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MÍDIAS
Mídia é uma palavra derivada do latim que significa meio. São os meios de comunicação
de massa, relacionados à área técnica de propaganda com a veiculação de mensagens
comercias. Essa comunicação pode se dar por diversos meios, desde os mais acessíveis
economicamente ao consumidor, como o rádio, ou de forma impressa em revistas, cartazes,
luminosos, ou ainda em meios de comunicação mais consagrados como a televisão e de
grande difusão como a internet.
A função da mídia é planejar onde, para quem, quando, por que e como a mensagem
deverá ser veiculada; negociar sua colocação nos programas mais adequados para o produto e
exercer rigoroso controle do que está sendo transmitido, busca conhecer o consumidor, e
oferecer o que ele precisa de maneira a produzir benefícios para o anunciante, consumidor e
ainda promover a difusão do meio usado para tal, garantindo sua perpetuidade.
Mídia é um termo que vem sendo cada vez mais utilizado em nossos dias, sendo na
forma opinativa e de senso comum ou mais contextualizada e embasada por estudiosos e
Instituições de Ensino Superior. Mídia pode significar a abrangência de todos os meios de
comunicação de massa, sua utilização analisada, calculada, especializada e supervisionada.
Não é fácil defini-la precisamente, mas é preciso compreendê-la em sua ação, pois
principalmente a mídia televisiva é saturada de processos de submissão e dominação em
massa, embasados nos objetivos de quem a produz e manipula a informação a ser repassada.
O processo de difusão da informação ocorre tão veloz quanto a criação da necessidade de se
manter informado, propagando os diversos meios de comunicação de forma a atingir cada vez
mais casas em todo o mundo.
Toda veiculação de informação parece ser clara e inteligível, contudo mensagens são
absorvidas pelo espectador sem que este ao menos perceba, este elemento é chamado de
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referencial oculto. “O referencial oculto é o conjunto de representações desse espetáculo
filmado e divulgado pelas televisões” (Bourdieu, 1930) que tendem a nos apresentar edições e
reportagens que prendam a atenção do espectador, pelo maior tempo possível, garantindo a
assim a venda dos espaços publicitários (propagandas). A lógica mercadológica de incitar ao
consumo acaba por comandar o momento de “lazer” no refúgio da casa de cada cidadão,
garantindo sua submissão a talvez o mais cruel dos processos de dominação, aquele que
ocorre de forma subliminar e inconsciente.
Não importa o mecanismo de transmissão a ser utilizado, mas quando isso ocorrer em
função do processo educativo, é importante que se cultive a criticidade em relação a essas
tecnologias. É necessário que se busque uma familiarização com as formas de se construir e
distribuir a informação, assim como os meios usados para tal, estimulando sua utilização na
aprendizagem dos conteúdos curriculares da escola e promovendo a construção de um saber
escolar que se relacione com a vida em uma sociedade que determina, de forma sutil, o que
devemos comer, conhecer, saber e fazer.
SURF E EDUCAÇÃO
O surf é uma atividade individual, onde uma pessoa, sustentada por uma prancha
flutuante, desliza sobre as ondas, realizando manobras e desafiando as forças da natureza, ou
simplesmente divertindo-se nesta relação do movimento humano com a água. Esta atividade
que surgiu como forma de deslocar-se de volta a terra após a pescaria, por nativos da
Polinésia, tem se destacado enquanto esporte, mercado de investimento e como atividade na
natureza que propõe benefícios ao corpo e a mente. Sua difusão na atualidade é tanta, que a
busca por seu aprendizado cresce a cada dia, assim como sua inserção na lógica esportivizada
incorporada pela maioria das modalidades de atividades Físicas, agregando competições,
marketing, investimento e globalização.
Por suas características históricas e práticas relacionarem-se diretamente ao movimento
humano, de forma a contribuir na construção e na valorização da cultura de movimento de
quem o pratica, o surf, assim como os esportes tradicionais, a dança, a capoeira, a ginástica,
entre outros, mostra-se como outra possibilidade de conteúdo nas aulas de Educação Física.
O surf dentro do ambiente escolar tem constituído um processo demorado e
desvinculado aos propósitos didático-pedagógico de uma visão mais construtivista da
educação. No entanto nos últimos anos, tem alcançado alguns grandes marcos, que deram
ainda maior credibilidade a esse esporte, como a inclusão do Esporte como disciplina em
algumas instituições de ensino superior de Educação Física (Iniciado na UNIMONTE, em
Santos-SP).
Estudos sobre o surf na escola ainda são escassos e de difícil acesso, mas é conhecida
a presença atual do surf dentro da escola. O surf tem grande aparição como modalidade extra
classe oferecida pela escola em função de uma mensalidade a ser paga, sem integrar aos
conteúdos do currículo escolar. Ou ainda inserido como conteúdo das aulas de Educação
Física de forma fragmentada, onde o aluno opta por realizar apenas as atividades
(normalmente modalidades esportivas) que lhe atraem. Estas propostas desvalorizam a
Educação Física escolar dos demais conteúdos e matérias da escola, deixando de lado a
formação humana integral, valorizando apenas uma prática e o valor mercantil do surf para
atrair mais alunos. Já são conhecidas poucas escolas que utilizam o surf como prática
pedagógica nas aulas de Educação Física, com propostas sistematizadas e comprometidas
com a produção cultural e o desenvolvimento humano.
Há também escolas especializadas em Surf, em cidades litorâneas, como há de futebol
ou qualquer outra modalidade esportiva com o formato de rendimento, mas que não propõem
uma educação em prol da formação humana, mas sim de forma direcionada ao esporte em si.
No espaço escolar o referencial é outro, e os caminhos a traçar, mais complexos, e no ensino
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do Surf não é diferente. Com um projeto de Surf na Escola, todos meios utilizados no processo
educativo entram em vigor, e ainda incitam a criatividade e a renovação da ação do professor,
de forma a estimular a pesquisa e o interesse do aluno que percebe o ambiente inovador sendo
criado, resultando em conhecimentos que são somados a cultura de movimento daquelas
crianças, espontaneamente.
Por entender que os conteúdos trabalhados no processo educativo devam ser
selecionados com o propósito de unificar o saber técnico a formação da consciência social-
política, é necessária uma ação pedagógica não tão tradicional. Para que isso ocorra, deve-se
proporcionar uma apropriação do saber de forma a estimular a criança, partindo do
conhecimento de sua própria realidade e superando-a em busca de um agir coletivo.
A imagem do surf perante a sociedade tem se modificado, e cada vez mais, a facilidade
de produção e acesso a informação pelas mídias, tem contribuído para isso. Ao mostrar um
vídeo de surf, o professor pode editar e gravar somente o que condiga com seus objetivos, o
que represente o tema a ser focado, para então propor uma discussão a respeito.
O registro das aulas utilizando meios de transmissão de informação pode favorecer seu
processo ensino-aprendizagem. De variadas maneiras, como através de uma gravação ou
fotografias, pode-se gravar as aulas para então realizar, juntamente com a turma, uma análise
de imagens e de conteúdo, problematizando o movimento humano no Surf e a relação com a
ação humana e da sociedade. O videogame, muito conhecido entre as crianças e adolescentes,
também pode auxiliar no ensino do surf proporcionando a visualização das manobras, os
nomes que recebem e os mecanismos de como deslizar pela onda, além de ser ponto de
predileção no brincar das crianças, resultando então em aprendizado relacionado aquela
realidade infantil que o utiliza.
A internet também grande representatividade para a juventude de hoje, que cresce junto
com este meio de comunicação e difusão intensa de informação. Sua utilização nas aulas de
Educação Física pode resultar na construção de um blog que difunda o trabalho desenvolvido,
onde o processo de construção do aprendizado se faz tão importante quanto o produto final.
“Como poderá a escola contribuir para que todas as nossas crianças se tornem
utilizadoras (usuárias) criativas e críticas destas novas ferramentas e não meras
consumidoras compulsivas de representações novas de velhos clichês”? “Como pode a
escola pública assegurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não
contribuir para a exclusão de futuros ciberanalfabetos”?
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Essas questões devem ser refletidas para que a mídia possa estar disponível a todos os
estudantes, inclusive em escolas públicas, porém sempre com o objetivo maior de formar
indivíduos prontos para viverem criticamente em sociedade e não pessoas alienadas em meio a
tanta informação desorientada. Para isso é necessária muita transformação, começando nos
papéis já pré-determinados de professor “sabe tudo” e aluno “ouvinte”, para professor “coletivo
e multicompetente” e estudante autônomo e participativo. Esta modificação resultará na
construção de vivências produtivas e participativas, onde aluno e professor constroem a forma
de se aprender, por meio de orientações e condução por parte do professor e apropriação e
interesse pelo conhecimento, por parte do aluno, valorizando assim os conteúdos a seres
estudados.
O conceito mídia-educação (ou educação para as mídias) é um conceito que propõe a
utilização das mídias como objeto de estudo, onde se estuda e se utiliza a mídia como
“ferramenta pedagógica”. Propõe-se que uma nova “disciplina”, nesta direção, seja inserida no
currículo. Fantin (2006) pensa a educação para as mídias como:
CONSIDERAÇÕES
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com a oferta desses produtos no mercado. Contudo, é necessária uma percepção sobre a
forma como as mensagens chegam até nós, para que possamos situarmo-nos em relação à
opinião que formamos sobre as informações, e para que isso ocorra é importante que haja o
estímulo para a construção de cada vez mais estudos com esse foco.
Esse processo crítico, bem como o estímulo ao interesse sobre a influência das
tecnologias de informação e comunicação, pode/deve ter início na escola, por meio de aulas
interessantes, com diversas linguagens que visem não somente a transmissão de conteúdos,
mas também o seu estudo e como utilizá-los durante a vida.
Enquanto uma disciplina direcionada aos processos midiáticos e às tecnologias que
funcionam a serviço da veiculação de informação não entra em vigor nas escolas, as matérias
institucionalizadas, como a Educação Física, podem fazer uso do conceito de mídia-educação
para realizar este trabalho, através de uma proposta de estudo para a mídia e para o
conhecimento.
O surf como conteúdo das aulas de Educação Física, respeitando a realidade da
comunidade onde a escola em questão estiver inserida, apresenta-se como interessante
mecanismo de atuação no processo reflexivo da aprendizagem. Seu riquíssimo repertório de
movimentos, uma recente ascensão, o mercado que se apropria da sua estética e a valorização
da natureza presente em sua realidade, são fatores que agregam ao surf singularidade para
uma aula de Educação Física completa. Quando um projeto como este é associado às formas
de mídia, percebidas como conhecimento a ser aprendido, o processo ensino-aprendizagem da
Educação Física alcança seus objetivos mais plenos e acaba por integrar o aluno ao seu
cotidiano, a realidade em que vive e as informações por ele recebidas de forma resignificada.
Sugerindo uma reflexão, são utilizadas as palavras de Apple (2000) para concluir esta
proposta:
BIBLIOGRAFIA
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