao compartilhamento e criação conjunta de conteúdo.” Guilherme Felitti – re-
pórter do IDG Now! (http://idgnow.uol.com.br/) e pesquisador sobre Web 2.0.
“Na Web 2.0 não somos mais nômades caçadores-coletores: temos nome, planta-
mos conteúdo, colhemos conhecimento e criamos novos mundos.”Rene de Paula Jr. – pro-
jetos especiais, Yahoo! Brasil e editor do blog Roda e Avisa (www.usina.com/rodaeavisa/).
5
CGM: Consumer-Generated Media ou mídia gerada pelo consumidor é um termo utilizado para descrever o conteúdo que é criado e divulgado pelo próprio
consumidor. (Wikipedia)
6
Para conhecer os principais sites Web 2.0 no Brasil e no mundo, acesse: http://lista2.0br.com.br/ e para ver um vídeo sobre a Web 2.0, visite um dos sites Web
2.0 mais acessados do mundo: www.youtube.com/watch?v=6gmP4nk0EOE (“Web 2.0 – The machine is Us/ing Us).
47
fazia a seguinte previsão (TOFFLER, 1980): “A coisa mais criativa que uma pessoa fará
daqui a 20 anos será a de ser um consumidor muito criativo. Isto é, você ficará sentado
em sua casa, fazendo coisas como desenhar uma roupa para si mesmo ou fazer modi-
ficações num modelo padronizado, então os computadores cortarão a peça pelo laser
e costurarão por meio de uma máquina numericamente comandada.” A esta previsão,
o próprio Toffler acrescentou o seguinte:
[...] se muitas pessoas terão a oportunidade, dentro em breve, de estar trabalhando em casa ou
em cabanas eletrônicas de amanhã, começaremos a imaginar uma mudança significativa nas
“ferramentas” acessíveis ao consumidor. Muitos dos mesmos dispositivos eletrônicos que usaremos
em casa para fazer trabalho remunerado também tornarão possível produzir mercadorias ou
serviços para nosso próprio uso.
Com isso, Toffler previu a volta do prosumer ao centro de uma ação econômica
baseada em tecnologia.
Primeiro, o consumidor assumiu uma postura cooperativa. Passou a utilizar os re-
cursos disponíveis na internet para produzir, principalmente, conteúdo (informação).
Nesse modelo cooperativo, cada participante executa sua parte do trabalho (de uma
maneira quase independente), tem um plano comum e objetivos compatíveis.
Mas esse era somente o começo da confirmação das previsões de Anderson e
Toffler. O uso da internet, de uma maneira geral, e o relacionamento das crianças com
a tecnologia aumentam exponencialmente a cada dia. Uma pesquisa divulgada pelo
Ibope//NetRatings (GLOBO.COM, 2009) mostrou em 24/07/2008 que o número de bra-
sileiros com internet em casa dobrou em três anos. Segundo esta pesquisa, o Brasil
tem 35,5 milhões de internautas com acesso residencial e cada usuário brasileiro passa
mais de 23 horas por mês conectado.
De acordo com o levantamento feito, em junho de 2005 eram 18,3 milhões os
brasileiros com acesso residencial à web, número que em junho de 2008 saltou para
35,5 milhões. Em relação ao tempo médio de navegação no mês, o salto foi de 39,8%
A produção colaborativa e a volta do cliente prosumer
de 2005 para 2008. O tempo médio mensal em junho de 2005 era de 16 horas e 54 mi-
nutos, mas em junho de 2008 subiu para 23 horas e 12 minutos. O estudo ainda indica
que o número de junho de 2008, ainda que tenha representado uma queda de 36 mi-
nutos sobre o tempo registrado em maio do mesmo ano, mantém o Brasil como país
onde a população passa mais tempo conectada, com três horas à frente do segundo
colocado, a Alemanha, cujo tempo médio de navegação foi de 20 horas e 11 minutos
em junho. Na avaliação do Ibope, a queda sobre maio se deveu ao fato de junho ter
um dia a menos (30 dias). A pesquisa relata que o número de usuários ativos, aqueles
que acessam a internet pelo menos uma vez no mês, cresceu para 22,9 milhões, ante
os 18 milhões existentes em junho de 2007 e os 11,5 milhões em junho de 2005. Outra
informação interessante diz respeito aos dados relativos ao primeiro trimestre de 2008
do Global Internet Trends (GNetT) que indicam que 41,565 milhões de pessoas com 16
anos ou mais declararam ter acesso à internet em qualquer ambiente (casa, trabalho,
escola, cybercafés, bibliotecas e outros locais).
48
E as pessoas com menos de 16 anos?
Em outubro de 2007, a Nickelodeon realizou uma pesquisa com sete mil crianças
entre 8 e 14 anos e de 12 países diferentes chamada de “Playground Digital” 7 (www.
icecreamnow.com.br/2008/03/14/. Acesso em: 30 jun. 2009).
80%
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Essa nova geração, que muitos chamam de “geração web”, está crescendo com a
internet. As crianças de hoje, e também muitos adolescentes, aprenderam a desenvol-
ver seus relacionamentos através do MSN, manter contatos através de redes sociais e
se acostumaram a ter acesso a toda a informação necessária com apenas um clique. E,
mais do que isso, aprenderam a interagir com a web.
7
Para ver a pesquisa da Nickelodeon na íntegra, acesse: www.maxpressnet.com.br/e/estrategia_29-10-07.htm.
49
podem ser introduzidas em seus ramos. De acordo com Tapscott e Williams (2006), as
empresas precisam investir em tecnologia e na arquitetura de negócios para se torna-
rem realmente abertas e integradas em rede, e interagir em redes colaborativas que
ajudem a construir capacidades culturais e estratégicas para alavancar a colaboração
(peering). Com isso, as empresas chegarão mais próximo do seu público-alvo, mesmo
que em primeira instância esse público não seja de crianças/adolescentes. O acultu-
ramento desse modelo de negócio e de produção colaborativo deve ser feito dentro
e fora das empresas. É preciso tornar a relação com a geração web mais interativa e
dinâmica, para facilitar a colaboração. A geração web é muito mais exigente e vê o mer-
cado da produção em massa de produtos padronizados como algo do passado. Uma
alternativa seria, então, a produção colaborativa. Algo como a fusão da customização
em massa com a colaboração dos prosumers, um modelo considerado raro no merca-
do atual de bens de consumo (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2006). Raro, mas não totalmente
inexistente.
Segundo os mesmos autores, uma das primeiras, e até hoje mais dinâmicas co-
munidades de prosumers se formou em torno dos produtos Lego. Nessas comunida-
des existe efetivamente a criação conjunta e coinovação de produtos. Ou seja, existe
colaboração.
troca novos modelos de Lego. Com isso, a Lego ultrapassou o foco no cliente para explo-
rar uma comunidade de prosumers madura que a ajudará a se manter como uma fonte
dinâmica de inovação.
50
quadas sejam desenvolvidas e disponibilizadas para apoiar o surgimento e a consoli-
dação de comunidades de prosumers para cocriação e para coinovação de produtos e
serviços.
Texto complementar
Outro dia eu recebi a ligação de uma pessoa que trabalhou comigo há dez anos.
Vou chamá-lo de Airton, entre outras coisas, porque o nome dele é Airton. Eu deduzi
que o Airton, em teoria, queria saber como iam as coisas, porque ele me perguntou:
“Max, como vão as coisas?”. E eu respondi com outra pergunta: “Quem está falando?”
Aí o Airton me falou o nome dele e eu não lembrei quem ele era. O Airton então me
disse que havia trabalhado comigo, e eu continuei não lembrando. Lá pelas tantas,
o Airton esclareceu que a gente não tinha, assim, muito contato. E, finalmente, con-
fessou que nunca tínhamos nos encontrado pessoalmente, apenas trabalhávamos
na mesma empresa, mas em prédios diferentes. O círculo de relacionamento, ou
networking, é uma das coisas mais importantes hoje em dia. Em muitos casos, vale
mais que um currículo. A maioria imagina que fazer um networking é conhecer gente
de outras empresas. Na verdade, o bom networking começa em casa, com as pessoas
da própria empresa. E muita gente que está empregada perde a chance de fazer
contatos com colegas dos quais poderá precisar daqui a cinco, dez, quinze anos,
e que estão ali, bem ao lado, disponíveis para uma conversa. Esse relacionamento
interno não tem nada a ver com amizade nem com coleguismo, é apenas, digamos
51
Atividades
2. Qual seria a atividade conjunta ao nível mais alto de integração entre organiza-
ções em redes?
A produção colaborativa e a volta do cliente prosumer
52
3. Como pode ser entendido o termo Web 2.0? Cite exemplos.
53
Sistemas de informação e de comunicação
As novas tecnologias disponíveis no mercado vêm ajudando a redefinir a maneira
de como se faz um negócio. O comércio eletrônico, por exemplo, é hoje uma realidade.
As vendas e compras on-line são uma prática já bastante costumeira, com grande parcela
da população – incluindo os mais reticentes – já tendo ouvido falar da Amazon, das Ame-
ricanas.com ou do Submarino1. E essa mudança na maneira como se faz negócio não
é sentida somente no final da cadeia produtiva (na hora de comprar/vender o produ-
to). As novas tecnologias também influenciam diretamente as empresas e sua maneira
de produzir. Paradigmas são quebrados e outros novos acabam surgindo. As fronteiras
que delimitam os espaços antes ocupados somente pelas empresas se tornam tênues e
chegam – em alguns momentos – a desaparecer. As empresas consideradas inteligentes
(TAPSCOTT; WILLIAMS, 2006) buscam trazer seus clientes para suas redes de negócios e
lhes atribuem papéis de liderança no desenvolvimento da sua próxima geração de pro-
dutos e serviços. Clientes passam a adotar um papel de prosumer (produtor + consumi-
dor), possibilitando assim, um ambiente para cocriação e coinovação de produtos.
entre consumidores – que se relacionam com essas novas TICs formando assim
comunidades onde expõem suas ideias/necessidades referentes a produtos
ou serviços (formação de comunidades prosumers);
entre empresas – através das TICs e de uma maior interação dessas empresas/
organizações no ambiente de Redes Colaborativas (ex.: VBEs – Ambientes de
Criação de Organizações Virtuais) buscando conhecer essas ideias/necessida-
des dos consumidores e se adaptando para melhor atendê-las através da reu-
nião das melhores competências (formação de Organizações Virtuais);
1
Amazon, Americanas.com e Submarino são considerados alguns do ícones do comércio eletrônico (www.amazon.com, www.americanas.com.br,
www.submarino.com.br).
55
entre consumidores e empresas – onde se observa uma aproximação entre
produtores e consumidores prosumers (formação do ambiente de cocriação e
coinovação). Os (futuros) produtores ou provedores de serviço (ex.: as Organiza-
ções Virtuais) interagem com essas comunidades, através das novas TICs, anali-
sando a viabilidade de aplicação dessas ideias/necessidades no mercado.
Redes cocriação
Ambiente de criação de Colaborativas coinovação
Organizações Virtuais
Organização Virtual
Sistemas de informação e de comunicação
56
Serviços e aplicativos para comunidade prosumer
Segundo a TI Inside2 (www.tiinside.com.br, 14/07/2008, acesso em: 31 jul. 2008.),
quase um quarto da população mundial (cerca de 1,4 bilhão de pessoas) irá usar a in-
ternet de forma regular neste ano, e a estimativa é que esse número supere 1,9 bilhão,
ou 30% da população do mundo, em 2012, de acordo com um estudo da IDC (www.
idclatin.com). Hoje existem cerca de 1,5 bilhão de aparelhos, incluindo PCs e telefones
celulares que acessam a rede, e a previsão é que, até 2012, esse número dobre e alcance
3 bilhões. Ainda de acordo com a pesquisa recente da consultoria, embora as funções
da web 1.0 – como busca, compras e envio de e-mails – devam continuar populares
entre os usuários, as ferramentas da Web 2.0, tais como vídeos, blogs e redes sociais,
têm atraído cada vez mais internautas em todo o mundo. Assim, de forma despreten-
siosa e aos poucos, serviços e aplicativos desenvolvidos na plataforma Web passam a
fazer parte do dia a dia dos internautas. O aculturamento na plataforma web vai to-
mando forma e, sem perceberem ou talvez ainda sem se dar conta, os usuários passam
a ser treinados diariamente para o uso e manuseio de ferramentas computacionais
com forte potencial para desenvolver atividades de colaboração. Está se criando, no
momento, uma grande rede de negócios voluntária.
Weblog
Um weblog3 ou blog é uma página da web cujas atualizações (chamadas posts ou
artigos) são organizadas cronologicamente de forma inversa (como um diário). Estes
posts podem ou não pertencer ao mesmo gênero de escrita, referir-se ao mesmo as-
sunto ou ter sido escritos pela mesma pessoa. Os sistemas de criação e edição de blogs
são muito atrativos pelas facilidades que oferecem, pois dispensam o conhecimento
de HTML4, o que atrai pessoas a criá-los (DU; WAGNER, 2005; WIKIPÉDIA, 2007, apud
LOSS, 2007). Sistemas de informação e de comunicação
Os blogs já se tornaram tão comuns à nova geração internauta de hoje que cos-
tuma-se, inclusive, falar da “blogosfera”, um termo cunhado para definir o universo de
blogs como uma comunidade ou rede social. Muitos blogs estão densamente inter-
conectados; blogueiros leem os blogs uns dos outros, criam enlaces para os mesmos,
2
Site com notícias diárias sobre tecnologia, gestão e negócios.
3
Weblogs/fotologs/videologs também são considerados como rede social, na medida em que também possuem uma lista de “amigos” ou “weblogs/fotologs/
videologs” favoritos, bem como mecanismos de interação, tais como ferramenta de comentários, trackbacks e e-mails (MARLOW, 2004; RECUERO, 2003, 2004).
As redes sociais na internet funcionam através da interação social mediada por computador, buscando conectar pessoas e proporcionando sua comunicação.
O Orkut é a rede social com maior participação de brasileiros, contando com mais de 23 milhões de usuários (FOLHA ONLINE, Informática,9 jan2008).
4
HTML (acrônimo para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto) é uma linguagem de marcação
utilizada para produzir páginas na web.
57
referem-se a eles na sua própria escrita, e postam comentários nos blogs uns dos
outros. Por causa disso, os blogs interconectados criaram sua própria cultura (WIKI-
PÉDIA, 2009b).
Colocado de forma bastante simples pelo site de criação de blogs Blogger (www.
blogger.com), o blog é um diário pessoal, uma tribuna diária, um espaço interativo,
um local para discussões políticas, um canal com as últimas notícias, um conjunto de
links, suas ideias, enfim, mensagens para o mundo. O blog é um site onde a pessoa está
sempre escrevendo coisas. O blog pode ter a forma que a pessoa quiser. Há milhões
de blogs, de todos os tamanhos e formatos. Muitas pessoas usam o blog apenas para
organizar as ideias, enquanto outros controlam discussões importantes com milhares
de pessoas ao redor do mundo. Com isso, os blogs redesenharam a web, dinamizaram
a política, sacudiram a imprensa e deram voz a milhões de pessoas.
Fotolog
Um fotolog ou flog é um registro publicado na web com fotos colocadas em ordem
cronológica, ou apenas inseridas pelEdmilson Rampazzo Klen sem ordem, de forma
parecida com um blog (WIKIPÉDIA, 2009). O princípio é similar ao do blog; a diferença
é que no fotolog predominam as fotos (ao invés de texto, que é o caso do blog). Assim
como os blogs, os sistemas de criação e edição de flogs também são muito atrativos
pelas facilidades que eles proporcionam aos usuários.
amigos e família, enquanto outras pessoas o tratam com um caráter mais profissional,
com produções técnicas mais elaboradas.
58
Videolog
Videolog ou vlog é mais uma variante da “família blog” cujo conteúdo principal
consiste em vídeos. Com estrutura geralmente similar à dos blogs e dos fotologs, possui
atualização frequente e é mantido por uma ou mais pessoas. Os vídeos são exibidos
diretamente em uma página, sem a necessidade de se fazer download do arquivo. (WI-
KIPÉDIA.org/wiki/Videolog, acessado em 07/07/2009).
Existem serviços de hospedagem de videologs gratuitos, que permitem que pes-
soas sem conhecimentos de edição de páginas possam publicar seus videologs na web.
O grande representante dos videologs é, sem dúvida, o YouTube (www.youtube.com)
que foi considerado pela revista americana Time como a melhor invenção do ano de
2006 (TIME, 2009).
Wiki
Uma wiki é um site da web onde todos os usuários podem editar páginas existentes
e adicionar novas páginas usando apenas um navegador web (RICK; GUZDIAL, 2006 apud
LOSS, 2007). O exemplo mais conhecido deste tipo de aplicação é a Wikipédia, uma enci-
clopédia onde os próprios usuários contribuem para o seu conteúdo (WIKIPÉDIA, 2009).
59
Mundo
Tecnologias e ferramentas
para Organizações Virtuais (OVs)
Existem várias categorias de ferramentas computacionais desenvolvidas e dedi-
cadas à cooperação/colaboração. De acordo com Tramontin Júnior e Rabelo (2007),
ferramentas de Trabalho Cooperativo com Suporte de Computadores (CSCW), do
inglês Computer Supported Cooperative Work, estudam como as pessoas trabalham
em conjunto fazendo uso de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). As
aplicações típicas incluem e-mail, sistemas de notificação, vídeo/teleconferência,
salas de bate-papo (chats), sistemas de mediação, entre outros (BOHANEC, 2003).
Essas ferramentas podem proporcionar a interação entre os parceiros de uma dada
Rede Colaborativa, propiciando a troca de informação e conhecimento entre eles e
armazenando o conhecimento em várias fontes, como documentos, fóruns, redes
sociais, entre outros. Similarmente ao CSCW, o groupware é outro tipo de software
projetado para dar suporte ao trabalho em grupo, provendo mecanismos para auxi-
liar na coordenação e na monitoração de projetos em execução e, com isso, dando
Sistemas de informação e de comunicação
60
VOMap – Projeto de Roteiro Estratégico para Organizações Virtuais Colaborativas
em Ecossistemas de Negócios Dinâmicos (<www.uninova.pt/~vomap/>);
MYFASHION.eu – Produtos da Área Textil com Maior Valor Agregado para os Con-
sumidores Através de uma Cadeia Integrada (<www.fir.rwth-aachen.de/projektseiten/
myfashion/>);
Com isso, ferramentas para apoiar o estabelecimento desse novo paradigma vêm
sendo pesquisadas e desenvolvidas. Nesta seção serão apresentados alguns resulta-
dos desse esforço realizado por pesquisadores brasileiros envolvidos em um projeto
de cooperação internacional fomentado pela Comissão Europeia e totalmente dedi-
cado à temática de Redes Colaborativas. Detalhes de outras ferramentas, tecnologias
e metodologias desenvolvidas com a finalidade de suportar as Redes Colaborativas
podem ser encontrados nos sites e nas publicações dos projetos mencionados.
61
disciplina que aparece para acomodar as diversas iniciativas e manifestações focadas
em colaboração e Tecnologias de Informação e Comunicação – conceitos essenciais
para a aplicação dos modelos de negócios de um mundo empresarial sem fronteiras.
As Redes Colaborativas (RCs) introduzem necessidades novas dos pontos de vista tec-
nológico, humano e organizacional, em termos de modelos, metodologias, métodos
e técnicas de trabalho como também no que se refere aos recursos – principalmente
humanos – envolvidos. No trabalho ”Metodologia para Busca e Sugestão de Gestores
de Organizações Virtuais baseada em Competências Individuais”, Klen (2007) analisa
a preparação, a busca e a sugestão de profissionais competentes para atuar num am-
biente regido por esse novo modelo de negócios, bem como o que fazer e como fazer
para orientar a busca direcionada de competências individuais para se alcançar uma
gestão adequada à Organização Virtual (OV) que está se formando ou recém-formada.
Desta forma, o trabalho propõe uma metodologia para busca e sugestão de gesto-
res de Organizações Virtuais baseada em competências individuais e direcionada por
alguns princípios de governança. A metodologia proposta objetiva estabelecer um
procedimento formal para a busca e sugestão de gestor(es) para uma determinada OV
baseada nos recursos já existentes e disponíveis no ambiente da OV, sendo suportada
por um mapa de competências que serve de base de análise de competências indivi-
duais apoiadas em conhecimento, habilidade e atitude. A aplicação da metodologia
de busca e sugestão de gestor(es) de OV, além de indicar o gestor mais adequado para
uma determinada OV, também contribui para a criação de um novo mercado de opor-
tunidades através do aumento do interesse de organizações e de profissionais para o
oferecimento deste tipo especializado de serviço: gestor (made-to-fit5) para uma de-
terminada OV.
62
na OV pode não ser a mais adequada, mesmo que suas competências tenham atendi-
do sua plenitude no processo de seleção. Esse risco é inerente a um processo onde a
componente humana é essencial e determinante.
7
Application Programming Interface (ou Interface de Programação de Aplicativos).
63
IDs (população da base de conhecimento; anotação das descrições dos IDs; seleção
dos IDs; e seleção de parceiros para OVs). Das quatro funcionalidades apenas a primei-
ra não foi desenvolvida usando a tecnologia web. Isto porque a mesma não necessitava
de características de acesso remoto via navegador web.
Textos complementares
Sistemas de informação e de comunicação
Contos da Escola: CE
Stewart Mader: SM
64
CE: Como a figura do professor se transforma na era digital?
SM: Hoje, mais do que nunca, temos abundância de informação a fácil alcance.
Consequentemente, o papel dos professores mudou de uma fonte limitada de in-
formação aos estudantes, para um orientador do uso de toda a informação que está
disponível para qualquer assunto.
CE: Qual é a diferença entre o uso do wiki e o uso do blog num projeto de
educação?
SM: Um blog é útil para você se comunicar, indicar links para os estudantes, es-
crever sobre um artigo, uma notícia cujo assunto é relevante à aula etc. O wiki é bom
para projetos em grupo, tendo o estudante o papel de escrever para que o professor
leia e edite, enquanto o aluno desenvolve. É útil também para construir um registro
frequente daquilo que os estudantes fizeram em um curso. Por exemplo, você dá a
cada grupo de estudantes uma página no wiki para desenvolver seu projeto prin-
cipal. Então, mantém a página com o projeto final, e deixa estudantes do semestre
seguinte verem o projeto dos alunos anteriores, para que esses desenvolvam seu
próprio projeto ao lado dos precedentes.
CE: É possível professores que não se interessem por tecnologia terem su-
cesso no uso de wiki como ferramenta de trabalho?
SM: A pessoa tem de entender o valor do uso da tecnologia acima das di-
ficuldades ocasionais, investir tempo para desenvolver tarefas colaborativas em
seu wiki que sejam úteis aos estudantes, que tenham um propósito em um curso
acadêmico. É preciso gostar de tecnologia e ser interessado em usá-la para gastar
seu tempo e energia com isso. Há também um outro ponto de vista: eu vi pesso-
as céticas mudarem de opinião após o uso do wiki. É simples, não requer muito
tempo para aprender e os deixa rapidamente aptos a começar o trabalho, o que é
importante. Assim, o wiki é visto como uma ferramenta que não demora a provar
seu valor. Sistemas de informação e de comunicação
SM: A maior falha que já vi é usar a tecnologia como “um algo a mais” às ma-
neiras tradicionais de ensinar. Ela necessita ser integrada inteiramente no curso
e a participação tem que contar como crédito do mesmo para que seja bem
sucedida.
65
CE: O relato de Deborah Torres em “Wikis in Academy” mostra que é um
desafio introduzir o adulto para produzir conhecimento em conjunto de uma
forma não linear. É possível pensar que só teremos de fato educação conjuga-
da com tecnologia quando professores mais jovens chegarem ao mercado de
trabalho?
SM: Isto acontece nos Estados Unidos, e muita gente vai dizer que a razão
para isso é que os estudantes são preguiçosos. Eu penso que a razão real é que
as atividades propostas não desafiam os estudantes o bastante, e eles reconhe-
cem isso. Então, devolvem às atividades o mesmo respeito que receberam. Alguns
professores penalizam os estudantes por copiar, mas eu acho que esse não é o
ponto.
Em nenhum outro país as redes sociais on-line têm alcance tão grande quanto no
Brasil, com uma audiência mensal de 29 milhões de pessoas. Mas ter milhares de
amigos virtuais não deixa ninguém menos solitário
66
Os sites mais populares:
Orkut
É maior rede social on-line do mundo. O perfil e a lista de amigos só podem ser
vistos por quem for autorizado. É o mais flexível e tem boa variedade de ferramen-
tas, como lembrete de aniversários.
Sonico
Foi criado por argentinos. Os participantes podem ter dois perfis, um pessoal
e outro profissional, e o acesso às informações por desconhecidos é um pouco mais
restrito do que no Orkut.
Linked in
67
Atividades
1. Indique quais são os relacionamentos que podem ser facilitados pelas Tecnologias
de Informação e Comunicação dentro do mercado consumidor e produtor.
2. Indique alguns serviços e/ou aplicativos que podem facilitar a interação com as
comunidades prosumers.
Sistemas de informação e de comunicação
68
3. Indique algumas novas tecnologias/ferramentas/metodologias voltadas para
as Redes Colaborativas.
69
Governança e parcerias colaborativas
A complexidade e abrangência do termo “governança” torna difícil expressá-lo
em apenas uma definição. Atualmente vem sendo utilizado em conexão com várias
ciências sociais contemporâneas – especialmente as ciências política e econômica. Foi
originado nas necessidades advindas dessas ciências (econômica, no que concerne à
governança corporativa; e política, no que tange a governança estatal) para ser um
conceito capaz de abarcar e fazer convergir diversos significados que não eram cober-
tos pelo termo tradicionalmente conhecido como “governo” (EU, 2005).
Tomando dois dos seis significados apontados por Rhodes a título de ilustração, a
OECD (2005) define governança corporativa como o sistema pelo qual as corporações
de negócios são dirigidas e controladas. Direção e gestão executiva (acionistas, con-
selho de administração e fiscal, diretoria e auditoria independente) devem definir as
regras e procedimentos para tomada de decisões corporativas, provendo a estrutura
para o estabelecimento dos objetivos, meios para alcançá-los e seu monitoramento. De
uma forma semelhante, IBGC (2005) define Governança Corporativa como o sistema
pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos
entre acionistas/cotistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente
e conselho fiscal. Já a governança estatal é comentada no prefácio do livro A Sociedade
em Rede (CASTELLS, 2005) pelo ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso,
que diz:
De fato, a decisão política impõe aos que a tomam um imperativo incontornável de interdiscipli-
naridade. Nada é mais alheio ao mundo da política do que a unilateralidade, a visão parcial, o
universo abstrato. Os que são responsáveis por decisões sabem que o economicismo é tão mau
conselheiro quanto o voluntarismo político ou qualquer outro viés reducionista da experiência
humana. É indispensável um enfoque capaz de agregar as diversas dimensões.
71
Baseado na lista de características de boa governança do UNDP (United Nations
Development Program) Graham et al. (2003) apresentam cinco princípios para se obter
uma boa governança (Quadro 1):
Quadro 1 – Princípios de boa governança
72
É o caminho da estruturação organizacional que necessita da governança co-
operativa balanceada com a gestão de negócios diários (CIMA, 2006).
Conformidade Desempenho
(Corporate governance) (Business governance)
Tipos de governança
Baseado em um levantamento realizado por Gaspareto (2003) sobre o tema go-
vernança direcionado para empresas e arranjos empresariais (ex.: supply chains, cadeias
produtivas, clusters1, redes de empresas, entre outros), pode-se destacar as seguintes
abordagens representadas por esferas contendo a abordagem principal, autor e data
(Figura 2). O quadro anexo a cada esfera relaciona as principais estruturas de gover-
nança possíveis para a coordenação de atividades de produção. Governança e parcerias colaborativas
1
Cluster: agrupamento (de empresas ou instituições).
73
(GASPARETO, 2003)
Mercado
Mercado
Coase & Hierarquia
Williamson Híbrida (contratual)
All-ring no core 1989
Core-Ring
All-core
Poder Atividades
Econômicas
Storper & Humphrey &
Harrison Schmitz
1991 GOVERNANÇA 2000
Abordagens para Rede
Empresas e Quase-hierarquia
Anarquia de trocas (mercado) Arranjos Hierarquia
Hierarquia Organizacional
Auto-organização (heterarquia)
Relações Cadeias
Sociais de Valor
Jessop Gereffi
1998 2000 Conduzidas:
pelo produtor
pelo comprador
pela informação
Figura 2 – Principais abordagens de governança para empresas e arranjos.
Busca-se através dessa figura dar uma visão de discussões de como se dá a coor-
denação de atividades econômicas – governança – voltada para empresas e arranjos,
que buscam melhorias para atuação mais competitiva no mercado.
custos de transação.
74
Storper e Harrison – classificam as estruturas de governança baseadas em
combinações de poder das empresas envolvidas, que são assim descritas:
hierarquia organizacional;
auto-organização (heterarquia2).
2
Heterarquia: (heteros= outro, archein = governar) sistema administrativo auto-organizador, em momentos diferentes, cada participante é um administrador
do sistema. (VON FOERSTER, 1997)
3
Cadeias de valor: termo atribuído a Porter, que pregava que, para se compreender os elementos-chave para uma vantagem competitiva, deve-se analisar as
várias atividades executadas na cadeia e o modo como interagem (PIRES, 2004).
75
rede – formadas entre firmas com poderes semelhantes;
Segundo o Institute on Governance (2006) há três papéis distintos que são neces-
sários para que uma organização atinja a sua missão:
(INSTITUTE ON GOVERNANCE,
2006)
Trabalho
Gestão
Responsabilidade
Governança
76
engajadas na criação de produtos ou serviços baseadas em contratos implícitos,
abertos e não limitados, para se adaptarem ao ambiente e para coordenar e salva-
guardar trocas.
Williamson (1985, apud CABRAL, 1999) afirma que governança indica a estrutura
necessária para a gestão de alianças entre organizações.
o
s
as
çã
ia
no s
tec nova
ez
log
liza ...
ert
ba
inc
glo
Gestão da OV
Governança
OV
Conformidade Desempenho
(Corporate governance) (Business governance)
Figura 4 – Visão do uso de governança e gestão para OVs. Governança e parcerias colaborativas
77
Gestão de supply chains (SCs) – definida por Lambert et al. (1998) e por Novaes
(2001) como a interação dos processos-chave de negócios (industriais e co-
merciais) chave desde o usuário final até os fornecedores iniciais que providen-
ciam produtos, serviços e informações que adicionam valor para os clientes.
Peter Drucker, notório pesquisador na área de gestão, costuma dizer que “gestão
é uma arte liberal”. Não é somente ciência, apesar de lidar com tecnologia; e não so-
mente uma doutrina humanística, apesar de lidar com pessoas.
KLEN, 2005):
Gestão de Organizações Virtuais é o ato intencional associado à atitude intuitiva de executar Pro-
cessos de Negócios Distribuídos (PND) e de lidar com pessoas através da aplicação de conhecimentos,
habilidades e/ou ferramentas a fim de permitir a organização e a coordenação de recursos, a
monitoração de atividades assim como uma reação adequada, sempre que preciso, de maneira que
os objetivos da OV sejam alcançados. Serviços também são considerados dentro do PND.
78
Baseado na definição anterior assume-se que a gestão de uma OV conta com fa-
cilitadores de ordem tecnológica, sócio-organizacional e humana assim como com a
existência de muitos elementos diferentes – mas complementares de gestão. A Figura
5 apresenta uma alternativa para um modelo de gestão de OVs a gestão de processos
de negócios distribuídos (SPINOSA et al., 1998; PEREIRA-KLEN et al., 1999; BPE, 2004;
GENSYM Co., 2004; O´LEONARD, 2002; CHEN et al., 2000; SCHWARZENBACHER, 2004;
GRUHN et al., 1998) é a parte central do modelo e os outros elementos de gestão (tais
como gestão de risco, gestão de conhecimento, gestão de confiança etc.) contribuem
para reforçar a base da gestão assim como o compartilhamento de conhecimento e o
processo de tomada de decisão. Esses elementos de gestão podem também ser inter-
pretados através de competências relacionadas à devida gestão.
Risco ...
Humano
Tecnológico Organizacional
Facilitadores
Figura 5 – Modelo de gestão de OV – uma visão estática de um modelo dinâmico .
preparado para isso. Deverá, segundo Gruber (2001, baseado em BENNIS, 1996), inovar
– e não somente administrar; desenvolver – e não somente manter; priorizar pessoas;
inspirar confiança; ter perspectiva de futuro; perguntar o que e por quê; desafiar o
estado atual (status quo); e tomar as decisões acertadas.
79
De acordo com a definição adotada neste trabalho para gestão de OVs, espera-se
que o gestor seja preparado para “...reagir adequadamente sempre que preciso de ma-
neira que os objetivos da OV sejam alcançados”. Essa reação do gestor da OV pressupõe:
negociação e tomada de decisão.
De acordo com McCormack (1997), só o ser humano negocia e apenas ele con-
seguiu formalizar o processo de negociação à potência máxima. Essa formalização,
entretanto, geralmente é um modelo mental, baseado em conhecimentos tácitos.
Quanto ao processo decisório, Braga (1987, apud GSIGMA, 2005) afirma que ele pode
ser definido como o pensamento e a ação que resulta em uma escolha que consiste
em selecionar entre cursos alternativos de ação ou mesmo aceitar ou rejeitar uma de-
terminada ação.
Negociar e tomar decisões são ações prioritárias para um gestor. Essas ações
são dependentes de diversos fatores como, por exemplo, a estrutura da gestão e
os níveis de poder mencionados na seção anterior. Mas, acima de tudo, são ações
que estão diretamente atreladas ao estilo de gestão do profissional. Afinal, como
ensinou Drucker (1997, 2001), gestão não é uma ciência exata; é uma “arte liberal”.
Mas como se modela algo que é considerado uma “arte liberal”? Como conceber
um modelo de gestão de OV? Não é nada fácil modelar algo que é considerado di-
nâmico por natureza. A partir do momento que cada OV é diferente da outra; e que
cada gestor de OV tem um estilo próprio de gestão, um só modelo se torna prati-
camente inviável. Afinal, são duas grandes premissas: a gestão é dinâmica; e as OVs
também são. E, no meio desse turbilhão de dinamicidade está o gestor da OV – com
o seu jeito próprio de gerir. Isso significa que diferentes gestores de OVs implicam
em diferentes estilos de gestão (mesmo que eles se baseiem nos mesmos elemen-
tos de gestão e contem com os mesmos facilitadores). Assim, se considerarmos a
Figura 5 e tentarmos olhá-la sob a ótica de três diferentes gestores (representados
na Figura 6 como três círculos menores alinhados) provavelmente seriam obtidas
três figuras diferentes. É como se estivéssemos olhando o Modelo da Gestão da OV
(círculo maior) usando um caleidoscópio. Cada vez que um gestor diferente gira o
caleidoscópio consegue-se uma figura diferente. Essas figuras representam o com-
portamento, o perfil do gestor da OV (círculos menores). Na Figura 6 cada gestor
Governança e parcerias colaborativas
4
Grau de importância: determinar o grau de importância dos elementos de gestão para cada perfil de gestor é um exercício que requer conhecimento do
processo e do comportamento humano e, por isso, a graduação deve ser revista, melhorada e refinada ao longo de todo o processo de gestão.
80
Edmilson Rampazzo Klen.
Gestão
PND
de OV
Humano
Tecnológico Organizacional
Facilitadores
PND * * * ...
Tempo / Custo /
1 1 2 ...
Grau de importância
Qualidade 1 – Alto
Conhecimento 3 2 1 ... 2 – Médio
3 – Baixo
Elementos Recursos 3 2 1 ...
* Núcleo
de gestão
Risco 1 2 3 ...
Confiança 3 2 1 ...
Informação e
3 2 1 ...
Comunicação
para a gestão de OV, pode ser mostrado através de diferentes opções e dependên-
cias entre a gestão de OV e o poder da gestão de OV, já que decisões de gestão podem,
algumas vezes, somente ser aplicadas em certos locais se a força correspondente é
dada à gestão de OV. Isso se deve a razões diferentes como ambiente de negócios,
situação econômica, relação com o consumidor, propriedade de marca, riscos etc. A
distribuição de força sobre uma OV, sendo um conjunto de membros independentes,
mas conectados através de um objetivo comum, é tal que, em alguns casos, a gestão
da OV toma posse através de um papel ou função chamado: coordenador de OV ou
gestor de OV (ECOLEAD, 2005).
81
Segundo Suzigan (2004) existem vários fatores que podem influenciar a estrutura
de uma governança, entre eles pode-se ressaltar:
número e tamanho das empresas;
natureza do produto ou da atividade econômica e da respectiva tecnologia;
forma de organização da produção;
forma de inserção nos mercados;
domínio de capacitações e ativos estratégicos de natureza tecnológica, co-
mercial (marcas e canais de distribuição), produtiva ou financeira;
instituições – densidade, grau de desenvolvimento, interação com setor
produtivo;
A gestão das OVs exige do gestor da OV um papel muito ativo no que se refere
à tomada de decisões. Mas muitas decisões só podem ser tomadas se a estrutura de
gestão é bem definida e se os níveis de poder são determinados e designados.
Ambiente de
Governança e parcerias colaborativas
Gestor da OV Time de
gestão da OV gestão da OV
1 2 3
Figura 7 – Algumas formas de estrutura de gestão da OV.
82
Gestor da OV: somente uma pessoa que, baseado em Mussak (2003), é consi-
derada como “metacoordenador” da OV.
83
Gestão de OV (aspectos usuais)
Requisitos
usuais Time de gestão da Ambiente de gestão
Gestor da OV OV da OV
Gestão Centralizada Distribuída Distribuída
Características Articulado e competente Espírito de trabalho con- Participativos em diversos ní-
dos envolvidos para trabalhar em am- junto; vontade de com- veis de envolvimento (quanto
bientes voláteis e com partilhar informações e à forma: direta/indireta, total/
riscos associados; seguro conhecimento para to- parcial; quanto à regulação: for-
para tomar decisões mada de decisão mal/informal; quanto à intensi-
dade: permanente/temporária
casual/temporária, não casual/
conforme contrato ou lei)
Restrições Efetivo para tomada de Efetivo para tomada de Efetivo para tomada de de-
de tempo decisão em períodos de decisão em períodos de cisão em períodos de longa
curta, média ou longa média ou longa duração duração
duração
Legenda: OV – Organização Virtual; VBE – Ambientes de Criação de Organizações Virtuais; PVC – Comu-
nidade Virtual Profissional; TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação
dos;
84
De acordo com a Figura 7, o Gestor da OV está presente nas três formas identifica-
das da estrutura da gestão. Ele deverá, desta forma, ser preparado para atuar nas três
situações e de acordo com a distribuição de poder existente em cada OV.
Textos complementares
Governança corporativa
Modismo, filosofia ou sinônimo de criação de valor?
(LARANJO, 2008)
85
Governança corporativa
Definições
“Governança corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e
monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas/cotistas, conselho de
administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. As boas práticas
de governança corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, faci-
litar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.”
86
Atividades
87
Competências no mundo colaborativo
A literatura apresenta competência como sendo a capacidade intangível de um
indivíduo, uma comunidade ou uma organização de exercitar – na prática concreta de
execução de um trabalho – uma determinada habilidade, capacidade ou conhecimen-
to. Isso significa que um indivíduo, uma comunidade ou uma organização competente
não é apenas um ser com conhecimento, mas um ser capaz de aplicar tal conhecimento
dentro do contexto de um trabalho, criando e adicionando valor e multiplicando o efeito
benéfico desse conhecimento ou habilidade aplicada (RATTI, 2005). Competência, por-
tanto, não é somente conhecimento teórico ou técnico, mas a habilidade profissional
de aplicar esse conhecimento de maneira eficiente e produtiva em diferentes casos. Isso
geralmente requer experiência e preparação (KARVONEN, 2004). Fleury e Fleury (2004,
p. 29) reforçam essa ideia quando colocam que a competência do indivíduo não é um
estado, não se reduz a um conhecimento ou know-how específico.
R
Cp =
(T + E)
Onde:
Magalhães et al. (1997, apud HARB, 2001) afirmam que competência é o conjunto
de conhecimentos, habilidades e experiências que credenciam um profissional a exer-
cer determinada função. Na mesma linha de pensamento, McLagan, (1997) e Fleury
(2004) colocam que a palavra competência, que vem assumindo diversos significados
no mundo do trabalho, tem significado mais ligado às características da pessoa: co-
nhecimento, habilidade, atitude, e outros mais ligados à tarefa e aos resultados.
89
Ruas (2001, apud CIDRAL, 2003) considera que os elementos de uma competência
podem ser enquadrados em três eixos que dizem respeito às atitudes (saber ser/agir),
aos conhecimentos (saber) e às habilidades (saber- fazer).
Gramigna (2002, apud CIDRAL, 2003) apresenta estes mesmos elementos atra-
vés da metáfora de uma árvore, onde as habilidades são representadas pela copa da
árvore e correspondem à capacidade de agir sobre a realidade resolvendo problemas e
obtendo resultados, o conhecimento é representado pelos troncos e galhos da árvore
e corresponde às informações empregadas na atuação sobre a realidade, e as atitudes
são representadas pelas raízes da árvore e correspondem aos valores, crenças e princí-
pios no grau de envolvimento e comprometimento com a tarefa.
Similarmente, Durand (1998 1999, apud HARB 2001) sugere um conceito de com-
petência baseado em três dimensões – conhecimentos, habilidades e atitudes – (Figura
1) associando aspectos cognitivos, técnicos, sociais e afetivos vinculados ao trabalho.
Dessa maneira, competência é definida como o conjunto de conhecimentos, habili-
dades e atitudes interdependentes e necessários ao desenvolvimento de um objetivo
específico. Essa definição vem de encontro ao conceito de Parcerias e Técnicas Colabo-
rativas na Cadeia de Suprimento e, por essa razão, será aqui adotado.
Conhecimento
(DURAND, 1998)
Saber
o que fazer
Saber
por que fazer
Informação
Competência
Destreza Interesse
Técnica
Determinação
Saber
como fazer Querer fazer
Competências no mundo colaborativo
Habilidade Atitude
Figura 1 – As três dimensões da competência.
90
A atitude, segundo Ferreira (1999), é o modo de proceder ou agir ou maneira
de se manifestar um propósito. A habilidade, de acordo com Gruber (2001), pode ser
definida na sua parte técnica como entendimento e proficiência em uma atividade
específica, que particularmente envolva métodos, processos, técnicas e procedimen-
tos. Na parte humana é a capacidade que o líder deve ter para trabalhar efetivamente
como membro de um grupo e para obter esforço cooperativo do grupo por ele lide-
rado. Conceitualmente consiste na capacidade de visualizar o empreendimento como
um todo, isto é, reconhecer como as várias funções dentro da organização são interde-
pendentes, e como mudanças em cada parte podem afetar todas as demais. O conhe-
cimento, definido por Resende (2003, apud CORDEIRO, 2005), é a capacidade de criar
um modelo mental que descreva o objeto e identifique as ações a implementar e as
decisões a tomar.
a experiência disponível.
91
Edmilson Rampazzo Klen.
Conhecimento
Ferramentas Experiência
Competência
Habilidade Atitude
Tempo
Classificação de competência
Redes Colaborativas proveem uma base para competitividade, excelência mun-
dial, e agilidade em condições turbulentas de mercado (ECOLEAD, 2004). Essas condi-
ções turbulentas aceleram o aparecimento de novas demandas que obrigam o gestor a
rever continuamente as propriedades das pessoas e das estruturas, faz com que a com-
petência gerencial seja produzida por capacidades racionais e intuitivas que funcionam
energizadas pela cooperação e o compromisso – duas características que podem ser
entendidas como fundamentais para as competências gerenciais (MALVEZZI, 2005).
Competências no mundo colaborativo
92
Como forma de classificação da formação de competências dentro de ambientes
das organizações Tonelli (2003) toma como: individual, funcional e organizacional. As
competências individuais (formadas pelas dimensões: habilidades, conhecimentos e
atitudes), quando aplicadas a uma situação organizacional e reconhecidas como ge-
radoras de resultados, formarão a competência funcional que, consequentemente,
formará as competências organizacionais. Tonelli (2003) afirma adicionalmente que as
competências individual, funcional e organizacional (Figura 3) possuem uma relação
dialética, ou seja, influenciam-se reciprocamente.
(TONELLI, 2003)
+ Atividades
Competência Individual
+ Função
Competência Funcional
+ Atuação no ambiente
Competência Organizacional
Figura 3 – A formação das competências organizacionais.
93
(PUCCI, 2000, p. 5)
Tecnológica
Administrativa Ambiental
Motivacional Decisória
Interpessoal
94
rencial de Pucci devido a sua amplitude de possibilidades de aplicação, mais adequada
à área de RCs. O Quadro 1 apresenta então, de forma resumida, a definição dessas áreas
de competências, baseada em diferentes autores.
Quadro 1 – Definição das áreas de competência da eficácia gerencial
(PUCCI, 2000)
Área de Definição
competência
Interpessoal É resultante de percepção acurada realística das situações interpessoais e de
habilidade específicas comportamentais que conduzem a consequências
significativas no relacionamento duradouro e autêntico, satisfatório para as
pessoas envolvidas.
Motivacional Não importa quanta tecnologia e equipamentos uma organização tenha,
essas coisas não podem ser colocadas em uso, a menos que sejam liberadas
e guiadas por pessoas que estejam motivadas (aspectos da motivação são
essenciais à eficácia organizacional).
Administrativa Significa eficácia em qualificações técnicas, humanas e conceituais. É neces-
sário que se consiga resolver problemas e tomar decisões com adequada
capacidade de análise. Deverão também ser descobertos problemas e opor-
tunidades, além de se conseguir compreender cada situação organizacional
de forma específica colocando-a em uma categoria geral.
Decisória As decisões descrevem o processo através do qual se escolhe um caminho
para a solução de um problema específico.
(decisões do administrador direcionam ações e decisões da organização e
seus membros)
O processo decisório “envolve as pressões imediatas sobre o tomador de de-
cisões, a análise do tipo de problema e de suas dimensões básicas, a busca
de soluções alternativas e exame de suas consequências, inclusive a anteci-
pação de vários tipos de conflitos pós-decisórios e a escolha final”.
Tecnológica “A forma específica segundo a qual os recursos são combinados, tendo em
vista alguma utilidade prática”.
(aplicação de conhecimentos à produção de bens e serviços)
Ambiental Ambiente como “todos os fenômenos que são externos à população em es-
tudo e que influenciam potencial ou realmente”.
Baseado nas teorias apresentadas pelos autores anteriores nota-se que informa-
ções advindas das competências funcional e organizacional (ex.: experiências, proces-
Competências no mundo colaborativo
sos, sistemas etc.) podem enriquecer o detalhamento de competências individuais.
95
importantes pontos de experiência e conhecimento. Essas três perspectivas – que pre-
tendem prover ao indivíduo uma visão holística da situação de maneira que o enfoque
dado pelo gestor (de uma OV por exemplo) possa ser o mais interdisciplinar possível
– remetem às seguintes disciplinas:
De acordo com Hoefling (2003), não há regras fáceis ou simples para determinar
quem será melhor sucedido em um ambiente de trabalho distribuído; mas certas com-
Competências no mundo colaborativo
96
Quadro 2 – Algumas competências individuais desejadas
(HOEFLING, 2003; FREITAG; SCHÖNE, 2005; MUSSAK, 2003; 2005; FLEURY;FLEURY, 2004)
Competências
Comunicativo; Criativo;
Facilitador de comunicação; Adaptável e flexível;
Habilidade com as informações; Saber agir (o que e porque faz, julgar, escolher, de-
Ser base de confiança; cidir);
Conectividade; Independente para decisões e soluções de proble-
mas;
Competente em línguas;
Balanceador de interesses divergentes;
Integrador de cultura;
Negociador;
Educador de times estratégicos;
Gerenciador de conflitos;
Saber ter ambiente de trabalho;
Hábil para impor limites;
Saber comprometer-se (saber engajar-se e com-
prometer-se com objetivos da organização); Representativo;
Responsabilidade no emprego (sem necessitar de Liderança;
constantes avaliações); Conselheiro;
Saber assumir responsabilidades (assumir riscos e Orientador;
consequências); Moderador;
Desenvolvedor e organizador de projetos; Diligente e Inovativo;
Motivador e controlador; Empreendedor;
Conhecimento de ferramentas técnicas; Com foco;
Superação de problemas básicos de software e Saber mobilizar (pessoas, financeiros, sinergia);
hardware;
Habilidade na gestão de tempo e organizacional;
Disposto a aceitar e conviver com novas tecnolo-
gias; Conhecimento de Políticas, Procedimentos e Nor-
mas culturais;
Saber aprender (trabalhar o conhecimento e ex-
periência, rever modelos mentais, desenvolver-se Fiel e íntegro;
e propiciar para outros); Cooperativo;
Executor e gerador de visões estratégicas;
etc.
97
A figura de Reinhardt (2003) a seguir sugere um balanceamento entre essas
visões (competências individuais e organizacionais) de modo que o aprimoramento
de ambas possa possibilitar a criação de novas competências (competências futuras),
mantendo assim, a vantagem competitiva da organização.
(REINHARDT, 2003)
Empregados Empresa
Co
Ci
Ci Co
Co
Competências Competências Competências
dos empregados futuras da empresa
Ci Ci
Co
Ci Co
Em uma análise semelhante, esse conceito pode ser aplicado para todas as fases
do ciclo de vida de uma OV. O uso da governança para a estruturação da boa gestão
pode também, baseado na gestão estratégica da OV, balancear essas visões e criar/
implementar competências futuras de forma a manter a vantagem competitiva dessa
OV no mercado, prolongando o seu ciclo de vida (Figura 6).
Competências no mundo colaborativo
98
Edmilson Rampazzo Klen.
Ambiente competitivo
ão
ias
as
no s
tec nova
ç
ez
log
liza
er t
...
ba
inc
glo
Competências do gestor da OV
Gestão da OV
Competências futuras
Governança
Competências da OV
ico
ra tég
Est al
no m
Pla For
Dave Ulrich (apud ARAÚJO DA SILVA, 2002) descreve oito motivos do porque são
necessárias novas competências. Estes motivos são apresentados a seguir e descritos
de forma resumida:
99
mudança de parâmetros – como desaprender o que aprendemos? Como
mudar e aprender rapidamente? etc.;
Texto complementar
A competência por si só pouco vale, ou, sendo um pouco mais realista pode-
Competências no mundo colaborativo
100
Estes profissionais investem pesadamente no desenvolvimento de suas com-
petências técnicas, visando oferecer ao seu empregador maior qualidade no traba-
lho entregue.
A vivência também tem me mostrado que boa parte destes profissionais não
trata a oferta de sua mão de obra como um negócio: não se preocupam em fazer
uma pesquisa de mercado para verificar se há comprador para o trabalho que ofe-
rece, nem em fazer uma pesquisa de satisfação com o cliente que atende ou mesmo
fazer um plano de desenvolvimento e expansão.
Outro ponto que me chama a atenção nestas idas e vindas é que faltam profis-
sionais com o perfil agregador e compartilhador.
O perfil agregador é inerente àquele profissional que prima por agregar valor à
equipe, entender o negócio da empresa a que serve e sabe muito bem como utilizar
as suas competências, habilidades e conhecimentos para agregar valor ao negócio,
envolvendo o grupo com a finalidade de atingir os objetivos empresariais.
101
Com relação à aprendizagem, cabe destacar que para o processo ser efetivo é
necessário que o profissional identifique os conhecimentos que necessita adquirir e
tenha humildade para receber todo o conhecimento necessário.
Com relação ao desenvolvimento, requer ainda abordar que, para efetivar este
processo, é primordial a definição com clareza de onde se pretende chegar e traçar
o que e como será implementada cada uma das fases preestabelecidas, em outras
palavras um bom planejamento.
Atividades
1. Baseado nEdmilson Rampazzo Klen Durand, como pode ser entendido o conceito
de competência?
Competências no mundo colaborativo
102
2. Como se podem classificar competências quanto a sua formação dentro de am-
bientes das organizações?
103
Gestão da competência
em ambiente colaborativo
A gestão de competências pode ser visualizada como uma tecnologia derivada
da Resource-Based Management Theory (Teoria da Gestão Baseada nos Recursos). Essa
teoria argumenta que certos atributos organizacionais (recursos) são condicionantes
do sucesso da empresa com relação à concorrência. O pressuposto é o de que o domí-
nio de recursos raros, valiosos e difíceis de serem imitados confere à organização certa
vantagem competitiva (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2002).
Lima (2002) concorda com essa abordagem e coloca que, essa teoria sugere que a
gestão estratégica de recursos humanos contribui para conferir vantagem competitiva
sustentável à organização por promover o desenvolvimento de habilidades, produzir
um complexo de relações sociais e gerar conhecimento tácito. A gestão de competên-
cias surge, então, como uma aplicação ou derivação dessa teoria, ou seja, como um
mecanismo para promover a gestão estratégica de recursos humanos e, por conse-
guinte, gerar diferencial competitivo para a organização.
105
Quadro 1 – Analogia entre as gestões de conhecimento e de competências
(REINHARDT, 2003)
Gestão do conhecimento
Gestão de competências
Conhecimento = explícito e tácito.
Direcionado principalmente para Tecnologia Competência = tácito.
de Informação (TI). Pode ser suportada por TI.
Na maior parte, modelos e soluções centrali- Na maior parte, modelos e soluções des-
zados. centralizados.
Foco na organização. Foco nos empregados e na organização.
(REINHARDT, 2003)
de negócios e dos empregados
Alinhamento estratégico
da base de conhecimento
(knowledge base)
Perda do conhecimento
através do gerenciamento Gestão do conhecimento
fino (lean management) (knowledge management)
Concentração sobre os
Gestão da competência em ambiente colaborativo
Competências principais
(Core competencies)
106
Como forma de esclarecimento a alguns termos apresentados na figura anterior,
tem-se:
107
Esse relacionamento integra três tipos de competências complementares:
Esse relacionamento pode ser visto como um círculo virtuoso através da Figura 2.
A sinergia entre essas competências potencializa a capacidade latente dos indivíduos
e contribui para alavancar os resultados que podem ser atingidos para as necessida-
des identificadas. As competências servem para atender as necessidades e as necessi-
dades servem para instigar competências.
Conhecimento
Habilidade Atitude
Necessidades
individuais
Necessidades
Gestão da competência em ambiente colaborativo
funcionais
Nece es
orga ssidad is
nizaciona
Figura 2 – Círculo virtuoso de necessidades (competências) dentro do ambiente colaborativo.
108
Esse círculo virtuoso fica, então, embasado através dos conceitos/visões de outros
autores como Durand (conceito de competência baseado em três dimensões – conhe-
cimentos, habilidades e atitudes), Tonelli (na relação dialética das competências indi-
vidual, funcional e organizacional, ou seja, influenciam-se reciprocamente) e Brandão
e Guimarães (2002).
Para essa identificação Araújo da Silva (2002) propõe um roteiro através de etapas,
que aqui é adaptado ao caso de ambiente colaborativo relacionando as competências
pela formação de competências organizacionais.
Após essas etapas, é possível, então, obter uma visão geral das competências ne-
cessárias para a atuação da Rede Colaborativa (de uma OV por exemplo) no mercado.
109
A informação é vista como um conjunto finito de dados dotados de alguma semân-
tica, que tem o seu significado ligado ao contexto do agente que o interpreta ou recolhe
(FIALHO et al., 2006). Para Hey (2004, apud LOSS, 2007), a informação pode ter forma e
pode ser processada, acessada, gerada, transmitida, armazenada, distribuída, consumi-
da, e duplicada. Informação pode ainda ser de diferentes tipos e com diferentes atribu-
tos. Similarmente aos dados, a informação pode ser também um objeto manipulável.
Conhecimento
Valor agregado
Gestão da competência em ambiente colaborativo
Decisão baseada
em informação e
Informação conhecimento
Dados
Decisão
baseada
em dados
1
Benchmarking é a busca das melhores práticas na indústria que conduzem ao desempenho superior. É visto como um processo positivo e pró-ativo por meio do
qual uma empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar como realizar a mesma ou uma função semelhante (WIKIPÉDIA, 2009b).
110
Exemplos de valor agregado de mais baixo nível incluem descrições de mercados,
níveis de demanda, contatos chaves e pesquisas de mercado; exemplos de valor agrega-
do de mais alto nível incluem o processamento por intermédio de uma análise sistemáti-
ca, tal como a análise das necessidades de recursos ou a identificação de como um cliente
escolhe um fornecedor para atuar na rede, entre os vários disponíveis (SANTOS, 2004).
Cada rede deverá definir o seu processo de trabalho com as informações que por
ela circulam objetivando, através da agregação de valor, buscar o conhecimento e,
consequentemente, a inteligência competitiva, que auxiliarão no processo de tomada
de decisão para atingir os resultados esperados (Figura 4).
(SANTOS, 2004)
Planejamento e direção
Compilação Processamento
Gestão Disseminação
Tomador de decisão
111
(MINTZBERG apud HERRERO FILHO, 2005)
Plano
estra
t
form égico
al Estraté
gia pre
tendid
a
Estratégia
realizada
Estratégia Mudanças e
não- realizada incertezas
Novas
competências
tégia
Estra ente
rg
eme
112
Identificar, ou construir, um portfólio de competências essenciais deve fazer parte
das decisões estratégicas para competitividade e longevidade organizacional, não de-
vendo ser delegada tão somente à parte técnica da organização, ou à sua gerência
intermediária (STRAHUS, 2003).
Da mesma forma, Bertoni (2005) observa que selecionar pessoas torna-se uma
ação estratégica, que visa identificar profissionais que compartilhem os mesmos va-
lores da empresa, que possuam objetivos compatíveis com os da organização, que
estejam motivados para o alcance de resultados a curto e a longo prazo. Selecionar é
buscar comportamentos que reflitam as competências essenciais da organização.
Textos complementares
Gestão do conhecimento
(MUSSAK, 2003, p. 63-66)
Logo de início deparamos com o fato de haver dois tipos distintos de conheci-
mento, que merecem tratamentos particulares: o conhecimento explícito e o tácito.
113
Já o conhecimento tácito recebeu esse nome em virtude do sentido da pala-
vra latina tacitu, que significa silencioso, calado, que não emite ruído e não provoca
rumor. Um conhecimento tácito é o que não exprime por palavras; normalmente
está subentendido, implícito, e é transmitido por palavras que não são subjetivas ou
por gestos, comportamentos, posturas.
Hoje acredita-se que boa parte do conhecimento construído dessa forma possa
ser compartilhada, e isso é muito desejável nas organizações, pois sabe-se que seu
volume não é pequeno. Desperdiçar o conteúdo da cabeça de um técnico de pro-
dução industrial que se aposenta após 35 anos de atividade na área é o mesmo que
queimar uma biblioteca.
Esse conhecimento tácito, invisível, só pode ser compartilhado através das re-
lações humanas. Não há apostila que dê conta disso. Mais uma vez aparece a impor-
Gestão da competência em ambiente colaborativo
114
Conhecimento não se transfere
(MUSSAK, 2003, p. 63-66)
Quanto às informações, essas sim podem ser transferidas. E, com base nelas,
outra pessoa poderá construir o próprio conhecimento. Quando um professor dá
uma aula, está, na verdade, passando dados, informações, conteúdos, na expectati-
va de que os alunos utilizem essa matéria-prima com a finalidade de construir, eles
próprios, seu conhecimento.
Aprendemos de verdade apenas aquilo que pode ser utilizado para transfor-
mar nossa vida para melhor. Faz sentido. Todos nos lembramos de que assistimos
a aulas no colégio cujo conteúdo nos fazia pensar em que utilidade teriam elas em
nossa vida prática. Mas rapidamente aprendíamos que aquela matéria era impor-
tante porque iria cair na prova. Como consequência disso, passamos a elaborar mo-
delos mentais que nos permitissem estudar o suficiente para ter sucesso na prova.
115
Atividades
116
2. Como pode ser vista a hierarquia da informação?
117
Modelos de referência
As Redes Colaborativas são uma nova forma organizacional que ainda carece de
modelos de referência (ECOLEAD, 2005; IFIP-IFAC, 2003; NORAN, 2003; OASIS, 2009;
FEA, 2005). Isso se explica pelo fato de que diversos fatores que estão causando ou
influenciando essa tendência ainda estão em evolução, ou seja, ainda não se estabiliza-
ram (BREMER; ORTEGA, 2000). Um desses fatores em evolução que pode ser observado
é a formação, ou seja, o treinamento e a preparação de profissionais que venham a
trabalhar em ambientes colaborativos.
Diante disso, a busca por um modelo que sirva de referência para a situação que
se deseja alcançar torna-se relevante. A partir de um modelo é possível construir uma
visão uniforme de vários aspectos (comportamentais, técnicos, organizacionais, cul-
turais, legais etc.) havendo, ainda, a possibilidade de compartilhar essa visão com a
comunidade interessada. Para tanto, o modelo deve conter diferentes representações,
ser expresso por um determinado formalismo permitindo que, com um certo grau de
abstração, as atividades, informações, recursos e estruturas possam ser representadas
por uma linguagem de modelação (BREMER; LENZA, 2000).
119
é baseado em um pequeno número de conceitos unificados e pode ser usado como
base para a educação e a explicação de padrões para um não especialista.
Apesar de não haver ainda muitos modelos de referência estabelecidos para am-
bientes colaborativos – devido, principalmente, a se tratar de uma forma organizacio-
nal considerada recente – pode-se tentar obter um entendimento mais real através de
alguns casos de sucesso (como exemplo, Virfebras–Brasil (http://hermes.ucs.br/ccet/
demc/virfebras/), Vietuellefabrik–Suíça (http://www.virtuelle-fabrik.com/), Verkko–
Finlândia (http://www.keski-savo.fi/verkkoa.php), etc.) que têm aplicações industriais
com conceitos na área de Redes Colaborativas.
120
Construção e utilização de um modelo de referência
Alguns aspectos devem ser destacados quando se trata da criação, manutenção
e utilização de modelos de referência: um modelo de referência pode ser construído
com distintos submodelos, podendo os mesmos serem classificados em níveis diferen-
tes. Também devem ser levados em conta:
Vernadat (1996) ressalta que o modelo deve conter certo grau de generalidade e
ser customizável, servindo de base para a elaboração de modelos específicos. Adicio-
nalmente, as informações precisam ser claras para que o público-alvo possa compre-
ender a mensagem que se quer passar.
A Figura 1 retrata alguns subsídios que podem ser utilizados para a geração de
um modelo. Com base na construção de um modelo de referência genérico é, então,
possível instanciar e particularizar este modelo para aplicações específicas, atendendo
a uma necessidade direta.
Modelos de referência
121
(ECOLEAD, 2005. Adaptado.)
PESQUISAS, ESTUDOS DE FUNDAMENTOS,
AVALIAÇÕES CASO, CENÁRIOS CONCEITOS
Especialistas
MODELO
122
Edmilson Rampazzo Klen.
Situação Situação
atual MODELO desejada
ser imaginativos;
olhar além da prática e da tecnologia de hoje;
olhar para os aspectos de mercado como requisitos de usuários.
123
Fatores que também devem ser considerados para o desenvolvimento de um bom
roteiro estratégico são: aspectos de implementação; a possibilidade de integração de
outros roteiros que foram desenvolvidos independentemente; tecnologias emergen-
tes que podem ser utilizadas; a aplicação de planejamento baseado em cenários. Hoje
em dia já existe um bom número de roteiros disponíveis que foram desenvolvidos para
diversos fins (ex.: roteiros industriais, roteiros tecnológicos, roteiros de ciência e pes-
quisa, roteiros de produtos, entre outros). Entretanto, apesar do crescente interesse
em roteiros estratégicos, ainda não foi definida uma metodologia específica para a sua
elaboração devido principalmente aos seus diferentes escopos e níveis de generalida-
de (SMITH INSTITUTE, 2005; CAI, 2000; U.S., 2009; MICROSOFT, 2005).
te colaborativo –, mas, por outro lado, normalmente não se aproveita todo potencial
latente e as habilidades disponibilizadas pelos profissionais em questão.
124
Para tanto, o modelo deve trabalhar com competências individuais, como base
de formação de um mapa de competência para futuras buscas e sugestão de possíveis
gestores de OV. Assim, o modelo estabelece um procedimento formal – supostamente
ágil e seguro – para a busca e sugestão de gestor(es) para uma determinada OV – ba-
seada nos recursos já existentes e disponíveis no ambiente da OV. O mapa de compe-
tências serve de base de análise de competências individuais (apoiadas em conheci-
mento, habilidade e atitude (CHA)).
Operação
Criação OV Dissolução
{
Membro
Banco de Dados Informações:
Membro
Gestor Competências
Mapa de
sugerido necessita de Individuais Membro
Competência
Não melhoramento/aquisição
C H A
de alguma
Competência(s)?
Membro
Time Virtual
PVC
{
Sim
Treinamento
Passo 2
Planejador de OV
Profissionais
liberais
Modelos de referência
Membros da PVC
Passo 1
Figura 3 – Modelo e metodologia para a busca e sugestão de gestores de OVs.
125
Passo 1: registro dos candidatos a gestores de OV
Aqui, profissionais atuando e/ou com experiência de atuação em ambientes co-
laborativos, inserem seus dados (baseados em competências) em um banco de dados
para a formação de um mapa de competências. Desta forma, estarão colocando-se à
disposição para atuarem como gestores de OV. Esse profissional pode estar represen-
tando uma empresa dentro de uma cadeia, onde esta empresa estará atuando (acres-
centando valor) através do serviço de gestão da OV.
Neste passo é possível identificar potenciais candidatos que podem vir a dispo-
nibilizar suas competências: membros da VBE, membros da PVC, profissionais liberais,
planejador da OV, e broker.
126
de inteligência aplicadas. Além disso, o(s) planejador(es) da OV pode também consi-
derar a utilização de critérios de preferências e/ou de restrições (exemplo: aplicação
de filtros para a busca de candidatos de determinada organização) na utilização da
metodologia.
A situação atual, dentro do modelo proposto, proporciona uma visão das compe-
tências individuais disponíveis no momento para um processo de busca e sugestão de
gestores para o atendimento momentâneo da OV em questão.
É importante ressaltar que não existe somente uma situação desejada. Similar-
mente ao que acontece com as OVs, em que cada composição de organizações/em-
presas/instituições é única para cada oportunidade de negócio, também a situação
desejada para cada oportunidade de negócio é idealmente única. Como a modela-
ção de todas as possíveis alternativas é praticamente impossível, o que se apresenta
aqui é visualizar o cenário “genérico” que contemple alternativas mais relevantes para
a gestão de OVs.
127
orientação, através de um modelo, para a busca e sugestão de gestores para a área de
RCs através da identificação de competências individuais existentes e caracterização
da necessidade de competências futuras.
Modelos gerais
O Quadro 1 apresenta alguns modelos de referência com forte relação com a área
de Redes Colaborativas de forma geral.
Quadro 1 – Exemplos de alguns modelos de referência e suas origens
(ECOLEAD, 2005)
OAIS – Open Archival Informa- ISO & CCSDS (1995-2003) ISO – Organização de Padrão Inter-
tion System nacional
GERAM – Generalized Enterprise Força Tarefa IFIP-IFAC Associação Científica
Reference Architecture Metho- (1994 -2002)
dology
CIMOSA – Computer Integrated Projeto EU ESPRIT + outros Projetos Internacionais
Manufacturing Open System Ar- projetos EU (1984-1994)
chitecture
GRAI GIM – GRAI Integrated Me- GRAI Laboratório da Universi- Universidades ou Grupos de Pes-
thodology dade de Bordeaux (1988) quisa
PERA – Purdue Enterprise Refe- Purdue Laboratório para
rence Architecture Controle Industrial aplicado
na Universidade de Purdue
(1989)
SCOR – Supply Chain Operations Supply Chain Council – SCC Associação de Organizações
Reference Model (1996)
WfMC – Workflow Reference Mo- WfMC – Workflow Manage-
Modelos de referência
128
Modelos voltados às empresas virtuais
O Quadro 2 apresenta alguns modelos de referência com forte relação com a área
de Redes Colaborativas, voltados, mais especificamente, às Empresas Virtuais (EV), com
uma descrição sucinta de cada um deles.
Quadro 2– Modelos de referência aplicáveis à EVs
(ECOLEAD, 2005)
Modelo de Descrição
referência
ISO 9000-2000 Descreve modelos em nível de política de como executar gestão de qualidade
em uma empresa. Nesta forma este padrão não endereça assuntos específicos de
redes ou EVs, mas aborda o que necessita ser executado em uma empresa sem
especificar como ela é configurada ou em qual ambiente ela opera (por exemplo,
em um ambiente estável ou dinâmico).
ISO 15288 Descreve requisitos para quatro grupos de processos de ciclo de vida do sistema (pro-
cessos de empresa, processos de acordo, processos de gestão de projeto e processos
técnicos). Para cada um dos processos em cada um dos grupos são descritos: propos-
ta, resultados e atividades. As descrições de atividade podem ser usadas como inspira-
ção para quando forem especificados requisitos para uma rede ou EVs.
PMBOK PMBOK (Project Management Body of Knowledge) descreve atividades genéricas
de gestão de projetos. Endereça os seguintes processos de gestão de projetos:
Integração, Escopo, Tempo, Custo, Qualidade, Recursos Humanos, Comunicações,
Riscos e Aquisições. Para cada processo são descritas entradas, ferramentas e téc-
nicas, e saídas.
RosettaNet Voltado para o eBusiness (negócio eletrônico / negócio digital). Os Processos de Inter-
face de Parceiro (PIP – Partner Interface Processes) definem interfaces e sequência de
passos necessários para executar um processo entre parceiros de uma Supply Chain.
RosettaNet categoriza PIPs por funções de negócios de alto nível e subfunções.
GLOBEMEN Grai Apresenta atividades de gestão para empresas parceiras, entidade de rede e a EV
Grid respectivamente. Este modelo está em um nível específico de EV com o foco nas
atividades de gestão através da descrição do centro de decisões. O modelo endere-
ça a visão da informação através da indicação de conteúdos e fontes de informação
interna e externa assim como de fluxo de informação entre centros de decisões.
GLOBEMEN IDEF0 Focando o início e operação de redes e EVs. O modelo de referência foca primei-
RM ramente a visão funcional, mas, através da descrição de fluxo de informação e de
recursos, o modelo endereça outras visões adicionais.
PRODNET Requisitos de infraestrutura TIC baseada em uma abordagem para coordenação
(ESPRIT 22647) suportada por um fluxo de trabalho (workflow). A infraestrutura consiste em 3 ní-
veis de coordenação de sistema (camada de cooperação central, funcionalidades
de gestão de empresa, funcionalidades de gestão da EV) suportada por serviços e
uma infraestrutura de comunicação.
DYNOCA Modelo de referência para Organizações em Rede Dinâmica no setor de consul-
(IST 11065) toria. O modelo de referência trata de como iniciar e operar EVs e consiste em 4
Modelos de referência
129
Texto complementar
O papel de uma arquitetura de referência para projeto de uma casa pode ser
identificar as soluções abstratas para os problemas de projetar uma casa. Um padrão
genérico para projeto de casa, um que enderece as necessidades de seus ocupantes
no sentido que, digamos, nada que seja banheiro, cozinha, corredores, e assim por
diante é uma boa base para uma arquitetura de referência abstrata. O conceito de
área de refeição é um conceito no modelo de referência, uma cozinha é a realização
de área de refeição no contexto de arquitetura de referência.
Pode haver mais de uma arquitetura de referência que trate de como proje-
tar uma casa, por exemplo, pode haver uma arquitetura de referência que aborde
os requisitos para desenvolvimento de soluções para projeto de casas em grandes
Modelos de referência
complexos de apartamentos, outro para tratar de casas para uma única família no
subúrbio, e outra para espaços públicos. No contexto de alta densidade de residên-
cias, não deve haver uma cozinha separada, mas um espaço de cozinha comparti-
lhada ou ainda uma cozinha comum usada por muitas famílias.
130
Uma real – ou concreta – arquitetura pode introduzir elementos adicionais. Ela
pode incorporar estilos arquiteturais particulares, arranjos particulares de janelas,
materiais de construção a serem usados e assim por diante. Uma planta de uma casa
em particular representa uma instanciação de uma arquitetura como ela é aplicada
para a construção de uma moradia real.
Atividades
131
Projetos e casos
Neste capítulo são apresentados alguns projetos de pesquisa e desenvolvimento
e de casos industriais com o objetivo de formar uma base de conhecimento e contri-
buir para a composição do entendimento teórico-prático na área de parcerias e técni-
cas colaborativas de organizações no trabalho em redes/cadeias.
133
O projeto ECOLEAD atuou em três áreas fundamentais e inter-relacionadas, que
são a base para organizações em rede dinâmicas:
Comunidades Virtuais
Organizações Virtuais
Organizações Virtuais
Profissionais
Dinâmicas
Infraestrutura de Tecnologia
de Informação e Comunicação
134
(abril de 2002 a abril de 2004) e buscou desenvolver e validar uma plataforma aberta
que fornecesse módulos adequados de software e mecanismos para dinamicamente
configurar e gerenciar cadeias de suprimento (supply chains) que são criadas especifi-
camente em resposta a pedidos individuais de clientes. O MyFashion.eu foi baseado
na ideia de produção de produtos de moda sob medida direcionada pelo consumidor,
que resultava em um fluxo-de-uma-peça em supply chains. Para este fim, a concepção
do sistema e da arquitetura do MyFashion.eu empregou padrões emergentes e avan-
çadas tecnologias em gestão distribuída e colaborativa de informação, guiados por
agentes inteligentes e workflow1.
A Figura 2 apresenta os níveis evolutivos das supply chains, iniciando pela “Cadeia
de Suprimento Tradicional” do estilo empurrada, em que o consumidor age de forma
passiva, não interagindo com o produto a ser produzido, depois para o “Estado da Arte”,
em que os itens solicitados geram uma cadeia de suprimentos para aquele pedido e,
finalmente, a “Cadeia de Suprimento MyFashion.eu” em que o lojista (varejo) monta e
gerencia uma cadeia para cada item solicitado.
Estado da Arte
• Ordem dirigida (Puxada)
• Fluxo de peça única
• Configuração semiestática
• Produtos únicos
• Canais simples/múltiplos
1
Workflow é a sequência de passos necessários para que se possa atingir a automação de processos de negócio, de acordo com um conjunto de regras defini-
das, envolvendo a noção de processos, permitindo que estes possam ser transmitidos de uma pessoa para outra de acordo com algumas regras. (WIKIPÉDIA,
2009a).
135
Edmilson Rampazzo Klen.
Plataforma MyFashion.eu
Solicita
Cotação
Solicitaçã
Solicita
o
Solicit
itaçã
Cotação Cotação Cotação Cotação
Cotação
Solic
ção
ação
ção
o
Cliente
Lojistas Produtores Fornecedores
O cliente vai à loja e faz o seu pedido. Através da plataforma MyFashion.eu, o lo-
jista busca os possíveis produtores com a maior competência para a produção de cada
um dos itens. Os produtores que têm a matéria-prima disponível em estoque imedia-
tamente respondem com uma cotação preço, prazo e outros detalhes. Caso algum
produtor não tenha a matéria-prima em estoque, utiliza a plataforma MyFahion.eu
para buscar fornecedores. Ao receber a cotação do(s) fornecedor(es), envia também a
cotação para o lojista. Acordados preços, prazos, qualidade etc. com o cliente, o lojista
estabelece as supply chains para os itens solicitados.
136
Divulgação 3d Body Scanner.
Gary Hodges, Jon Reis Photography.
Figura 4 – Escaneador de corpo e formação dos dados do corpo do cliente.
Projeto DAMASCOS2
DAMASCOS (“Dynamic Forecast for Master Production Planning with Stock and
Capacity Constraints”) também foi um projeto com dois anos de duração (janeiro de
2000 a dezembro de 2001) dentro do 5.º Programa Quadro da Comissão Europeia (FP5
IST 118503). Neste período, foi projetada e desenvolvida uma plataforma aberta que
foi implementada e posteriormente disponibilizada através de módulos adequados e
mecanismos baseados em Tecnologias de Informação e Comunicação para gerenciar
redes de suprimento customizadas dentro da filosofia de Empresa Virtual e, ao mesmo
tempo, integrando consumidor e suas demandas. Foi voltado principalmente para pe-
quenas e médias empresas, preponderantemente verticalizadas, de forma a fornecer
um ambiente de gestão e interoperação de cadeias de produção dinâmicas.
Entre várias atividades realizadas neste projeto, como exemplo, a Figura 5 mostra
parte da ferramenta SC2 (Supply Chain Smart Coordination) que possibilita gerar e geren-
ciar supply chains, para um ou mais produtos. Para tanto, se trabalha com um banco de
dados de lojistas, produtores e fornecedores com seus vários produtos possíveis a serem
2
<www.ist-world.org/ProjectDetails.aspx?ProjectId=bd6bc13d3ffb43ff96d802b58303f40c> ou <http://cordis.europa.eu/search/index.cfm?fuseaction=proj.
Projetos e casos
document&PJ_LANG=EN&PJ_RCN=4920452&pid=1&q=BC862F4D58347E2C141AF8BD9E3FD661&type=sim>.
3
Este número é dado pela Comissão Europeia. Serve como um “localizador” caso alguém queira buscar alguma informação do projeto.
137
ofereceridos em uma nova supply chain. Uma vez gerada a supply chain e suas necessi-
dades/ordens, o seu gestor disponibiliza esta informação aos participantes da cadeia e
passa a gerenciar, inclusive, o processo de produção de cada membro (GSIGMA, 2009).
Divulgação.
Figura 5 – Ferramenta SC2 para gerar e gerenciar supply chains.
IFM
O Instituto Fábrica do Milênio (IFM) (www.ifm.org.br), uma organização em âmbito
nacional, apoiada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, agregou em torno de 600
pesquisadores, em 31 grupos de pesquisas, alocados em 20 Instituições de Ensino Su-
perior. Seu perfil de atuação foi focado na pesquisa em manufatura voltada para as
necessidades nacionais da indústria.
O Instituto Fábrica do Milênio teve início em abril de 2002 e seu término em dezem-
bro de 2005. Com a submissão de uma nova proposta, o IFM foi novamente aprovado
Projetos e casos
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em novo edital dos Institutos do Milênio e con-
tinuou até 2008.
4
Cluster, no mundo da indústria, é uma concentração de empresas relacionadas entre si, numa zona geográfica relativamente definida, que conformam um
polo produtivo especializado com vantagens competitivas (PORTER, 1990 apud WIKIPÉDIA, 2009b).
138
Instituições principais Instituições apoiadas
CEFET-PR Curitiba – PR CEFET-MG Belo Horizonte – MG
CTA São José dos Campos – SP FENQUIL Lorena – SP
IPEN São Paulo – SP ITA São José dos Campos – SP
SOCIESC Joinville – SC PUC MINAS Belo Horizonte – MG
UFRN Natal – RN PUCPR Curitiba – PR
UFSC Florianópolis – SC SENAI/CETEMPS São Leopoldo – RS
UFSCAR São Carlos – SP SENAI/CIMATEC Salvador – BA
UFU Uberlândia – MG UCS Caxias do Sul – RS
UNESP Bauru – SP UFBA Salvador – BA
UNICAMP Campinas – SP UFC Fortaleza – CE
USP/EESC São Carlos – SP UFES Vitória – ES
USP/ICMC São Carlos – SP UFL Londrina – PR
UFMG Belo Horizonte – MG
UNB Brasília – DF
UNIFEI Itajubá – MG
UNIMEP Sta. Bárbara do Oeste – SP
UFRGS Porto Alegre – RS
UFSJ São João Del Rei – MG
Projetos e casos
UFPE Recife – PE
USP/EP São Paulo – SP
Figura 6 – Rede de pesquisa IFM.
139
Casos industriais
São apresentados a seguir os casos das empresas Li & Fung e Zara que têm, entre
outros, ações estratégicas de gerenciamento das supply chains e do uso das Tecnolo-
gias de Informação e de Comunicação, o que permite a agilidade na execução de seus
trabalhos e o sucesso dessas empresas e de suas cadeias.
Li & Fung5
Esta corporação tem sido alvo de inúmeros estudos e publicações, que a reconhe-
cem como um dos expoentes mundiais no uso da tecnologia da informação e da ter-
ceirização, conjugando dezenas de milhares de parceiros nas mais diferentes etapas de
planejamento, produção e distribuição de produtos e serviços. A Li & Fung foi fundada
em 1906, na cidade de Guangzhou (China), pelo patriarca Fung Hon-Chu. Era na época,
uma empresa familiar, uma trading exportadora de roupas, brinquedos baratos e flores
de plástico. Na década de 1970, Victor Fung, professor da Harvard Business School e seu
irmão Willian, recém-formado em MBA (Master of Business Administration – Mestrado
em Administração de Empresas), foram solicitados pela sua mãe para que voltassem
para Hong Kong para ajudar o patriarca a administrar a empresa da família. Para retornar
a Hong Kong colocaram algumas condições, entre elas, profissionalizar a Li & Fung, demi-
tir parentes e abrir o capital da empresa. Dessa forma poderiam levantar fundos, aplicar
o que aprenderam em Harvard e fazer mudanças no negócio da família. Em 1973 foram
abertas ações na bolsa de Hong Kong. Na década de 1980 descobriram que podiam en-
tregar produtos mais baratos e mais rápidos, se cada fabricante ficasse com a responsa-
bilidade de uma etapa da produção, mesmo em países distantes.
Com a aplicação do aprendizado adquirido nos Estados Unidos, a Li & Fung foi
baseada em uma sofisticada inteligência organizacional com um controle financeiro
centralizado impressionante, apesar de sua estrutura ser totalmente descentralizada e
dividida em mais de 80 escritórios que operam como empresas independentes, cada
uma responsável por um grupo de clientes e por cada um de seus pedidos.
Quando algum cliente faz um pedido, a Li & Fung escolhe as empresas que partici-
parão do processo de produção. Um exemplo é a produção de calças, a Li & Fung escolhe
quem vai fornecer, quem vai tecer, tingir, quem serão os fornecedores de botão e zíper,
o corte, costura e acabamento e o responsável pela distribuição, tudo sob os olhos e
controle da empresa Li & Fung. Esse controle só é possível porque a companhia chinesa
Projetos e casos
5
Texto baseado em Kock (2008), Li & Fung (2009) e Época Negócios (2009).
140
detalha com riqueza cada produto a seus fornecedores, deixando por conta deles a deci-
são de que forma vão executar a tarefa, desde que entreguem no prazo combinado.
A Li & Fung é também conhecida como fábrica sem fumaça e também como fá-
brica sem nome, pois comercializa produtos sem ter uma fábrica propriamente dita.
A empresa tem histórico de trabalho de marcas como Levi Strauss, Reebok, Canon,
Disney (brinquedos), Wal-Mart, entre outras. Grande parte da sua receita vem especial-
mente do mercado de roupas.
A companhia chinesa conseguiu algo que, no mundo da moda, se dizia ser im-
possível. Produzir coleções em períodos curtos, com qualidade e agilidade como as
coleções quinzenais que abastecem, por exemplo, as lojas Zara, resultando em menos
estoque e mais controle.
Em seus mais de 100 anos de existência, a Li & Fung conseguiu reinventar sua
história conforme as mudanças iam acontecendo no mundo, com a flexibilidade de
poder mudar sua produção conforme a situação do país no qual se situa a compa-
nhia responsável por determinada produção. Um dos maiores desafios aconteceu na
década de 1990, com o surgimento da internet. Muitos analistas disseram que com o
surgimento de um mercado virtual a companhia não ia sobreviver. Mas, ao contrário
do que todos pensavam, isso foi a alavanca para seu crescimento, que facilitou a comu-
nicação e barateou os custos com sua rede de fornecedores.
assim com os outros 9 contêineres. Destinando cada contêiner para a loja correspon-
dente, diminui o custo de transporte do produto.
141
Zara6
A cadeia de lojas espanhola Zara pode ser considerada como um dos maiores
fenômenos da moda nos dias de hoje. Sua estratégia está focada na velocidade com
que um modelo (de moda) é criado, produzido e distribuído pelo mundo. Isso permite
que a Zara introduza novos itens a cada semana, o que estimula os consumidores a
retornarem às suas lojas para conferir as novidades.
Ortega largou os estudos aos 14 anos para começar a trabalhar como garoto de
recados da camisaria La Gala, onde se vestia a elite de Corunha, na Espanha. Treze anos
depois, arriscava seus primeiros passos como empresário da área têxtil trabalhando com
a família dentro de um galpão mal iluminado. Nesse primeiro negócio, ele já lançava as
sementes das ideias que o ajudaram a erguer seu atual império têxtil. No tal galpão,
trabalhavam em família – costuravam sua primeira mulher, a cunhada e, eventualmen-
te, a mãe – na produção de roupões de mulher. Na Espanha de então havia dois tipos
de roupão – os caros, de seda, e os baratos, que mais pareciam “sacos com mangas”. O
grande diferencial de Ortega foi fabricar um produto semelhante aos roupões de seda,
com preço mais próximo ao das peças populares. Além disso, introduziu o que na época
era uma completa inovação – tamanhos grande e extragrande. O negócio prosperou
tanto que em 1975 o empresário resolveu lançar a marca Zara – um nome que surgiu
por acaso. Ele foi ao registro comercial de Corunha com o nome Zorba na cabeça. Lá,
descobriu que este já estava registrado, inventando na hora, o nome Zara.
6
Texto baseado em Chick News (2006), Comunidade de Moda (2008), Portal Exame (2009a, 2009b e 2009c).
Projetos e casos
142
A partir de então, o bem-sucedido modelo de negócios da marca é estudado em
todas as grandes escolas de negócios do mundo. Ortega transformou-se num ícone
do varejo de moda ao encurtar radicalmente o tempo entre o processo de criação e
distribuição, injetando produtos novos nas lojas em tempo recorde. Mais da metade da
produção da empresa é confeccionada na sede de Corunha. A fabricação é própria ou
fica a cargo de pequenos parceiros instalados nos arredores da unidade. As roupas são
feitas em pequenos lotes e distribuídas por caminhão para entrega na Europa ou por
avião para as lojas que a rede possui mundo afora, inclusive no Brasil.
O efeito desse processo é visível. Como a rede evita a produção em massa, a re-
novação dos modelos é intensa. As cópias ficam pouquíssimo tempo nas prateleiras,
obrigando os clientes a visitar constantemente as lojas em busca de novidades. Quase
sempre eles saem do ponto de venda carregando uma sacola, pois têm medo de não
encontrar mais a roupa caso deixem a compra para outra hora. A combinação de quali-
dade aceitável com preços baixos revelou-se irresistível. A rede se dá ao luxo de ter um
gasto irrisório com marketing – 0,3% das vendas líquidas, contra 3,5% da concorrência.
Um dos axiomas prediletos de Ortega é “90% da venda é a vitrine”. Por isso, as lojas
surgem nos melhores pontos das cidades e as vitrines e os interiores são concebidos
com o máximo de capricho. Tudo é decidido e produzido de forma centralizada (até as
vitrines são as mesmas em todas as lojas do mundo e o layout das lojas é decidido na
matriz), mas cada loja tem a liberdade de só pedir as peças que quiser.
143
muito mais que o transporte de mercadorias. Sua importância na última década tor-
nou-se tão vital para a produtividade, a eficiência e a rentabilidade dos negócios que
logística virou espertamente slogan de uma série de companhias que nada mais fazem
que carregar caminhões. Mas, numa simplificação, pode-se dizer que contar com uma
boa logística significa colocar o produto no lugar certo, na hora e na quantidade certa,
na qualidade certa, a preços competitivos.
Os gerentes de todas essas lojas têm dois dias por semana para fazer os pedi-
dos, em horários específicos. A imensa engrenagem logística não comporta exceções.
Como o controle de qualidade dentro do centro de produção é bastante rígido, redu-
zindo a percentuais quase desprezíveis os erros e as peças defeituosas, as encomendas
viajam já etiquetadas, dentro de araras. Quando chegam às lojas, é só descarregar e
começar a vender.
144
Texto complementar
Quem trabalha com moda, seja na criação, indústria, vendas, jornalismo, pes-
quisa (ou em qualquer outra área), sabe que o marketing é muito importante. Talvez,
seja o segredo do sucesso de muitas empresas espalhadas pelo mundo.
A moda é uma mídia que gera uma sofisticação estética, um valor agregado que
nenhum outro mercado tem. É um dos mercados mais sintonizados com o comporta-
mento e tendências dos consumidores. Mas, apesar do Brasil ser aberto a novidades,
falta foco e suporte na área de gestão, inclusive do governo, política, entre outros.
Projetos e casos
145
Normalmente os grandes varejistas de moda, tais como C&A, Pernambucanas,
Renner, estão mais estruturados nas suas atividades de marketing, tanto pela políti-
ca profissional como pelas estratégias que vêm desenvolvendo no mercado, como
as campanhas e nomes ligados a estilistas famosos.
O consumidor deve se sentir atraído pelo “intangível”, que são os benefícios que
a loja pode proporcionar, e não somente pelo produto. As coisas deveriam aconte-
cer de fora da empresa para dentro. Hoje em dia não adianta apenas desenvolver o
produto dentro das expectativas de mercado. O produto somente pelo produto não
prende mais ninguém.
O mercado está passando por uma forte transição, onde devemos repensar
nossos caminhos.
Os gerentes sabem exatamente o que devem pedir para seus consumidores e a re-
posição acontece em torno de dois dias e meio. É o sucesso de toda uma cadeia de
produção, entrega e colocação no ponto de venda.
146
E como, em média, a cada dois dias chegam novos produtos, o consumidor é
instigado a comprar, pela oportunidade do momento e a rápida atualização com
uma moda up-to-date, antecipando as tendências antes de outras lojas.
Atividades
Projetos e casos
147
2. Qual é o setor industrial focado no projeto MyFashion.eu?
3. Como se pode resumir a atuação das empresas Zara e Li & Fung com relação às
suas supply chains?
Projetos e casos
148
149
Projetos e casos
Desenvolvendo cenários
Em uma perspectiva organizacional ampla, cenários são possibilidades de acon-
tecimentos futuros, que, se parametrizados, podem ser simulados. A simulação de ce-
nários é uma ferramenta cognitiva que busca descrever uma determinada situação
sobre a maneira como o mundo ou uma situação específica poderá se transformar no
futuro (ROJO, 2006).
Por vezes nos deparamos com tendências de mercado (ex.: organizacionais, tec-
nológicas, comportamentais etc.) as quais nos alertam para possíveis acontecimentos
futuros que podem realmente acontecer ou simplesmente não acontecem ou se con-
cretizam em parte(s). Empresas que querem manter a liderança de mercado, estan-
do sempre à frente dos concorrentes, buscam estratégias de mercado mais ofensivas.
Além do investimento em pesquisa e desenvolvimento, cenários se apresentam como
ferramentas estratégicas para a preparação da(s) empresa(s), caso essas tendências/
visões futuras venham a acontecer.
comportamento mais ativo (e menos reativo) dos consumidores (ex.: estilo pro-
sumer – produtor + consumidor). Gestão específica para cada tipo de cadeia
(ex.: escolha de perfil do(s) gestor(es) correlacionado ao perfil e objetivo da
cadeia/rede colaborativa);
entre outros.
151
Como orientação à execução dessas atividades, apresenta-se, a seguir, um
exemplo de cenário com esclarecimentos à solução encontrada. As atividades seguin-
tes, além da sugestão de um cenário, apresentam algumas informações no sentido de
melhor ilustrar e motivar o desenvolvimento destes.
Convém ressaltar que a posição geográfica do profissional que possa vir a atuar
como gestor não é relevante, pois considera-se a definição de local de trabalho base-
ado em informação (information workplace) (MOORE RUGULLIES, 2005): o local de tra-
balho deste futuro gestor – independente onde seja – pode estar baseado no conceito
de “ambientes inteligentes”, onde terá acesso a todo o tipo de informação necessária
para a gestão dessa cadeia (PEREIRA-KLEN et al., 2005).
por exemplo, solicitar benefícios dentro da sua área de pesquisa. De modo similar isso
ocorreria com os candidatos a gestores de OVs que, devido à atualização de suas com-
petências, se tornarão mais competitivos para assumirem o cargo aspirado. As relações
contratuais do profissional selecionado não será tratada aqui.
1
A plataforma Lattes é a base de dados de currículos e instituições das áreas de Ciência e Tecnologia no Brasil (http://lattes.cnpq.br/).
152
A ideia principal é que o modelo desse cenário proposto possa ser aplicado a
qualquer tipo de RCs e, se interligado a outras redes, possa ainda ampliar as possibili-
dades de busca e sugestão de gestores de OV entre as RCs. Em meio a esse amplo uni-
verso de possibilidades a Figura 1 apresenta o modelo dentro do cenário proposto, em
que os círculos maiores representam VBEs/PVCs, e os círculos menores seus membros.
Mapa de
competências
C H A
Gestor
selecionado
(sugerido)
= Administradores de VBE/PVC
Figura 1 – Modelo para cenário para busca e sugestão de gestores de OVs baseado em competências
Desenvolvendo cenários
individuais.
153
da(s) VBEs/PVCs – de candidatos a gestores de OV –, várias outras fontes podem auxi-
liar na composição desse modelo para o cenário especificado.
154
A Figura 2 apresenta uma visão de como se chegar às competências desejadas
para a gestão da OV e, consequentemente, às competências individuais desejadas para
que um gestor possa atuar adequadamente contribuindo para o sucesso da Rede Co-
laborativa. Inicia-se pelos objetivos e estratégia(s) traçados que podem levar em conta
temas como missão, valores, crenças, visão futura etc., que ressaltam, entre outros, a
ética do trabalho esperado. Como foco fundamental para a atuação dessa Rede Cola-
borativa no mercado estão as competências essenciais que auxiliarão no atendimento
dos resultados esperados e base para o enfrentamento da concorrência. Estas, além
do mercado, receberão a influência de vários temas, avaliações, ferramentas etc., de
forma a mantê-la à frente da concorrência. Dentro dessa análise se possibilita chegar
às competências individuais necessárias/desejadas do futuro gestor que possa refle-
tir interesse global da rede. Como forma de classificação por áreas de competências
(ÁREA 1 até ÁREA n) – dentro das diversas variáveis possíveis dentro da área de RCs – o
modelo pode utilizar, por exemplo, o conceito baseado em Pucci (2000) – Administrati-
va, Ambiental, Decisória, Interpessoal, Motivacional e Tecnológica – podendo ainda ser
estendido ou adequado de acordo com as necessidades dos usuários do modelo.
evitar o óbvio – algumas competências são tão óbvias, por exemplo: boa
educação universitária ou boa imagem pessoal, que não precisariam ser lis-
155
tadas. Fazem parte, geralmente, de pré-requisitos para incorporação em uma
empresa;
A representação apresentada nesse cenário pode ser considerada como uma su-
gestão para a área de RCs, servindo como uma primeira visão e podendo ainda ser re-
Desenvolvendo cenários
trabalhado e adequado para uma melhor aplicação. Cabe ressaltar que há ainda muito
espaço para estudos acerca de questões como: formas de se chegar à seleção ideal de
competências organizacionais (essenciais) de uma futura OV, por parte dos administra-
dores da VBE ou planejadores de OVs.
156
Cenário 2 – Trabalho colaborativo para geração de
uma proposta de projeto utilizando ferramentas de
rede social
Cenário 2:
As ferramentas usadas em redes sociais, como: Skype, MSN, Orkut, blogs, videologs, e-mails, SMS,
GoogleSpreadsheets etc. demonstram que também servem de apoio para a realização de traba-
lhos colaborativos.
Imagine a seguinte situação: você junto aos colegas de classe são parte de uma comunidade prosumer
a qual consiste basicamente em estudantes do curso. Vocês estão juntos em uma comunidade porque
vocês têm objetivos e interesses similares, como por exemplo, aprender sobre Redes Colaborativas.
Agora imagine o seguinte: a relação entre os membros dessa comunidade será mediada através do uso de
computadores. Eventualmente poderá existir interação face a face, mas essa não será predominante.
Agora a questão é: você pode trabalhar junto e colaborativamente de acordo com essa estrutura orga-
nizacional e social levando vantagem da sociedade “conectada”?
Sugestão:
157
Cenário 3 – Cenário de cocriação e codesenvolvimento
de produtos junto à comunidade prosumer
Cenário 3:
É notável o grande aumento do uso de TICs tanto por consumidores como por produtores. Consumi-
dores querem opinar na idealização de novos produtos e produtores querem conhecer estas opini-
ões, ou seja, estão motivados a um trabalho colaborativo.
Como é possível haver uma interação entre produtores e consumidores para um codesenvolvimento
de novos produtos, relacionando-se a isso, as novas formas organizacionais das empresas baseadas
nas Redes Colaborativas?
Objetivos: o cenário deve consistir em uma VBE, uma comunidade prosumer, uma
oportunidade de negócio e uma OV para executar a oportunidade de negócio iden-
tificada. Membros, papéis e responsabilidades devem ser definidos para a VBE, a OV e
a comunidade prosumer. A oportunidade de negócio deve ser representada por um
processo de negócio distribuído e deve necessariamente cocriar e codesenvolver pro-
dutos com a comunidade prosumer.
gerenciar a OV.
Sugestão:
158
Textos complementares
Talvez sejam apenas figuras de retórica, mas a questão é que existe uma dife-
rença entre “fazer planos” e “elaborar um planejamento”. Embora os livros de admi-
nistração afirmem que o planejamento é composto de planos, “fazer planos” parece
algo vago, que muitas vezes fica apenas no discurso.
O mundo competitivo em que vivemos hoje não permite que fiquemos na di-
vagação poética de “fazer planos”, que na maioria das vezes nunca serão implemen-
tados. Em todas as áreas da vida haverá mais chance de sucesso se elaborarmos
um planejamento. Não pense que é exagero. Seja seu próprio vice-presidente de
planejamento e evite surpresas.
O profissional do século XXI sabe que depende essencialmente dele mesmo para
desenvolver sua carreira, ter sucesso em suas empreitadas e realizar seus sonhos. Para
tanto, o planejamento pessoal é fundamental. A percepção mais adequada é a de que
o planejamento profissional não pode existir sem a presença de um planejamento
Desenvolvendo cenários
159
pessoal. O que pretendemos para a nossa carreira deve vir acompanhado de pelo
menos mais cinco preocupações, relativas à: dinheiro, família, desenvolvimento pessoal,
saúde e lazer. Isso não significa que seja necessário ter cinco planejamentos estraté-
gicos para nossa vida, mas apenas um, do qual fazem parte algumas metas distintas,
porém complementares e interligadas.
O que é oportunidade?
(GEHRINGER, 2000, p. 209-210)
Oportuno vem do latim e significa “no tempo certo”. Nas empresas, quem per-
segue uma boa oportunidade sempre esbarra nesta definição, porque o “tempo
certo” é sempre medido pelo relógio da empresa, normalmente atrasado em relação
às expectativas do funcionário. Este, ansioso, reclama. E aí se torna “inoportuno”.
“Quem espera sempre alcança” é um bonito ditado, mas pouco sentido faz
para quem está de olho em uma grande oportunidade. Em empresa, quem espera
sempre dança. Ter fé também é muito louvável, mas pouco resolve. Porque fé, todo
mundo sabe, é uma maneira de delegar responsabilidade. Só que para cima. Mas o
pior, mesmo, é quando o já estressado marinheiro passa pelo porto ansiosamente
procurado sem conseguir avistá-lo. O que faz me lembrar de uma pequena parábola
sobre a oportunidade.
Desenvolvendo cenários
Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, havia um escriba de nome Nicolau. E era
Nicolau justo e irrepreensível na obediência aos preceitos do Senhor seu Deus.
160
Sucedeu ser Nicolau possuidor de modesta quantia de bens, o que lhe propor-
cionava um viver simples, porém confortável.
Mas eis que não havia felicidade no coração de Nicolau. Não eram de agradeci-
mento as suas preces ao Senhor, mas de súplicas e lamentos.
Assim, todas as noites, posto o Sol, permanecia Nicolau em sua janela, jejuando
e flagelando-se até o limite do suportável. Fazendo orações sem fim e interrogando
o infinito. Mas ia se escoando o tempo, e nenhum sinal da vontade do Senhor se
manifestava.
Certa manhã, veio acordá-lo Sara, sua mulher. Surpreendido pelo cansaço,
Nicolau havia adormecido à janela. Era já a hora undécima de um dia claro.
– Viste, Nicolau, a estrela que por toda a noite clareou os céus? – indagou Sara.
E respondeu-lhe Nicolau:
– Não, eu não a vi. Fui interrompido em minhas preces por um viajante que
passava, e logo adormeci.
suplicar aos céus pelo milagre que o faria um homem famoso por todo o sempre.
161
Atividades
162
3. Indique uma ferramenta capaz de auxiliar na interpretação de cenários.
Desenvolvendo cenários
163
Gabarito
166
Gestão da competência em ambiente colaborativo
1. A gestão de competências como parte integrante da gestão do conhecimento.
Modelos de referência
1. Uma abstração da realidade, expressa por meio de uma linguagem definida por
um método de modelação em função do objetivo do usuário.
3. Prover uma forma de consenso ou uma visão do futuro para o tomador de de-
cisão.
Projetos e casos
1. Ambientes de Criação (de Organizações Virtuais), Organizações Virtuais Dinâ-
micas, Comunidades Virtuais de Profissionais.
2. Setor têxtil.
com grife (conhecida como fábrica sem fumaça e também como fábrica
sem nome).
167
Desenvolvendo cenários
1. Cenários são possibilidades de acontecimentos futuros, que, se parametrizados,
podem ser simulados. A simulação de cenários é uma ferramenta cognitiva que
busca descrever uma determinada situação sobre a maneira como o mundo ou
uma situação específica poderá se transformar no futuro.
168
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