O documento apresenta um resumo de um estudo sobre a obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" de Immanuel Kant. O autor descreve que Kant introduziu modificações radicais no modo de pensar sobre filosofia, fugindo do empirismo e inaugurando uma nova concepção baseada na razão. O trabalho analisa o Prefácio e a Primeira Seção da obra, que discutem a distinção entre conhecimento empírico e racional e a noção de boa vontade como princípio moral.
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Um Estudo Sobre a Fundamentação Da Metafísica Dos Costumes à Luz de Immanuel Kant - Filosofia - Âmbito Jurídico
O documento apresenta um resumo de um estudo sobre a obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" de Immanuel Kant. O autor descreve que Kant introduziu modificações radicais no modo de pensar sobre filosofia, fugindo do empirismo e inaugurando uma nova concepção baseada na razão. O trabalho analisa o Prefácio e a Primeira Seção da obra, que discutem a distinção entre conhecimento empírico e racional e a noção de boa vontade como princípio moral.
O documento apresenta um resumo de um estudo sobre a obra "Fundamentação da Metafísica dos Costumes" de Immanuel Kant. O autor descreve que Kant introduziu modificações radicais no modo de pensar sobre filosofia, fugindo do empirismo e inaugurando uma nova concepção baseada na razão. O trabalho analisa o Prefácio e a Primeira Seção da obra, que discutem a distinção entre conhecimento empírico e racional e a noção de boa vontade como princípio moral.
Um estudo sobre a fundamentao da metafsica dos costumes luz de Immanuel Kant
Reno Sampaio Mesquita Martins Resumo: Estudo e anlise crtica do Prefcio e Primeira Seo da obra Fundamentao da Metafsica dos Costumes, integrante da produo cientfica de Immanuel Kant acerca da tica e da Moral. Palavras-chaves: Filosofia. tica. Moral. Kant. Fundamentao da Metafsica dos Costumes. Sumrio: 1 Introduo; 2 Prefcio; 3 Primeira Seo; 4 Concluso; Referncias. 1. Introduo Kant , sem dvida, um dos mais importantes filsofos modernos, tendo se destacado mundialmente pela introduo de modificaes radicais no modo de pensar sobre a filosofia. Kant fugiu do empirismo at ento reinante, representado pela obra de David Hume, e inaugurou uma nova concepo filosfica, baseada na razo. As principais obras de Kant so a Crtica da Razo Pura (1781), que trata sobre o conhecimento; Fundamentao da Metafsica dos Costumes (1785); Crtica da Razo Prtica (1788) e Metafsica dos Costumes (1797). As trs ltimas estudam a tica e a moralidade. Uma das obras, em particular, que atinge hoje em dia grande destaque a Fundamentao da Metafsica dos Costumes, considerada por muitos filsofos como a mais importante j escrita sobre a moral. Nesta obra Kant afirma que o que distingue o homem dos outros seres da natureza a razo. Pretende alterar o conceito de moralidade e introduz conceitos como a Boa Vontade. Kant considera leis morais apenas as leis universais. A ao humana, no seu entender, quando puder ser elevada a condio de universalmente aceita, acaba se tornando uma lei moral, devendo, por razes racionais, ser observada por todos. A obra composta pelo prefcio e por trs sees. No prefcio Kant faz rpidas pinceladas sobre o tema, sem inteno de tecer conceitos ou esgotar o tema. Nas sees ele aborda a passagem do conhecimento vulgar para o filosfico; a transio da filosofia moral popular para a Metafsica dos Costumes; e a passagem da Metafsica dos Costumes para a Crtica da Razo Pura Prtica. A anlise que ser feita no presente trabalho se restringir apenas s duas partes consideradas mais importantes, o Prefcio e a primeira seo. 2. Prefcio Kant inicia observando que a velha filosofia grega divide as cincias em trs partes: a Fsica, a tica e a Lgica. As duas primeiras fazem parte do conhecimento dito material, pois consideram o objeto e as leis a que esto submetidos e possuem partes empricas e racionais. A lgica, por sua vez, faz parte do conhecimento formal, que se ocupa do entendimento, da razo e das regras universais do pensar em geral, sem distino de objetos. O conhecimento formal apenas racional, no tendo parte prtica. O autor tambm comenta sobre as filosofias naturais, morais e puras (esta ltima seria a formal, a lgica pura). A filosofia natural estaria regida pelas leis da natureza e poderia ser chamada tambm de teoria da natureza ou metafsica da natureza. guiada pela regra do ser, categrico, isto , as leis naturais no admitem excees ou falseamento. A filosofia moral, por sua vez, tambm conhecida como leis da liberdade ou teoria dos costumes, ou ainda, metafsica dos costumes, regrada pelo dever ser, pelo hipottico. As leis morais consistem em condutas esperadas, porm no necessariamente obrigatrias, que admitem, portanto, a hiptese de descumprimento ou relativizao. Consiste no estudo da vontade do homem. Existe, portanto, uma dupla metafsica. A metafsica da natureza e a Metafsica dos costumes. A primeira representada pela fsica e possui partes emprica (princpio da experincia) e racional bem definidas. A metafsica dos costumes representada pela tica, que apresenta uma parte emprica, consistente na antropologia prtica (estudo do conhecimento do homem) e uma parte racional, correspondente moral. A razo no sentido prtico ou vontade um conceito fundamental para Kant. A razo prtica aquela que no se preocupa em traduzir as leis da natureza (razo terica ser), mas sim as leis segundo as quais o ser racional, dotado de liberdade deve agir. Dizer que o homem tem vontade dizer que ele pode representar-se uma lei e agir de acordo com ela. A dicotomia entre o ser e o dever ser, j abordada pelos gregos, explorada por Kant, que separa bem o pensamento racional e o emprico. As leis morais se diferenciam de tudo que seja produto da experincia, ou seja, de tudo que seja emprico. Trata-se do pressuposto de pureza constante nas obras de Kant. A filosofia moral considerada pura pois foge do empirismo. No recorre a nada do conhecimento do homem. Pelo contrrio, fornece a este, como ser racional, leis a priori. A metafsica dos costumes serve para investigar a origem dos princpios prticos que residem aprioristicamente na razo. Ademais, os costumes podem se perverter quando falta um elemento que os conduzam para a moral. A conduta moralmente boa deve ser cumprida por amor da lei moral, sob pena de inconsistncia e incerteza. Voltando s classificaes, Kant observa duas formas de conhecimento: o Emprico ou a posteriori, e o Puro, racional ou a priori. O conhecimento emprico decorre de dados fornecidos pelas experincias sensveis. Como exemplo ele menciona a constatao de que uma janela est aberta. Tal constatao decorre de informaes captadas pelos sentidos. Por outro lado, a noo de que a linha reta a distancia mais curta entre dois pontos decorre do pensamento puro, no sendo necessrio constatar tal fato por meio de experimentao. O termo "Metafsica" para Kant significa um conhecimento no-emprico ou racional. Combinando com o conceito de costumes, que designa todo o conjunto de leis ou regras de conduta que normatizam a ao humana, Kant chega ao conceito de Metafsica dos Costumes, que o estudo de leis que regulam a conduta humana sob um ponto de vista essencialmente racional e no contaminado pela empiria. Kant diferencia a Metafsica dos Costumes da Filosofia Prtica Universal proposta por Wolff. Esta ultima o querer em geral, considerando tanto parte emprica quanto racional. A Metafsica dos Costumes, por sua vez, deve investigar a idia e os princpios duma possvel vontade pura, e no as aes e condies do querer humano em geral, as quais so tiradas em sua maior parte da Psicologia. Esse o principal ponto de distino, pois a Filosofia Prtica Universal no considerou nenhuma vontade que fosse determinada completamente por princpios a priori e sem quaisquer mbiles empricos e a que se poderia chamar uma vontade pura. Na verdade, a concepo de Kant teve como objetivo purificar a filosofia, reivindicando que a Metafsica no seno o inventrio de tudo que possumos atravs da Voc est aqui: Pgina Inicial Revista Revista mbito Jurdico Filosofia razo pura (puros conceitos formulados pelo pensamento puro ou pelo intelecto). Kant afirma que a razo humana no campo da moral, mesmo no caso do mais vulgar entendimento, pode ser facilmente levada a um alto grau de justeza e desenvolvimento, o que refora a idia de que a moralidade nsita ao ser humano. O objetivo da Fundamentao da Metafsica dos Costumes buscar um princpio de moralidade que fundamente os costumes e o agir moral. O mtodo empregado abrange dois passos. Primeiro, analiticamente, ir do conhecimento vulgar ao princpio supremo desta espcie de conhecimento. Segundo, sinteticamente, em sentido inverso, caminhar deste princpio e de suas fontes para a Crtica da razo pura prtica. A obra, por conseguinte, compe-se de trs partes, alm do Prefcio: Primeira seo: passagem do conhecimento vulgar para o filosfico; Segunda seo: sada da filosofia moral popular para a Metafsica dos Costumes; Terceira seo: o ltimo passo, da Metafsica dos Costumes para a Crtica da Razo Pura Prtica. 3. Primeira Seo As leis morais orientam o agir humano, sendo o ponto de partida a boa vontade. Dizemos que as coisas so boas ou ms, porm elas no so nem boas nem ms em si mesmas. O homem o nico ser do qual se pode extrair os sentimentos de bondade ou a maldade, pois ele que realiza aes e almeja alcanar as respectivas finalidades. Estas finalidades se relacionam com a moralidade das condutas, de modo a se concluir que a nica coisa que pode ser boa ou m a prpria vontade humana. Ademais, a boa vontade constitui a condio indispensvel para que o homem seja digno de felicidade. No adianta possuir qualidades ou dons se a pessoa no possuir boa vontade, pois todas as qualidades da pessoa podem ser desvirtuadas, desde que se tenha m vontade. Alis, o resultado concreto positivo sequer necessrio para se qualificar determinada ao humana como moralmente boa. Conforme Kant, a mera vontade do sujeito j poderia ser suficiente para se considerar determinada conduta valorosa. A prpria razo vulgar indica a boa vontade como moralmente boa. Kant menciona a dicotomia entre a razo e instinto. O instinto, a principio, garantiria ao sujeito a adoo da melhor opo, no sentido de auto-preservao, o que poderia ser taxado como conduta moralmente boa. A razo no seria suficiente para guiar o homem para a satisfao de suas necessidades. Contudo, a razo foi dada como faculdade que deve exercer influncia sobre a vontade. O destino da razo dever produzir uma vontade boa em si mesma e no boa como meio para atingir fins diversos. A razo deve prevalecer sobre o instinto. Deve buscar o bem supremo, a satisfao e, ainda, evitar inclinaes e instintos. Kant prope, ento, a diferenciao de a) cumprir determinada lei por dever; b) cumprir conforme ao dever. Exclui, ao mesmo tempo, a ao contrria ao dever e as aes verdadeiramente conformes ao dever (sem inclinao). Analisaremos, ento, alguns exemplos: 1 exemplo: Se o negcio corre muito bem, o comerciante esperto mantm um preo fixo para toda a clientela. O merceeiro, honradamente, age conforme ao dever. No entanto, pode ter agido assim por interesse e no por amor aos fregueses. A ao no foi, portanto, praticada nem por dever nem por inclinao imediata, mas somente por inclinao egosta. 2 exemplo: Conservar a vida um dever e uma inclinao natural, por isso os homens dedicam-lhe um cuidado exagerado. Agem, ento, conforme ao dever, mas no por dever. Se, porm, a sua vida infeliz e, mesmo desejando a morte, conserva a vida sem amor, no por inclinao ou medo, mas por dever, ento a sua mxima tem um contedo moral. 3 exemplo: Assegurar a felicidade prpria um dever, j que a infelicidade constitui tentao para a transgresso dos deveres, mas todos os homens possuem inclinao para a felicidade, idia que rene a soma de todas as inclinaes. Kant lana mo do gotoso, que prefere o prazer da mesa felicidade da sade. Ele no determinado pela inclinao para a felicidade, mas tambm no age por dever, porque o dever determina a procura da felicidade. 4 exemplo A Sagrada Escritura manda que amemos o prximo, mesmo o nosso inimigo. Esse o amor por dever, prtico, no sensvel, no patolgico; que pode ser ordenado, que depende da ordem da vontade. Podemos ento concluir que uma ao conforme ao dever depende do objeto e praticada por inclinao, por interesse ou por egosmo. Uma ao praticada por dever vale pela mxima que a determina, tem o seu objeto na vontade. Por fim, para se saber se a conduta praticada moral Kant utiliza-se do seguinte mtodo: o agente deve observar a sua conduta e se perguntar se esta conduta deve passar a ser universalmente utilizada. Assim, mesmo se no ponto de vista particular a conduta trouxe benefcio ao agente, se ela no puder se estendida como boa para toda a coletividade, no poder ser taxada como moralmente aceita. Kant utiliza-se de mais um exemplo. A pessoa que em situao de apuros faz uma promessa que sabe que no cumprir certamente considerar esta conduta como aceitvel e at mesmo boa, pois lhe livrou da situao emergencial em que se encontrava. Entretanto, a mesma pessoa, em um exame intimo, certamente no considerar correto ou aceitvel que todos passassem a realizar promessas falsas para se livrar de situaes inusitadas. Assim, a concluso que se chega que a conduta no moralmente aceita como boa. 4. Concluso Nesta obra Kant pretende expor que a razo o motor que distingue o homem dos demais seres. Por ser regido pela racionalidade, as condutas humanas sero moralmente positivas somente se forem executadas com o nimo igualmente positivo do agente. Ou seja, se for imbudo de boa vontade. A lei moral, portanto, cumprida fruto do pensamento racional positivo humano. Conclumos que o objetivo da obra , portanto, buscar um princpio de moralidade que fundamente os costumes e o agir moral.
Referncias: KANT, Immanuel. Fundamentao da Metafsica dos Costumes. Traduzido do alemo por Paulo Quintela. Lisboa: Edies 70, 1986. Reno Sampaio Mesquita Martins Procurador da Fazenda Nacional Informaes Bibliogrficas
MARTINS, Reno Sampaio Mesquita. Um estudo sobre a fundamentao da metafsica dos costumes luz de Immanuel Kant. In: mbito Jurdico, Rio Grande, XIII, n. 77, jun 2010. Disponvel em: < http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7922 >. Acesso em maio 2014. O mbito Jurdico no se responsabiliza, nem de forma individual, nem de forma solidria, pelas opinies, idias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es).