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INTRODUÇÃO À ECONOMIA

I - A ECONOMIA COMO CIÊNCIA


1. Aspectos gerais
2. Objeto de estudo e método de investigação
3. Definições da economia e relações com outras ciências

II – O SISTEMA ECONÔMICO: CONCEITO E INTERRELAÇÕES


4. Necessidades, bens e fatores de produção
5. As possibilidades de produção e o problema econômico
6. Funcionamento do sistema econômico
7. As bases demográficas da economia

III - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA


8. Fase pré-científica
9. Fase científica

IV – COMPARTIMENTALIZAÇÃO DA ECONOMIA

V - NOÇÕES DE MICROECONOMIA
10. Mercado
11 Teorias de funcionamento do mercado

VI – NOÇÕES GERAIS DE MACROECONOMIA


12. Sistemas, fluxos e agregados macroeconômicos
13. Setor público e a economia
14. Moedas, crédito e sistema monetário
15. Noções sobre inflação
16. Mercado de trabalho, emprego e desemprego
17. Noções sobre comércio internacional

VII - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO


18. Crescimento, desenvolvimento, subdesenvolvimento
19.Desenvolvimento regional
20. Desenvolvimento sustentável

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I - A ECONOMIA COMO CIÊNCIA

1. ASPECTOS GERAIS

1.1 Origem do nome Economia:


a) Do grego Oikonomia, Oikos= casa; Nomos= lei regra, administração;
b) Alguns autores atribuem ao filósofo grego Xenofontes;
c) Outros à Aristóteles (384-322 A.C.), primeiro analista econômico.

1.2 Economia/Economia Política


a) Até 1615 era denominada apenas de Economia;
b) A partir de 1615 passou a ser conhecida como Economia Política, após
lançamento do tratado mercantilista Traité de l´Economie Politique do
francês Antoine de Montchrétien que acrescentou a palavra política (do latim
politicus= cidade, sociedade, país).

1.3 Evolução histórica (síntese)


a) Fase pré-científica
• fatos de natureza econômica são encontrados desde os homens primitivos.
Ex: Escambo, fogo, pedra, simples ferramentas, etc;
• filósofos gregos (Xenofontes, Platão e Aristóteles) primeiros que
estudaram elementos econômicos (moeda, valor, preços, divisão do
trabalho, formas de aquisição da propriedade e outros);
• antigüidade romana pouco contribuiu apesar de ter ocorrido grande
expansão de transações comerciais, economia subordinada à política;
• idade média pensamento econômico subordinado á moral cristã;
• fase mercantilismo período de grande crescimento de idéias econômicas,
Estado passa implementar atos de gestão econômica;
• Em resumo nesta primeira fase os problemas eram tratados de forma
assistemática, secundária, sem obedecer uma metodologia científica.
b) Fase científica
• a partir do século XVIII, comportamento econômico passa a ser explicado
por uma Teoria Econômica (Quesnay, 1750: Quadro Econômico = fluxo
de despesas e de bens entre classes sociais);
• a Economia passou então a ter: (i) um núcleo científico (as leis); a dispor
de (ii) uma área de ação; e de (iii) fronteiras estabelecidas com outras
ciências;
•a evolução do conhecimento humano permitiu a formulação de um
conjunto de leis para explicar e interpretar comportamentos de diferentes
fenômenos econômicos (núcleo científico).
• em resumo, nesta segunda fase os problemas econômicos passam a ser
tratados de forma sistemática e cientificamente;

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2. OBJETO DE ESTUDO E MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO
Os problemas e comportamentos econômicos podem ser investigados
cientificamente a partir de análises, métodos e modelos

2.1 Análise econômica:


• observação – definições das idéias (podem ser observações qualitativas ou
quantitativas do mundo real);
• explicação – argumentos (procura explicar constatações através das leis);
• previsão (hipótese) – conjecturas como a realidade irá se comportar.

2.2 Métodos econômicos:


• seg. raciocínio lógico: indutivo – do particular para o geral;
dedutivo – do geral para o particular.
• seg. escala de análise: microeconômico/macroeconômico.
• seg. o tempo: estático/dinâmico;
ex-anti/ex-post.

2.3 Modelo econômico


Representação das principais características componentes de uma teoria. Seu
conteúdo é constituído de equações que exprimem as relações existentes entre
as variáveis econômicas.
• descritivos - explicação da evolução econômica através de números;
• explicativos - explicação dos encadeamentos evidenciando mecanismos
econômicos;
• previsionais - são hipotéticos, trabalham com projeções.

2.4 Significado e limitações das leis econômicas


a) Definição
• Conjunto de idéias baseadas em argumentos, suposições (condições em
que a teoria se sustenta) e hipóteses (conjecturas) sobre um determinado
comportamento dos fenômenos econômicos (evidências do mundo real);
• São leis probabilísticas, isto é trabalha com a “lei dos grandes números”
(tendências) para comprovação das hipóteses de ocorrência dos
fenômenos econômicos.

b) Limitações
• São geralmente relativas (à um determinado meio humano dado)
• Por se tratar de uma ciência social não se podem controlar as evidências e
incluir todas as variáveis (não pode fazer testes de laboratórios);
• Mostram tendências existindo sempre uma margem aceitável de erro.

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Figura 1
Etapas metodológicas processo científico

HIPÓTESES
Sobre comportamento econômico
baseada em uma teoria

Processo lógico das deduções

A teoria é reformulada devido


Implicações originadas das aparecimento de novos fatos
hipóteses

Confrontação com os dados

CONCLUSÕES
Teoria explica ou não a realidade Teoria é rejeitada

Teoria é substituída
p/uma teoria superior
Teoria é comprovada

2.5 Evolução das leis econômicas


As leis econômicas evoluíram seg. as concepções dos tipos:
• organicistas – a economia era como um órgão vivo. Utilizava-se termos
empregados na Biologia para explicação dos fenômenos
econômicos. Ex: órgãos, funções, circulação, fluxos, etc;
• mecanicistas - leis econômicas se comportavam como as leis da física. Ex:
força, velocidade, estática, dinâmica, etc;
• humanas- leis econômicas repousam sobre atos humanos então é uma
ciência social.

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3. DEFINIÇÕES DA ECONOMIA E RELAÇÕES COM OUTRAS
CIÊNCIAS

3.1 Definições
a) É uma ciência social que estuda a administração de recursos escassos entre
usos alternativos e fins competitivos.
b) É uma ciência social que analisa os atos que se propõem a reduzir a tensão
que existe entre os desejos ilimitados e os meios limitado dos sujeitos
econômicos.
c) Estudo da organização social através do qual os homens satisfazem suas
necessidades de bens e serviços escassos.
d) È uma ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem
(escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e
serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
e) É o estudo de como os homens e a sociedade decidem com ou sem a
utilização do dinheiro, empregar recursos produtivos escassos que poderiam
ter aplicações alternativas, para produzir diversos bens ao longo do tempo e
distribuí-las para consumo, agora e no futuro, entre diversas pessoas e
grupos da sociedade. Ela analisa os custos e os benefícios da melhoria das
configurações de alocação de recursos.

3.2 Relações com outras ciências


A economia tem do ponto de vista social interdependência com várias ciências.
As mais importantes são:
a) Economia/política – ocorre quando grupos de dominação impõem uma
determinada distribuição de renda;
b) Economia/história - sistemas econômicos estão condicionados à
evolução histórica da civilização;
c) Economia/geografia - acidentes geográficos interferem na atividade
econômica;
d) Economia/sociologia - quando uma política econômica visa atingir os
indivíduos de certas classes sociais;
e) Economia/mat./estat.- quando faz uso da lógica matemática e das
probabilidades estatísticas;
f) Economia/meio amb.- existência de atividades econômicas destruidoras de
florestas e poluidoras do meio ambiente;
g) Economia/Direito- Várias relações econômicas estão condicionadas a
um arcabouço jurídico-institucional.

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II - O SISTEMA ECONÔMICO: CONCEITOS E INTERRELAÇÕES

4. NECESSIDADES, BENS E FATORES DE PRODUÇÃO

4.1 Necessidades humanas


a) Conceito: qualquer manifestação de desejo que envolva a escolha de um
bem econômico capaz de contribuir para sobrevivência ou
realização social do indivíduo (objetivo da ativ. econômica).

b)Tipos:
•qto natureza: primárias: biológicas – relacionadas com a vida;
relativas - rel. c/existência social Individual. Ex:
prato, cama, roupas;
espirituais – são subjetivas e dependem da cultura,
religião, meio ambiente. Ex cinema,
teatro, música;
secundárias – dependem da renda;
de luxo – relacionadas c/supérfluos.
•qto ao modo: individuais/coletivas;
• qto ao tempo: atuais/futuras.

c) Características:
•renovação/diversificação – a todo momento s/cessar e em função disto são
ilimitadas;
•multiplicidade – progresso técnico induz novas necessidades;
•saciabilidade – ocorre quando o desejo passa a satisfazer uma maior parte
das pessoas (saturação);
•interdependência – substitutiva (manteiga/margarina);
complementar (gasolina/carro);
•variam no tempo e no espaço.

4.2 Bens econômicos


a) Antecedentes, conceitos
Tudo aquilo capaz atender uma necessidade humana (prod. e serviços).
Porque um bem é procurado? Porque é útil e é útil porque tem a capacidade
de satisfazer/atender uma necessidade humana. Escassez dos meios gera
escassez dos bens econômicos;
• bens livres – abundantes e sem proprietário, trabalho e valor;
• bens econômicos – escassos e com proprietário, trabalho e valor,
utilidade e acessibilidade.
b) Tipos: qto à propriedade: públicos/privados ou particulares;

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qto à natureza: materiais (carro)/imateriais (serviços);
qto ao destino: bens consumo/capital ou de produção;
qto à duração: duráveis/semi-duráveis/não-duráveis;
qto à espécie: complementares/concorrentes/sucedâneos;
qto à importância: (em função da renda ele aumenta ou diminui):
superiores: eletrodomésticos;
inferiores: cachaça, fumo.
4.3 Recursos econômicos (fatores de produção, meios de produção)
A produção de bens se dá a partir dos recursos econômicos ou fatores de
produção que são limitados (imputs).
a) Recursos naturais (terra)
Parcela da natureza utilizada no processo produtivo, objeto sobre os quais o
trabalho cria bens ou fonte original de onde são retirados os recursos
adaptáveis às necessidades. Diferente de bem livre, natureza.
Contradição: eficiência do uso depende da capacidade tecnológica e esta
amplia seu uso, mas, sua utilização esgota sua existência enquanto estoque
da natureza.
b) Recursos humanos (trabalho, força física)
Ato consciente, pré-determinado e voltado para aumentar, transformar ou
deslocar o que já existe. Fonte de valor e determinante dos demais fatores.
c) Capital (máquinas, equipamentos).
Equipamentos produzidos e que aumentam a capacidade do trabalho ou
objetos com os quais o trabalho transforma a natureza. Corresponde ao
resultado do trabalho acumulado de etapas anteriores.
Estoque: infra-estrutura econômica/social, construções e edificações,
equip.de transporte, máquinas, instrumentos, equipamentos e ferramentas.
d) Relações de produção
Diferentes formas que os fatores de produção se combinam para realização
da produção.
e) Modos de produção
Definido como o resultado da relação de produção (relação de propriedade,
de trabalho)

Historicamente a humanidade conheceu diferentes modos de produção:


•Primitivo / Escravista / Feudal / Capitalista / Socialista.

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5. AS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO E O PROBLEMA
ECONÔMICO
Em função dos problemas econômicos, dos recursos escassos e das necessidades
ilimitadas dos indivíduos, a economia, a sociedade tem que estabelecer uma
alternativa de produção. Economia -ciência relacionada c/problemas de escolha.
5.1 Curva de possibilidade de produção/transformação produção– (Fig. 2)
a) Variações: pleno emprego – produção tem limite máximo (potencial) todos
os fatores ou recursos estão sendo utilizados; subemprego – capacidade
ociosa, existe fatores sem uso;
b) Inexiste produções acima e à direita da curva porque não existe fatores que
proporcione aquela produção;
c) A curva tem movimentos proporcionais/não proporcionais em função do
progresso técnico (melhoria da tecnologia).
Tabela 1
Possibilidade de produção
Bens Qtd. máxima Possibilidades intermediárias Qtd. máxima
de carros (A) (B) (C) (D) (E) de pães (F)

Carros (milhares) 150 140 120 90 50 0


Pães (milhões) 0 10 20 30 40 50

Figura 2
Curva de possibilidade/transformação de produção
Pães
(milhões)

50 F
E
40
D
30
Q
C
20
B
10
A

0 50 90 100 120 140 150 Carros (milhares)

5.2 Custo de oportunidade


É o custo sacrifício ou a perda do produto que não foi produzido quando a
economia passa a produzir outras quantidades de um outro produto.

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5.3 Lei dos custos (relativos) crescentes (Figura 3)
Existe, quando a fim de obter quantidades extras iguais de um produto, a
sociedade tem que sacrificar quantidades sempre maiores do outro. Isto
justifica o formato da curva: acréscimos na produção de Y ⇒ decréscimos
(custos oportunidade) cada vez maiores na produção de X.
Figura 3 - Custos crescentes
Pães
(milhões)

50 F
E
40
D
30
C
20
B
10
A
Carros (milhares)
0 50 90 100 120 140 150

5.4 O problema econômico


As decisões econômicas são limitadas pela época/lugar onde são tomadas e
condicionada por: (a)disponibilidade dos fatores da produção; (b) condições
sociais, históricas, políticas; e, (c) restrições físicas e tecnológicas;
Existem três problemas básicos:
a) o que e quanto produzir (quais bens e em que quantidade)
Escolha entre o que será e o que não será produzido;
Tem como referência a existência de um mercado consumidor;
Se a produção é estatal decorre de uma hierarquia de necessidades
b) como produzir (com que fatores e qual processo tecnológico)
Envolve escolha da tecnologia (dif. formas de combinação de fatores);
Tem como referência a existência de concorrentes;
Se a produção é estatal predomina o melhor aproveitamento dos fatores.
c) para quem produzir (quais as pessoas que serão atendidas)
Escolha do tipo de consumidor a ser atendido;
Tem como referência a distribuição de renda na sociedade;
Se a produção é estatal consideram-se as necessidades globais.

Necessidades Humanas Ilimitadas Escassez O que e quanto produzir


X ⇓ Como produzir
Recursos Produtivos Escassos Escolha Para quem produzir

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6. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA ECONÔMICO

6.1 Organização da produção: atividades, agentes e fluxos econômicos

a) A forma de organização da produção depende:


•se os indivíduos podem ser proprietários dos meios de produção;
•se existem restrições à propriedade particular dos meios de produção;
•se a contratação do trabalho é totalmente livre;
•se o indivíduo pode escolher livremente seu papel na economia.

b) Em função da orientação do que, quanto, como e para quem produzir as


atividades econômicas se organizam nos sistemas de:
•economia de mercado, livre iniciativa empresarial, descentralizada;
•centralizada, planificação central;
•misto (a rigor todos os sistemas são mistos).

c) Fluxos fundamentais:
•financiamento da produção;
•a propriedade e os mercados de fatores;
•a propriedade e o mercado de bens;
•fluxos reais e nominais.

Figura 4
Circuito econômico/Equilíbrio econômico

(Trocas)
Trabalho Trabalho
Poupança MERCADO DOS Poupança (K+terra)
Desp de produção FATORES Renda monetária
(salários, div., aluguéis)

(Custo de produção) Consumo (Desejo, necessidades)


EMPRESAS Bens de FAMÍLIAS
produção
(Folha de pagamento) Entesouramento (Propriedade fatores)

Receitas MERCADO Desp. de consumo


DE BENS
Bens de consumo Bens econômicos
(Trocas)

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6.2 Organização dos setores, empresas, circulação dos bens

a) Setores de produção (características e atividades):


•Primário (origem do processo produtivo)
Aumento da quantidade de bens;
Produção através de seres vivos.
• Secundário (transformação)
Mudança da qualidade;
Trabalho com matéria inerte.
• Terciário (manutenção da quantidade e da qualidade l)
Transferência de localização;
Transferência de propriedade.

b) Relações intersetoriais:
•intra e interrelacionamentos dos setores;
•insumos e produtos.

c) Circulação dos bens:


•produção dispersa espacialmente mas coordenada no tempo;
•circulação com superação das distâncias (bens) e com transferência de
propriedade através de contrapartida financeira

d) Poder de compra
- pessoas: gerado pela venda dos fatores de produção;
- empresas: gerado pela venda de produtos;
- há relação entre: poder de compra/consumo de certos bens/propriedade
dos fatores;
- a demanda por bens faz retornar fluxo nominal às unid. produtoras;

6.3 Níveis de renda e propriedade dos fatores (classes sociais)


a) Baixa renda – corresponde à propriedade de trabalho não qualificado, não
dispõe de RN nem K (consumo básico);
b) Renda média - corresponde à propriedade de trabalho qualificado dispõe de
pouco RN e K (consumo básico + culturais);
c) Alta renda - dispõe de quase todo RN e K (consumo global, básico,
culturais e supérfluos).
d) Empresário - prop. meios produção e comprador da força-de-trabalho;
e) Trabalhador - não-proprietários dos meios de produção e vendedores de
força-de-trabalho;
f) autônomo/prod. familiar - proprietários de poucos meios de produção e
não atuam no mercado de trabalho.

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6.4 Características dos sistema econômicos

a) Economia de mercado:
•baixa participação do governo (apenas regulatória);
•cada agente econômico procura resolver seu próprio negócio gerando a
concorrência (sistema de preços fixado no mercado tende a ser mais
eficiente quanto à alocação rec. escassos e org. da produção);
•o que, quanto, como e para quem é o mercado que decide através da
concorrência e do mecanismo de preços;
•existência da propriedade privada e da liberdade empresarial.
•preços/quantd. de equilíbrio–fig 4 (área negociação/ponto equilíbrio).

b) Elementos de uma economia capitalista:


•capital:tangível (forma física do capital – máq. e equipamentos);
intangível (repres. cap. p/meio de títulos de propriedade).
•propriedade – através da propriedade o capitalismo se apropria de parte da
renda gerada nas atividades econômicas;
•divisão do trabalho (especialização e interdependência);
•moeda – 4 funções básicas: meio de troca; reserva de valor; unidade de
conta e padrão de pagamento diferido tempo.

c) Economia mista de mercado


•impossível só o mercado resolver todos problemas da economia qto. à: (i)
eficiente alocação dos recursos escasso; (ii) distribuição justa da renda; (iii)
estabilidade dos preços (baixa inflação); (iv) crescimento econômico;
•existência de 2 falhas no mercado: (i) ocorrem imperfeições na
concorrência (monopólios, oligopólios, cartéis); e, (ii) efeitos externos -
produtos que o mercado é incapaz de internalizar no cômputo dos seus
benefícios e/ou custos. Ex: custo de poluição das fábricas sobre as famílias
não é cobrado nos preços dos produtos;
•as imperfeições do mercado levam à má distribuição de renda e do bem
estar e somente o Estado pode corrigir, regulamentando a ação do
oligopólios ou investindo nas áreas sociais mais pobres;
•de diferentes graus de intensidade (é o que mais existe);

d) Economia centralizada (alternativa à economia capitalista)


•resolução dos problemas básicos da economia
- participação importante do Estado na decisão de resolução dos problemas
básicos (o que e qto./como/para quem produzir);
•planificação da economia

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- Estado realiza: (i) inventário das necessidades humanas; (ii) inventário
dos recursos e técnicas disponíveis p/produção; (iii) determina as metas de
produção e consumo c/ênfase ao atendimento às demandas sociais.
-ênfase no consumo de bens sociais;
- insuficiência na acumulação.
•Preços são administrados pelo Estado
- preços e organização da produção –eficiência da unidade produtiva não
depende diretamente do sistema de preços no mercado e sim do Governo
em achar se ela deve ou não continuar produzindo (independe da sua
eficiência em termos de prejuízo ou lucro). Investimentos não são
orientados pela demanda;
- preços e distribuição da produção – os preços são fixados pelo Governo
considerando se há muita/baixa procura ou muita/baixa produção,
independe do custo de produção. Sistema de preços tende a produzir
maior justiça social.
•Emprego e salários
- existe garantia do emprego da mão-de-obra;
- pequenas diferenças entre as remunerações
• propriedade pública - a maioria dos meios de produção são de
propriedade do Estado (publico, coletivo).

6.5 Críticas aos 2 tipos básicos de sistemas econômicos

a) Economia de mercado
•produção social X apropriação privada;
•existência de oligopólios (mito da competição);
•objetivo do lucro pode provocar escassez para aumentar preços;

b) Economia centralizada
•supressão das liberdades política e econômica;
•desestímulo ao desempenho individual (inexistência de empreendedor);
•defasagem na capacidade de investimento em função da falta de
competitividade;
•maior burocratização da atividade economia (aumento dos custos);

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7 AS BASES DEMOGRÁFICAS DA ECONOMIA E O MERCADO DE
TRABALHO

7.1 Origem, definições


a) Termo criado em 1866, Achille Guillard, Eléments de statistique humaine
ou demographie (demos+graphe);
b) Ciência que estuda o estado, os fenômenos, os movimentos, o
desenvolvimento e as doutrinas demográficas (das populações):
• Estado da população– nº, dist. p/sexo, idade, est. civil, comp. familiar,
profissão, educação, etc, em data determinada.
Informações estão nos censos demográficos (1872,
1890, 1900, 1920,1940 e cada dez anos);
• Desenv. da população - conhecimento evolução histórica da população
incluindo suas causas e efeitos;
• Fenômeno demográfico- nascimentos, óbitos, casamentos (Reg. Civil);
• Movimento população- tend.crescimento, deslocamentos (migrações);
• Doutrina demográfica - analisa idéia de pensadores, filósofos sobre
população permitindo criticar, adotar, rejeitar.

7.2 Importância da demografia na economia


a) É a população que realiza a produção de forma qualificada ou não
qualificada (fator de produção). Em função da economia, a população se
divide em:
• pop. dependente – pessoas nas faixas etárias de 0-14 e com +65 anos;
• pop. produtiva – pessoas de 15 à 64 anos de idade.
b) A população produtiva se classifica em:
• pop. ativa – PIA - representa todo potencial de mão-de-obra do sistema
econômico -estudantes, dom., incapazes, trabalhadores,etc;
• PEA - é a população integrada de fato ao mercado de trabalho e
corresponde à PIA menos estudantes, domésticos, etc;
• Pop. ocupada - é a PEA − desempregados.
c) Taxa de ocupação = pop. ocupada/pop. total. Indicador que reflete o grau
de desenvolvimento de um país;
d) Taxas demográficas:
• fecundidade – relação entre nº mulheres que tiveram filho vivo nos últimos
12 meses e nº total de mulheres em idade fértil;
• fertilidade - relação entre nº de mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) e
o nº total de mulheres;
• mortalidade - relação entre o nº de mortes ocorrida e a população média
do ano (mortalidade infantil – mortes de 0 a 1 ano)

7.3 Características principais do comportamento da população no mundo

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a) Aumento da população – contínuo, importante e desigual no espaço
•contínuo/importante porque aumentou mais de 10 vezes em três séculos e
embora tenha reduzido o ritmo nos últimos anos praticamente tem dobrado
a cada período de 30 anos;
•desigual porque este crescimento é diferencial segundo o país ou região:
- países subdesenvolvidos têm altas taxas de cresc. demográfico em razão
de altas taxas de natalidade e reduções das taxas de mortalidade;
países desenvolvidos têm baixas taxas de natalidade e mortalidade;
- crescimento acelerado de populações em áreas urbanas, locais com menos
de 400 m de altitude, menos frio e que tenha água.
b) Países desenvolvidos têm PEA acima de 42% enquanto nos países
subdesenvolvidos esta taxa é inferior à 35%.
7.4 Movimentos migratórios (Tend. geral de aumento da taxa de urbanização)
Estão fortemente correlacionados com a atividade econômica, oferta de
serviços públicos, existência de condições agradáveis de vida, entre outros.
a) Migrações internacionais – inter e intra-continentais;
b) Migrações internas/nacionais – regionais, campo-cidade-campo;
c) As migrações internas são mais freqüentes de acontecerem em razão da
inexistência de barreiras à entrada e à saída, mesma língua, costumes,etc;
d) As migrações campo-campo podem ser sazonais (colheita), acidentais
(catástrofes) e estruturais (café em São Paulo);
7.5 Influência da economia sobre a população
a) Existência de outros razões que afetam (religiosas, políticas, morais, etc);
b) Riqueza natural possibilita fixação, aumento da produção e bem estar;
c) Aumento da produção influencia na redução da mortalidade;
d) Desenvolvimento tende a diminuir a taxa de natalidade;
e) Industrialização provoca deslocamentos de populações de áreas
subdesenvolvidas para áreas desenvolvidas, áreas rurais p/áreas urbanas;
f) Desenvolvimento de áreas urbanas diminui taxas de natalidade;
g) Desenvolvimento da agricultura contribui para a migração.
7.6 Influência do crescimento da população sobre a economia
a) Favoráveis
•possibilita aumentar produção, facilita especialização e a produtividade;
•estimula concorrência, des. tecnológico e a produção com menor custos;
•estimula a criatividade e a troca de idéias.
b) Desfavoráveis
•explosão demográfica, número de jovens elevado (dependentes), mais
gastos educacionais e necessidade de gerar mais empregos rapidamente;
•rápida e desordenada urbanização c/problemas de habitação, saneamento,
transporte urbano, etc;

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• escassez de alimentos, PIB per capita menor.

7.7 Doutrinas sobre população


(Explicações teóricas sobre os fenômenos demográficos)
a) Primeira fase
•na antigüidade pensadores preocupam com:
− tamanho ótimo da família (Han-Fei-Tzu) – 5 pessoas/família é muito;
− tamanho ótima da cidade (Platão) – cidade com 5.040 cidadãos;
− superpopulação leva o empobrecimento da cidade (Aristóteles);
•Roma antiga, ao contrário da Grécia, é populacionista isto é favorável ao
crescimento da população por razões, religiosas, militares e econômicas;
•na idade média pela importância da igreja, os principais pensadores
católicos são também populacionistas (St. Agostinho e São Tomás de
Aquino). Este pensamento da igreja existe até hoje;
• no renascimento existem duas tendências: os populacionistas como
Machiavel, Jean Bodin, Antoine de Montchrétien, Mirabeau, Rousseau e os
antipopulacionistas representados por autores alemães e ingleses;
b) Segunda fase
• Malthus no início do século XIX:: crescimento demográfico da população
e crescimento aritmético dos alimentos (visão pessimista) influencia
fortemente:
• escola clássica: Ricardo criou a teoria da renda baseado que o crescimento
da população obriga o cultivo de terras menos férteis que por sua vez reduz
salários (mínimo necessário à existência); Stuart Mill - busca de uma
população ideal estacionária; Chateaubriand – superpopulação é o flagelo
do país; J. B. Say – estimular os homens à fazer poupança e não
crianças.
•anti-Malthus
− igreja católica – crescei , multiplicai e povoai toda a terra, confiança na
providência Divina e entre aumentar a produção de alimentos à qualquer
preço e se esforçar para reduzir a crescimento da população, a igreja só
aceita a primeira opção. Aceitam a abstinência;
− marxista – nega a existência de uma lei absoluta e imutável da
população. Esta lei é histórica e decorrente do capitalismo que necessita
de excedentes populacionais.
c) Século XX
•existência de duas correntes:
− pessimista – apoiada em Malthus, a qual considera que a explosão
demográfica é um freio ao crescimento econômico;
− otimista – ação do aumento da pop. é favorável ao des. Econômico.
III - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ECONOMIA

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8. FASE PRÉ-CIENTÍFICA
Período compreendido das origens até 1750

8.1 Período primitivo (atividades primárias)


a) Homem na condição de predador milhares de anos (caça, pesca, colheita de
frutos selvagens – único saber: distinguir o que é comestível e o que não é
comestível);
b) Em seguida passa a melhorar os rendimentos de seus esforços através do
arco, lança, controle do fogo e outros;
c) Primeira revolução produtiva: início da prática agrícola (8000 A.C. no
próximo oriente, 6000 A.C. na Índia, 5000 A.C. na China e entre 4000 e
2000 A.C. na Europa);
d) Instrumentos de trabalho – arado de madeira aparece entre 6000 e 3000 A.C.
na Síria e a roda em 3500 A.C. já era utilizado pelos Sumérios. Descoberta
novas formas de energia (tração animal + calor produzido p/combustão de
vegetais) possibilita surgimento de peq. aldeias e em seguida villages
s/haver, entretanto, especialização nem div. do trabalho (apenas p/gênero);
e) Revolução metalúrgica - 3000 A.C. arado de ferro na Índia (liga de bronze)
permitindo invenção de vários outros instrumentos de trabalho;
f) Aparecimento de produções excedentes, grupos deixam de procurar
alimentação, cuidam de ruas e de outras atividades nas cidades, nascem as
primeiras civilizações (mediterrâneas).

8.2 Antigüidade grega (comunismo aristocrático, doutrina da elite)


a) Idéias fragmentadas sobre questões particulares, sem o mesmo brilho que as
idéias nas áreas de filosofia, ética, política, geometria;
b) Conselhos práticos sobre adm. do lar (Xenofontes);
c) fatos econômicos são pouco importantes embora já exista um certo
desenvolvimento de uma economia de trocas;
d) Plano de uma cidade ideal baseada em apenas duas classes sociais – elite
privilegiada e o povo (Platão e Aristóteles):
e) Artesãos manuais – ocupações inferiores na sociedade (escravos);
f) Admin. e defesa – ocup. superior (homens livres), magist. pensadores;
g) Supressão da propriedade privada em benefício da comunidade (Platão),
Aristóteles pensava ao contrário;
h) Intervenção do Estado sem controle e sem limites em benefício da
coletividade (reg. de casamentos, deportações forçadas)

8.3 Romanos

- 33
a) Embora tenha havido um crescimento das transações comerciais não surgiu
um pensamento na área econômica independente;
b) Preocupação maior era c/política e conquista de novos territórios.

8.4 Idade média (justiça comutativa)


a) Propriedade agrícola se estabelece graças ao aparecimento do sistema feudal
(entre os séculos VII e X)
b) Entre os séculos XI e XIV surgimento de uma atividade econômica regional
e inter-regional (feiras de Flandres, Champagne e outras) e retomada do
comércio mediterrâneo (Gênova, Pisa, Florença e Veneza);
c) Crescimento das comunidades c/ o desenvolvimento do artesanato e
aumento das trocas urbano-rurais (plano interior);
d) Aumento relações entre oriente/ocidente c/cruzadas (plano internacional);
e) Principais representantes do pensamento econômico são teólogos, padres (S.
Thomaz de Aquino e Nicole Oresme), subordinados à moral cristã;
f) Pensamentos econômicos eram dominados pelo princípio da justiça
comutativa: no processo de trocas é preciso haver igualdade de prestações,
cada parte deve dar o equivalente ao que ele recebe e deve receber o
equivalente ao que ele dá (moderação dos ganhos);
g) Em função deste princípio deve haver: (i) justo preço; (ii) justo salário, (iii)
juros legítimos; (iv) propriedade privada é legítima mas não é absoluta; e,
(v) a intervenção do Estado é normal e oportuna.

8.5 Mercantilismo (1450-1750, protecionismo e regulação)


a) Período de intensos movimentos de transformação que possibilitaram o
surgimento da Ciência Econômica: (i) intelectual; (ii) religioso; (iii) padrão
de vida; (iv) políticos; (v) geográficos; e, (vi) econômicos;
b) Pensamento econômico de base empírica voltado à riqueza das nações
através do acúmulo de metais preciosos, proibição de importações de
mercadorias, expansão da política colonial-mercantilista e aumento das
exportações com desenvolvimento do comércio e da navegação;
c) Implantação de tarifas alfandegárias, privilégios fiscais através de políticas
de proteção às manufaturas nacionais para aumentar estoque dos metais
preciosos;
d) Crescimento da interferência do Estado na Economia;
e) Transforma-se o mundo rural/artesanal p/comercial/manufatureiro;
f) A regra medieval de moderação do ganho é abandonada e inicia-se a busca
do lucro sem considerações éticas;
g) Principais autores Colbert, Montchrétien, Jean Bodin, W. Petty;
h) No final do período, declínio da atividade agrícola, regulamentações em
excesso que limita o comércio e a indústria, êxodo rural;
9. FASE CIENTÍFICA

- 34
9.1 Primeira fase (2º metade do século XVIII)
a) Fisiocratas (liberalismo agrário)
Predominam idéias liberais e concepções deterministas. (Estudo
representativo Quadro Econômico de François Quesnay, 1758)
• existência da doutrina da ordem natural: O Universo é regido por leis
naturais, absolutas, imutáveis e universais, desejadas pela Providência
Divina para a felicidade dos homens. Estes, por meio da razão, poderão
descobrir esta ordem;
•interesse individual não pode ser contrário à ordem natural, na procura de
seu interesse, cada um agirá conforme o interesse geral. Os homens
estando o mundo irá na direção da harmonia;
•analisou fluxo de despesas e de bens entre as diferentes classes sociais
indicando um equilíbrio de quantidades globais;
•principal contribuição: 1º a mostrar uma visão de conjunto sobre o
processo de formação das riquezas, indicando noções de produto líquido
(somente na agricultura tem produto líquido) e circuito econômico
(circuito onde o produto líquido se reparte na sociedade);
•sociedade esta dividida em três classes: (i) classe produtora – agricultores;
classe estéril (comerciantes e industriais); classe dos proprietários de terra.
Riqueza produzida na primeira classe é distribuída na sociedade
(movimento circulatório);
•em função desta lei, a agricultura é estimulada, ocorre um retorno à terra,
graças ao uso de adubo melhoramento dos equipamentos.
9.2 Segunda fase (final do século XVIII ao século XIX)
a) Clássicos (liberalismo industrial)
Existência de liberalismo geral e absoluto influenciado pelas revoluções
industrial e francesa;
• Adam Smith e o laissez-faire, laissez-passer
(Ensaio sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, 1776);
- principal fundamento de Smith: o interesse individual é o motor de toda
atividade econômica, este princípio leva os homens a procurarem o
máximo de satisfação com um mínimo de esforço. Os homens são
naturalmente assim e a ordem natural não é espontânea deve ser
buscada (idem fisiocratas);
- necessidades humanas podem ser atendidas pela divisão do trabalho
(especialização) que cresce produtividade individual e pelo mecanismo
de preços que adapta automaticamente oferta c/demanda (excesso de
produção, baixa os preços/produtores então reduzem a produção
estabelecendo equilíbrio – pouca produção, alta dos preços e os
produtores aumentam até o equilíbrio;
- para que este mecanismo funcione é preciso “deixar fazer” e “deixar

- 35
passar”, os fatores de produção devem se deslocar livremente em função
dos preços;
- o livre jogo das iniciativas individuais assegurará a realização do
interesse geral. Estado não deve intervir na economia e os produtos
devem circular livremente entre países.
• Malthus/teoria da população (Ensaio s/ princípio da população, 1798)
- discorda de Smith qto à ordem natural e jogo liberdade individual;
- população cresce em progressão geométrica e alimentos somente em
progressão aritmética (subestimou o progresso tecnológico);
• Ricardo e teorias do trabalho, salário, custos e renda da terra
(Princípio de Economia Política, 1817)
- teoria do valor trabalho – o valor dos bens é determinado pelo custo de
produção, o qual é resultante do fator trabalho;
- teoria do salário natural –o salário se fixa ao mínimo necessário para a
vida do trabalhador e sua família;
- teoria dos custos comparativos – cada país tem interesse em se
especializar nos produtos os quais ele é mais dotado;
- teoria da renda fundiária diferencial – qdo a população aumenta cresce a
demanda por gêneros agrícolas. Sendo as terras férteis limitadas, parte-se
para outras terras menos férteis que exigirão mais adubo e mais trabalho
para dar mesmo rendimento anterior fazendo aumentar o preço de
revenda destas últimas o que aumenta o preço geral dos produtos ali
produzidos. Os proprietários das terras férteis terão maiores rendas;
- esta situação pode ser evitada se o Estado permitir a entrada de produtos
de outros países onde o custo de produção é mais baixo.
• Jean-Baptiste Say – a oferta cria a procura (lei de Say)
(Tratado de Economia Política ou Simples exposição da matéria a qual se
formam, se distribuem e se consomem as riquezas, 1803);
- mostra função da empresa, do empreendedor e da oferta de bens;
- crises de superprodução são impossíveis de acontecer, produtos são
tocados por produtos, fabricação de um bem cria a possibilidade de
comprar outro
• John Stuart Mill (Princípio de Economia Política, 1848)
- sintetizou as teorias clássicas de Smith, Malthus e Ricardo;
- concepção do homo economicus – abstrato, movido pelo interesse
pessoal que age num mundo de concorrência perfeita
- introduziu preocupações de justiça social (abolição do salário pelo
desenvolvimento de cooperativas de produção; recuperação da renda
fundiária por um imposto, limites fixados pelo Estado quanto à herança
de propriedades privadas).
b) Marxismo (socialismo científico)
Karl Marx (O Manifesto Comunista, 1848 e O Capital, 1867)

- 36
•oposição aos clássicos, crítica ao sistema capitalista;
•pensamento voltado para: (i) evolução das sociedades e (ii) sobre a
substituição do capitalismo pelo coletivismo;
•teoria explica os fundamentos sociológicos, as causas econômicas e as
modalidades desta evolução social:
- fundamentos sociológicos (interpretação histórica sobre a evolução das
idéias e das instituições que são determinadas pelos meios de produção e
de trocas):
· materialismo histórico – a infra-estrutura (forças produtivas) comanda
a superestrutura (literatura, arte, direito, religião), isto é as condições de
vida materiais determinam os costumes, usos, hábitos e as instituições
sociais, políticas e religiosas;
· luta de classes – Existência duas classes social na sociedade em toda
história. senhor, soberano, capitalista/escravo, servo, assalariados. A
primeira explora a segunda.
- causas econômicas (existência de uma contradição interna do sistema
capitalista já que o regime de produção é coletivo e o regime de
apropriação é individual gerando exploração dos assalariados pelos
capitalistas, demonstrado por 2 teorias):
· teoria do valor trabalho – derivada da teoria clássica de Ricardo, onde
o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho (nº de
horas) necessário para produzir este bem;
· teoria da mais-valia – capitalista compra força-de-trabalho pelo valor
de troca (valor correspondente à necessidade de subsistência) e a
emprega pelo valor de uso (sua utilidade). A diferença entre os dois
valores constitui a mais valia que é apropriado pelos capitalistas.
- modalidades da evolução social:
· lei de acumulação crescente do capital – a elevação da mais valia é
diretamente proporcional ao aumento do número de trabalhadores. Qto
maior volume de capital, maior possibilidade de pagar salários
geradores de mais-valia – ciclo progressivo;
· lei de concentração capitalista – acumulação do capital leva ao
crescimento constante da produção. Todas mercadorias produzidas não
podem ser adquiridas pelos trabalhadores porque seus salários reais são
inferiores ao valor real do trabalho – Crises de superprodução, quedas
dos preços, falências dos pequenos produtores independentes sendo
absorvidos por grupos maiores e transformados em proletários (exército
de reserva);
· lei de expropriação automática – no dia que todas as empresas
importantes serão S.A. elas serão expropriadas em favor da

- 37
coletividade. Será o fim da propriedade privada e os meios de produção
serão coletivos.
- Características das experiências
· ocorreram em países de capitalismo atrasado;
· não decorreram do desenvolvimento do capitalismo;
· revoluções pré-concebidas ideologicamente;
· as fases iniciais foram para desenvolver a acumulação;
· inexistência de tensão entre forças produtivas e relações de produção.
9.3 Terceira fase (1870-1929)
a) Marginalista ou neoclássica (utilidade marginal do produto)
Renovação teoria econômica clássica c/noção da utilidade do valor,
explicação dos preços dos bens e dos fatores e alocação dos recursos com
auxílio da utilidade marginal
Linhas representativas: Escola de Viena; Escola de Lausanne; Escola de
Cambridge e Escola Sueca.
• Escola de Viena (ou psicológica austríaca) – Karl Menger
- teoria do valor de troca baseada no princípio da utilidade decrescente
(necessidade) – o valor das coisas não depende de seu custo de produção
(clássicos) mas de sua utilidade;
- explicação do valor dos bens não pelo lado dos produtores e sim pelo
lado dos consumidores – isto é pela utilidade da última unidade
disponível do bem – utilidade final ou marginal;
- a teoria da utilidade final ou marginal vale para explicar não somente o
preço das mercadorias mas dos fatores de produção;
- indivíduos têm escalas de preferências bastantes diversificadas;
- a atividade econômica é explicada pelo confronto das escalas de
preferência de todos os indivíduos;
• Escola de Lausanne (ou matemática)/teoria do equilíbrio geral – Leon
Walras, Wilfredo Pareto
- separação da economia pura da economia aplicada;
- apresenta equilíbrio (geral) econômico em termos matemáticos;
- “é geral, devido a interdependência de todos os fenômenos econômicos,
todas variáveis econômicas se determinam mutualmente” (determinação
dos preços por exemplo). Se uma variável se modifica e ameaça o
equilíbrio, aparecem forças automáticas que tendem à restaurar o
equilíbrio.
• Escola de Cambridge/Teoria do equilíbrio parcial – Alfred Marshal -
Princípios da Economia, 1890
- economia como ciência do comportamento humano e não da riqueza,
explicações práticas (oposição à Walras)

- 38
- análise econômica centrada na análise da firma e do consumidor,
utilizando método dedutivo a partir do equilíbrio parcial da firma para
explicar o sistema econômico inteiro;
- introduz apresentação geométrica na análise dos conceitos necessários à
teoria dos preços (bens e fatores) e constrói as curvas da oferta e
demanda;
• Escola Sueca – Knut Wicksell
- importantes contribuições à análise do valor e da distribuição;
- importância da moeda e do crédito para atividade econômica;
- integração da economia monetária à análise real – existência de inter-
relações entre os fenômenos reais (produção, preços) e os fenômenos
monetários (taxas de juros).
•Oposição aos neoclássicos
- escola institucionalista – Thorstein Veblen, J. K. Galbraith
· busca fundamentos em outras ciências (história, direito) e não somente
nas razões do interesse individual (homo economicus) para explicar os
fenômenos econômicos;
· tentativa de explicação dos fenômenos “fora do laboratório”;
· somente a política laisse-faire não proporciona bem-estar do
consumidor – intervenção do Estado.
- economia do bem estar – Arthur C. Pigou
· existência de áreas pouco atrativas para iniciativa privada mas que
Estado deve intervir visando atendimento da população;
9.4 Fase atual (após 1929)
a) Revolução keynesiana (pleno emprego)
John Maynard Keynes (Tratado da Moeda, 1931/Teoria Geral do Emprego,
do Juro e da Moeda, 1936)
•surgiu em período conturbado (período pós-guerra- desemprego,
descontentamento; crise devido queda bolsa de NY, fechamento de
indústrias, desemprego; desvalorizações constantes das moedas, reduções
das importações, aumento das tarifas);
•consiste em prog. de ação de governo para obter pleno emprego dos
macro-agregados: renda, emprego e demanda global (nação,
macroeconomia,). Antes a microeconomia dominava;
•a economia se apresenta na maioria do tempo em situação de sub-emprego
(anteriormente predominava idéia do pleno emprego);
•fenômenos monetários exercem uma grande influência no sistema
econômico, podendo desequilibra-lo;
•necessidade de intervenção do Estado na Economia visando aumentar
investimento, variável motor da renda nacional, visando obter o pleno

- 39
emprego;
• contestação à Marx: havendo reformas/regulação o capitalismo pode ser
preservado;
•inverteu a lei de Say (a oferta cria a procura) – impulsão vem da demanda,
portanto deve-se aumentar o consumo através de políticas fiscais para
distribuir renda à classes com maior propensão à consumir e políticas
monetárias que evitem especulações da moeda;
• emprego é função da renda que tem três destinos: consumo,
investimentos e entesouramento (este último é improdutivo);
•deu novo enfoque à determinação do investimento (o valor depende: da
quantd da moeda existente; da propensão à investir – juros; da propensão
à consumir);
•papel importante à política fiscal;
•defendeu déficit público proposital para motivar a procura.
b) Pós keynes
• nenhuma obra tão impactante quanto à de Keynes;
•avalanche de contribuições esparsas limitadas à determinados aspectos da
teoria e/ou de sua aplicação e em vários idiomas;
•profunda especialização (urbana, rural, produtividade, etc);
•áreas de trabalho fechadas à pequenas comunidades (centros,
departamentos, faculdades);
•principais tendências:
- revolução matematizante – econometria;
- econometristas x institucionalistas–laboratório x realidade social;
- grandes modelos macroeconômicos;
- divulg. teoria econômica matematizada –contabilidade, planej.;
- onda liberal – política econômica neoliberal (Estado mínimo -
desregulamentação da economia, liberação dos mercados, privatização,
controle a inflação, democratização e desconcentração do Estado).

- 40
Esquema Básico do Modelo Keynesiano

Base de Investigação
Principal Preocupação de Keynes era saber, quais os principais fatores
responsáveis pelo emprego numa economia. A partir da identificação desses
fatores ele saberia as causas do desemprego.

Linha de Raciocínio
Questão 1: Que fatores explicam emprego numa economia industrial
moderna?
Resposta 1: Nível de emprego é determinado pela produção.
Questão 2: Quem determina o nível de produção?
Resposta 2: A demanda efetiva.
Questão 3: Quem determina a demanda efetiva (economia s/Governo e
s/Comércio Exterior)?
Resposta 3: A demanda efetiva é determinada por 2 fatores:
Bens de consumo;
Bens de investimentos.
Questão 4: Como é determinado os bens de consumo?
Resposta 4: Consumo é função da renda, então C= f(Y). E é sempre < 1
porque:
Renda (Y)= Consumo (C) + Poupança (P),
Por outro lado, a função consumo tem 2 componentes:
C= Co + bY, sendo que
Co= Consumo Autônomo;
bY= a parte do consumo dependente da Renda (b é a Propensão
Marginal a Consumir –PMC e Y é a Renda)

Consumo

Cn C= Co + bY
C2

C1

Co

Renda
0 R1 R2 Rn

- 41
Questão 5: Como é determinado os bens de investimentos?
Resposta 5: Investimentos= f(Expectativas de lucro -E, Taxa de juros -i).
Questão 6: Como a renda aumenta em uma sociedade?
Resposta: A resposta pelo seguinte raciocínio
Produto= Consumo (C) + Investimentos (I) 1
Como em uma economia s/Governo e s/Comércio exterior:
Renda (Y)= Produto, então substituindo em 1 Produto p/Renda (Y) tem-se:
Y= C + I
Como C= Co + bY e o Consumo autônomo (Co) é igual para todos os indivíduos
ele pode ser anulado. A equação então fica:
Y= bY + I
Ou seja: O nível de renda da produção é determinada pelos gastos de consumo
(bY) e pelos gastos em investimento (I).
Exercício 1
Qual a renda em uma cidade se investimentos (I)= 200 e PMC (b)= 0,8?
Y= I + bY Y= 200 + 0,8Y Y − 0,8Y= 200 Y(1−0,8)=200 Y= 1.000
Exercício 2
Qual a renda nesta cidade se investimentos (I) aumentar em $50 e PMC(b)=0,8?
Y= I + bY Y= (200+50) + 0,8Y Y − 0,8Y= 250 Y(1−0,8)=250 Y= 1.250
Conclusão: Então um aumento de $50 no investimento gerou um aumento na
renda de $250 (5 vezes mais). Isto mostra que o investimento tem um efeito
multiplicador sobre a renda. Assim:

∆ Y= ∆ I + b∆ Y ∴ ∆ Y −b∆ Y= ∆ I ∴ ∆ Y(1−
= b)= ∆ I ∴=1−b
∆Y 1 ∴ ∆
∆Y I 1−1b ∆ I

1 Multiplicador de investimentos de Keynes (K)


1−b

O multiplicador de investimentos indica quantas vezes a renda variará devido a


determinada variação dos Investimentos. Mostra também que o investimento está
ligado à Propensão Marginal a Consumir (PMC).
Exercício 3
Quanto aumentará a renda numa cidade se ∆ I= 100 e PMC (b)= 0,8?
∆=Y 1 ∆I ∴ ∆Y = 1 100 ∴ ∆ Y= 500
1−b 1−0,8
Exercício 4
Quanto aumentará a renda numa cidade se ∆ I= 100 e PMC (b)= 0,9?
∆=Y 1 ∆I ∴ ∆Y = 1 100 ∴ ∆ Y= 1000
1−b 1−0,9

- 42
FILÒSOFOS
Aristóteles - Platão Figura 1.1
As Grandes Correntes do Pensamento Econômico
ESCOLÁSTICOS
São Tomás de Aquino, 1270

FISIOCRATAS MERCANTILISTAS
François Quesnay, 1758 XV a XVIII

CLÁSSICOS
Adam Smith, 1776
Ricardo, 1817 Malthus, 1798

J. B. Say, 1803 J. Stuart Mill, 1848

SOCIALISMO CIENTÍFICO MARGINALISTAS (1870/1929)


Karl Marx, 1867
K. Menger L. Walras K. Wicksell
MICROECONOMIA
A. Marshall, 1890

Lênin, 1914
MACOECONOMIA
J. Maynard Keynes, 1936
ECONOMIA BEM ESTAR
A. C. Pigou,
U.R.S.S. China Nova Esquerda
ECONOMIA CORRENTE
Pós Keynes CONCORRÊNCIA IMPARFAITE
Chamberlein, Robinson, Hicks

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