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Voto nº 9006 — agravo em execução Nº 1.090.764-3/2-


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Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 9007 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.094.533-3/8-


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Art. 121, § 2º, ns. I, IV e V, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a


jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta que se
convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu
autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção, quer
dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).

Voto nº 9008 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 437.728-3/5-00


Arts. 33, 2a. parte, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 202, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 10 da Lei nº 9.437/97.
— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade
substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
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nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9009 — HABEAS cORPUS Nº 1.100.671-3/3-00


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 44 da Lei nº 11.343/2007.
—“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de
carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 9010 — HABEAS cORPUS Nº 1.093.934-3/0-00


Arts. 33, § 2º, 83, parág. único, 121, § 2º, ns. I, III e IV, 159, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação
ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos
casos de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz
determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de
crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de
periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 9011 — HABEAS cORPUS Nº 1.090.839-3/5-00


Arts. 71, 214 e 224, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90.
–– Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de atentado violento ao
pudor, será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade
provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória
recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art.
393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
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— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 9012 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.841-3/0-00


Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 12, “caput”, da Lei nº 6.368/76.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes
hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no
regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado
primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente —
e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 9013 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 913.438-3/1-00


Arts. 70, 159, § 1º e 288, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 226, II e 288, do Cód. Proc. Penal.

— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada


aos mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,
firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— É superior a toda crítica a decisão que, firme em prova oral idônea, decreta a
condenação do réu.
—“Associar-se quer dizer reunir-se, aliar-se ou congregar-se estável ou
permanentemente, para a consecução de um fim comum. À quadrilha ou bando
— art. 288 do Cód. Penal — pode ser dada a seguinte definição: reunião estável
ou permanente (que não significa perpétua), para o fim de perpetração de uma
indeterminada série de crimes. A nota de estabilidade ou permanência da
aliança é essencial” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1958, vol.
IV, pp. 177-178).
— Uma pena, para ser justa — escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve
ter somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.
Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se
impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta,
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portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as
formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a
que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias
de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do roubo, fê-lo, ou
não, com certeza e espontaneidade.
Voto nº 9014 —Recurso em Sentido Estrito Nº 974.560-3/4-
00
Arts. 38, 41, 43, nº III, 44, 568 e 569, do Cód. Proc. Penal.

— Ao investir o particular do direito de processar o autor de crime contra a honra,


transferiu-lhe também o Estado o encargo de elaborar a peça técnica, segundo o
rigor do estilo judiciário. A queixa-crime, por isso, conterá a exposição do fato
criminoso com todas as suas circunstâncias, em ordem a possibilitar a
verificação da existência de justa causa para a “persecutio criminis” e a plena
defesa do acusado (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— A inobservância do referido cânon (art. 41 do Cód. Proc. Penal) importa vício
formal grave, cuja sanção é a rejeição mesma da queixa-crime.
—“As omissões da queixa só podem ser supridas (CPP, art. 569) dentro do prazo de
seis meses previsto no art. 38 (STF, RTJ 57/190; TJSP, RT 514/334)” (Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 55).

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Voto nº 9015 — ecurso de ofício Nº 496.542-3/8-00
Art. 121, §§ 1º e 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

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Voto nº 9016 — ecurso de ofício Nº 984.983-3/2-00
Arts. 16, 29, 71 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

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Voto nº 9017 — ecurso de ofício Nº 1.014.461-3/3-00
Arts. 12, nº II e 155, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal.
art. 197 da Lei de Execução Penal.
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— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

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Voto nº 9018 — ecurso de ofício Nº 492.796-3/7-00
Arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

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Voto nº 9019 — ecurso de ofício Nº 981.078-3/0-00
Arts. 71 e 171, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 9020 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.075.663-3/1-


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Arts. 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
— Para submeter alguém a julgamento perante o Tribunal do Júri, não bastam
rumores ou conjecturas, é mister a existência de indícios veementes ou alta
probabilidade da autoria de crime doloso contra a vida.
— A falta de indícios suficientes da autoria do crime que lhe é imputado obriga à
impronúncia do réu (art. 409 do Cód. Proc. Penal).
— Enquanto não extinta sua punibilidade, poderá “ser instaurado processo contra o
réu, se houver novas provas” (art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 9021 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.705-3/0-00


Arts. 96, nº I e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do
condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
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intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que deve o
Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação da
liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais brando de
cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9022 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.604-3/9-00

Arts. 43, nº IV, 44, 77, nº III, 180, “caput” e 304, do Cód. Penal;

— Viola o art. 180, “caput”, do Cód. Penal aquele que adquire veículo automotor
sem documentação, pois ainda o sujeito de siso vulgar sabe que é essa a principal
característica da coisa de origem criminosa.
–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
–– Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime aproveita, esse
o praticou: “Cui prodest scelus, is fecit”.
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei delitti e delle Pene, § XVI).

Voto nº 9023 —Recurso em Sentido Estrito Nº 834.451-3/5-


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— Sentença condenatória torna despropositada e estéril toda a controvérsia a
respeito de eventual ilegalidade do despacho que, durante a instrução criminal,
indefere pedido de decretação da prisão preventiva do réu.
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 9024 —Recurso em Sentido Estrito Nº 926.743-3/3-


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Art. 12 da Lei de Tóxicos;
art. 14 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº XI da Const. Fed.

––“A casa é o asilo inviolável do cidadão”,reza a Constituição Federal (art. 5º, nº


XI); por isso, nela ninguém pode penetrar, se o não consentir o morador, ou
ordenar a autoridade judicial. O preceito legal mesmo, no entanto, excepciona
hipótese de flagrante delito.
—“O delito de guarda ou depósito de arma de fogo constitui crime permanente,
admitindo a entrada na casa do infrator para efetuar prisão em flagrante”
(Damásio E. Jesus, Crimes de Porte de Arma de Fogo e Assemelhados, 2a. ed.,
7
p. 48).
— Sucessivas decisões contraditórias em processo criminal têm sempre operado
como causa de insegurança nos negócios jurídicos e grande descrédito da
Justiça, pelo que se devem evitar quando possível.

Voto nº 9025 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 895.986-3/2-00

Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, ns. I e V, do Cód. Penal.

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 9026 — agravo em execução Nº 1.056.135-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9027 — agravo em execução Nº 1.069.477-3/3-


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Arts. 12, 14, 18, nº I e 35, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


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assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9028 — agravo em execução Nº 1.075.183-3/0-


00
Arts. 8º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XLVI, da Const. Fed.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 9029 — HABEAS cORPUS Nº 1.092.701-3/0-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14, 16, parág. único, nº IV e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
9
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 9030 — agravo em execução Nº 1.091.404-3/8-


00
Art. 214 do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 9031 — agravo em execução Nº 1.089.463-3/6-


00
Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, nº II, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito
do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º,
§ 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 9032 — agravo em execução Nº 1.090.723-3/6-


00
Arts. 83, nº V, 155, § 4º, nº II, 157, § 3º e 163, nº III, do Cód. Penal;
art. 16, da Lei nº 6.368/76;
arts. 1º, nº II e 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
3º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do
10
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, §
2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que não se lhe pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— Segundo o entendimento comum dos Tribunais de Justiça, também o condenado
por latrocínio, crime do número dos hediondos (art. 1º, nº II, da Lei nº
8.072/90), tem direito ao livramento condicional, se preenchidos os requisitos
do art. 83 do Código Penal: nem ao pior facínora quis o legislador negar
oportunidade de redimir-se dos graves erros passados e praticar ações
verdadeiramente dignas da espécie humana.
— Para que o condenado por crime hediondo faça jus ao livramento condicional,
deverá atender ao requisito indeclinável do cumprimento de 2/3 da sua pena (art.
83, nº V, do Cód. Penal).

Voto nº 9033 —Recurso em Sentido Estrito Nº 997.630-3/2-


00

Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— “Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev. Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto nº 9034 —Recurso em Sentido Estrito Nº 934.755-3/1-


00
Arts. 29, 62, nº I e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

— Para submeter alguém a julgamento perante o Tribunal do Júri, não bastam


rumores ou conjecturas, é mister a existência de indícios veementes ou alta
probabilidade da autoria de crime doloso contra a vida.
— A falta de indícios suficientes da autoria do crime que lhe é imputado obriga à
impronúncia do réu (art. 409 do Cód. Proc. Penal).
––“É certo que para o juízo de admissibilidade da acusação bastam, no que tange à
autoria, indícios suficientes. Mas a acusação deve, desde logo, ser descartada,
com o julgamento da improcedência da denúncia, se os indícios são insuficientes
para levar o réu à barra do Tribunal Popular” (Rev. Tribs., vol. 528, p. 328; rel.
Márcio Bonilha).
— Enquanto não extinta sua punibilidade, poderá “ser instaurado processo contra o
réu, se houver novas provas” (art. 409, parág. único, do Cód. Proc. Penal)
11

r
Voto nº 9035 — ecurso de ofício Nº 497.753-3/8-00
Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 9036 —Recurso em Sentido Estrito Nº 919.556-3/3-


00
Art. 155, §§ 3º e 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 325, § 1º, nº I, 326 e 337, do Cód. Proc. Penal.

— Ao arbitrar-lhe fiança para que se defenda em liberdade, o Juiz deverá


considerar, além da natureza da infração penal, as condições pessoais de fortuna
do réu e sua biografia social (art. 326 do Cód. Proc. Penal).
–– Incensurável é a decisão que fixa ao réu o valor da fiança conforme o estalão
aritmético instituído pela Corregedoria Geral da Justiça (“Tabela de Fiança –
Junho/2004”) e as regras do direito positivo (art. 326 do Cód. Proc. Penal).
–– Não cabe redução do valor da fiança, estipulado segundo critério legal, se o réu
não comprovou “quantum satis” que sua situação econômica o recomendava
(art. 325, § 1º, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9037 —Recurso em Sentido Estrito Nº 921.269-3/3-


00
Arts. 29, 180, §§ 1º e 2º e 228, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requisitos que


lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o direito de defender-
se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A Justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de receptação dolosa
(art. 180, §§ 1º e 2º, do Cód. Penal), não está subestimando a necessidade da
repressão da delinqüência nem fazendo tábua rasa do direito positivo, mas
olhando ao intuito mesmo da lei, que reserva o “carcer ad custodiam” para
aquelas hipóteses em que, extrema sua periculosidade e extraordinária a
gravidade do delito que lhe é imputado, deva o réu manter-se apartado do
convívio social.
— Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
12
Voto nº 9038 — agravo em execução Nº 1.069.000-3/8-
00
Art. 52 da Lei de Execução Penal.

— Não é pedra de escândalo decisão que, em caso de prática de falta grave que
ocasione subversão da ordem ou da disciplina do estabelecimento penal,
determina a internação do preso no regime disciplinar diferenciado; funda-se
em dado objetivo e em razão lógica: a vontade expressa da lei (art. 52 da Lei de
Execução Penal).
—“O regime disciplinar diferenciado foi concebido para atender às necessidades
de maior segurança nos estabelecimentos penais e de defesa da ordem pública
contra criminosos que, por serem líderes ou integrantes de facções criminosas,
são responsáveis por constantes rebeliões ou fugas ou permanecem, mesmo
encarcerados, comandando ou participando de quadrilhas ou organizações
criminosas atuantes no interior do sistema prisional e no meio social” (Julio
Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 149).

Voto nº 9039 — HABEAS cORPUS Nº 1.098.133-3/1-00


Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução
Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções
Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação
de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 9040 — HABEAS cORPUS Nº 1.098.965-3/8-00


Art. 150, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, e parág. único, da Lei nº 10.826/03;
art. 1º da Lei nº 2.252/04.
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade
provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da
sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade,
quando ainda contava ser absolvido, com mais forte razão
carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de condenado,
quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.

Voto nº 9041 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.024.798-3/9-


00
Arts. 12, 43 e 44, do Cód. Penal;
13
arts. 3º, 202 e 593, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76; art. 35 da Lei nº 11.343/06;
art. 501 do Código de Processo Civil; art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.
— É jurisprudência consagrada em nossos Tribunais que o réu não pode desistir da
apelação interposta, sem prévia concordância de seu patrono (art. 593, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá
de juízo adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A causa de aumento de pena do art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 já não
subsiste (e deve ser excluída), uma vez não consta da nova Lei de Drogas (Lei nº
11.343/06), que previu a circunstância apenas como crime autônomo de
associação para o tráfico (art. 35).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
— O STJ firmou a inteligência de que, nos casos de tráfico de entorpecentes, é
impossível a substituição da pena corporal por restritiva de direitos (cf. HC nº
33.081-PE; 5a. T.; rel. Min. Félix Fischer; DJU 13.9.04, p. 267).
Voto nº 9042 — HABEAS cORPUS Nº 1.103.264-3/8-00
Arts. 14, nº II, 29 e 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.

Voto nº 9043 — HABEAS cORPUS Nº 1.096.164-3/8-00


Arts. 14, nº II, 29, “caput” e 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
14

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia


cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód.
Penal, não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do
benefício (art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 9044 — HABEAS cORPUS Nº 1.081.953-3/4-00

Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício
da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença
condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na
prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
15
Voto nº 9045 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.373-3/3-00

Arts. 59, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º, 119 e 171, do Cód.
Penal;
arts. 110, § 1º e 156, do Cód. Proc. Penal.

—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
— Cai nas penas do estelionato, pela manifesta violação do princípio da boa-fé, o
agente que paga mercadoria com cheque alheio falsificado. Não lhe serve de
escusa o argumento de que recebeu o cheque a estranho, se o não comprovou
“ad satiem”, pois esta é comumente a defesa dos que, mediante fraude
(falsificação), costumam induzir incautos a erro para obter vantagem ilícita (art.
171 do Cód. Penal).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9046 — HABEAS cORPUS Nº 1.088.814-3/1-00

Art. 312 do Cód. Proc. Penal;


arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9047 — mandado de SEgUrança Nº 1.079.952-3/0-


00
Art. 105 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXIC, da Const. Fed.
16
–– Não há que opor contra decisão que, embora pendente recurso do Ministério
Público, determina a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de
réu preso, condenado a cumprir pena sob o regime prisional semi-aberto, pois
mesmo que provido o recurso, está obrigado às condições do regime recluso
(inexistirá, portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do sentenciado à
execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade).
–– Ao dispor que a guia de recolhimento provisória será expedida “quando do
recebimento de recurso da sentença condenatória”, o Provimento nº 653/99, do
egrégio Conselho Superior da Magistratura não excetua hipótese em que
recorrente seja a Acusação. Donde se infere, à luz de hermenêutica tradicional,
que, ainda no caso de ter apelado o Ministério Público, o Juiz da condenação
expedirá guia de recolhimento provisória ao réu preso. “Ubi lex non distinguit
nec nos distinguere debemus”.
––Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais
vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que
encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra
do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).
–– Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu
condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título executório,
mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
— Somente a violação de direito líqüido e
certo, pedra angular do instituto, admite a concessão de mandado de segurança
(art. 5º, nº LXIC, da Const. Fed.).

Voto nº 9048 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.532-3/0-00


Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59, 65, nº I e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal.

— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo


comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.
— “Se o fato é cometido no dia em que o sujeito comemora seus dezoito anos,
responde por crime, pois não se indaga a que hora completa a maioridade
penal. A partir do primeiro instante do aniversário surge a maioridade”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 130).
— A só presença de duas qualificadoras não obriga ao aumento da pena do roubo
além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de
extraordinário poder vulnerante.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente à pena de 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 9049 — HABEAS cORPUS Nº 1.093.531-3/1-00


Arts. 69, “caput” e 159, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
17

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de
carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 9050 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.320-3/2-00

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;


art. 386, nº II, do Cód. Proc. Penal.

—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento


que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 378). Mas,
para que autorizem edito condenatório, devem ser concludentes e exclusivos de
toda a hipótese favorável ao acusado.
—“Os indícios não têm a necessária consistência e força persuasiva da verdadeira
prova, pelo que não bastam para justificar qualquer sentença condenatória”
(Auto Fortes, Questões Criminais, 1a. ed., p. 124)
— É princípio universalmente recebido que a condenação, pelos gravíssimos efeitos
que acarreta ao indivíduo, apenas tem lugar se demonstrada, acima de toda a
dúvida, a materialidade do fato criminoso, sua autoria e a culpabilidade do
agente.
— No Direito Penal, em pontos de dúvida, prevalece o prolóquio sublime inscrito
nos emblemas da Justiça Criminal: “In dubio pro reo”.

Voto nº 9051 — HABEAS cORPUS Nº 1.090.531-3/0-00

Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a


verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
18
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Ato mais relevante do ofício do Juiz, a decisão deve ser fundamentada (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.), isto é, ao proferi-la deve dar as razões de seu convencimento.
Mas fundamentação percuciente, minuciosa e castigada só a requer decisão
definitiva de mérito, não a que impõe prisão preventiva ou indefere pedido de
liberdade provisória; esta se satisfaz com a indicação da necessidade e
conveniência da decretação da custódia cautelar, que se inferem da prova da
materialidade da infração penal grave e dos indícios veementes de sua autoria.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 9052 — agravo em execução Nº 1.073.202-3/4-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal.
— Não se conhece de agravo em execução, cujo objeto já tenha sido apreciado e
decidido pelo Tribunal.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).

r
Voto nº 9053 — ecurso de ofício Nº 910.161-3/5-00
Arts. 96, nº I e 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 411 do Cód. Proc. Penal.
— É incensurável a decisão que, amparada em perícia médica — que o considera
inimputável por doença mental —, absolve, com fundamento no art. 411 do
Cód. Proc. Penal, réu acusado de parricídio e manda-o tratar em casa de
custódia, nos termos da lei (art. 96, nº I, do Cód. Penal).
— A despeito da enormidade do crime, é de absolver autor de parricídio, se
inimputável. (E somente uma vítima da fatalidade orgânica poderia ter praticado
ato de tamanha perversidade, como é matar o próprio pai).
— É fama que Sólon, insigne legislador de Atenas, “perguntado por que razão não
fizera alguma lei em castigo dos que matassem a seus pais, respondeu que no
coração humano não cabia tão enorme crueldade” (Bluteau, Vocabulário, 1712,
t. VI, p. 279).

Voto nº 9054 — agravo em execução Nº 1.073.219-3/1-


00
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
19
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9055 — HABEAS cORPUS Nº 1.104.714-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao
Tribunal com o escopo de obter progressão ao regime aberto,
pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº
III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação
de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária
do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9056 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.581-3/0-00

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
20
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9057 — HABEAS cORPUS Nº 1.104.285-3/0-00

Art. 312 do Cód. Proc. Penal;


art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9058 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.181-3/4-00

Arts. 69, “caput” e 171, “caput”, do Cód. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).
21
Voto nº 9059 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.995-3/9-00

Art. 171, “caput”, do Cód. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face;
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426);
—“Se o espírito humano, consoante a observação de Framarino, na maioria da
vezes não atinge a verdade senão por via indireta (Lógica das Provas, I , p. 1,
cap. III), esse fato mais acentuadamente se observa nos Juízos Criminais, onde
cada vez mais a inteligência, a prudência, a cautela do criminoso tornam difícil
a prova direta” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p.
125).

Voto nº 9064 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 960.625-3/4-00


Art. 119 do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
arts. 61, 76 e 89, da Lei nº 9.099/95;
art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01;
art. 129, nº I, da Const. Fed.

— Se conspiram todos os requisitos legais da transação penal ou da suspensão


condicional do processo, deve o Ministério Público formular a proposta,
conforme os arts. 76 e 89 da Lei nº 9.099/95. Em caso de recusa, ao Juiz tocará
fazê-lo de ofício.
— É questão superior a toda a dúvida que o Magistrado, com a prudência do bom
varão, pode temperar com a eqüidade o rigor da lei.
— A lei, na pontual expressão de uma das maiores glórias das letras jurídicas do
País, há de interpretar-se com a lógica do jurista, que é a lógica do razoável
(Goffredo Telles Jr., A Folha Dobrada, 1999, p. 161).
— À luz da jurisprudência do STF e do STJ, a Lei nº 10.259/01 — que instituiu os
Juizados Especiais Criminais no âmbito da Justiça Federal — tem aplicação aos
ilícitos penais de menor potencial ofensivo da competência da Justiça Criminal
do Estado. Pelo que, na esfera estadual, faz jus à transação penal o autor de
infração a que é cominada pena detentiva não superior a dois anos, pois o art. 2º,
parág. único, da Lei nº 10.259/01 revogou o art. 61 da Lei nº 9.099/95, ao
modificar o conceito de infração penal de pequeno potencial ofensivo (art. 61 da
Lei nº 9.099/95; art. 2º, parág. único, da Lei nº 10.259/01).
22
—“Em função do Princípio Constitucional da Isonomia, com a Lei nº 10.259/01 —
que instituiu os Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça
Federal — o limite de pena máxima, previsto para a incidência do instituto da
transação penal, foi alterado para 2 anos” (STJ; Conflito de Competência nº
36.545-RS; 3a. Seção; rel. Min. Gilson Dipp; DJU 2.6.2003).
—“(...) de modo algum podem ser somadas as penas mínimas de cada delito para o
efeito de excluir, ab initio, a suspensão. (...) Cada crime deve ser considerado
isoladamente, com sua sanção mínima abstrata respectiva” (Ada Pellegrini
Grinover et alii, Juizados Especiais Criminais, 4a. ed., p. 262).
—“O magistrado só pode ter uma paixão, a do direito; uma só aspiração, a de
realizar a justiça; e um só objetivo, o de cumprir o seu dever” (Laudo de
Camargo, in Homenagem, 1953, p. 135).

Voto nº 9075 —Recurso em Sentido Estrito Nº 992.739-3/3-


00
Arts. 71, 312 e 327, § 2º, do Cód. Penal;
arts. 325, § 1º, nº I e 326, do Cód. Proc. Penal.

— Ao arbitrar-lhe fiança para que se defenda em liberdade, o Juiz deverá


considerar, além da natureza da infração penal, as condições pessoais de fortuna
do réu e sua biografia social (art. 326 do Cód. Proc. Penal).
–– Incensurável é a decisão que fixa ao réu o valor da fiança conforme o estalão
aritmético instituído pela Corregedoria Geral da Justiça (“Tabela de Fiança –
Junho/2004”) e as regras do direito positivo (art. 326 do Cód. Proc. Penal).
–– Não cabe redução do valor da fiança, estipulado segundo critério legal, se o réu
não comprovou “quantum satis” que sua situação econômica o recomendava
(art. 325, § 1º, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9076 — HABEAS cORPUS Nº 1.084.526-3/8-00

Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o


protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários
ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos
casos de tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para
consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 33 da Lei nº 11.343/06.
–– Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 e art. 44 da Lei nº 11.343/06).
–– Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em
forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso
de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
–– Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a
decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
23
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9077 — embargos de declaração Nº 1.048.769-3/2-


02

Arts. 619 e 647, do Cód. Proc. Penal;


arts. 187, 188, nº I e 195, nº III, da Lei nº 9.279/96;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

–– Em processo de “habeas corpus” somente pode opor embargos de declaração


ao acórdão quem for sujeito processual, qualidade que não tem o autor de
queixa-crime; pelo que, inadmissível é sua intervenção como interessado na
denegação da ordem impetrada (arts. 647 e 619 do Cód. Proc. Penal).
—“O ofendido querelante é, portanto, um extraneus na formação da relação
processual penal instaurada com o ajuizamento da ação de habeas corpus (STF;
Min. Celso de Mello; voto vencido; Rev. Tribs., vol. 648, p.416).

Voto nº 9078 — RevisÃo CRIMINAL Nº 892.266-3/5-00

Art. 158, § 1º, do Cód. Penal;


arts. 383, 384 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Os homens de circunspecção, persuadidos de não possuir o dom da inerrância,


desconfiam sempre do valor absoluto das decisões; por isso não lhes faz abalo no
espírito reexaminar questão já sob o selo da coisa julgada, antes o reputam
corolário do sistema jurídico-filosófico da pesquisa da verdade real, adotado
entre nós para o processo.
— Ainda que altamente reputado o princípio da congruência ou correlação entre a
imputação e a sentença (sententia debet esse conformis libello), pode o Juiz, sem
ouvir a Defesa, dar nova definição jurídica ao fato criminoso, desde que a
denúncia o tenha tratado ao menos implicitamente (arts. 383 e 384 do Cód. Proc.
Penal).
— O réu defende-se da imputação de crime contida na denúncia, não de sua
capitulação legal.
— Àquele que intenta revisão criminal, ação constitutiva destinada a emendar
eventual erro judiciário, toca demonstrar o desacerto da decisão, à luz das
disposições do art. 621 do Cód. Proc. Penal, sob pena de lhe ser indeferida a
pretensão.

Voto nº 9079 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.417-3/5-00


24
Arts. 15, 33, § 2º, alínea “b”, 70 e 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;

— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece


contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que a
sentença precisa ser lida como discurso lógico (STJ; Resp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, pág. 28.790).
— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia
com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a
condenação do réu.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.
— Não cabe, sendo esdrúxula, a invocação da tese do arrependimento eficaz, se o
réu já tiver ultimado o processo de execução do roubo e atingido a “meta
optata”. Segundo a doutrina e o direito positivo, só tem lugar na hipótese em que
o agente, “sponte sua”, desiste de prosseguir na execução do crime, impedindo-
lhe o resultado (art. 15 do Cód. Penal).
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 9080 — HABEAS cORPUS Nº 1.099.263-3/1-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão
armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar – Ordem
denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.

Voto nº 9081 — HABEAS cORPUS Nº 1.097.813-3/8-00


Arts. 29, 121, § 2º, ns. III e IV, 310, parág. único, do Cód. Penal;
25
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a
presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 9082 — HABEAS cORPUS Nº 1.097.215-3/9-00


Arts. 71, 157, “caput” e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
26
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9083 — mandado de SEgUrança Nº 1.092.216-3/7-


00
Art. 118 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº II, da Lei nº 1.533/51;
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

—“Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou


correição” (Súmula nº 267 do STF).
—“É apelável a decisão que indefere pedido de restituição de coisa
apreendida”(Rev. Tribs., vol. 525, p.363).
—“Dominando o instituto da restituição das coisas apreendidas, há uma regra
muito importante que deflui do art. 118 do Cód. Proc. Penal: antes de transitar
em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
enquanto interessarem ao processo” (Tourinho Filho, Processo Penal, 1997,
vol. III, pp. 5-7).
— Direito líqüído e certo é aquele
“sobranceiro a qualquer dúvida razoável e maior do que qualquer controvérsia
sensata” (Orosimbo Nonato, apud Carlos Alberto Menezes Direito, Manual
do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).

Voto nº 9100 — agravo em execução Nº 1.091.215-3/5-


00
Arts. 214, 224, alínea “a” e 225, §1º, nº I, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
27

Voto nº 9101 — agravo em execução Nº 978.881-3/8-00

Arts. 214, 224, alínea “a” e 225, §1º, nº I, do Cód. Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 38, 50, nº V, 112 e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Tendo-se evadido o sentenciado do estabelecimento penal, já na condição de
beneficiário do regime prisional semi-aberto, não entra em dúvida que incorreu
na sanção da lei: regressará, por força, ao regime da última severidade (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9102 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.345-3/6-00


Arts. 65, nº I e 157, “caput”, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 13 da Lei nº 10.826/03.

— O silêncio, no interrogatório, interpreta-se em geral contra o réu, pois a mesma


razão natural ensina que não é próprio do inocente calar-se, mas protestar com
todas as forças, quando injustamente acusado.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave
ameaça.
—–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— Cancelada a Súmula nº 174 da jurisprudência do STJ (cf. REsp nº 213.054-SP;
DJU 7.11.2001), já não pode prevalecer o entendimento de que o emprego de
arma de brinquedo (“arma ficta”) seja causa de agravamento da pena do roubo.
Ainda que idôneo para caracterizar ameaça à vítima, por infundir-lhe temor, o
simulacro de arma de fogo não qualifica o roubo (art. 157, “caput”, do Cód
Penal). Inteligência diversa do texto legal implicaria considerável prejuízo para
os interesses do réu, pois o obrigaria a recorrer ao STJ para alcançar o que lhe
recusaram outros Juízos ou Tribunais.
—“O Código Penal somente agrava a pena do delito quando o sujeito emprega
28
arma. Revólver de brinquedo não é arma. Logo, o fato é atípico diante da
circunstância. Caso contrário, por coerência lógica, o porte de revólver de
brinquedo constituiria o crime do art. 13 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003 (porte ilegal de arma). Se, no roubo, configura a circunstância arma, por
que não constituiria a elementar daquele delito?” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 595).

Voto nº 9103 —Recurso em Sentido Estrito Nº 919.177-3/3-


00
Art. 337 do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

— O levantamento do valor da fiança — que visa a garantir a liberdade provisória,


de que é sucedânea — apenas tem lugar quando absolvido o réu ou julgada
extinta a ação penal (art. 337 do Cód. Proc. Penal).
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 9104 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.362-3/3-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à


conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu,
pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VI,
do Cód. Proc. Penal).
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).

Voto nº 9109 —Recurso em Sentido Estrito Nº 855.518-3/5-


00
Arts. 29, 62 e 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 43, nº III, do Cód. Proc. Penal.

— Superior a toda crítica é a decisão que, por falta de justa causa para a ação penal
— porque indemonstrada, mesmo que por indícios, a responsabilidade do
acusado no fato criminoso —, rejeita a denúncia (art. 43, nº III, do Cód. Proc.
Penal).
—“A inexistência da fumaça do bom direito para a instauração da persecutio
criminis in judicio obriga à rejeição da denúncia” (Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 63).
—“Para o exercício regular da ação penal pública ou privada, indispensável o
requisito da justa causa, expressa em suporte mínimo da prova da imputação. O
simples relato do fato, sem qualquer elemento que indique sua provável
ocorrência, inviabiliza o recebimento da queixa-crime ou da denúncia” (Rev.
Tribs., vol. 674, p. 341; rel. Min. José Cândido);
29

Voto nº 9118 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 982.018-3/5-00

Art. 333 do Cód. Penal;


arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76.

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar


decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos
autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do
lugar onde a presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
—“A majorante prevista no art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 ocorre quando a
associação criminosa é meramente eventual, configurativa de simples concurso
de agentes (co-autoria ou participação), sem que haja quadrilha previamente
organizada” (STJ; rel. Min. Vicente Leal; in Rev. Tribs., vol. 823, p. 553).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9119 — HABEAS cORPUS Nº 1.083.875-3/2-00

Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
30
––“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado” (art. 2º, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 9120 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 989.684-3/4-00

Art. 90 da Lei nº 8.666/93.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
— Incorre nas penas da lei, por fraudar o caráter competitivo do procedimento
licitatório, o vereador que altera o contrato social de sua empresa para, afastado
óbice legal pela cláusula de exclusão do quadro societário, poder participar de
licitação aberta pela Prefeitura do Município, cuja lei orgânica proibia aos
vereadores, desde a expedição do diploma, firmar ou manter com ele contrato
(art. 90 da Lei nº 8.666/93).
— A figura do art. 90 da Lei nº 8.666/93 — que instituiu normas para licitações e
contratos da Administração Pública — somente se integra, segundo a comum
opinião dos doutores, com a obtenção de vantagem econômica. “A infração só
se realiza caso demonstrado o fim especial de agir: (...) intuito de obter, para si
ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação”
(Marcelo Leonardo, Crimes de Responsabilidade Fiscal, 2001, p. 53).
— Entre os princípios que informam o processo penal sobreleva o de que somente a
certeza é base legítima de condenação. Na dúvida, ou falta de prova de autoria,
o único desfecho admissível para o feito-crime é a absolvição do réu, em
obséquio à regra jurídica de cunho universal: “in dubio pro reo”.
— Se a prova dos autos não lhe permite abraçar, com segurança e motivação lógica,
a proposta acusatória, deve o Juiz inclinar-se, prudentemente, à solução que
favorecer o réu.

Voto nº 9121 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 495.256-3/5-00


Arts. 77, nº I, 304 e 307, do Cód. Penal;
arts. 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.

—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela
presunção de sua autenticidade, pode autorizar a edição de decreto
condenatório.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal (uso de documento falso) o sujeito
que apresenta cédula de identidade, na qual, debaixo de sua fotografia, consta o
nome de outrem.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).

Voto nº 9122 —Recurso em Sentido Estrito Nº 913.684-3/3-


00
31
Art. 97 do Cód. Penal;

— Em caso de absolvição do réu por insanidade mental, dispõe a lei sua


internação compulsória, se autor de crime apenado com reclusão (art. 97 do
Cód. Penal). Tem a medida caráter preventivo (de salvaguarda social e
terapêutico), pois leva em mira também a recuperação do agente.

Voto nº 9123 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.366-3/1-00


Arts. 14, nº II, 29, § 1º, 65, nº I, 66, 71, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº
IV, 110, § 1º, 115 e 157 § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se em
harmonia com outros elementos do processo.
— É participação de vulto, intensa e decisiva (não de somenos) a do sujeito que atua
diretamente na consecução da rapina. Não há reconhecer-lhe, pois, a
circunstância da participação de menor importância prevista no art. 29, § 1º, do
Cód. Penal.
—–“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9124 — HABEAS cORPUS Nº 1.100.394-3/9-00


Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II , do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob
pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
32
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 9125 — HABEAS cORPUS Nº 1.104.278-3/9-00


Art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 44 da Lei nº 11.343/2007.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9126 — HABEAS cORPUS Nº 1.093.189-3/0-00


Arts. 155, § 4º, ns. II e IV e 344, do Cód. Penal;
arts. 648, nº I e 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do
País que somente o excesso de prazo injustificado constitui
constrangimento ilegal, não a demora na realização de ato
processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 9127 — HABEAS cORPUS Nº 1.106.583-3/5-00


Art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
33
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9128 — HABEAS cORPUS Nº 1.102.680-3/9-00


Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII da Const. Fed.

–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9129 — HABEAS cORPUS Nº 1.108.107-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9130 — HABEAS cORPUS Nº 1.104.663-3/6-00

Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9141 — embargos de declaração Nº 477.658-3/0-


01
34

Arts. 23, nº II, 73 e 121, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 41, 43, nº I, 74, § 1º, 109, 406, 408, 409, 410, 411 e 441, do Cód. Proc.
Penal.

—“A palavra é mau veículo do pensamento” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica


e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 117).
— É não só jurídica senão justa e sensata a decisão que, com fundamento no art. 43,
nº I, do Cód. Proc. Penal, rejeita denúncia contra sujeito que praticou o fato em
situação de legítima defesa (art. 23, nº II, do Cód. Penal). É lícito repelir a força
com a força: “vim vi repellere licet” (Ulpiano).
—“Encontrando-se a excludente da ilicitude devidamente comprovada, entendemos
que é caso de arquivamento do inquérito policial ou de rejeição da denúncia (ou
da queixa, se caso). Tendo o sujeito agido licitamente, não é justo venha a ser
processado para provar a final ter agido em legítima defesa” (Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 63).
—“É possível que o sujeito, agindo acobertado por uma excludente da
antijuridicidade (legítima defesa, p. ex.), venha a atingir terceiro inocente. Nesse
caso não responde pelo resultado. É como se tivesse atingido o autor da
agressão injusta” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p.
270).

Voto nº 9142 — HABEAS cORPUS Nº 1.091.732-3/4-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9143 — HABEAS cORPUS Nº 1.105.250-3/9-00


Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 197, da Lei de Execução Penal.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
35
— “Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P.
2.561).

Voto nº 9144 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 873.283-3/3-00


Arts. 24, 71 e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.

— A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão da


“res furtiva” (algumas galinhas) em seu poder, é superior a toda censura, aliás
mostra-se digna de confirmação por fundar-se em prova excelente.
— A invocação de crises conjunturais sócio-econômicas do País não basta a excluir
a antijuridicidade do fato criminoso praticado pelo réu, pois não há confundir
precisão com estado de necessidade (art. 24 do Cód. Penal); aliás, seria
transformar a descriminante legal em verdadeiro claviculário com que se
abrissem todas as portas que dão para a delinqüência.
— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se
reconheceu ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do bem
jurídico protegido e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o réu, por
atipicidade de conduta (art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).
— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda
“aos fins sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de
Introdução ao Código Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com
retidão e sabedoria, o libelo no qual se compraziam já nossos maiores, de que o
rigor da lei unicamente se mostrava contra os pobres e os desamparados (cf.
Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático, 1790, p. 19).
— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de
censurabilidade da conduta do agente, pode o Magistrado, com prudente arbítrio,
deixar de aplicar-lhe pena. É que, nas ações humanas o Direito Penal somente
deve intervir como providência “ultima ratio”.
—“Aplica-se o princípio da insignificância (ou da bagatela) se o agente é pessoa
em estado de miserabilidade, que abateu três animais de pequeno porte para
subsistência própria” (STJ, Resp nº 182.487-RS; rel. Min. Fernando Gonçalves,
6a. T.; j. 9.3.99; DJU 5.4.99, p. 160).

Voto nº 9145 — HABEAS cORPUS Nº 1.105.525-3/4-00

Arts. 61, nº II, alínea “h”, 157, § 2º, nº II e § 3º e 310, parág. único, do Cód.
Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é


insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
36
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9146 — embargos de declaração Nº 409.651-3/5-


01
Arts. 29, 33, 70, 157, § 2º, ns I e II, 159, do Cód. Penal;
arts. 563 e 619, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 10, § 2º, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, nº XLIII, da Const. Fed.

— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de


curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra a sentença, cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que a
sentença precisa ser lida como discurso lógico (STF; Resp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— Os embargos de declaração destinam-se apenas a corrigir “ambigüidade,
obscuridade, contradição ou omissão” (art. 619 do Cód. Proc. Penal); falece-
lhes o caráter infringente ou modificativo do julgado. É impossível, pois, em seu
âmbito, versar o mérito da causa.
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
— Os embargos de declaração não têm caráter infringente; não se prestam, pois, a
obter modificação do mérito do julgado.

Voto nº 9161 — HABEAS cORPUS Nº 1.107.887-3/0-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 16, parág. único, nº IV, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra
geral é que se defenda o réu em liberdade. Consectário do
princípio do estado de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const.
Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao
processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 16, parág. único, nº IV,
da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
37
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 9174 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.294-3/0-00


Arts. 29 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial
do processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública,
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação
da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de
periculosidade.
Voto nº 9175 — HABEAS cORPUS Nº 1.097.705-3/5-00
Art. 150 do Cód. Penal;
arts. 41, 569 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 41 da Lei nº 11.340/06.
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”,
de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
38
—–“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel.
Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
cumpre seja a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não subverter a
ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração compulsória, pelos
órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto nº 9176 — HABEAS cORPUS Nº 1.107.743-3/3-00


Art. 180 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14, 16, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9177 — HABEAS cORPUS Nº 1.100.079-3/1-00


Art. 29 do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
39
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9178 — HABEAS cORPUS Nº 1.105.515-3/9-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14, 15, 16, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 9179 — agravo em execução Nº 1.106.895-3/9-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto
capitalíssimo em que assenta a ordem jurídica, o Juízo de
Execução não pode alterar o regime prisional fechado, imposto
pela sentença condenatória a autor de estupro (art. 213 do Cód.
Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito
do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
40
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9180 — agravo em execução Nº 1.095.852-3/0-


00
Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto


capitalíssimo em que assenta a ordem jurídica, o Juízo de
Execução não pode alterar o regime prisional fechado, imposto
pela sentença condenatória a autor de homicídio doloso (art.
121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para
o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei
nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 9181 — agravo em execução Nº 1.090.074-3/3-


00
Arts. 6º e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art.
112 da Lei de Execução Penal, subsiste a possibilidade de
realização do exame criminológico, “quando o entender
indispensável o juiz da execução para a decisão sobre progressão
de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto
sucinta, dá as razões do convencimento de seu prolator,
fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX, da Const.
Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de
Execução Penal — não aboliu o exame criminológico para a
progressão de regime, o qual pode ser realizado se as
circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime
que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará
sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.
41

Voto nº 9182 — HABEAS cORPUS Nº 1.100.751-3/9-00

Art. 4º, alínea “a”, da Lei nº 1.521/51;


art. 61 da Lei nº 9.099/95;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 84, § 1º, da Const. Estadual.

— Se o processo tramitou perante o Juizado Especial Criminal, por ser a infração


de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95), será competente
(“ratione materiae”) para conhecer de eventual recurso o Colégio Recursal, não
o Tribunal de Justiça.
—“As Turmas de Recurso constituem-se em órgão de segunda instância, cuja
competência é vinculada aos Juizados Especiais e de Pequenas Causas” (art.
84, § 1º, da Const. Estadual).
–– Ainda o mais vil dos homens não decai nunca da proteção da lei, pelo que deve o
Juiz olhar sempre não se dilate além da marca o tempo de privação da
liberdade daquele que, em tese, já poderia ter passado a estágio mais brando de
cumprimento de pena (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9184 — HABEAS cORPUS Nº 1.103.959-3/0-00

Art. 14 da Lei nº 10.826/03;


art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Const. Fed.

— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas


corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG;
2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto nº 9189 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 913.160-3/2-00

Art. 121, “caput”, do Cód. Penal;


art. 5º, nº XXXVIII, alínea “c”, da Const. Fed.

— Em face da soberania constitucional de suas decisões, o veredicto do Júri não se


anula, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em caso de
corrupção ou prevaricação dos jurados. Diz-se contrária à prova dos autos só
aquela decisão que neles não depara fundamento algum, sendo pois aberrante.
— Embora fixada acima do mínimo legal, não se reduz a pena ao réu que, autor de
crime gravíssimo (homicídio), ostenta ao demais desalentadora biografia social.

Voto nº 9190 — RevisÃo CRIMINAL Nº 847.416-3/6-00


42
Arts. 14, nº II, 107, nº I, 155, § 4º, nº IV e 307, do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— A apreensão de coisa alheia em seu poder, sem que o saiba justificar, e a


incriminação firme de testemunhas debilitam implacavelmente os protestos de
inocência do réu e autorizam-lhe a condenação.
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Na revisão criminal inverte-se o ônus da prova, de arte que ao condenado,
como seu autor, cumpre demonstrar que a sentença errou ou cometeu injustiça; se
não, impossível será julgar-lhe procedente o pedido.
— Não pode incorrer na censura de contrária à evidência dos autos a sentença
condenatória apoiada na palavra da vítima e testemunhos idôneos, antes é de
reputar-se bem fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 336).

Voto nº 9191 — HABEAS cORPUS Nº 1.103.106-3/8-00


Arts. 14, nº II e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de
sua culpabilidade.

Voto nº 9202 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.076.035-3/3-


00
Art. 306 do Código de Trânsito.

— O crime do art. 306 do Código de Trânsito (embriaguez ao volante) é de lesão


(de dano ao objeto jurídico) e de simples atividade (de mera conduta). Comete-o
aquele que, embriagado, dirige veículo automotor na via pública (cf. Damásio E.
de Jesus, Crimes de Trânsito, 1998, pp. 18/19).
—“Para configuração do delito previsto no art. 306 do Código de Trânsito
Brasileiro não importa que o motorista conduza o veículo em alta ou baixa
velocidade, de forma imprudente ou não, bastando que dirija sob influência de
álcool, pois se cuida de crime de mera conduta” (Rev. Tribs., vol. 819, p. 685;
rel. Lauro Augusto Fabrício de Melo).

Voto nº 9203 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 835.180-3/5-00


43
Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 16 e 18, ns. III e IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto
condenatório se em harmonia com os mais elementos de prova.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente
impõe-se demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram
à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na busca da
verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa
poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus
ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9204 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.422-3/9-00


Art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
p. 2.561).

Voto nº 9205 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.851-3/2-00


Arts. 66, nº III, alínea “b” e 197, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
44
Voto nº 9206 — HABEAS cORPUS Nº 1.108.661-3/6-00
Arts. 214, 224, alínea “a” e 226, nº III, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9207 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 483.595-3/9-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.

— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c,
da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a
decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.
––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra
evidentemente falsa, não é possível reconhecer que a decisão tenha sido
manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev. Forense, vol. 167, p. 412).

Voto nº 9208 — HABEAS cORPUS Nº 1.109.187-3/0-00


Arts. 14, nº II, 29 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
45
Voto nº 9209 — HABEAS cORPUS Nº 1.108.193-3/0-00
Art. 75 do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

––“A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,


determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão
de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável
de execução” (Súmula nº 715 do STF).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 9210 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.055.176-3/2-


00
Arts. 579 e 581, do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95;
art. 5º, nº XXXV, da Const. Fed.

— Não repugna ao nosso Direito Processual a interposição de recurso em sentido


estrito contra decisão que indefere pedido de suspensão condicional do processo
(art. 89 da Lei nº 9.099/95): à uma, porque a suspensão condicional do processo
apenas ultimamente passou a figurar no Direito Positivo; à outra, porque ela
entretém afinidade institucional com a hipótese prevista no inc. XI do Cód. Proc.
Penal (“que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena”); à
derradeira, porque integra nosso sistema jurídico o princípio da fungibilidade da
interposição dos recursos, segundo o qual se admite a “interposição de um
recurso por outro” (art. 579 do Cód. Proc. Penal).
— Sentença condenatória torna despropositada e estéril toda a controvérsia a
respeito de eventual ilegalidade do despacho que, durante a instrução criminal,
indefere pedido de decretação da prisão preventiva do réu.
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 9212 — HABEAS cORPUS Nº 1.111.600-3/6-00


Arts. 310, parág. único, 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já
cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
46

Voto nº 9213 — agravo em execução Nº 1.098.246-3/7-


00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 9214 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 494.000-3/0-00


Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Muita vez, o silêncio do acusado é a mais clara das explicações.


— Palavras de quem foi protagonista do fato delituoso, as da vítima são, pelo
comum, dignas de crédito; servem, pois, a lastrear condenação, máxime se a
roborarem outros elementos do processo.
— Considera-se consumado o roubo se o réu teve, ainda que por breve trecho, a
posse tranqüila e desvigiada da “res furtiva”.
— Há concurso formal (art. 70 do Cód. Penal), e não crime único, se o agente, num
só contexto de fato, viola patrimônios de vítimas diferentes.
— É, por força, o regime prisional fechado o mais compatível com o autor de roubo,
sobretudo se indivíduo que ostenta copiosos traços negativos de personalidade e
se consagrou abertamente à vida fora da lei, de todo infenso às regras que
disciplinam a convivência humana.

Voto nº 9215 — agravo em execução Nº 1.105.079-3/8-


00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
47

Voto nº 9216 — HABEAS cORPUS Nº 1.110.259-3/1-00

Arts. 14, nº II e 121, do Cód. Penal;


arts. 312 e 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia


cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
–– Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O homicídio, mesmo em sua forma tentada, é crime em extremo grave, que
justifica a subsistência da custódia provisória de seu autor, enquanto não
julgado na forma da lei (art. 121 do Cód. Penal e art. 312 do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 9217 — HABEAS cORPUS Nº 1.097.476-3/9-00

Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de furto mediante rompimento de obstáculo, nos termos da figura típica
do art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal, incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
48

Voto nº 9218 — HABEAS cORPUS Nº 1.110.304-3/8-00


Arts. 69, 155, “caput”, 157, § 1º e 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9219 — HABEAS cORPUS Nº 1.110.654-3/4-00


Arts. 29, 61, alíneas “c” e “d”, 157, § 3º, última parte, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
49
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9220 — HABEAS cORPUS Nº 1.110.665-3/4-00

Art. 312 do Cód. Proc. Penal;


art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9221 — HABEAS cORPUS Nº 1.109.861-3/6-00

Art. 2º, parág. único, do Cód. Penal;


art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alínea “b”, 117, nº I e 197, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
––“A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
50
julgado” (art. 2º, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 9222 — agravo em execução Nº 1.093.137-3/3-


00

Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 9223 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 497.748-3/5-00

Arts. 14, nº II, 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 13 da Lei nº 10.826/03.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— Cancelada a Súmula nº 174 da jurisprudência do STJ (cf. REsp nº 213.054-SP;
DJU 7.11.2001), já não pode prevalecer o entendimento de que o emprego de
arma de brinquedo (“arma ficta”) seja causa de agravamento da pena do roubo.
Ainda que idôneo para caracterizar ameaça à vítima, por infundir-lhe temor, o
simulacro de arma de fogo não qualifica o roubo (art. 157, “caput”, do Cód
Penal). Inteligência diversa do texto legal implicaria considerável prejuízo para
os interesses do réu, pois o obrigaria a recorrer ao STJ para alcançar o que lhe
recusaram outros Juízos ou Tribunais.
—“O Código Penal somente agrava a pena do delito quando o sujeito emprega
arma. Revólver de brinquedo não é arma. Logo, o fato é atípico diante da
circunstância. Caso contrário, por coerência lógica, o porte de revólver de
brinquedo constituiria o crime do art. 13 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
2003 (porte ilegal de arma). Se, no roubo, configura a circunstância arma, por
que não constituiria a elementar daquele delito?” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 595).
— Não há equiparar o dolo do agente que, arma de fogo em punho, pode matar a
vítima em caso de reação, ao de quem sabe “a priori” somente a intimidará,
porque mero simulacro de arma (“arma ficta”, ou de brinquedo) a que traz
consigo!
51
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 9224 — agravo em execução Nº 1.115.021-3/2-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9225 — agravo em execução Nº 1.087.029-3/1-


00
Arts. 8º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º do Decreto nº 5.295/2004;
art. 5º, nº XLVI, da Const. Fed.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que
acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à
outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão
humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o
encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
52
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 9226 — agravo em execução Nº 1.104.154-3/3-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (213 do Cód.
Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Decisões contraditórias (a que tem dado ensejo instável
jurisprudência) constituem fator de insegurança dos negócios
jurídicos e de natural descrédito da Justiça.

Voto nº 9227 — HABEAS cORPUS Nº 1.111.583-3/7-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 35 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra
geral é que se defenda o réu em liberdade. Consectário do
princípio do estado de inocência (art. 5º, nº LVII, da Const.
Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao
processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível ante a sua excepcionalidade a decretação ou
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello; Rev.
Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262/264).

Voto nº 9234 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 313.294-3/9-00


Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76.
— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à
conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu,
pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VI,
do Cód. Proc. Penal).
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da
53
pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a
certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 9235 — HABEAS cORPUS Nº 1.099.921-3/5-00


Art. 121, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e,
pois, em princípio, é insuscetível de liberdade provisória (cf.
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
–– “Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
— Ainda o mais vil dos homens tem direito à proteção da lei; olhe, por isso, o
Magistrado não se dilate além da marca o tempo de privação de liberdade de
nenhum réu.

Voto nº 9236 — agravo em execução Nº 1.106.401-3/6-


00
Arts. 39, nº II e 52, da Lei de Execução Penal.
— Comete falta grave e sujeita-se a sanção disciplinar o preso que profere ameaças
contra funcionário de estabelecimento penal. Com efeito, reza o art. 52 da Lei de
Execução Penal que “a prática de fato previsto como crime doloso constitui
falta grave”.
— Dado que a lei se refere à “prática de fato previsto como crime”, e não à
condenação, entende-se que, para a aplicação da sanção disciplinar ao infrator,
não é necessário o trânsito em julgado de decisão condenatória (art. 52 da Lei de
Execução Penal).
— Dentre os deveres do condenado inscreve-se o da “obediência ao servidor e
respeito a qualquer pessoa com que deva relacionar-se”(art. 39, nº II, da Lei de
Execução Penal).

Voto nº 9237 — HABEAS cORPUS Nº 1.107.626-3/0-00


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
54
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução
Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções
Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação
de norma de organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9238 — HABEAS cORPUS Nº 1.106.989-3/8-00

Arts. 71, 213, “caput”, 214, 224, alínea “a”, 225, § 1º, nº II e 226, nº III, do
Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9239 — agravo em execução Nº 1.108.449-3/9-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art. 213 do
Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
55
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9240 — HABEAS cORPUS Nº 1.108.546-3/1-00


Arts. 157, § 2º, nº II e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade
de expedição de carta precatória para o interrogatório do réu,
termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção
de prova, imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9241 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 840.331-3/7-00


Art. 304 do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso
como se verdadeiro.
—”Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do
Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento decorra de
exigência da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis
Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).

Voto nº 9242 — HABEAS cORPUS Nº 1.042.580-3/6-00


56
Arts. 29, 83, 159, § 1º, 288, parág. único e 329, do Cód. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
–– Segundo a melhor jurisprudência, questões que respeitam à concessão de
livramento condicional não podem ser apreciadas nas lindas angustas do
“habeas corpus” (art. 83 do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou
3/5, se reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz
jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9243 — HABEAS cORPUS Nº 1.112.048-3/3-00

Arts. 14, nº II e 213, do Cód. Penal;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9244 — mandado de SEgUrança Nº 1.114.791-


3/8-00
Art. 118 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº II e 18 da Lei nº 1.533/51;
art. 5º, nº LXIX, da Const. Fed.

—“(...) parece-nos, portanto, mais consentâneo com o espírito da Constituição


entender-se não ser aplicável a limitação temporal de cento e vinte dias para o
exercício da garantia constitucional do mandado de segurança (...)” (Nelson
Nery Jr., Código de Processo Civil Comentado, 9a. ed., p. 1.300).
—“Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou
57
correição” (Súmula nº 267 do STF).
—“É apelável a decisão que indefere pedido de restituição de coisa
apreendida”(Rev. Tribs., vol. 525, p.363).
—“Dominando o instituto da restituição das coisas apreendidas, há uma regra
muito importante que deflui do art. 118 do Cód. Proc. Penal: antes de transitar
em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
enquanto interessarem ao processo” (Tourinho Filho, Processo Penal, 1997,
vol. III, pp. 5-7).
— Direito líqüído e certo é aquele
“sobranceiro a qualquer dúvida razoável e maior do que qualquer controvérsia
sensata” (Orosimbo Nonato, apud Carlos Alberto Menezes Direito, Manual
do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).

Voto nº 9245 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 908.256-3/9-00

Arts. 202 e 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;


arts. 12, 13, 14 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de


curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o
tipo do art. 16 não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e
guardava na residência considerável quantidade de substância
entorpecente acondicionada em pacotes, apreendidos pela
Polícia juntamente com pedaços de plástico e fita adesiva, pois
tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao
comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes definidos e punidos em seus arts. 12 e 13.
— Impossível deferir ao réu benefício do art. 33 da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas) – redução da pena de 1/6 a 2/3 – se não satisfaz à condição legal prevista
na cláusula “desde que o agente seja primário, de bons antecedentes”.

Voto nº 9259 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.018.810-3/6-


00
58
Arts. 36 e 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

— Por simples presunção ninguém pode decair de seu estado de inocência.


—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
— Toda condenação penal, ainda se trate de acusado de abominável vida pretérita,
somente pode ser decretada em face de prova plena e cabal de sua culpabilidade.

Voto nº 9260 — HABEAS cORPUS Nº 1.098.362-3/6-00


Art. 180, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Proclamou Saulo Ramos (e com assaz de razão) que “o receptador é o
empresário do crime” e o ladrão, “sua mão-de-obra barata e desqualificada”
(“apud” Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 690).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 21a.
ed., p. 246).
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
59
Voto nº 9261 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 835.668-3/2-00
Arts. 107, nº IV, 114, nº I e 115, do Cód. Penal;
arts. 202 e 386, ns. III e VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.

— Merece confirmada, por sua base legítima, a sentença que condena como infrator
do art. 16 da Lei de Tóxicos indivíduo preso em flagrante, isto é, naquelas
circunstâncias que a doutrina clássica denomina “certeza visual do crime”.
—“A quantidade ínfima da droga não desnatura o ilícito. O crime de uso de
entorpecente é contra a saúde pública, e a porção mínima utilizada pelo agente
é irrelevante para a configuração do delito” (STJ; REsp nº 24.844-2; rel. Min.
José Cândido).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9262 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 853.987-3/0-00


Art. 140, § 3º, do Cód. Penal.

— Desde que proferidas no ardor de discussão, expressões afrontosas não


caracterizam injúria, pela ausência do intuito criminoso. Para configurar o delito
do art. 140, § 3º, do Cód. Penal, com efeito, é mister o dolo específico, o
“animus injuriandi”, inconciliável com o estado de espírito de quem se empenha
em altercação.
—“A intenção dolosa constitui elemento subjetivo, que, implícito no tipo penal,
revela-se essencial à configuração jurídica dos crimes contra a honra” (STF;
Rev. Trim. Jurisp.; vol. 168, p. 853; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9263 — HABEAS cORPUS Nº 1.099.458-3/1-00


Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
arts. 3º e 38, do Decreto nº 20.931/32.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora,
apto a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a
concessão de salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e
processado criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Impossível conceder a Justiça Criminal ordem de “habeas corpus” preventivo a
optometrista para que exerça sua profissão. È que seu exercício, quando
regular, já tem amparo legal (Decretos ns. 20.931/32 e 24.492/34); se em
60
contradição com a lei, configura ilícito penal, pelo que expedir-lhe salvo-
conduto para a prática geral de atos comuns a outras profissões (ou delas
privativos) importaria o mesmo que outorgar-lhe carta de indenidade para
delinqüir.
— Optometria é a “técnica ou prática profissional que, pelo exame do olho,
diagnostica falhas de refração e prescreve lentes e/ou exercícios apropriados,
sem aplicação de drogas ou tratamentos cirúrgicos” (Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa, 1a. ed.).

Voto nº 9264 — agravo em execução Nº 1.106.294-3/6-


00
Art. 83, nº III, do Cód. Penal.

—Não faz jus ao livramento condicional o sentenciado que não comprovou


“comportamento satisfatório durante a execução da pena”, requisito
indeclinável da concessão do benefício (art. 83, nº III, do Cód. Penal).
— A concessão do benefício do livramento condicional pressupõe a satisfação de
requisito obrigatório: o reajustamento social do condenado.

Voto nº 9265 — HABEAS cORPUS Nº 1.107.150-3/7-00

Arts. 213 e 214, do Cód. Penal;


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9266 — HABEAS cORPUS Nº 1.114.512-3/6-00

Arts. 66, nº III, alínea “b”, 117, nº I e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
61
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).
—“O retorno ao regime mais gravoso é poder geral de cautela do Juiz, e não
padece de ilegalidade, como dispõe o art. 66, nº III, alínea b, da Lei de
Execução Penal” (Rev. Tribs., vol. 745, p. 566; rel. Dante Busana).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 9267 — HABEAS cORPUS Nº 1.116.174-3/7-00


Art. 61 da Lei nº 9.099/95;
art. 4º, alínea “a”, da Lei nº 1.521/51;
art. 84, § 1º, da Const. Estadual.

— Se o processo tramitou perante o Juizado Especial Criminal, por ser a infração


de menor potencial ofensivo (art. 61 da Lei nº 9.099/95), será competente
(“ratione materiae”) para conhecer de eventual recurso o Colégio Recursal, não
o Tribunal de Justiça.
—“As Turmas de Recurso constituem-se em órgão de segunda instância, cuja
competência é vinculada aos Juizados Especiais e de Pequenas Causas” (art.
84, § 1º, da Const. Estadual).

Voto nº 9268 — HABEAS cORPUS Nº 1.103.514-3/0-00


Arts. 148, § 1º, nº I e 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,


próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9269 — HABEAS cORPUS Nº 1.109.912-3/0-00


62
Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/2006;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível ante a sua excepcionalidade a decretação ou
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; rel. Min. Celso de Mello; Rev.
Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264)

Voto nº 9270 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 429.977-3/7-00

Arts. 1º e 14, da Lei nº 7.716/89;


art. 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

— Ainda que seja de pai extremoso e responsável interessar-se pelo futuro do filho,
na busca incessante da promoção humana e da felicidade, não pode coartar-lhe o
exercício de direito que constitui atributo fundamental do indivíduo, como o
de livremente relacionar-se com outros.
— A igualdade entre as pessoas deixou de ser utopia, depois que a Assembléia Geral
da ONU, em 10 de dezembro de 1948, proclamou solenemente no art. 1º da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, que “todos os homens nascem
livres e iguais em dignidade e direitos”.
— Todo indivíduo de alguma consideração conhece que a diferença entre os de sua
espécie não está nos acidentes de raça e de cor, senão nos quilates da
personalidade ou caráter.
—“Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” (art. 1º da
Lei nº 7.716/89).

Voto nº 9280 — HABEAS cORPUS Nº 1.109.560-3/2-00

Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 321, 323, 499 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
63
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos
autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 9281 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 853.699-3/5-00

Arts. 157 e 213, do Cód. Penal;


arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto


condenatório se em harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme
reconhecimento do réu pela vítima.
— Tem a palavra da vítima importância capital nos casos de estupro. Se ajustada
ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas,
ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que
a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais.
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
— O que é inocente afirma-o desde logo à autoridade policial; quem prefere o
silêncio à palavra, nisto mesmo se revela culpado; é que ninguém se subtrai ao
império da lei natural, que ordena ao indivíduo injustamente acusado de crime se
defenda com todas as forças. À imputação falsa de crime só o morto não
responde, porque tudo lhe é já indiferente.
— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece base necessária ao
decreto condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é
que, havendo com ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a
reconhecê-lo.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
64
Voto nº 9282 — HABEAS cORPUS Nº 1.112.710-3/5-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal;


arts. 12, “caput” e 14, da Lei nº 6.368/76.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 9283 — HABEAS cORPUS Nº 1.101.990-3/6-00

Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face;
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426);
—“Se o espírito humano, consoante a observação de Framarino, na maioria da
vezes não atinge a verdade senão por via indireta (Lógica das Provas, I , p. 1,
cap. III), esse fato mais acentuadamente se observa nos Juízos Criminais, onde
cada vez mais a inteligência, a prudência, a cautela do criminoso tornam difícil
a prova direta” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p.
125).

Voto nº 9284 — agravo em execução Nº 1.114.338-3/1-


00
Arts. 157, § 2º, ns. I e V, 213 e 214, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


65
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro e atentado
violento ao pudor (arts. 213 e 214 do Cód. Penal), crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9285 — agravo em execução Nº 1.104.932-3/4-


00

Arts. 6º e 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional ao condenado que
satisfaz aos requisitos da lei, não se deve interpretar por liberalidade
irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e
tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9286 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.015.677-3/6-


00
Art. 44, § 2º, última parte, do Cód. Penal;
arts. 293 e 302 da Lei nº 9.503/97.
66
— Incorre nas penas do art. 302 do Código de Trânsito (homicídio culposo), por sua
manifesta negligência, o motorista que, trafegando em rodovia, perde o controle
de seu veículo em razão do estouro de pneu dianteiro, excessivamente
desgastado pelo uso, e fá-lo capotar várias vezes, causando a morte de
passageiro.
— O estouro do pneu, a jurisprudência dos Tribunais não o considera caso fortuito,
senão efeito do proceder negligente do proprietário do veículo, se o trazia em
más condições de segurança, como, “verbi gratia”, muito gasto ou “careca”.
— “Quem trafega com veículo equipado com pneumáticos gastos, máxime os
dianteiros, não pode alegar imprevisibilidade de acidente decorrente de seu
estouro” (JTACrSP, vol. 31, p. 351; rel. Xavier Honrich).
— A suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor é pena cumulativa no
delito de homicídio culposo no trânsito, como se entende do teor literal do art.
302 da Lei nº 9.503/97 (Código de Trânsito).

Voto nº 9287 — agravo em execução Nº 1.097.027-3/0-


00
Art. 563 do Cód. Proc. Penal;
arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional satisfaz aos
requisitos da lei, não deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça
Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e tome para o caminho do
bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio
social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9288 — agravo em execução Nº 1.050.301-3/8-


00
Art. 159, § 1º, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— “Somente quando não motivada a sentença é nula. Assim, a circunstância de


conter fundamentação sucinta ou deficiente não a invalida (STF, RTJ 73/222)”
(Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 288).
67
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória o autor de extorsão mediante
seqüestro qualificada (art. 159, § 1º, do Cód. Penal), crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, tiver descontado, no regime anterior, parte da pena — 2/5, se autor de crime
hediondo e primário — “e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à
progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de
personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-
lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 9289 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.089.425-3/3-


00
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requisitos que


lhe justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o direito de defender-
se em liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A justiça, ao conceder liberdade provisória a réu acusado de tentativa de furto
(art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal, combinado com o art. 14, nº II, do
Código Penal), não está subestimando a necessidade da repressão da
delinqüência nem fazendo tábua rasa do direito positivo, mas olhando ao intuito
mesmo da lei, que reserva o “carcer ad custodiam” para aquelas hipóteses em
que, extrema sua periculosidade e extraordinária a gravidade do delito que lhe é
imputado, deva o réu manter-se apartado do convívio social.
— Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao
preceito do art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
— Não há “perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus,
enquanto não liqüidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos
Moços, 1a. ed., p. 42).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 9290 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.078.126-3/3-


00
68
Arts. 21 e 29, do Cód. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil;
art. 34, parág. único, nº II, da Lei nº 9.605/98.

— Não decai a Justiça de sua grandeza e confiança, antes se recomenda ao louvor


dos espíritos retos, se, aferindo por craveira benigna lesão a bem jurídico
penalmente tutelado, rejeita denúncia por crime ambiental: pesca mediante a
utilização de petrechos não permitidos (art. 34, parág. único, nº II, da Lei nº
9.605/98).
—“Aquele que passa fome fica tão prisioneiro da sua fome que não lhe sobra
liberdade para mais nada” (Carlos Ayres Britto, A Pele do Ar, 2a. ed., p. 108).
— Ao Juiz não esqueçam jamais aquelas severas palavras de Rui: “não estejais com
os que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o nome de austeros e
ilibados. Porque não há nada menos nobre e aplausível que agenciar uma
reputação malignamente obtida em prejuízo da verdadeira inteligência dos
textos legais” (Oração aos Moços, 1a. ed., p. 43).
— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo o grau de
censurabilidade da conduta do agente, pode o Magistrado, com prudente arbítrio,
deixar de aplicar-lhe pena (e ainda pôr termo à “persecutio criminis”). É que, nas
ações humanas, o Direito Penal somente deve intervir como providência “ultima
ratio”.

Voto nº 9291 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.100.118-3/0-


00
Art. 147 do Cód. Penal;
arts. 41, nº I e 43, ns. I e III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14, 16 e 32, da Lei nº 10.826/2003.

–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de


2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (arts. 12 e 14 da Lei nº 10.826/2003).
— São atípicas as condutas previstas nos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/03 (posse
ilegal de arma de fogo), praticadas no período chamado de “vacatio legis”
indireta (31.8.04); pelo que, na hipótese, haverá falta de justa causa para a ação
penal (cf. Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol 199, p. 510; rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima).
— Ainda que simples infortúnio, o recebimento de denúncia que não atende aos
cânones processuais representa mal insigne para o indivíduo porque, atingindo-
lhe o “status dignitatis”, é sempre fonte e ocasião de prejuízos imensos, muita
vez irreparáveis (art. 41, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9292 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 850.559-3/5-00

Arts. 214, 224, alínea “a” e 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal;


arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
69
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Aquele que permanece calado, é certo, não confessa o delito, mas também não o
nega. E isto basta para que se não prestigie o silêncio.
—“Muito embora o silêncio do interrogando seja uma faculdade procedimental, é
difícil acreditar que alguém, preso e acusado de delito grave, mantenha-se
calado só para fazer uso de uma prerrogativa constitucional” (RJTACrimSP,
vol. 36, p. 325; rel. José Habice).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9293 — agravo em execução Nº 1.093.126-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76) crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— Considerando que o agravado se encontra em liberdade e que a instabilidade das
decisões implica sempre notável descrédito para a Justiça, por fomentar
insegurança jurídica e intranqüilidade no meio social, será mais arrazoado manter
a decisão atacada, ainda que a pudesse argüir o Ministério Público de nimiamente
benigna para com o autor de crime de extrema gravidade, averbado até de
hediondo.

Voto nº 9294 — agravo em execução Nº 1.105.357-3/7-


00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.
70

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional ao condenado que
satisfaz aos requisitos da lei, não se deve interpretar por liberalidade
irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e
tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— Considerando que o agravado se encontra em liberdade e que a instabilidade das
decisões implica sempre notável descrédito para a Justiça, por fomentar
insegurança jurídica e intranqüilidade no meio social, será mais arrazoado manter
a decisão atacada, ainda que a pudesse argüir o Ministério Público de nimiamente
benigna para com o autor de crime de extrema gravidade, averbado até de
hediondo.

Voto nº 9302 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 840.545-3/3-00


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.
— Na condição de seu protagonista, é a vítima a pessoa mais autorizada a narrar as
circunstâncias do fato delituoso; mas, para que sua palavra legitime decreto
condenatório, há mister receba apoio, ainda que mínimo, de outros elementos do
processo, v.g.: confissão do réu, apreensão da “res furtiva” em seu
poder, depoimento de testemunha, etc.; se não, é força pronunciar o
“non liquet” e mandar o réu em paz, por insuficiência de prova da
acusação (art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal).
— De todas as máximas que devem inspirar o Julgador, nenhuma se tem por mais
respeitável que esta: condenação exige certeza. Dúvida, em Direito Penal, é o outro
nome da falta de prova.
— Desde que os autos deparem dúvida ao Juiz, não fará melhor que absolver o acusado,
em obséquio ao princípio geral, vigorante nas legislações dos povos cultos: “In
dubio pro reo”.

Voto nº 9303 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 853.477-3/2-00


Arts. 213 e 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº V e 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— O ato de representação, nos crimes contra os costumes, dispensa fórmula
sacramental; basta a manifestação de vontade inequívoca de que o autor do fato
criminoso seja processado (art. 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal).
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprime na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
71
— “Para configuração do delito de estupro pouco importa se o coito foi completo ou
incompleto, parcial ou total. Com a introdução do pênis na vagina é que se consuma
o crime do art. 213 do Cód. Penal” (Rev. Tribs., vol. 657, p. 280).
— O autor de estupro, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua
pena sob o regime inicialmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes
Hediondos (Lei nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime
prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado primário tiver
dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 9304 — HABEAS cORPUS Nº 1.111.405-3/6-00


Arts. 214, 223 “caput” e parág. único, 224, alínea “a”, 225, § 1º, nº II e 226, nº
II, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº VI e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 9305 — HABEAS cORPUS Nº 1.117.845-3/7-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas
atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era inconstitucional
(já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício lógico: ao fixar-lhe o
lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei
não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava defeso, i.e., a
possibilidade de progressão no regime prisional (art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9306 — HABEAS cORPUS Nº 1.115.012-3/1-00


72

Arts. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no
encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre
o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art.
798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos
autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 9307 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 401.069-3/9-00


Arts. 2º, parág. único, 69, 109, 110, § 1º e 119, do Cód. Penal;
art. 12, “caput”, § § 1º e 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76;
art. 18, § 6º, nº I, da Lei nº 8.078/90;
art. 7º, nº IX, e parág. único, da Lei nº 8.137/90;
arts. 12 e 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
—“Para a existência do delito (do art. 12 da Lei nº 6.368/76) não há necessidade de
ocorrência de dano. O próprio perigo é presumido em caráter absoluto,
bastando para a configuração do crime que a conduta seja subsumida num dos
verbos previstos” (Vicente Greco Filho, Tóxicos, 1995, p. 83).
— Comete crime contra as relações de consumo, por violação do dever de cuidado
objetivo, quem, negligentemente, expõe à venda produto com prazo de validade
vencido (art. 7º, nº IX, e parág. único, da Lei nº 8.137/90) e, portanto, impróprio
ao uso e consumo (art. 18, § 6º, nº I, da Lei nº 8.078, de 11.9.90: Código de
Defesa do Consumidor).
— A infração do art. 7º, nº IX, da Lei nº 8.137, de 27.12.90, combinado com o art.
18, § 6º, nº I, da Lei nº 8.078, de 11.9.90 (Código de Defesa do Consumidor), é
formal e de mero perigo presumido. Para que se configure, basta a comprovação
de que o agente vendia, tinha em depósito para vender ou expunha à venda ou, de
qualquer forma, entregava matéria-prima ou mercadoria, em condições
impróprias ao consumo (art. 7º, nº IX, da Lei nº 8.137/90), sendo desse número
os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos (art. 18, § 6º, nº I, da Lei
nº 8.078/90).
73
— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág.
único, do Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art.
33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art.
12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição
comparativa” das penas cominadas (cf. Vicente Greco Filho e João Daniel
Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— É escusado lembrar que, segundo o teor literal do art. 119 do Código Penal, “no
caso de concurso de crimes, a extinção da punibilidade incidirá sobre a pena de
cada um, isoladamente”.

Voto nº 9308 — RevisÃo CRIMINAL Nº 955.448-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 156 e 621, do Cód. Proc. Penal.

— As declarações da vítima, se minuciosas e verossímeis, podem justificar a


condenação do autor do roubo, porque, pessoa que sofreu diretamente a ameaça
ou violência, é a que está em melhores condições de identificá-lo e descrever-lhe
a ação criminosa.
— É consumado o roubo se o agente, embora por breve lapso de tempo, logrou a
posse mansa e tranqüila da coisa, longe da esfera de vigilância da vítima.
— No Juízo da Revisão Criminal cumpre ao condenado exibir provas cabais e
incontroversas da erronia ou injustiça da sentença, aliás nada poderá contra a
força da coisa julgada (art. 621, do Cód. Proc. Penal).
Voto nº 9309 —Recurso em Sentido Estrito Nº 944.370-3/2-
00
Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 408 e 589, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 9310 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 421.695-3/1-00


Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI, 110, § 1º e 157, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto
condenatório se em harmonia com os mais elementos de prova.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o
exame da prova. Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras
Completas, vol. XXIV, t. II, p. 270).
—“Consuma-se o roubo quando o agente, mediante violência ou grave ameaça,
74
consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (STF; rel. Min.
Carlos Velloso; Rev. Tribs., vol. 705, p. 429).
— Se o réu praticou a subtração mediante violência a pessoa — o que é atributo do
roubo — , fica evidente a impossibilidade jurídica de classificá-la como furto.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 9311 — HABEAS cORPUS Nº 1.116.147-3/4-00


Arts. 50, 66, nº III, alínea “b”, 118, nº I e 197, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).
—“O retorno ao regime mais gravoso é poder geral de cautela do Juiz, e não
padece de ilegalidade, como dispõe o art. 66, nº III, alínea b, da Lei de
Execução Penal” (Rev. Tribs., vol. 745, p. 566; rel. Dante Busana).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 9312 — mandado de SEgUrança Nº 1.104.942-


3/0-00
Arts. 29 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 366 e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Nisto de produção antecipada de prova (art. 366 do Cód. Proc. Penal), é


mister atender ao requisito primordial da urgência. Consideram-se urgentes,
para os efeitos do mencionado dispositivo legal, as provas que, por circunstâncias
pessoais das testemunhas, primeiro que pela tirania implacável do tempo
(“sepultura de todas as coisas”), se devam produzir desde logo, aliás poderão
perder-se para sempre.
— Nem por ser o tempo o devorador de todas as coisas (“edax rerum”), haverão
estas de fazer-se antes de seu tempo. O Magistrado, com prudente arbítrio, nisto
como no demais, avaliará a conveniência de deferir, ou não, o requerimento que tire
ao fim de abreviar a oportunidade da produção de provas, sob color de que
“urgentes”.
—“Se o juiz ou o tribunal verificar que já cessou a violência ou coação ilegal,
julgará prejudicado o pedido”(art. 659 do Cód. Proc. Penal).
75

Voto nº 9313 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 850.641-3/0-00

Arts. 121, § 2º, ns. I e IV e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;


art. 593, III, alínea “d”, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII e nº XXXVIII, alínea “c”, da Const. Fed.

— Ainda que direito seu, consagrado pelo texto constitucional (art. 5º, nº LXIII),
causa perplexidade isto de não querer defender-se o réu como fazem as pessoas
inocentes, segundo lhes ensinou a voz da Natureza, pela palavra e até pela força.
Donde o prolóquio: “qui tacet, consentire videtur” (quem cala, consente).
–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 9314 — HABEAS cORPUS Nº 1.116.447-3/3-00

Arts. 121, § 2º, ns. I, IV e V, 310, parág. único, do Cód. Penal;


art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo


– Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade –
Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a
presunção de periculosidade.
76
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 9315 — HABEAS cORPUS Nº 1.123.183-3/4-00

Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9316 — HABEAS cORPUS Nº 1.113.391-3/5-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
arts. 12, 14 e 16, da Lei nº 6.368/76.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
77
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9317 — HABEAS cORPUS Nº 1.110.931-3/9-00

Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35 e 55, da Lei nº 11.343/06;
art. 44 da Lei nº 11.343/2007.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não
pode criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia
constitucional” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel.
José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 9318 — HABEAS cORPUS Nº 1.108.581-3/0-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14, 16, parág. único, nº IV, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.
78
Voto nº 9319 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.013-3/7-00
Arts. 29 e 157, § 2º, ns I e II, do Cód. Penal;
arts. 50, nº II, 66, nº III, alínea “b”, 117, nº I, 118, nº I e 197, da Lei de
Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e
provisória do condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art.
50, nº II, da Lei de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9320 — HABEAS cORPUS Nº 1.125.852-3/2-00


Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14, 16, parág. único, nº IV, 17, 18 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).
79
Voto nº 9321 — HABEAS cORPUS Nº 1.105.868-3/9-00
Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35, 40, nº VI e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor
que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 9322 — HABEAS cORPUS Nº 1.105.859-3/8-00

Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, 35, 40, nº VI e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
80
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).

Voto nº 9323 — HABEAS cORPUS Nº 1.115.959-3/2-00

Arts. 83 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 9324 — HABEAS cORPUS Nº 1.112.480-3/4-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 9329 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 989.098-3/0-00


Arts. 14, nº II, 23, nº III, 33, § 2º, alínea “b”, 121, § 2º, ns. II e IV, 147, do
Cód. Penal;
art. 16, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.

— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da


autoria de um delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer
vício” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
81
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c,
da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a
decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— “Todas as variações graves são um indício positivo de mentira” (Mittermayer,
Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, t. II, p. 30; trad. Alberto Antônio
Soares).
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 9330 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 849.532-3/0-00


Arts. 26, 96, 97, § 1º, 213, 224, alínea “a” e 225, §§ 1º e 2º, do Cód. Penal;
arts. 96, nº I e 182, do Cód. Proc. Penal.
— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o prazo
da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua periculosidade
(art. 97, § 1º, do Cód. Penal).
— Embora o Juiz não esteja adstrito ao laudo, como o dispõe expressamente o art. 182
do Cód. Proc. Penal, não deve rejeitá-lo, exceto se em frontal antinomia com a lição
da experiência vulgar ou em conflito com o raciocínio lógico.
— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni
Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978, vol.
II, p. 930).

Voto nº 9331 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 880.586-3/2-00


Arts. 41, nº I e 386, nº III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14 e 16, da Lei nº 10.826/2003.
—“Não é inepta a denúncia que descreve fatos que, em tese, apresentam a feição de
crime e oferece condições plenas para o exercício de defesa” (Rev. Tribs., vol. 725,
p. 517; rel. Min. Vicente Leal).
–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal, ninguém,
nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua guarda ou
em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal, esse constitui
crime (arts. 12 e 14 da Lei nº 10.826/2003).
— São atípicas as condutas previstas nos arts. 12 e 16 da Lei nº
10.826/03 (posse ilegal de arma de fogo), praticadas no período
82
chamado de “vacatio legis” indireta (31.8.04); pelo que, na
hipótese, haverá falta de justa causa para a ação penal (cf.
Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol 199, p. 510; rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima).
— Ainda que simples infortúnio, o recebimento de denúncia que não atende aos
cânones processuais representa mal insigne para o indivíduo porque, atingindo-lhe o
“status dignitatis”, é sempre fonte e ocasião de prejuízos imensos, muita vez
irreparáveis (art. 41, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9332 — mandado de SEgUrança Nº 1.109.363-


3/3-00
Arts. 436, 581, nº XIV e 584, do Cód. Proc. Penal.
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a recurso em sentido estrito, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito
suspensivo ao recurso em sentido estrito, como dispõe o art.
581 do Cód. Proc. Penal, excetuadas as hipóteses que enumera. Não
se presumem, na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado
aforismo jurídico. É para supor que, nos casos sob o regime do
Código de Processo Penal, como nos mais, decidam os Juízes com
acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da
Silveira, Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“Quem pretenda por exceção, obter efeito suspensivo em recurso que não o tem
através de mandado de segurança deverá desde logo demonstrar a flagrante
ilegalidade da decisão que impugnou pela via adequada e a ocorrência do
periculum in mora (...)”(Rev. Tribs., vol. 281; rel. Dante Busana).
— Em obséquio à segurança jurídica — objetivo a que devem atender, por princípio,
todas as decisões da Justiça —, não há conceder mandado de segurança senão em
face de direito líqüido e certo, que, na expressão memorável de Hely Lopes
Meirelles, “é direito comprovado de plano” (Mandado de Segurança e Ação
Popular, 5a. ed., p. 16).

Voto nº 9333 — agravo em execução Nº 1.116.762-3/0-


00
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender
ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9334 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 879.999-3/4-00


Art. 303 do Cód. Proc. Penal;
83
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.
— Excita estranheza isto de o réu inculcar-se inocente e, todavia, manter na Polícia,
a respeito dos fatos, obliterado silêncio. Aquele que é inocente não dilata nem
protela oportunidade de afirmá-lo; ao revés, tanto que se lhe depara ocasião de
repelir a acusação, no mesmo ponto pratica sua defesa. Esta, a razão por que,
ordinariamente falando, ainda que direito do réu permanecer calado, esse teor de
proceder não se compadece com o perfil do inocente, antes é o retrato moral do
culpado.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida
tipifica a infração do art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto
do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 9335 — HABEAS cORPUS Nº 1.106.684-3/6-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9336 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 914.481-3/4-00


Arts. 61, 107, nº IV, 110, § 1º, 114, nº I e 155, § 2º, do Cód. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Se a única aplicada, a pena de multa prescreve em 2 anos (cf. art. 114, nº I, do
Cód. Penal).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9337 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.002.203-3/4-


00
Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 593, III, alínea “d”, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea “c”, da Const. Fed.
84

–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,


bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).
— “Álibi. Quem alega deve prová-lo, sob pena de confissão” (apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 163)

Voto nº 9338 — HABEAS cORPUS Nº 1.119.232-3/4-00


Art. 126 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio
jurídico-processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades
contra o direito à liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da
Const. Fed.).
— É razoável computar, no cálculo de liqüidação das penas do condenado, como de
pena cumprida, o tempo de remição pelo trabalho (art. 126 da Lei de Exec.
Penal). Dado que a Lei de Execução Penal é a tal respeito omissa, pode o Juiz
guiar-se pelo princípio comum que rege a solução dos casos controversos e optar
pela parcialidade mais favorável ao sentenciado: “Semper in dubiis benigniora
praeferenda sunt”.
—“O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no processo MJ-
8.926/94, por unanimidade, entendeu que o tempo remido deve ser abatido da
pena não só para livramento condicional como também para indulto e
progressão de regime (DJU 2.12.94, p. 18.352)” (apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 663).

Voto nº 9339 — HABEAS cORPUS Nº 1.123.556-3/7-00

Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
85
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9340 — HABEAS cORPUS Nº 1.114.291-3/6-00

Arts. 69, “caput” e 159, § 1º, do Cód. Penal;


art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03.

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de
carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 9341 — HABEAS cORPUS Nº 1.109.652-3/2-00


Arts. 29, “caput”, 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 648, nº II e 654, § 2º do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de
habeas corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou
está na iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao
demais, ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do
cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos
mortos”.
86
Voto nº 9342 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 916.209-3/9-00
Arts. 14, nº II, 61, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 155, “caput”, do Cód.
Penal.
— Com o decurso do tempo, “a memória do fato punível apagou-se e a necessidade
do exemplo desaparece” (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 6a. ed., p. 171).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9343 — agravo em execução Nº 1.124.070-3/6-


00
Art. 126 da Lei de Execução Penal.

— À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei
de Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a
atividade escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de
promoção humana e poderoso instrumento de reforma de vida e costumes.
Destarte, comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema
penitenciário, tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia
para cada 12 horas de efetiva atividade escolar.
—“A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de
execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto” (Súmula nº 341, do
STJ).

Voto nº 9344 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.067.067-3/8-


00

Arts. 14, nº II, 59, “caput”, 70 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Há concurso formal (art. 70 do Cód. Penal), e não crime único, se o agente, num
só contexto de fato, viola patrimônios de vítimas diferentes.
—“Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de fato,
pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo
multiplicidade de violações possessórias” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 17a. ed., p. 588).
— A só presença de duas ou mais qualificadoras não obriga ao aumento da pena do
roubo além do mínimo legal de 1/3, o que apenas se justifica nos casos em que
praticado por grupo numeroso de agentes, mediante emprego de armas de grosso
calibre e alto impacto.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por
sua natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de
sentimento ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que
intranqüiliza e comove a população honrada.
87

r
Voto nº 9345 — ecurso de ofício Nº 1.081.670-3/2-00
Arts. 14 e 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 9346 — RECURSO DE HABEAS cORPUS Nº


1.117.387-3/6-00

Art. 330 do Cód. Penal.

— Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a


instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.
— Esta preocupação houve sempre na vida do Direito: acautelar, quanto possível, a
inocência e a própria justiça contra o arbítrio e os procedimentos sem causa
legítima.

Voto nº 9359 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 915.144-3/4-00


Arts. 24, 65, nº III, alínea “d”, 71 e 155, “caput”, do Cód. Penal.
— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita
espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão da
“res furtiva” em seu poder, é superior a toda censura, aliás mostra-se digna de
confirmação por fundar-se em prova excelente.
— A invocação de crises conjunturais sócio-econô-micas do País não basta a
excluir a antijuridicidade do fato criminoso praticado pelo réu, pois não há
confundir precisão com estado de necessidade (art. 24 do Cód. Penal); aliás,
seria transformar a descriminante legal em verdadeiro claviculário com que se
abrissem todas as portas que dão para a delinqüência.

Voto nº 9363 —Recurso em Sentido Estrito Nº 943.394-3/4-


00
Arts. 14, nº II, 23, nº II e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 408 e 589, do Cód. Proc. Penal.
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
88
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na fase
da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu Juiz
natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal).
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 9364 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.109.218-3/2-


00
Arts. 23, nº II, 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na
legítima defesa, ao Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo
senão quando comprovada a descriminante legal acima de toda
a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 9365 — agravo em execução Nº 1.112.581-3/5-


00
Arts. 213, 214 e 224, alínea “a”, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de
estupro e atentado violento ao pudor (art. 213 e 214 do Cód.
Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito
do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
89
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9366 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 914.639-3/6-00


Arts. 14, nº II, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, §
2º e § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 580 do Cód. Proc. Penal.
— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de
eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo que, autoriza a edição de
decreto condenatório.
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam
somente o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também
sua biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9367 — agravo em execução Nº 1.050.282-3/0-


00
Art. 121, § 2º, ns. I e III, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, ns. I e III, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem
atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9368 — agravo em execução Nº 1.110.811-3/1-


00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
90
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional ao condenado que
satisfaz aos requisitos da lei, não se deve interpretar por liberalidade
irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que emende a mão e
tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de possa reintegrar-se,
efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!

Voto nº 9369 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.115.371-3/9-


00
Arts. 23, ns. I e II e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 9370 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 915.023-3/2-00


Arts. 14, nº II, 71 e 155, “caput”,do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Embora direito assegurado pela Constituição da República a todo o preso (art.


5º, nº LXIII), calado só permanece perante o acusador aquele cuja culpa lhe
impede defender-se com todas as potências da alma.
— O sujeito que, trazendo consigo coisas alheias, não lhes justifica de modo cabal a
procedência, entende-se que é autor de crime; pois, em regra, nenhuma
dificuldade tem o dono de provar que sua posse é legítima.
— Nos crimes patrimoniais, assume a palavra da vítima notável relevo e, se em
harmonia com a mais prova dos autos, serve de carta credencial para a
condenação do réu.

Voto nº 9371 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.747-3/8-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323, 648, nº I e 898, § 4º, do Cód. Proc.
Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão
91
armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar – Ordem
denegada.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do
País que somente o excesso de prazo injustificado constitui
constrangimento ilegal, não a demora na realização de ato
processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força
maior, motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.

Voto nº 9372 — HABEAS cORPUS Nº 1.127.333-3/9-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta rogatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso
de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória para inquirir
testemunhas, pois se trata de razão superior, que obsta ao curso
regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei
que, em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art.
798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos
desiguais, na medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p.
25).

Voto nº 9373 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.042.874-3/8-


00
Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Vítima que descreve pontualmente as circunstâncias do roubo e, com firmeza,


incrimina seu autor dá ao Juiz a base necessária e legítima para editar
92
condenação, porque incrível deseje prejudicar pessoa inocente.
— Impossível capitular de furto a subtração de coisa alheia móvel mediante grave
ameaça ou violência a pessoa, pois são estas elementares do roubo (art. 157,
“caput”, do Cód. Penal).
—“Consuma-se o roubo quando o agente, mediante violência ou grave ameaça,
consegue retirar a coisa da esfera de vigilância da vítima” (STF; rel. Min.
Carlos Velloso; Rev. Tribs., vol. 705, p. 429).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja
superior a 4 anos.

Voto nº 9374 — HABEAS cORPUS Nº 1.119.428-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9375 — HABEAS cORPUS Nº 1.112.771-3/2-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
–– O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais.

Voto nº 9376 — HABEAS cORPUS Nº 1.125.352-3/0-00

Arts. 14, nº II, 121, § 2º, nº II e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


93
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9377 — HABEAS cORPUS Nº 1.121.788-3/0-00

Arts. 61, nº II, alínea “h”, 157, § 2º, nº II, § 3º e 310, parág. único, do Cód.
Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é


insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório
(art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se
fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a
Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 9378 — HABEAS cORPUS Nº 1.121.978-3/8-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


94
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9379 — HABEAS cORPUS Nº 1.124.382-3/0-00

Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07
era inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”)
descobre vício lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5,
se reincidente) para efeito de progressão, a nova lei não piorou a
situação do reeducando; ao revés, favoreceu-o, com deferir-lhe
precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos considerava
defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional
(art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 9394 — HABEAS cORPUS Nº 1.113.504-3/2-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Const. Fed.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
95
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de
organização judiciária do Estado.
— É princípio acolhido sem reserva que, tanto que passe em julgado sua decisão, já
não tem o Juiz competência para revê-la. Vem a ponto a lição de
Hélio Tornaghi: “Já no Direito romano, Ulpiano ensinava:
Depois de pronunciada a sentença, o juiz perde a jurisdição e não
pode corrigi-la, quer haja exercido seu ofício bem, quer o tenha
feito mal” (Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 353).
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar os “habeas
corpus” impetrados contra ato do Tribunal de Alçada Criminal, conforme o
preceito do art. 105, nº I, alíneas “a”e “c”, da Constituição Federal, explicitado
pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-
9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto nº 9395 — HABEAS cORPUS Nº 1.102.759-3/0-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 563, 566 e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória. Questão que
implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente poderá ser tratada
na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Contra o parecer de notáveis juristas, que
sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de
que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração,
porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para
conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do
indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto
a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova
plena e incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver
influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 9396 — HABEAS cORPUS Nº 1.126.284-3/7-00


Art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº XI, da Const. Fed.
96

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus”
com o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos
elementos dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação
penal” (cf. Rev. Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta
se mostre evidente à primeira face;
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426);
––“A casa é o asilo inviolável do cidadão”,reza a Constituição Federal (art. 5º, nº
XI); por isso, nela ninguém pode penetrar, se o não consentir o morador, ou
ordenar a autoridade judicial. O preceito legal mesmo, no entanto, excepciona
hipótese de flagrante delito.
—“O delito de guarda ou depósito de arma de fogo constitui crime permanente,
admitindo a entrada na casa do infrator para efetuar prisão em flagrante”
(Damásio E. Jesus, Crimes de Porte de Arma de Fogo e Assemelhados, 2a. ed.,
p. 48).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 9397 — HABEAS cORPUS Nº 1.125.385-3/0-00


Arts. 214 e 225, § 2º, do Cód. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art.
33 da Lei nº 11.343/06).

r
Voto nº 9398 — ecurso de ofício Nº 1.081.123-3/7-00
Art. 6º do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº IX, da Lei nº 1521/51;
art. 50 da Lei das Contravenções Penais.
97

— Constitui expressão de arbítrio e ilegalidade, por exceder-lhe a competência, o ato


do Delegado de Polícia Civil do município, que manda interditar
estabelecimento comercial que explora jogo de bingo, autorizado a funcionar por
decisão da Justiça Federal.
— A exploração do bingo eletrônico argúi conduta contravencional — jogo de azar
— e, pois, está sujeita ao rigor da lei (art. 50 da Lei das Contravenções Penais).
— “De todas as desgraças que penetram no homem pela algibeira, e arruínam o
caráter pela fortuna, a mais grave é, sem dúvida nenhuma, essa: o jogo” (Rui,
Obras Completas, vol. XXIII, t. V, p. 69).

Voto nº 9399 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 913.394-3/0-00

Arts. 24 e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;


art. 368, nº V, do Cód. Proc. Penal.

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A decisão condenatória, baseada na confissão do réu em Juízo e na apreensão da
“res furtiva” em seu poder, é superior a toda censura e mostra-se digna de
confirmação por fundar-se em prova excelente.
— A invocação de crises conjunturais sócio-econômicas do País não basta a excluir
a antijuridicidade do fato criminoso praticado pelo réu, pois não há confundir
precisão com estado de necessidade (art. 24 do Cód. Penal); aliás, seria
transformar a descriminante legal em verdadeiro claviculário com que se
abrissem todas as portas que dão para a delinqüência.

Voto nº 9400 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 917.132-3/4-00

Arts. 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 155, § 2º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9401 — agravo em execução Nº 1.114.630-3/4-


00
Arts. 50, nº II e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
98
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 9402 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 858.098-3/9-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º e 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9403 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 907.886-3/6-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº VI, 110, §§ 1º e 2º, 115 e 180, “caput”, do Cód.
Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9404 — agravo em execução Nº 1.114.719-3/0-


00
Arts. 157, § 2º, ns. I, II e IV, 288, parág. único, do Cód. Penal;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Exec. Penal), é a progressão
de regime direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de progressão
de regime ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta
grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta
carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— A fuga – “incoercível revolta do instinto”, na expressão de Rui (Discursos e
Conferências, 1907, p. 101) – não é, por si só, razão impeditiva de outorga ao
sentenciado do benefício da progressão de regime, visto configura anseio de
liberdade inerente ao ser humano.
— Atividades escolares e laborterápicas devem interpretar-se, com ênfase, a favor
do condenado preso, porque franco indício de ressocialização e desejo de
reforma de vida.
Voto nº 9405 — agravo em execução Nº 1.123.844-3/1-
00
Arts. 112 e 118, nº II, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Exec. Penal), é a progressão
99
de regime direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a
concessão de progressão de regime ao sentenciado, se já
cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa). Tampouco
lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de
falta grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de
tempo, exemplar conduta carcerária e notável dedicação ao
trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— Não é óbice à análise de pedido de progressão de regime isto de ter o
sentenciado processo em andamento: à uma, porque, em caso de condenação,
estará sujeito à forma regressiva (art. 118, nº II, da Lei de Execução Penal); à
outra, porque inteligência diversa implicaria violação do princípio de inocência,
consagrado pela Constituição da República (art. 5º, nº LVII).

Voto nº 9406 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº 448.525-


3/8-00
Arts. 109, 156 e 619, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º, nº III, do Decreto-lei nº 201/67.
— Reza o art. 109 do Cód. Proc. Penal que, “se em qualquer fase do processo o
juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou
não alegação da parte (...)”.
—“A competência, no processo penal, é de regra absoluta” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. IV, p. 404);
— A partir de sua instalação em 17.10.2007, é a colenda 15a. Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça a competente, com exclusão das mais, para o julgamento das
ações penais relativas a crimes comuns e de responsabilidade de Prefeitos.
— Competente para julgar os embargos declaratórios é a mesma Câmara em que
tem assento o relator do acórdão embargado, porque somente ele está em
condições de elucidar a real inteligência a respeito do ponto considerado obscuro,
omisso ou contraditório.
— O fim a que tiram os embargos declaratórios é, segundo o direito comum,
provocar reexame de decisão, esclarecendo-a, dissipando-lhe as dúvidas ou
expungindo-a de erros (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
— Não cabe a tacha de omisso ao acórdão que tratou “ex professo” e à saciedade a
matéria da apelação.
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9407 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 912.375-3/6-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
Voto nº 9408 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 911.383-3/5-00
Arts. 29, “caput”, 33 e 155, § 4º, nº III e IV, do Cód. Penal.
100
––“O Código Penal, descrevendo a qualificadora, fala em crime cometido mediante
duas ou mais pessoas (...). Não diz subtração cometida. Entre nós, comete crime
quem, de qualquer modo, concorre para a sua realização (art. 29, caput). De
maneira que o partícipe ou co-autor também comete crime” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 576).
–– Não há reconhecer a incidência da qualificadora de emprego de chave falsa
quando, à falta de apreensão do objeto acresce a circunstância de que não era
imprescindível ao funcionamento do motor do veículo furtado (art. 155, § 4º, nº
III, do Cód. Penal).

r
Voto nº 9409 — ecurso de ofício Nº 890.368-3/6-00
Arts. 61, nº II, alínea “e”, 96, nº I e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 411 do Cód. Proc. Penal.
— É incensurável a decisão que, amparada em perícia médica —
que o considera inimputável por doença mental —, absolve,
com fundamento no art. 411 do Cód. Proc. Penal, réu acusado de
homicídio (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal) e manda-o
tratar em casa de custódia, nos termos da lei (art. 96, nº I, do
Cód. Penal).
—“A medida de segurança prevista no Código Penal é aplicada ao inimputável no
processo de conhecimento e por prazo indeterminado, perdurando enquanto não
for averiguada a cessação da periculosidade” (STJ; HC nº 36.172-0-SP; 5a. T.;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 16.9.2004).

Voto nº 9410 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 910.561-3/0-00


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do
interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República
assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria
do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e
razão, esse não espera pela undécima hora: apenas o acusem
injustamente, logo se defende com todo o vigor de sua palavra.
Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula: “qui
tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem
cala, consente).
— Fugir é, por excelência, o verbo dos culpados. Disse-o elegantemente o clássico
Antônio Ferreira: “não foge nem se teme a inocência da justiça” (Castro, 1974,
p. 147).
— Palavra de vítima, não há desprezá-la em princípio. Deveras, quem mais
abalizado para discorrer de um fato senão aquele que lhe foi o protagonista?
Exceto na hipótese (mui rara) de mentira ou erro, suas declarações bastam a
acreditar um termo de condenação.
— Outro tanto em relação ao testemunho policial: não merece a nota universal de
tendencioso e suspeito; unicamente em face de contradição aberta e inverossímil
com o conjunto probatório é que se lhe deve dar de mão.
— É caso de furto consumado (e não simples tentativa) se a vítima recuperou só em
parte as coisas subtraídas, tendo pois sofrido prejuízo econômico (art. 155, § 4º,
101
nº IV, do Cód. Penal).
Voto nº 9411 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.077.434-3/1-
00
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

r
Voto nº 9412 — ecurso de ofício Nº 1.064.148-3/6-00
Arts. 23, nº II, 25 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 411 do Cód. Proc. Penal.
— É maior de toda a censura a decisão que, reconhecendo a
existência de causa excludente de antijuridicidade — legítima
defesa (art. 23, nº II, do Código Penal) —, absolve o acusado nos
termos da lei (art. 411 do Cód. Proc. Penal). Em verdade, é lícito
repelir a força com a força: “vim vi repellere licet” (Ulpiano).
—“A justiça concede a todos repelir a força com a força” (Manuel Bernardes,
Nova Floresta, 1726, t. IV, p. 207)
— Todo aquele que for injustamente agredido (ou estiver na iminência de sê-lo),
poderá afastar o ofensor, mesmo com violência, que o autoriza a lei. É a clara
dicção do art. 23, nº II, do Cód. Penal. Matar, para não morrer, não é crime!
—“A defesa individual contra um ataque violento e sério é um direito, é mesmo um
dever, porque cada um tem não somente o direito, mas também o dever de velar
pela sua própria conservação” (Antônio Lemos Sobrinho, Legítima Defesa,
1925, p. 28).

Voto nº 9413 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 915.891-3/2-00


Arts. 14, nº II, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º, 115 e 155, §
4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— É superior à crítica, porque assenta em prova boa, a decisão que condena por
tentativa de furto o sujeito que, surpreendido pela Polícia a subtrair peças de
veículo de terceiro, desata a fugir — verbo predileto dos culpados —, mas é
detido na posse das “res furtivae”.
— “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
—“Para ruim defesa, melhor é nenhuma” (Adágio).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
102
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 9414 — agravo em execução Nº 1.123.144-3/7-


00

Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga
de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 9415 — HABEAS cORPUS Nº 1.128.424-3/1-00

Arts. 14, nº II e 155, § 4, nº IV, do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 89, § 1º, da Lei nº 9.099/95.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 9416 — HABEAS cORPUS Nº 1.126.738-3/0-00

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O argumento de que a aplicação retroativa da Lei nº 11.464/07 era
inconstitucional (já que importava “novatio legis in pejus”) descobre vício
lógico: ao fixar-lhe o lapso temporal de 2/5 (ou 3/5, se reincidente) para efeito de
progressão, a nova lei não piorou a situação do reeducando; ao revés, favoreceu-
o, com deferir-lhe precisamente aquilo que a Lei dos Crimes Hediondos
103
considerava defeso, i.e., a possibilidade de progressão no regime prisional (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

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