1) Denúncias anônimas e notícias veiculadas na mídia podem ser admitidas e investigadas se houver plausibilidade dos fatos relatados.
2) A autoridade não deve instaurar processo disciplinar imediatamente, mas sim realizar investigação preliminar para confirmar os fatos.
3) Se a investigação confirmar a plausibilidade dos fatos, a denúncia anônima ou notícia na mídia será convalidada e o processo poderá ser instaurado.
1) Denúncias anônimas e notícias veiculadas na mídia podem ser admitidas e investigadas se houver plausibilidade dos fatos relatados.
2) A autoridade não deve instaurar processo disciplinar imediatamente, mas sim realizar investigação preliminar para confirmar os fatos.
3) Se a investigação confirmar a plausibilidade dos fatos, a denúncia anônima ou notícia na mídia será convalidada e o processo poderá ser instaurado.
1) Denúncias anônimas e notícias veiculadas na mídia podem ser admitidas e investigadas se houver plausibilidade dos fatos relatados.
2) A autoridade não deve instaurar processo disciplinar imediatamente, mas sim realizar investigação preliminar para confirmar os fatos.
3) Se a investigação confirmar a plausibilidade dos fatos, a denúncia anônima ou notícia na mídia será convalidada e o processo poderá ser instaurado.
O termo denncia refere-se pea apresentada por particular, noticiando
administrao o suposto cometimento de irregularidade associada ao exerccio de cargo. E quanto formalidade, na regra geral da administrao pblica federal, exige-se apenas que as denncias sejam identificadas e apresentadas por escrito.
Lei n 8.112, de 11/12/90 - Art. 144. As denncias sobre irregularidades sero objeto de apurao, desde que contenham a identificao e o endereo do denunciante e sejam formuladas por escrito, confirmada a autenticidade.
Tambm a denncia requer critrios similares aos acima descritos para a admissibilidade da representao. Destaque-se a indispensvel exigncia de que a denncia se materialize em documento por escrito, de forma que a denncia apresentada verbalmente deve ser reduzida a termo pela autoridade competente.
Anonimato e Notcia Veiculada em Mdia
Embora a princpio, pela prpria natureza da representao e por previso legal para a denncia (art. 144 da Lei n 8.112, de 11/12/90), se exija a formalidade da identificao do representante ou denunciante, tem-se que o anonimato, por si s, no motivo para liminarmente se excluir uma denncia sobre irregularidade cometida na administrao pblica e no impede a realizao do juzo de admissibilidade e, se for o caso, a conseqente instaurao do rito disciplinar. Diante do poder-dever conferido no art. 143 da Lei n 8.112, de 11/12/90, em sede da mxima do in dubio pro societate, deve a autoridade competente verificar a existncia de mnimos critrios de plausibilidade.
No cabe aqui a adoo de uma leitura restritiva do mencionado art. 144 do Estatuto, como se ele delimitasse todo o universo de possibilidades de se levar ao conhecimento da administrao o cometimento de irregularidades. Ao contrrio, diante dos diversos meios de se levar o conhecimento administrao, tem-se que aquele dispositivo deve ser visto apenas como forma especfica regulada em norma, mas no a nica licitamente aceitvel para provocar a sede disciplinar.
Se a autoridade se mantivesse inerte, por conta unicamente do anonimato, afrontaria princpios e normas que tratam como dever apurar suposta irregularidade de que se tem conhecimento na administrao pblica federal. Uma vez que a previso constitucional da livre manifestao do pensamento (art. 5, IV da CF) em nada se confunde com o oferecimento de denncia ou representao em virtude de se ter cincia de suposta irregularidade, a estes institutos no se aplica a vedao do anonimato. Ademais, conforme se abordar em 4.4.14.1, o interesse pblico deve prevalecer sobre o interesse particular.
Mas claro que a autoridade no se precipitar a instaurar a sede disciplinar, com todos os nus a ela inerentes, vista to-somente de uma denncia annima. Nesses casos, deve-se proceder com maior cautela antes de se decidir pela instaurao do processo, para evitar precipitada e injusta ofensa honra do servidor, promovendo investigao preliminar e inquisitorial (no contraditria, pois no h a figura de acusado), acerca do fato constante da pea annima.
STF, Mandado de Segurana n 24.369: Ementa: delao annima. Comunicao de fatos graves que teriam sido praticados no mbito da administrao pblica. Situaes que se revestem, em tese, de ilicitude (procedimentos licitatrios supostamente direcionados e alegado pagamento de dirias exorbitantes). A questo da vedao constitucional do anonimato (CF, art. 5, IV, in fine), em face da necessidade tico-jurdica de investigao de condutas funcionais desviantes. Obrigao estatal, que, imposta pelo dever de observncia dos postulados da legalidade, da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, caput), torna inderrogvel o encargo de apurar comportamentos eventualmente lesivos ao interesse pblico. Razes de interesse social em possvel conflito com a exigncia de proteo incolumidade moral das pessoas (CF, art. 5, X). O direito pblico subjetivo do cidado ao fiel desempenho, pelos agentes estatais, do dever de probidade constituiria uma limitao externa aos direitos da personalidade? Liberdades em antagonismo. Situao de tenso dialtica entre princpios estruturantes da ordem constitucional. Coliso de direitos que se resolve, em cada caso ocorrente, mediante ponderao dos valores e interesses em conflito. Consideraes doutrinrias. Liminar indeferida. Idem: STJ, Recursos Ordinrios em Mandado de Segurana n 1.278 e 4.435 e Recursos em Habeas Corpus n 7.329 e 7.363.
(...) Em outras palavras, o fato de a Constituio Federal vedar o anonimato no autoriza a Administrao Pblica a desconsiderar as situaes irregulares de que tenha conhecimento, por ausncia de identificao da fonte informativa. Francisco Xavier da Silva Guimares, Regime Disciplinar do Servidor Pblico Civil da Unio, pg. 104, Editora Forense, 2 edio, 2006
Se essa investigao confirmar ao menos a plausibilidade, ainda que por meio de indcios, do objeto da denncia annima, convalidando-a, ela passa a suprir a lacuna do anonimato. Da, pode-se dizer que o juzo de admissibilidade se ordena no pela formalidade de o denunciante ter se identificado ou ter se mantido annimo, pois no mais ser com base na pea annima em si mas sim no resultado da investigao preliminar, sob tica disciplinar, que ratificou os fatos nela descritos, promovida e relatada por algum servidor, dotado de f pblica, que o processo ser instaurado, com o fim de comprovar o fato e a sua autoria (ou concorrncia), garantindo-se ao servidor a ampla defesa e o contraditrio.
A mesma cautela, e at com maiores requisitos para no se deixar influenciar por presso de opinio pblica e de imprensa, deve se aplicar s denncias que cheguem ao conhecimento da autoridade competente por meio da mdia. No sendo essa uma forma ilcita de se trazer fatos ao processo, no resta nenhuma afronta ao ordenamento e aos princpios reitores da matria tomar aquelas notcias jornalsticas como deflagradoras do poder-dever de a autoridade regimentalmente vinculada dar incio s investigaes. Se a autoridade competente tomou conhecimento de suposta irregularidade seja por um veculo de pequena circulao, seja de circulao nacional, tem-se que o meio lcito e ela tem amparo para proceder investigao preliminar e inquisitorial, tomando todas as cautelas, antes de precipitadamente se expor a honra do servidor. Portanto, no h vedao para que se deflagre processo administrativo disciplinar em decorrncia de notcia veiculada em mdia, independente do seu grau de repercusso, alcance ou divulgao.
Deve-se destacar, no entanto que, para fim de demarcao do termo inicial do prazo prescricional (ver 4.13.1.1), quando o fato supostamente irregular vem tona por meio de veculos de comunicao, somente se pode presumir conhecido pela autoridade competente no caso de notcia veiculada em mdia de expresso, circulao ou divulgao nacional, em que prevalece a presuno de conhecimento por todos (inclusive a autoridade) na data de sua divulgao. A mesma presuno, de conhecimento por parte de todos no caso notcia veiculada em veculos de mdia de pequena ou restrita repercusso, poderia induzir ao risco de equivocadamente se deduzir que a autoridade tambm teve conhecimento e se manteve inerte.
Da mesma forma como no anonimato, por um lado, afirma-se que, se a autoridade se mantivesse inerte, por conta unicamente do carter difuso da notcia, afrontaria princpios e normas que tratam como dever apurar suposta irregularidade de que se tem conhecimento na administrao pblica federal. E, por outro lado, repete-se que a autoridade no deve se precipitar na instaurao da sede disciplinar, com todos os nus a ela inerentes, vista de notcias de mdia, devendo antes determinar a realizao de investigao preliminar e inquisitorial, acerca dos fatos noticiados.
Se essa investigao confirmar ao menos a plausibilidade, ainda que por meio de indcios, da notcia difusa veiculada pela mdia, convalidando-a, ela passa a aperfeioar sua lacuna. Da, pode-se dizer que o juzo de admissibilidade se ordena no pela formalidade de o conhecimento da irregularidade ter se dado pessoalmente pela autoridade ou por meio difuso, pois no mais ser com base na pea jornalstica em si mas sim no resultado da investigao preliminar, sob tica disciplinar, que ratificou os fatos nela noticiados, promovida e relatada por algum servidor, dotado de f pblica, que o processo ser instaurado, com o fim de comprovar o fato e a sua autoria (ou concorrncia), garantindo-se ao acusado a ampla defesa e o contraditrio.
Desde que no tenham sido conseguidos por meios ilcitos, os conectivos processuais de instaurao podem chegar ao conhecimento da autoridade competente de modo meramente informativo (difuso) ou de maneira postulatria (precisa). A via informativa poder dar-se at mesmo por intermdio dos meios de comunicao social (jornal, rdio, televiso, etc), embora, nesses casos, deva a autoridade administrativa competente verificar, de pronto, se a verso veiculada constitui, pelo menos em tese, infrao disciplinar, devendo, at, exigir que o responsvel por tal divulgao confirme por escrito tais increpaes. Somente depois desses cuidados, podem tais elementos configurar um princpio de prova autorizador da instaurao do processo disciplinar. Jos Armando da Costa, Teoria e Prtica do Processo Administrativo Disciplinar, pg. 205, Editora Braslia Jurdica, 5 edio, 2005
Nasce o processo disciplinar de uma denncia, que poder originar- se: (...) - de notcia na imprensa. Francisco Xavier da Silva Guimares, Regime Disciplinar do Servidor Pblico Civil da Unio, pg. 130, Editora Forense, 2 edio, 2006
O noticirio na imprensa, especialmente os textos escritos, podem servir de comunicao de indcios de irregularidades (...). Antnio Carlos Palhares Moreira Reis, Processo Disciplinar, pg. 59, Editora Consulex, 2 edio, 1999
Fonte: Controladoria-Geral da Unio - Treinamento em Processo Administrativo Disciplinar - Apostila de Texto (http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/GuiaPAD/Arquivos/Apostila%20de%20Texto %20CGU.htm, acessado em 15 de janeiro de 2008.) DENNCIA ANNIMA (JURISPRUDNCIA)
Ementrio: Inexistncia de ilegalidade. Definio constitucional da vedao do anonimato. Constrangimento ilegal. Demonstrao de violao de direito. Resoluo do conflito de direitos bsicos.
16.1 - Decises com relatrio e voto: Mandado de Segurana n 24.369, do STF - Ementa: Delao annima. Comunicao de fatos graves que teriam sido praticados no mbito da administrao pblica. Situaes que se revestem, em tese, de ilicitude (procedimentos licitatrios supostamente direcionados e alegado pagamento de dirias exorbitantes). A questo da vedao constitucional do anonimato (CF, art. 5, IV, in fine), em face da necessidade tico-jurdica de investigao de condutas funcionais desviantes. Obrigao estatal, que, imposta pelo dever de observncia dos postulados da legalidade, da impessoalidade e da moralidade administrativa (CF, art. 37, caput), torna inderrogvel o encargo de apurar comportamentos eventualmente lesivos ao interesse pblico. Razes de interesse social em possvel conflito com a exigncia de proteo incolumidade moral das pessoas (CF, art. 5, X). O direito pblico subjetivo do cidado ao fiel desempenho, pelos agentes estatais, do dever de probidade constituiria uma limitao externa aos direitos da personalidade? Liberdades em antagonismo. Situao de tenso dialtica entre princpios estruturantes da ordem constitucional. Coliso de direitos que se resolve, em cada caso ocorrente, mediante ponderao dos valores e interesses em conflito.
Recurso Ordinrio em Mandado de Segurana n 4.435, do STJ - Ementa: Processo administrativo desencadeado atravs de denncia annima. Validade. Inteligncia da clusula final do inciso IV do art. 5 da Constituio Federal (vedao do anonimato).
Recurso Ordinrio em Mandado de Segurana n 1.278, do STJ - Ementa: A instaurao de inqurito administrativo, ainda que resultante de denncia annima, no encerra, no caso, qualquer ilegalidade.
Recurso em Habeas Corpus n 7.329, do STJ - Ementa: A delatio criminis annima no constituiu causa de ao penal que surgir, em sendo caso, da investigao policial decorrente. Se colhidos elementos suficientes, haver, ento, ensejo para a denncia. bem verdade que a Constituio Federal (art. 5, IV) veda o anonimato na manifestao pensamento, nada impedindo, entretanto, mas, pelo contrrio, sendo dever da autoridade policial proceder investigao, cercando-se, naturalmente, de cautela.
Recurso em Habeas Corpus n 7.363, do STJ - Ementa: Carta annima, sequer referida na denncia e que, quando muito, propiciou investigaes por parte do organismo policial, no se pode reputar de ilcita. certo que, isoladamente, no ter qualquer valor, mas tambm no se pode t-la como prejudicial a todas as outras validamente obtidas. O princpio do fruto da rvore envenenada foi devidamente abrandado na Suprema Corte (HC n 74.599-7, Min. Ilmar Galvo).
Fonte: Controladoria-Geral da Unio - Treinamento em Processo Administrativo Disciplinar - Apostila de Jurisprudncia (http://www.cgu.gov.br/Publicacoes/GuiaPAD/Arquivos/Apostila%20de%20Jurisp rudencia%20CGU.htm, acessado em 2 de janeiro de 2008.)
O Cerceamento Do Direito À Produção Da Prova Constitui Grave Violação Dos Direitos Processuais Da Parte e Insuportável Menosprezo Aos Direitos Que
OLIVEIRA, Gustavo Justino De. SCHIEFLER, Gustavo Henrique Carvalho. Justa Causa e Juízo de Prelibação (Admissibilidade) Na Ação de Improbidade Administrativa (... )