You are on page 1of 66

1

AVISO

Estes apontamentos não são da autoria do Núcleo de Estudantes de


Psicologia (NEPsi), nem reflectem a sua posição relativamente a qualquer
matéria do saber em Psicologia.

Assim o NEPsi não se responsabiliza pela utilização dada aos mesmos.

Saudações Académicas
NEPsi
2

Psicologia do Desenvolvimento

11.10.02

Leitura do texto: “O Princepezinho”

PREFÁCIO
COMO NASCE O PRINCIPEZINHO
As pessoas simples fazem bonecos simples.
É um facto sabido: as pessoas simples fazem bonecos
simples. Antoine de Saint-Exupéry nisso não foge à regra. Mas o
que o diferencia de muitas crianças é que, como adulto, insiste,
ou melhor, continua em tentativas. Não é que toda a gente
crescida perca o prazer de fazer rabiscos. As figuras é que têm
uma tendência para mudar. O pôr do Sol, o esboço tosco, por
vezes ridículo, são substituídos por linhas geométricas cujo rigor
acompanha a rigidez do pensamento quando não as séries
infindáveis de números que sobre a pasta da secretária do homem
de negócios formam brutais constelações. O movimento de Saint-
Exupéry como desenhador é diferente: ele faz com que se
encontrem duas linhas simples sob uma estrela, "a mais bela e a
mais triste paisagem do mundo" com que fecha o livro e que
culmina aquela vocação que o autor em si descobriu aos vinte e
dois anos: " Já sei para que fui feito: para o lápis de carvão
Conté"
Há muito o pressentia. E bem gostaríamos de encontrar no
meio da sua papelada, testemunha dos seus verdes anos ou da
adolescência, que a família, ou o acaso até, salvaram do
esquecimento algum esboço, ainda que impreciso, daquele que
virá a ser o Princepezinho. Mas em vão. Teremos de concluir daí
que o menino da cabeleira rebelde terá surgido apenas em 1942,
nos Estados Unidos, de um encontro entre uma guerra em curso,
uma recordação do passado e o feliz traço de uma caneta? Não é
fácil marcar uma data exacta para este nascimento. Poderíamos
dizer do Princepezinho, sem grande margem de erro, que o seu
aparecimento discreto, ocasional precede em cerca de sete anos o
seu aparecimento oficial no meio das páginas já organizadas de
um livro. A não ser que tenha nascido ainda bem mais cedo, tanto
a personagem se confunde com a pessoa do seu autor.

Estrutura do Trabalho a realizar pelo aluno


1. Parte teórica
- Escolha de um tema e artigo respectivo
- Resumo (Abstract)
- Introdução
- Fundamentação Teórica

2. Parte prática
- Observação / grelha
- Conclusões e Bibliografia
3

O que é a Psicologia do Desenvolvimento?

 preocupa-se com as mudanças ao longo do tempo; com a conduta


humana.
 o processo evolutivo é generalista, normativo ou quase normativo.

o Normativo – processo de desenvolvimento que têm determinadas


conteúdos concretos e que afectam a todos os seres humanos ou a
grandes grupos de pessoas.
o Idiossincrático – que diz respeito ao indivíduo...

RECAPITULANDO:
• A Psicologia do Desenvolvimento preocupa-se com o estudo das
mudanças ao longo do tempo, ocupa-se do estudo da conduta humana
– esta é a sua semelhança com as outras ciências
• O que distingue a Psicologia do Desenvolvimento das outras ciências é
que esta só se preocupa com o ser humano, com os processos ao longo
do tempo na conduta humana. As mudanças que a Psicologia do
Desenvolvimento vai tratar são mudanças que têm um carácter
normativo/ quase normativo, ou seja, transições evolutivas/processos
de desenvolvimento que têm determinados conteúdos concretos e que
afectam quase todos os seres humanos/até grandes grupos de pessoas.

Exemplo: é normativo que as crianças se relacionem com os seus pares,


com os da sua idade, mas o modo como estas relações ocorrem já é
idiossincrático.

A Psicologia do Desenvolvimento ocupa-se com as mudanças que têm a


ver com a idade; vincula-se como as mudanças que ocorrem durante um
determinado período desenvolvimental, p. e., a redefinição dos papéis
durante a velhice. A identidade é um fenómeno que pode ser explicado
consoante os diferentes períodos da nossa vida (quando se sai de casa,
quando se cria uma nova família;...), a idade é importante pelas
características do ser humano.

 A Psicologia do Desenvolvimento pode ser definida como a


disciplina que se ocupa de estudar as mudanças psicológicas
numa certa relação com a idade, mudanças que se dão nas
pessoas durante o ciclo desenvolvimental, isto é, desde a sua
concepção até à sua morte. Estas mudanças aproximam-se mais
do normativo do que do idiossincrático.
4

• Os grandes períodos da Psicologia do Desenvolvimento:


 Psicologia do Desenvolvimento pré-natal
 Psicologia que ocorre durante a 1ª infância (dos 0 aos 2
anos)
 Psicologia dos 2 aos 6 anos (antecedem a escolaridade
obrigatória)
 Psicologia dos 6 aos 12 anos (idade de entrara na escola)
 Psicologia dos 10 aos 12 / 20 anos (adolescência)
 Psicologia dos 20 aos 65 anos (anos de maturidade) ou ainda
 Psicologia dos 20 aos 30 anos ( – juventude)
 Psicologia dos 30 aos 65/70 anos (– Maturidade - idade
adulta)
 Psicologia dos 65/70 anos (– psicologia da Velhice)

• As mudanças vinculadas à idade devem-se, sobretudo a um fenómeno


que se designou de maturação. A maturidade tem uma sequência
tanto mais fixa quanto mais se aproxima do trajecto vital e individual. À
medida que vamos crescendo há outros fenómenos que influenciam o
desenvolvimento, embora a maturação seja um factor muito
importante. (normalmente os bebés começam a andar por volta dos
10/15 meses).

• Níveis que podem afectar o desenvolvimento do indivíduo:


1. Espécie
2. Cultura
3. Momento histórico
4. Grupo social

• Objectivos da Psicologia do Desenvolvimento:


1. Descrever;
2. Explicar;
3. Predizer o que vai acontecer.

1. A Psicologia do Desenvolvimento propõe-se identificar os processos


de mudança dando detalhes sobre o que consistem estes processos,
como eles se manifestam, qual o curso evolutivo característico.
2. Um determinado processo é descrito, mas a explicação depende da
interpretação que lhe damos; não existem experiências únicas, existem
sim várias experiências que estão sujeitas a diferentes interpretações.
3. Quanto melhor eu souber predizer um determinado facto, melhor
poderei predizer o que irá futuramente acontecer.
5

• A Psicologia do Desenvolvimento não é apenas investigação, pois ela


também intervém sobre factos e processos psicológicos (os que são
investigados).

• Já Platão na “República” falava em 3 grandes facetas do


Desenvolvimento:
 Desejo
 Espírito
 Razão

• Segundo Platão a faceta mais elevada era a Razão que só se


desenvolvia a partir da adolescência
 1ª infância: música e desporto
 2ª infância: matemática

• Aristóteles dizia que o adolescente era caracterizado pela habilidade


de escolher e a autodeterminação do EU. Este já descrevia os primeiros
três estádios, a primeira-infância (até aos 7 anos), a segunda-infância
(dos 7 aos 12 anos) e a juventude.

• Durante a Idade Média, o Desenvolvimento da infância sofre um atraso,


passando as crianças a ser tratadas como (pequenos) adultos (crianças
vestidas como os adultos; adultos em miniatura).

• No séc. XVIII, Rosseau restaura a ideia de desenvolvimento e descreve


5 fases (no seu livro Emile):

 1ª - Idade da Natureza (1-5 anos): dominada pelo prazer e pela


dor
 2ª - Idade da Natureza (5-12): dominada pelo estímulo sensorial.
 3ª - Idade da Força (12-15): dominada pela necessidade de
actividade física, pelo desenvolvimento da razão, despertar de
outras curiosidades. Cita como leitura aconselhada Robinson Crusoé.
 4ª - Idade da Razão (15-20) Razão, valores sociais e morais,
amores.
 5º - Idade da Sabedoria (20-25) Idade do Casamento.

Nota: esta teoria foi enunciada no livro “”Emile” de Jean Jacques Rosseau.

• Com o ocorrer da Revolução Industrial, e como consequência dá-se a


necessidade de uma sociedade e de uma mão-de-obra qualificada, isto
leva a que o período da infância e adolescência se torne mais
prolongado, uma vez que houve um alargamento na vida escolar, até
então não era obrigatório as crianças frequentarem a escola. Na nossa
sociedade a adolescência é tida como um grande período de evolução
do ser humano.
6

O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO

A situação contraditória – tens muito de comum com os outros, tens


muito de diferente relativamente aos outros – revela a complexidade do
desenvolvimento. No processo de desenvolvimento, que se inicia na
concepção e termina na morte, estão envolvidos múltiplos factores biológicos,
cognitivos, motores, emocionais, linguisticos, sociais. O ser humano tem de
ser encarado como o sistema aberto em que todos os aspectos interagem. O
ser humano só pode ser estudado e compreendido tal como à sua
complexidade através de uma abordagem do desenvolvimento, tendo em
conta a estrutura biológica/maturacionista e a dimensão social.
O desenvolvimento implica o ser humano, como unidade
biopsicossociológica, que se adapta, se organiza num processo global e
estrutural, desde a fecundação ate à morte. Por isso a investigação do
desenvolvimento em psicologia recorre a outros ramos da Psicologia e outras
áreas cientificas: biologia genética, etologia, história, antropologia.

Polémica: existência ou não de períodos críticos. De etapas limitadas de


tempo durante as quais o organismo é sensível à estimulação do meio.

Concepções sobe o desenvolvimento:


Várias correntes. Que privilegiaram a componente biológica/ maturativa
(maturacionismo e psicanálise). Componente ambiental/social
(behaviorismo). Outras correntes procuram superar esta dicotomia
defendendo que o desenvolvimento resulta da interacção entre a componente
biológica e social (construtivismo e teoria psicossocial).

Principais correntes do desenvolvimento

Maturacionismo Gesell
Behaviorismo Watson
Construtivismo Piaget
(Cognitivista)
Histórico Cultural Vigotsky
(Cognitivista)
Psicanálise Freud
Teoria Psicossocial Eriksson

- O Desenvolvimento é um processo global e contínuo que principia com a


própria vida, desde o acto da concepção até à morte.

Nota: O desenvolvimento motor, cognitivo, afectivo e social,


encontram-se arrumados em vários compartimentos mais ou menos
dependentes uns dos outros. Dado que não podemos falar em
“Desenvolvimentos”, mas num Desenvolvimento global, único,
7

contínuo e dinâmico, no qual se pode em determinados instantes


reconhecer uma sequência característica na nossa espécie.

PERSPECTIVA HISTÓRICA:

- O conceito de desenvolvimento esteve durante muitos anos circunscrito à


infância e à Adolescência, muito embora desde há algum tempo seja
inquestionável que o objecto de estudo da psicologia Evolutiva, deverá ser
toda a vida dos sujeitos.

- Na história da Psicologia do Desenvolvimento, a Infância e a Adolescência


não tiveram sempre a mesma importância que actualmente têm.
Estes termos são “Inventos” recentes. Ex. Gravidez na adolescência /
crianças como adultos em miniatura (mais frágeis, menos inteligentes) como
força de trabalho (Idade Média)

- Nos séculos XVII, XVIII com o Iluminismo e o Protestantismo houve uma


nova descoberta da Infância, considerada uma etapa diferente da Idade
Adulta, com a necessidade de um tratamento diferenciado.

- No século XIX, libertação completa das crianças dos trabalhos pesados.


Alguns escritos de Engels revelam as dramáticas condições de vida das
crianças, que trabalhavam 12 horas por dia em fábricas e minas.
Nesta altura alguns médicos contribuíram para que os trabalhos fossem
apenas de 10 horas, dado que as crianças chegavam a adormecer na Escola
Dominical, facto incómodo para as suas aprendizagens morais.
8

- No século XX – Infância como um período claramente diferenciado,


prolongamento do ensino Obrigatório, Mais trabalho especializado;
Diminuição da mortalidade Infantil; Passagem ao estado adulto cada vez
mais prolongada; Surgimento do Conceito de Velhice como um facto
Psicossocial novo e já não só, como um prolongamento biológico da Vida
Adulta.

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

A Psicologia Evolutiva ocupa-se dos processos de mudança


psicológica ao longo da vida.

Mudanças no desenvolvimento dos seres humanos

Estas mudanças podem ser avaliadas segundo três factores:


1. A etapa de vida em que se encontra
(Homogeneidade, ex.: Adolescência)
2. As circunstâncias Culturais, históricas e Sociais.
(Homogeneidade em cada cultura)
3. Experiências particulares e privadas de cada um.
(Idiossincrático – desenvolvimento psicológico irrepetível de pessoa
para pessoa).

18.10.2002

Visionamento do Filme: “VICTOR”

25.10.2002
Visionamento do Filme: “TRIBAL BABES” - “O menino selvagem” – a
privação do contacto com indivíduos da mesma espécie fez com que o seu
desenvolvimento linguístico fosse mínimo, por outro lado imitava os outros
animais na formo de como se mover, beber, comer; o contacto com indivíduos
da mesma espécie foi drasticamente difícil, pois o isolamento a que o menino
esteve sujeito foi demasiado longo.

FUNDO GENÉTICO UNIVERSAL versus EXPERIÊNCIAS INDIVIDUAIS


(debate)

A NATUREZA DO ORGANISMO HUMANO - A NATUREZA HUMANA

- O conceito de Natureza Humana criou durante muito tempo inúmeras


controvérsias.
- Contudo, parece por todos aceite a ideia de que a Natureza Humana,
contrariamente à Natureza animal, não existe como algo definido e estável,
mas antes como processo determinado pela acção permanente do meio social
9

e cultural que durante toda a vida os indivíduos estão sujeitos, e pela acção
que os próprios têm sobre o meio.

- A Hereditariedade biológica é um facto inegável, mas não serve tão


somente para explicar o comportamento humano. Torna-se então, sempre
difícil delimitar o Hereditário do Adquirido.
o existirá no ser humano “um fundo específico” que determine uma
“Natureza Humana Universal”? – Alguns estudos da Antropologia e
da psicologia revelam a infinita diversidade humana e a importância
que o meio tem em moldar comportamentos.
o (Ex.: Nalgumas sociedades a morte é aceite sem dor; Em outras
a crise de Identidade na adolescência não existe; Existem
crianças Taruamaras que batem nos pais...)

- Diferentes sociedades promovem comportamentos e emoções particulares

A NATUREZA versus INFLUÊNCIA DO MEIO


- Actualmente existe um consenso em aceitar que o desenvolvimento é
influenciado quer por aspectos genéticos quer por aspectos ambientais.
- O problema surge, quando os tentamos relacionar entre si, e perceber em
que momentos do desenvolvimento uns têm um papel mais determinante
que os outros.
- Por exemplo, as nossas características morfológicas (Um cérebro, duas
orelhas e um nariz), são um constructo longo, inserido na nossa filogénese,
que determina a nossa espécie.
- No entanto, a Linguagem, apesar de ser um património da nossa espécie,
no seu processo de maturação encontra-se dependente da interacção da
criança com o meio.
- Todos temos capacidade genética de sentir e pensar, mas o facto de
nos sentirmos mais ou menos satisfeitos connosco próprios, ou de
resistirmos mais ou menos às frustrações tem a ver com a nossa
história pessoal e com a memória das nossas experiências.
ORIENTAÇÕES TEÓRICAS DA PSICOLOGIA EVOLUTIVA

o Modelos Mecanicistas (Locke e Hume)


Orientações relativas ao Empirismo de Locke (Séc. XVII), e Hume
(Séc. XVII). Locke comparava a mente humana a um quadro em branco na
altura do nascimento, sendo que a experiência da criança com o meio e a
estimulação que recebe determinam a todo o momento os conteúdos do
psiquismo. Mais de duzentos anos após a morte de Locke, encontramos
alguns posicionamentos da Psicologia que defendem que a história psíquica
dos indivíduos não é mais que a história das suas experiências e
aprendizagens – MODELOS MECANICISTAS DO DESENVOLVIMENTO

o Modelos Organicistas (Rosseau e Kant)


10

As Orientações europeias de Rosseau (1712) e Kant (1724),


exemplificaram que existem determinadas características inatas do ser
humano, já com alusão a estádios do desenvolvimento. Rosseau fala da
bondade natural da criança, e Kant na existência de categorias inatas do
Pensamento. Dois séculos após, alguns pensadores enfatizam estas
orientações e passam a denominar a Psicologia Evolutiva com
POSICIONAMENTOS ORGANICISTAS.
NOTA: O caso de Piaget e Freud, defendendo que o desenvolvimento se faz
em estágios, pressupondo atingir diferentes metas (ex.: heterossexualidade /
homossexualidade – adulta; Êxito nas Operações Formais).

o Séc. XX (Baltes) – MODELO DE CICLO VITAL


- Contrariando a ideia de Desenvolvimento apenas na Infância e na
Adolescência, para a importância de analisar o conceito desde o nascimento à
morte.

Postulados:
- Não concordam com as metas/estádios Universais.
- Os processos podem ser explicados de forma Mecanicista e
Organicista.
- Importância da Cultura em que se cresce e da geração à qual se
pertence.
- Modelo pouco restritivo que ainda sobrevive com coerência.

O MODELO DE CICLO VITAL


1. Não circunscreve o desenvolvimento aos primeiros anos de vida;
2. Desenvolvimento Psicológico com múltiplas causas e orienta-se
em múltiplas direcções;
3. Assume o ser humano como um todo Bio-Psico-Social.
A Psicologia do Desenvolvimento ACTUALMENTE

o diferentes perspectivas:

1. Etológica – Reporta-se à Sobrevivência da Espécie – ecos dos genes


(Lopez). Importância do Conceito de Adaptação às exigências do
ambiente tendo consequências na conduta dos sujeitos.
2. Cognitiva – Evolutiva – Estudo da Atenção; Percepção; Memória;
Raciocínio. O desenvolvimento cognitivo ao meio – conhecimento moral
de si e dos outros.
3. Processamento da Informação –
4. Histórico-cultural (Vigotsky) – Importância do papel histórico-
cultural utilizado pela criança. A criança recebe dos que o cercam uma
série de estratégias psicológicas, das quais se vai apropriar através de
um Processo de Internalização. Este processo irá ser feito através da
Interacção Social. Destaca-se a linguagem como instrumento poderoso
11

e mediador entre si e os outros, Regulador de Conduta, Planeamento


da Acção.

IMPORTANTE: todas as contribuições são compatíveis entre si.

“O Homem recusa, recebe e reata influências, para cuja existência


contribui por sua vez. Cria e cria-se, é sujeito e objecto da sua
história e da história dos outros”

“O Homem actua para além do aqui e agora. O animal só actua


pela necessidade do momento e na presença do objecto”

“Na Natureza Animal o Mundo é um ambiente com fronteiras


delimitadas, enquanto que para o Homem o Mundo é uma
interacção constante entre objectos, e onde o Homem goza da
plurivalência das suas funções”

A ÉTICA EM PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO


o A Psicologia Do Desenvolvimento actual caracteriza-se por uma certa
tolerância e respeito pela pluralidade de quadros teóricos.
o Muito embora, as formas mais recentes de encarar o processo de
desenvolvimento e educação se inspirem na Psicologia Genética de
Piaget e na tradição Histórico-Cultural de Vygotsky, o princípio será
sempre o de abrir portas a outros quaisquer quadros teóricos que se
adaptem cada vez mais ao indivíduo, às suas aprendizagens, inserindo-
o numa determinada cultura e sociedade.
o Do mesmo modo que avaliamos quadros teóricos pela sua clarividência
ou limitação, facilmente avaliamos graus ou estádios de
desenvolvimento de forma mais ou menos estruturada ou enquadrada

Regras Gerais:
 Neutralidade
 Confidencialidade
 Consentimento da criança, familiares e/ou instituição.
12

 Bom senso (experiência profissional/pessoal) (a sensibilidade e a


intuição)
 Encaminhamento do caso sempre que o técnico não consiga dar
uma resposta.
 Supervisão de casos, sempre que necessário,
 Respeito pelos Direitos Humanos Fundamentais.

Avaliar o Desenvolvimento no ser humano passa por:


 Compreensão da diversidade da espécie.
 Noção de individualidade de características.
 Contexto em que se insere.
 Comparação a estabelecer com os seus pares.
 Respeito das suas limitações.
 Noção das nossas limitações.
 Adequação do discurso.
 Respeito pelos silêncios.
 Observação eficiente.
 Utilização de instrumentos válidos de medida.

O Psicólogo deverá garantir:


- Privacidade
- Assertividade (discurso certo, racional, objectivo)
- Empatia
- Consentimento informado
- O acto de não opinar (mas antes a estruturação do sujeito para
que seja o próprio a tomar decisões, aumentando a auto-estima)
- Que o sentimento Paternal (ou Maternal) dê lugar a um
compromisso terapêutico ou de avaliação, com regras
definidas e contexto particular.
Avaliação Psicológica do Desenvolvimento envolve:
 Observação
 Anamnese (historial de vida)
 História clínica
 Provas/Testes psicológicos (outros testes
complementares)
 Relatório e Avaliação

- Todas as etapas da Avaliação se encontram


correlacionadas
- A Prova de Pierrom é um teste bastante usado quando se
tratar de verificar os níveis de atenção das crianças.
(Consiste em várias linhas com figuras diversas em que a
criança terá que identificar em cada linha as
correspondências aos três estímulos que foram fornecidos
como base)

Se a criança não Atende


13

- A criança não Percepciona


Se a criança não Percepciona
- A criança não Memoriza
Se a criança não Memoriza
- A criança não Aprende.

08 de Novembro de 2002

Freud – Teoria do Desenvolvimento Psicossexual ou Teoria


Psicananlítica.

- Para Freud os problemas dos indivíduos têm a sua base nas experiências
sexuais da infância, como tal conforme as zonas erógenas que se vão
desenvolvendo ele descreve 5 fases ou estádios desenvolvimentais:

Mecanismos de defesa do EU

Recalcamento – mecanismo em que os impulsos, desejos e sentimentos


inaceitáveis ou desagradáveis são mantidos no inconsciente sendo impedidos
de aceder ao Ego, ou seja são afastados da consciência. As pulsões do Id são
reprimidas. É o mais poderoso, mais persuasivo dos mecanismos de defesa
do Ego.
Ex.: uma pessoa “esquece-se” que foi violada
14

Regressão ou Fixação – mecanismo em que são adoptados


comportamentos característicos de uma fase anterior do desenvolvimento, de
um nível etário anterior, quando o sujeito fica ancorado numa fase anterior
de desenvolvimento durante o qual o sujeito se sentia mais seguro e mais
confiante.
Ex.: uma criança que teve um irmão, volta a fazer ”chichi” na cama e a
querer uma chupeta.

Projecção – mecanismo em que a pessoa, não admitindo para si


sentimentos experimentados porque são indesejáveis os atribui a outras
pessoas.
Ex.: uma pessoa invejosa atribui este sentimento aos amigos ou à sociedade
em geral

Sublimação – mecanismo em que a pessoa substitui um objecto que lhe


satisfaria a motivação por um outro socialmente bem aceite.
Ex.: uma pessoa agressiva ingressa na polícia.

Racionalização – mecanismos em que as verdadeiras razões dum


comportamento são distorcidas por justificações racionais.
Ex.: uma pessoa que não pode ir a uma festa diz que não foi porque não
queria.

Compensação – mecanismo em que o indivíduo desenvolve actividades que


valorizem ou compensem incapacidades, medos.
Ex.: o sentimento de inferioridade pode ser compensado por uma actividade
muito competitiva no mundo dos negócios.

Deslocamento – mecanismo em que o indivíduo transfere sentimentos,


emoções e impulsos para um outro objecto substituto.
Ex.: um trabalhador grita com um colega depois de criticado pelo seu chefe.

Formação reactiva – mecanismo em que o indivíduo apresenta


comportamentos opostos às pulsões para manter as características
indesejáveis reprimidas; em vez de expressar um desejo, exprime o
contrário.
Ex.: manifestar comportamentos afectuosos relativamente a alguém que se
detesta.

O Conceito de aparelho psíquico – duas tópicas

A 1ª era Consciente, Subconsciente e Inconsciente e a segunda Id, Ego e


Super-Ego.

Id – rege-se pelo princípio do prazer; é amoral, impulsivo e instintivo. Uma


parte está na zona consciente outra inconsciente.
15

Ego (Eu) – equilibra as pulsões/impulsos do Id e as críticas do Super-Ego (os


mecanismos de defesa do Ego regulam os conflitos e tensões do Id); rege-se
pelo princípio da realidade.

Super-Ego – instância onde se sentem as Regras sociais; zona da Moral, da


Consciência e da Crítica. O Super-Ego é responsável pela estrutura ético-
moral da personalidade do indivíduo.

“A criança é o pai do homem” - Wordworth

Para Freud, o desenvolvimento humano e a constituição do aparelho


psíquico são explicados pela evolução da psicossexualidade.

A sexualidade está integrada no nosso desenvolvimento desde o


nascimento, evoluindo através de estádios com predomínio de uma zona
erógena, isto é, de uma região do corpo (epiderme ou mucosa) que, quando
estimulada dá prazer. Cada estádio é marcado pelo confronto entre as
pulsões sexuais (libido) e as forças que se lhe opõem.

A psicanálise foi a primeira corrente da psicologia a atribuir aos


primeiros anos de vida uma importância fulcral na estruturação da
personalidade. Um dos conceitos mais importantes da teoria psicanalítica é a
existência da sexualidade infantil. Esta sexualidade envolve todo o corpo, é
pré-genital e não apenas genital, e é nos primeiros anos de vida auto-erótica,
esto é, a criança satisfaz-se com o seu próprio corpo.

Estádios de desenvolvimento segundo Freud:


Freud define cinco estádios de desenvolvimento psicossexual:

- Estádio oral (0 – 12/18 meses) – o ser humano nasce com Id, esto é, com
um conjunto de pulsões inatas.
O Ego forma-se no primeiro ano de vida, de uma parte do Id que
começa a ter características próprias. Estas formam-se pela consciência das
percepções internas e externas que o bebé vai experienciando. São
particularmente importantes as percepções visuais, auditivas e quinestésicas
(toque, sensação mamal).
16

A zona erógena do bebé, nos primeiros meses, é constituída pelos


lábios e cavidade bucal. A alimentação é a grande fonte de satisfação. O
MAMAR (CHUPAR) O SEIO é para os freudianos representado como a primeira
actividade sexual.
O estádio oral é constituído por um período em que a criança é muito
passiva e dependente de outros. Na época do desmame é que a criança é
mais activa e pode mesmo morder o seio ou o biberão.

- Estádio anal (12/18 meses – 2/3 anos) – a maturação e o


desenvolvimento psicomotor vão permitir à criança reter ou expulsar as fezes
e a urina neste estádio.
A zona erógena é a região anal e a mucosa intestinal. A estimulação
desta parte do corpo dá prazer à criança. Todavia, as contracções musculares
podem provocar também dor, criando assim uma possível ambivalência entre
estas duas emoções. Este período etário corresponde a uma fase em que a
criança é mais autónoma, procurando afirmar-se e realizar as suas vontades.
A ambivalência está também presente na forma como a criança hesita
entre ceder ou opor-se às regras de higiene que a mãe exige. As relações
interpessoais – com a mãe e com as outras pessoas – vão estabelecer-se
neste contexto; daí a importância dada à forma como se educa a criança a
ser asseada.

- Estádio fálico (3-5/6 anos) – neste estádio a zona erógena é a região


genital.
As crianças estão interessadas em questões do género: “como nascem
os bebés?”, estão atentas às diferenças anatómicas entre os sexos, às
relações entre os pais e às relações entre homens e mulheres; têm
brincadeiras onde exploram estes interesses, como “brincar aos médicos aos
pais e às mães”. Daí alguns comportamentos exibicionistas e voyeuristas
(espreitas) poderem surgir nesta idade.
Freud deu particular importância a este estádio, por ser durante este
período que as crianças vão vivenciar o complexo de Édipo, e por ser no final
desta etapa que a estrutura da personalidade está formada com a existência
de um superego.

O complexo de Édipo é a atracção que o rapaz tem pela mãe, a quem


ele esteve sempre ligado desde que nasceu, e que, agora é diferentemente
sentida. Ele pode assim, falar do desejo de casar com a mãe, mas, ao
descobrir o tipo de relação que liga os seus progenitores, sente rivalidade
(por vezes com expressões de agressividade) com o pai, que considera um
intruso. O complexo de Édipo, na rapariga, ou complexo de Electra, é uma
triangulação relacional idêntica. Uma importante diferença é que a rapariga
esteve desde sempre muito ligada à mãe, e nesta idade, vai investir e seduzir
o pai. É mais difícil rivalizar com a mãe porque receia perder o seu amor. O
complexo edipiano da rapariga e do rapaz é atravessado por vivências tais
como: receios, angústias, o medo fantasiado de castração, agressividades e
culpabilidades. Alguns destes complexos passam-se de forma invertida, isto
é, a criança investe sensualmente no progenitor do mesmo sexo. O
17

complexo edipiano é ultrapassado pela renúncia aos desejos sexuais pelos


pais e por um processo de identificação com o progenitor do mesmo sexo.
Freud considera que a forma como se resolve complexo edipiano influenciará
a vida afectiva futura. A terceira instância do aparelho psíquico, o superego,
vai agora ser constituída. O superego é uma instancia com funções morais
que é constituída pelos pais introjectados. Estes não são os pais reais, mas
os imaginários, isto é, os idealizados na infância.

- Estádio de lactência (5/6 anos - puberdade) – após a vivência do


complexo de Édipo e de um superego já formado, a criança entra em fase de
lactência. Ele vai como que esquecer alguns acontecimentos e sensações
vividos nos primeiros anos de sexualidade através de um processo que se
designa por amnésia infantil.
Este estádio de lactência caracteriza-se por uma diminuição sexual que
pode ser total ou parcial.
A criança pode, nesta fase, de uma forma mais calma e com mais
disponibilidade interior, desenvolver competências e fazer aprendizagens
diversas: escolares sociais e culturais. Uma das grandes aprendizagens é a
compreensão dos papeis sexuais, isto é, o que é ser mulher e ser homem na
sociedade em que vive.
A vergonha, o pudor, o nojo, a repugnância são sentimentos que
contribuem para controlar e reter a libido. A existência de um superego vai
manifestar-se em preocupações morais.
O Ego tem mecanismos previlegiadamente inconscientes que permitem
estruturar-se com uma nova organização face às pulsões do id. A introjecção
(injecção, introdução), o recalcamento, a projecção e a sublimação
(elevação) são, entre outros, mecanismos do Ego.

- Estádio genital (depois da puberdade) – para a psicanálise, a adolescência


vai reactivar uma sexualidade que esteve como que adormecida durante o
período de lactência. Assim, retomam-se algumas problemáticas do estádio
fálico, como o complexo de Édipo.
A puberdade traz novas pulsões sexuais genitais. Também o mundo
relacional do adolescente é alargado a pessoas exteriores à família.
O adolescente vai reviver o complexo de Édipo, e a sua liquidação está
ligada aos pais idealizados, como eram sentidos na infância. O adolescente
poderá assim, fazer escolhas sexuais fora do mundo familiar bem como
adaptar-se a um conjunto de exigências socioculturais.
Alguns adolescentes, face às dificuldades deste período, regridem a
fases de desenvolvimento anteriores, recorrendo também a mecanismos de
defesa do Ego como o ascetismo (ex.: o monge) e a intelectualização.
Através do ascetismo, o adolescente nega o prazer, procura ter um controlo
das pulsões através de uma rigorosa disciplina e do isolamento. Pela
intelectualização, o jovem procura esconder os aspectos emocionais do
processo adolescente, interessa-se por actividades do pensamento,
colocando aí toda a sua energia.
18

Constituição do aparelho psíquico


- o aparelho psíquico Id (infra-ego, infra-eu) – é a parte obscura,
impenetrável da nossa personalidade, e o pouco que sabemos dela
aprendemo-lo estudando a elaboração do sonho e a formação do sintoma
mnemónico. O Id é uma instância constituída por pulsões inatas e por
conteúdos, como os desejos, que são posteriormente recalcados. As pulsões
procuram o prazer e uma satisfação imediata. O Id não é regido por
preocupações lógicas, temporais ou espaciais. É amoral. O Id impulsiona e
pressiona o Ego e a sua actividade é inconsciente.

- o aparelho psíquico Ego (eu) – é a instância que se constitui diferenciando-


se do Id, no primeiro ano de vida. A sua energia vem-lhe das pulsões do id.
Tem preocupações lógicas, de espaço e de tempo, assim como, de
coerência entre a força do Id e os constrangimentos da realidade. Tenta ser
moral. O Ego opõem-se a certos desejos do Id, a sua actividade é sobretudo
consciente.

- o aparelho psíquico Superego (super-eu) – é a terceira instância do


aparelho psíquico cujo aparecimento é o mais tardio. Instância formada a
partir de uma parte do Ego, após o complexo de Édipo. Constituído pela
interiorização das imagens idealizadas dos pais e das regras sociais. É a base
da consciência moral. É hipermoral. O superego age sobre o Ego, filtra os
conflitos Id/Ego, decide sobre o destino das pulsões e a sua actividade é
inconsciente e pré-consciente. O superego é o que nos diz o que é bem e o
que é mal, é o que nos controla.

RESUMINDO:
Estádios de desenvolvimento da teoria psicossexual de Freud:
- Estádio oral (0-12/18 meses): aparelho psíquico é o id. Ego. Zona
erógena: boca e lábios. O prazer está ligado ao chupar e mais tarde ao
morder: importância das relações mãe/bebé.
- Estádio anal (18 meses – 2/3 anos): o aparelho psíquico: Id e Ego;
zona erógena: ânus; função de expulsar e de reter; ambivalência de
sentimentos.
- Estádio fálico (3 – 5/6 anos): aparelho psíquico: Id, Ego e superego;
zona erógena: as zonas genitais; interesse pelas diferenças anatómicas
e sexuais entre os sexos: complexo de Édipo.
- Estádio de lactência (6 anos – puberdade): aparelho psíquico Id, Ego
e superego; amnésia da sexualidade infantil; energia da libido
canalizada para actividades sociais; mecanismos de defesa do Ego;
processo de identificação sexual.
- Estádio genital (a partir da puberdade): aparelhos psíquicos: Id, Ego
e superego; novas pulsões: prevalência de uma sexualidade genital;
reactivação do complexo de Édipo.
19

Eriksson – Teoria do Desenvolvimento Psicossocial


• Para Eriksson, o desenvolvimento faz-se por estádios durante todo o
ciclo de vida, do nascer ao morrer.
• Princípio Epigenético: tudo o que cresce tem um projecto, podendo
ser considerado como um todo em que o indivíduo vai preenchendo
este projecto ao longo da vida.
• e resolvendo as crises bipolares na passagem de um a outro estádio

Para Erik Eriksson, existe um plano potencial de desenvolvimento


(princípio epigenético) definido segundo uma sequência de 8 idades
do ciclo de vida, atravessadas por crises psicossociais:
1ª. Idade – IDADE DO BEBÉ – confiança versus desconfiança (0-18 meses)
– Nesta idade, a criança vai aprender o que é ter ou não ter confiança,
partindo da relação com a mãe. As virtudes básicas que resultam desta crise
são a esperança e o impulso. Esta fase corresponde à fase oral freudiana.

2ª. Idade – PRIMEIRA INFÂNCIA – autonomia versus dúvida


(insegurança) e vergonha (18 meses – 3 anos) – Este período é dominado
pela contradição entre a autonomia e o exercício de uma vontade própria, e o
20

seu versus negativo, constituído pela dúvida e pela vergonha de quem se


pode “expor” demasiado quando ainda se é tão dependente. A criança precisa
de poder experimentar e de se sentir protegida no processo de
autonomização. As virtudes básicas que resultam desta crise são a força de
vontade e o autocontrole. Esta fase corresponde fase oral freudiana.

3ª. Idade – IDADE DO JOGO – Iniciativa versus culpa (3 – 6 anos) –


Retoma-se a problemática da fase anterior de forma mais amadurecida. Esta
fase relaciona-se com a fase fálica da psicanálise, pois as crianças estão
interessadas pelas diferenças sexuais e têm um ego se relaciona com os
outros de forma mais intuitiva. A culpa é descrita como interiorizada,
internalizada. As virtudes básicas que resultam desta crise são o propósito e
a direcção.

4ª. Idade – IDADE ESCOLAR – Indústria (diligência) versus inferioridade (6


– 12 anos) – Eriksson utiliza a palavra indústria no sentido de produtividade,
de desenvolvimento, de competência. É uma fase de grande produtividade
que a diferencia da lactência descrita por Freud. O versus negativo é o
sentimento de inferioridade e de inadequação que lhe advém de não se sentir
segura nas suas capacidades ou de não se sentir reconhecida nem segura no
seu papel no grupo social a que pertence. As virtudes básicas que resultam
desta crise são a capacidade e o método.

5ª. Idade – IDADE DA ADOLESCÊNCIA – identidade versus difusão/


confusão (12 – 18 anos) – É a idade onde, na vertente positiva, o
adolescente vai adquirir uma identidade pessoal e psicossocial, isto é,
entende a sua singularidade, o seu papel no mundo. O adolescente vai
perceber-se numa perspectiva histórica. O versus negativo refere os aspectos
de confusão de querer ajuda e não se encontrar a si próprio, o adolescente
não sabe o que quer e tem dificuldade em fazer opções. As virtudes básicas
que resultam desta crise são a fidelidade e a devoção.

6ª. Idade - IDADE DOS PRIMEIROS ANOS DA VIDA ADULTA –


Intimidade versus isolamento (18/20 – 35 anos) – É a idade de jovem adulto
que, com uma identidade assumida, poderá criar relação de intimidade com
o(s) outro(s). Estar preparado para a intimidade significa, ter capacidades de
se confiar a filiações e associações concretas e de desenvolver a força ética
necessária para ser fiel a essas mesmas ligações, mesmo que elas imponham
sacrifícios e compromissos significativos. A vertente negativa é o isolamento
de quem não consegue partilhar afectos com intimidadas nas relações
privilegiadas. As virtudes básicas desta crise são o amor e a filiação.

7ª. Idade – A MEIA-IDADE – generatividade (criatividade) versus


estagnação (35 – 65 anos) – A generatividade (criatividade) é a fase de
afirmação pessoal e de desenvolvimento das potencialidades do ego,
nomeadamente no mundo do trabalho e de interesse pelos outros. A pessoa
sente-se madura para transmitir mensagens às gerações seguintes. Ter filhos
é frequentemente um desejo que se insere nesta relação com o mundo. A
21

vertente positiva é o sentimento de que se tem coisas interessantes a passar


às gerações vindouras. A vertente negativa é a contracção nos seus
interesses próprios e superficiais, a estagnação. As virtudes básicas que
resultam desta crise são o cuidado e a produção.

8ª. Idade – A Chamada TERCEIRA IDADE – Integridade versus desespero


(depois dos 65 anos) – Quando se considera positivo o que se viveu e se
compreende a nossa existência ao longo das várias idades, faz-se “a
integração cumulativa do ego”. Está preparado para defender a dignidade do
seu próprio estilo de vida, contra todas as ameaças físicas e económicas. O
desespero é a vertente negativa que advém quando se renega a vida, mas se
sabe que já não se pode recomeçar uma nova existência. As virtudes básicas
que resultam desta crise são a sabedoria e a renúncia.

RESUMINDO - As 8 idades/estádios segundo Eriksson:


1ª Idade - 6 – 18 meses – confiança vs. desconfiança – se se satisfazem as
necessidades, a criança consegue um sentimento de confiança básica.
2ª Idade - 18 meses – 3 anos – autonomia vs. vergonha e dúvida – a
criança esforça-se por adquirir independência e autoconfiança.
3ª Idade - 3 – 6 anos – iniciativa vs. culpa – aprende a desenvolver tarefas
e lida com o autocontrole.
4ª Idade - 6 – 12 anos – indústria (diligência) vs. culpa – a criança
aprende a sentir-se eficaz ou inapta.
5ª Idade - 12- 18/20 anos – identidade vs. confusão (difusão da
identidade) – o adolescente aperfeiçoa o sentido do eu, experimentando
erros, integrando-os depois para formar uma só identidade.
6ª Idade - 18 – 35 anos – intimidade vs. isolamento – o jovem adulto
procura estabelecer relações de intimidade com os outros e adquirir a
capacidade necessária para o amor íntimo.
7ª Idade - 35 – 65 anos – criatividade (generatividade) vs. estagnação – a
pessoa de meia idade procura o sentido da sua contribuição para o mundo
(através da família ou do trabalho).
8ª Idade - Dos 65 anos para a frente – integridade vs. desespero – quando
reflecte acerca da sua vida, o idos pode experimentar um sentimento de
satisfação ou de fracasso.
Conceitos Chave Importantes para a Psicologia do desenvolvimento
- a importância das experiências precoces no desenvolvimento da
personalidade
- o facto de Eriksson e Freud darem bastante importância à nossa
imaginação, à actividade (acção) e aos desejos – a nossa
representação mental do meio, como percepcionamos sobre o
mundo.
- o papel do inconsciente e do conflito/crise.
Piaget – Teoria do Desenvolvimento Cognitivo
ou Teoria Construtivista
22

Piaget e o desenvolvimento
Jean Piaget revolucionou a teoria do desenvolvimento intelectual.
Interessava-se pela epistemologia genética que pretende estudar como se
estrutura o conhecimento, a sua natureza e evolução - desenvolvimento
cognitivo usou como metodologia no estudo das crianças do método clínico
concêntrico.

Psicologia genética – o desenvolvimento intelectual está relacionado com a


génese. Piaget é um construtivista e interaccionista quando defende uma
posição que não é nem inatista (património genético e determinante), dando
ao sujeito um papel activo na construção do conhecimento e do
desenvolvimento.

O desenvolvimento cognitivo faz-se por mudanças de estruturas,


mecanismos de adaptação – assimilação e acomodação.

Assimilação – processo mental pelo qual se incorporam os dados das


experiências aos esquemas operatórios. É um movimento de interacção do
meio no organismo.

Esquema de acção – estruturas perceptivo-motoras que se podem


reproduzir e generalizar.

Esquemas conceptuais operatórios/ experiência lógico matemática –


estruturas conceptuais marcadas pela reversibilidade mental, isto consiste
em construir relações entre as suas acções sobre os objectos.

Acomodação – processo mental pelo qual os esquemas existentes vão


modificar-se em função das experiências do meio. Movimento do organismo
no sentido de se submeter às exigências exteriores, adaptando-se ao meio.

Equilibração / auto-regulação – processo de regulação entre a assimilação e


a acomodação. Estes movimentos são interactivos, pois o facto do sujeito
integrar os dados do meio e estes serem assimilados permite que os
esquemas evoluem e que sejam mais capazes de responder aos problemas. A
inteligência é perspectivada como uma adaptação do indivíduo e das suas
estruturas cognitivas ao meio.
Para Piaget todos os indivíduos da espécie humana são herdeiros de duas
invariáveis ou tendências básicas:
1. Organização – esta função caracteriza-se pelo facto de que estamos
sempre a ordenar e combinar as nossas condutas e pensamentos em
sistemas coerentes.
2. Adaptação ao meio – esta tendência permite a conservação do nosso
organismo através dos mecanismos de assimilação e acomodação.
Estas funções influenciam os nosso esquemas (estruturas) mentais nos
diversos estádios desenvolvimentais.
23

Assimilação Acomodação
Ajustar as experiências Alterar o nosso
ao nossos estádio de presente estádio de
desenvolvimento processamento
cognitivo cognitivo de modo a
incorporar novas
experiências.
Equilibração
Balanceamento entre
as “antigas” e as
“novas” percepções e
experiências.
Assimilação Acomodação
continuidade Novas percepções
com percepções Reformulação de
passadas conhecimentos
Estabilidade passados.
Mudança e
desenvolvimento.

Factores do desenvolvimento piagetianos


Factores da evolução ontogenética
Segundo Piaget existem 4 factores que influenciam o desenvolvimento
cognitivo.
1. maturação interna
2. experiência física (acção sobre os objectos)
3. transmissão social
4. equilibração

1. A Hereditariedade - a Maturação interna dos sistemas nervosos e


endócrinos e o crescimento orgânico têm um papel importante no processo
de desenvolvimento. A maturação depende de factores genéticos, a
estimulação do meio pode acelerar ou retardar o processo de maturação.
Maturação são as mudanças programadas a nível genético que de modo
natural se apresentam ao longo do tempo, os efeitos desta consistem em
abrir novas possibilidades de desenvolvimento, são uma condição necessária.
Mas não suficiente para a aparição de certas condutas. Relaciona-se com o
desenvolvimento físico - Piaget considera que a actuação deste factor está
intimamente relacionada com a experiência e a aprendizagem. Embora a
maturação dependa fundamentalmente de aspectos hereditários o meio pode
retardar ou acelerar o processo.

2. A experiência física, a acção exercida sobre os objectos desenvolve a


motricidade da criança proporcionando o seu desenvolvimento intelectual. A
experiência física não pode ser encarada como um efeito do mundo físico
sobre um sujeito passivo. É agindo sobre os objectos que o sujeito os
conhece.
24

3. A transmissão social explica o desenvolvimento. Integrada numa


sociedade, a criança interage com o meio físico e social. A transmissão social,
da educação só tem efeito se houver uma assimilação activa do sujeito. A
transmissão social refere-se à influência do ambiente social, isto é à
aprendizagem que é feita por nós em relação (interacção) como os outros.
(O.P.E. – other people experiences) – é na interacção social que o sujeito
aprende, adquire conhecimentos, informações. Este processo não é
mecânico: pressupõe a assimilação dessas informações por parte do sujeito.

4. A equilibração é um mecanismo auto-regulador através da qual uma


nova aquisição se deve equilibrar com as anteriormente adquiridas. É pela
equilibração que o sujeito se adapta ao meio, a sua inteligência progride
num sentido de um pensamento cada vez mais complexo. Este factor é o que
organiza e coordena os factores anteriores. Este quarto factor corresponde ao
equilíbrio entre a hereditariedade, a experiência física e a transmissão social.
Corresponde também ao equilíbrio entre a assimilação e acomodação, entre
as novas aquisições e as anteriores.

Estádios de desenvolvimento piagetianos


Os quatro estádios de desenvolvimento são estruturas de conjunto que
têm a sua unidade funcional, que vai permitir caracterizá-los. Segundo Piaget
cada estádio tem o seu equilíbrio próprio que permite que o sujeito se adapte
às situações. A passagem de um estádio para o seguinte é um processo de
equilíbrio no sentido de auto-regulação. Todo o equilíbrio induz um novo
desequilíbrio: é precisamente este movimento de equilíbrio – desequilíbrio
que permite o desenvolvimento individual, a adaptação.

Os estádios caracterizam-se por:


Uma estrutura com características próprias.
Uma ordem de sucessão constante (embora possam existir diferenças
cronológicas).
Uma evolução integrativa, as novas aquisições são integradas na estrutura
anterior, organizando-se agora uma nova estrutura hierarquicamente
superior.

Os 4 estádios de Piaget:
1. Estádio sensório-motor (dos 0 aos 18/24 meses)
2. Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos)
3. Estádio operações concretas ( dos 7 aos 11/12 anos)
4. Estádio das operações formais (dos 11/12 aos 15/16 anos)

1º - Estádio sensório-motor (dos 0 aos 18/24 meses) - O estádio sensório-


motor caracteriza-se por uma inteligência prática que se adapta à evolução
de problemas e que põe em jogo as percepções e o movimento. É uma
inteligência baseada na acção. Anterior à linguagem e ao pensamento. A
criança nasce com os reflexos e actividades espontâneas e vai evoluindo
devido ao confronto com as experiências com o mundo envolvente. Desde
que nasce, o bebé exercita os seus reflexos inatos, vai assimilando e
acomodando a partir dos reflexos. O mundo é percepcionado como se a
25

realidade fosse constituída por diapositivos separados – o espaço é o


percepcionado e o tempo é a duração da acção. Para o bebé não existe
diferenciação entre ele e o meio envolvente. Por meio de tentativas e erros,
são seleccionados os comportamentos que dão os resultados desejados.
Cerca dos 6 meses já identifica objectos e percebe a constância de varias
formas; reconhece pessoas familiares e estranha pessoas que lhe são
estranhas. Depois dos 10 meses a realidade passa a ser estável com a
aquisição da permanência do objecto, o bebé passa a compreender que as
coisas existem mesmo que não olhe para elas, e o mundo deixa de ser tão
caótico. A construção do objecto permanece, inicia-se por volta dos 9 meses.
É um marco importante no desenvolvimento da inteligência. Até aos 12
meses vai ter actos intencionais com coordenação de meios e fins para ter o
que deseja. Após o primeiro ano de idade, o interesse pelo mundo que o
rodeia aumenta significativamente. O bebé faz tentativas na descoberta de
novos meios, experimentando. A partir dos 18 meses a criança consegue
uma invenção rápida de novos meios para resolver problemas, por
combinação mental. Começa entender que ha um espaço geral, onde ele e
vários objectos se incluem. Começa a haver mudanças qualitativas na
inteligência da criança. Entre os 18 meses e os dois anos faz-se a transição
de uma inteligência da criança sensório-motora para uma inteligência
representativa e simbólica. Acontecimentos que presenciou podem ser
imitados posteriormente – imitação diferida. A criança começa a ter
imagens mentais das coisas ou pessoas, o que vai permitir passar para um
novo estádio do desenvolvimento, onde existe uma função simbólica. Faz a
passagem de uma inteligência de acção pratica para um nível de
representação. Para Piaget ha uma inteligência prática antes da linguagem,
mas não ha pensamento.

2º - Estádio pré-operatório (dos 2 aos 7 anos) - No estádio pré-operatório, a


existência de representações simbólicas vai permitir à criança poder usar
uma inteligência diferente. O pensamento corresponde a uma acção
interiorizada, assente na capacidade de simbolização. Ao falar, ao brincar ao
faz de conta, ao desenhar, acontece a função simbólica, ao representar
objectos ou acções por meio de símbolos. A criança é egocêntrica. O
egocentrismo define-se pelo entendimento pessoal que o mundo foi criado
para si e pela incapacidade pela incapacidade de compreender as relações
entre as coisas. O egocentrismo durante este estádio vai sofrendo uma
parcial descentração à medida que nos aproximamos do estádio seguinte. O
seu pensamento não se descentra, a realidade é percepcionada e imaginada
a partir do seu ponto de vista. Entre os dois e os sete anos, distinguem-se
dois sub-estádios: o pensamento pré-conceptual ou de exercícios da função
simbólica (cerca dos 2 aos 4 anos) do pensamento intuitivo (dos 4 aos 7
anos).

No primeiro sub-estádio domina um pensamento mágico, onde os


desejos se tornam realidade, sem preocupações lógicas, uma imaginação
prodigiosa que permite tudo explicar. Outros aspectos também presentes:
26

- O animismo – atribuição a objectos inanimados de emoção e


pensamentos. O animismo também vai decrescendo: crianças
mais velhas podem atribuir vida já não a todos os objectos mas
àquilo que mexe, como a chuva, o vento.
- O realismo – sem preocupações de objectividade, a realidade é
constituída pela criança. No realismo dá corpo às coisas,
materializa as suas fantasias.
- O finalismo – as acções interessam pelos resultados práticos. As
crianças estão sempre a questionar os adultos, embora se diga
que estão na realidade dos porquês, as crianças procuram saber
“para quê”.
- O artificialismo – explicação dos fenómenos naturais como se
fossem produzidos pelos seres humanos para lhes servir como
todos os outros objectos.
Os raciocínios são associações na base da fantasia onde se passa de
uma situação particular para outra. A criança tem dificuldade em apreender
conceitos gerais, como os de espaço, tempo e velocidade. O pensamento
intuitivo que surge a partir dos 4 anos, já com uma descentração cognitiva,
vai permitir solucionar alguns problemas e possibilitar muitas aprendizagens.
Este pensamento é irreversível, a criança está sujeita às configurações
perceptivas sem compreender a diferença entre as transformações reais e as
aparentes. A criança não adquiriu a noção de conservação da substância, não
é capaz de ter reversibilidade.

3º - Estádio operações concretas (dos 7 aos 11/12 anos) - Neste estádio, a


criança tem um pensamento lógico com a capacidade de fazer operações
mentais. Isto é, a criança organiza o pensamento em estruturas de conjunto
e os seus raciocínios lógicos são também reversíveis. É pela reversibilidade
que a criança consegue compreender que, se 2+2 são 4, também 4-2 são 2.
ela compreende se se pode somar, também se pode subtrair, e que as duas
operações estão relacionadas. As experiências de conservação da matéria
solida e líquida são muito exemplificativas dos tipos de raciocínios inerentes.
Em conclusão, quando a criança tem a noção de conservação da matéria
solida, normalmente adquirida mais cedo (cerca dos 7 anos), ou da matéria
líquida (cerca 8 anos), ele é capaz de ter um raciocínio lógico, reversível e de
ter invariantes do pensamento. A conservação é a possibilidade de entender
a permanência e a constância, apesar das transformações da forma. Existem
outras conservações que advém posteriormente, como a do peso (cerca dos
9 anos) e mais tarde a do volume (cerca dos 11 anos). Graças aos esquemas
mentais operatórios, a criança consegue agora compreender a relação parte-
todo, a noção de tempo e de espaço globais, de velocidade, fazer operações
de classificação e de seriação, obter a conservação do número. O
pensamento descentrado vai permitir que ela entenda que, quando um
marroquino vem a Portugal, ele é um estrangeiro e que quando um
português vai a Marrocos, também o é. Assim como vai permitir perceber que
o seu pai também é filho, ou ainda, explorar um mapa geográfico. A criança
pode compreender e explicar as situações problemáticas graças à
reversibilidade e às suas preocupações lógicas de reflexão sobre o real.
27

4º - estádio formal ou das operações formais (11/12 anos aos 15/16 anos) -
Este estádio caracteriza-se por um pensamento abstracto e pelo exercício de
raciocínios hipotético-dedutivos. Assim, o adolescente desprende-se do real,
sem precisar de se apoiar em factos, pode pensar abstractamente e deduzir
mentalmente sobre várias hipóteses que se colocam: é capaz de resolver
problemas através de enunciados verbais. O adolescente exercita ideias no
campo do possível e pensa sobre o pensamento. A inteligência formal, marca
o próprio levantar voo do pensamento, e não é de espantar que este use e
abuse, por começar, do poder imprevisto que assim lhe é conferido.

A adolescência caracteriza-se por aspectos de egocentrismo (são o


centro do mundo) cognitivo. Esta última forma de egocentrismo manifesta-se
pela crença na omnipotência da reflexão, como se o mundo tivesse de se
submeter aos sistemas, e não os sistemas à realidade. É a realidade
metafísica por excelência: o eu é bastante forte para reconstruir o universo, e
bastante grande para o incorporar em si.

Resumindo - Estádios de desenvolvimento de Piaget:


1. Sensório-motor (0 - 18/24 meses): dos reflexos inatos à construção da
imagem mental, anterior à linguagem; coordenação de meios e fins;
permanência do objecto (8-12 meses); invenção de novos meios,
imagem mental e formação de símbolos (18-24 meses).

2. Pré-operatório (2 - 7 anos): inteligência representativa; egocentrismo


intelectual – centração; pensamento mágico – animismo, realismo e
finalismo (idade dos porquês); função simbólica (2-4 anos): linguagem,
jogo simbólico, desenho; pensamento intuitivo (4-7 ANOS) –
pensamento irreversível.

3. Operações concretas (7 - 11 ANOS): reversibilidade mental.


Pensamento lógico, acção sobre o real; operações mentais: contar,
medir, classificar, seriar; conservação da matéria solida, líquida, peso e
volume (invariâncias); tempo e velocidade.

4. Operações formais (11/12 anos – 15/16 anos): pensamento abstracto;


operar sobre operações, acção sobre o possível; raciocínios hipotético-
dedutivos; definição de conceitos e valores.

Aspectos importantes da teoria piagetiana:


Piaget fala-nos na dimensão biológica do desenvolvimento - MATURAÇÃO.
28

1. O sujeito é um SUJEITO ACTIVO no seu conhecimento – todos


construímos o nosso conhecimento. A aprendizagem é construída pelo
indivíduo – revela-se um CONSTRUTIVISTA.
2. Dá importância à INTERACÇÃO do sujeito com o meio para o seu
desenvolvimento intelectual/cognitivo, a teoria de Piaget é uma teoria
INTERACCIONISTA.

Questões de trabalho sobre Piaget

1. "No caso dos seres humanos, o dispositivo de adaptação por excelência,


aquele que procura o conhecimento dos objectos, é a inteligência.
Concebida deste modo, a inteligência não é um presente que a evolução deu
ao homem - nem muito menos um dom concedido por qualquer entidade que
se encontre à margem dessa mesma evolução. Ela é uma das formas que a
vida improvisou no seu afã adaptativo à matéria. A inteligência é um
prolongamento das estruturas reflexas mais simples, uma afirmação da
continuidade biológica, uma das mais assombrosas invenções da vida. (...)
Então, o que acontece no decurso do desenvolvimento é uma construção
contínua de estruturas como produto da relação dialéctica estabelecida entre
vida e matéria. Conceitos-chave, para Piaget, são os da construção e o de
interacção. Sujeito e objecto constróem-se no decurso de uma interacção
(...)."
Comente o texto, analisando, na teoria de Piaget: o seu carácter
interaccionista e construtivista;
– Conforme afirmação do texto "os conceitos-chave, para Piaget, são o de
construção e o e interacção". Efectivamente, na sua teoria sobre o
desenvolvimento cognitivo, Piaget afirma que o conhecimento e o
desenvolvimento se processam na interacção do sujeito com o meio físico e
social. Ultrapassa as concepções que defendiam que o pensamento dependia
fundamentalmente das estruturas inatas do sujeito e as que defendiam que o
desenvolvimento resultava da influência exclusiva do meio sobre o sujeito.
Piaget supera estas duas posições dicotómicas que de comum têm o facto de
o sujeito ter um papel passivo. Considera que o indivíduo tem um papel
activo na construção do conhecimento e do desenvolvimento: o
desenvolvimento é construído pelo sujeito. As estruturas cognitivas resultam
das interacções que se estabelecem entre o meio físico e social. Daí a teoria
de Piaget ser considerada interaccionista e construtivista.

2. “Cada ser humano dispõe cerebralmente de todas as


potencialidades inteligentes. Mas, em consequência de
determinações hereditárias, culturais, históricas e de
acontecimentos/acidentes pessoais, dispõe delas insuficientemente e
exprime-as desigualmente. A inteligência precisa de certas condições
para se afirmar e desenvolver precisa de ser alimentada com
acontecimentos e fortalecida corri provas (...). A cultura, que
favorece a despertar da inteligência, é também o que a inibe,
impondo os seus sentidos únicos e os seus sentidos proibidos.”
29

Edgar Morin, O Método 111


- Caracterize um dos estádios de desenvolvimento intelectual na
perspectiva de Piaget. - Mostre a importância da infância no processo
de desenvolvimento.
– A infância tem muita importância no desenvolvimento porque ela é
determinante, sobretudo no primeiro ano de vida, para todo o
comportamento futuro. Assim vemos em Freud o papel insubstituível que a
mãe assume nesta idade com a amamentação, depois, todos os processos
psicossexuais que têm que ser bem resolvidos. Em Piaget temos todos os
estádios que a criança preencherá e ultrapassará. Estádios que significarão
um aperfeiçoamento da relação e do contacto com o mundo, pois é nesta
fase que se dão as primeira aprendizagens. A infância constituirá o alicerce
sólido sobre o qual todo o edifício será construí do. Não podemos esquecer
ainda a perspectiva erikssiana e a vinculação mãe-bebé. Este vinculação é
feita na base do contacto físico e afectivo: o carinho e o conforto postos
nesta relação, o sorriso e a segurança da mãe são fundamentais para
confiança futura da criança em relação a si e aos outros.

Winnicot – análise transaccional

Pediatra – analista transaccional

• Desenvolvimento infantil

- objectos/fenómenos explicativos introduzem novos conceitos


sobre:
- o uso do objecto - não é importante o objecto que se usa mas
sim o uso que dele se faz.
- o processo pelo qual a criança adquire consciência de si
enquanto indivíduo.
- o “colo”, cuidados maternais – contacto, embalar, é fundamental
ao seu desenvolvimento, é a expressão do amor da mãe.
- adequação dos cuidados dão as características de fiabilidade
(confiança) e de continuidade.
- díade mãe/bebé (0 – 1 ano) ⇔ satisfação das necessidades do
bebé.
- delimitação gradual da realidade à ilusão à medida que é
ultrapassada a angústia devida à frustração causada pelo
afastamento da mãe.
- O bebé evolui do subjectivo puro até ao objectivo.
- A partir de um ano de idade, a criança começa a perceber-se da
existência do pai.

- críticas:
- “colo” excessivo.
- o pai “entra” na vida da criança somente quando esta tem um
ano de idade.
30

- O contacto com o exterior e/ou com as outras pessoas facilita o


desenvolvimento social.

A díade mãe-bebé

Nos últimos anos, a Psicologia desenvolveu estudos profundos sobre os bebés


e sobre os primórdios da comunicação humana. Um dos aspectos mais
estudados tem sido a relação da díade mãe/filho.

As características desta relação, no primeiro ano de vida, vai ter grande


importância no desenvolvimento futuro da criança: personalidade, auto-
estima, confiança em si próprio, relacionamento interpessoal. A relação
mãe/filho influencia as futuras relações interpessoais. Está provado que o
bebé distingue a voz da mãe da das outras pessoas, reconhece o seu calor e
que, ao fim do primeiro mês de vida, reage ao seu próprio nome, quando
pronunciado por ela.

O bebé procura estímulos desde o nascimento, e até se esforça por consegui-


los. A procura de estímulos atingiu agora o estatuto de instinto, ou tendência
motivacional, não mito diferente da fome, uma analogia que não é muito
exagerada. Tal como os alimentos são necessários para o corpo crescer, o
estímulo é necessário para fornecer ao cérebro “as matérias-primas”
essenciais para a maturação dos processos motores, preceptivos, cognitivos e
sensoriais. O bebé está equipado com as tendências para procurar e receber
este “alimento cerebral essencial”.

Para Spitz, o sorriso – entre as 6 e as 12 semanas – é a primeira


manifestação comportamental activa e intencional da criança, desenvolvido
na comunicação mãe/filho. O sorriso é um comportamento que une o
psicológico o emocional. Este primeiro sorriso é indiferenciado, a criança
quando sorri, não sorri para a mãe, sorri para a humanidade, pois reage a
uma Gestalt, isto é, a uma configuração do rosto com os olhos, nariz e boca.
Aos 6 meses o bebé já dirige o sorriso a pessoas preferenciais.

Spitz, estudou os efeitos patológicos da carência afectiva materna nos casos


de separação prolongada. As repercussões acarretam perturbações físicas,
afectivas e mentais durante esse período e na vida futura .

A importância da relação mãe-bebé


no processo desenvolvimental

– A família tem um papel decisivo no processo de socialização, isto é, no


processo de integração do indivíduo na sociedade. É neste grupo que a
criança aprende os comportamentos, valores, normas e atitudes vigentes
numa dada sociedade. A família tem, portanto, um papel fundamental como
agente de socialização, ao dotar a criança de todo um conjunto de
31

conhecimentos e comportamentos que lhe permitirão dar respostas


adequadas às situações sociais. Por isso o texto refere que "a família é um
cenário de construção de pessoas... A relação mãe-bebé tem um papel muito
importante no processo de socialização. É esta relação que vai permitir que a
criança adapte o seu comportamento ao meio envolvente e aos outros: "esta
relação tem uma função adaptativa, quer favorecendo a sobrevivência da
espécie, quer proporcionando segurança emocional" .
O processo de socialização começa logo que o bebé nasce, e os psicólogos
têm estudado a importância dos primeiros dias de vida e a influência positiva
ou negativa que a relação mãe-bebé pode vir a ter no desenvolvimento da
personalidade. É através da interacção com a mãe que a criança aprende a
atribuir significados aos comportamentos dos outros e às situações, as
características desta relação precoce entre a mãe e o bebé vão ter uma
grande influência no desenvolvimento futuro da criança e concluíram que
esta relação é indispensável para uma boa adaptação ao meio e para as suas
primeiras aprendizagens, vindo a influenciar definitivamente a sua auto-
estima e autoconfiança, o que por sua vez lhe proporcionará uma adaptação
mais fácil às diferentes situações ao longo da vida e um melhor
relacionamento com os outros. Freud e Eriksson consideraram muito
importante esta relação no processo de desenvolvimento humano.

O contributo dos trabalhos de Harlow para a compreensão da relação


mãe-bebé.
Os trabalhos que Harlow realizou com macacos bebés, criados por mães
artificiais, permitiram recolher dados objectivos sobre a relação mãe-bebé.
Embora fosse a mãe de arame que fornecia o alimento, os macacos
refugiavam-se junto da mãe felpuda durante muito mais tempo, buscando
nela o aconchego e o conforto do contacto físico. Esta observação deitou por
terra as ideias freudianas da função de prazer sentido pelo bebé ao sugar o
leite materno (estádio oral). O bebé precisa de desenvolver laços fortes de
afectividade com a mãe ou com quem a substitua, para se sentir seguro e o
seu desenvolvimento psicológico e fisiológico decorrer sem problemas.

Teorias Behavioristas / Comportamentalistas

Skinner – teoria do Condicionamento Operante


- estudou sobretudo o processo de aprendizagem. O erro de Skinner foi não
dar importância ao desenvolvimento cognitivo.

- Skinner utiliza três conceitos.


1. Reforço Positivo
2. Reforço Negativo
3. Punição
32

- a partir daqui o comportamento está determinado nos sujeitos

PROCESSOS DE APRENDIZAGEM COMPORTAMENTAL


1. Durante a aprendizagem comportamental ocorrem mudanças mais ou
menos permanentes no comportamento que podem ser atribuídas à
experiência.

2. Um respondente é condicionado pela repetida associação de estímulos


neutros e incondicionados durante o treinamento de aquisição. Durante
o contracondicionamento, os respondentes condicionados são
substituídos por respondentes novos e incompatíveis.

3. Um operante é condicionado quando as consequências o fortalecem ou


enfraquecem. Estímulos antecedentes podem assumir o controle sobre
os operantes. O reforço positivo e o negativo fortalecem os operantes.
enquanto a punição positiva e a negativa e a extinção enfraquecem os
operantes. A modelagem estabelece novos operantes.

4. Respondentes e operantes condicionados demonstram extinção.


recuperação espontânea. generalização de estímulo e discriminação de
estímulo.

5. Reforçadores e estímulos punitivos intrínsecos e extrínsecos variam de


indivíduo para indivíduo. Reforçadores e estímulos são liberados em
esquemas parciais ou contínuos. Estímulos punitivos potenciais podem
ter consequências danosas.

6. O comportamento complexo pode resultar de (a) condicionamento


combinado de operantes e respondentes, (b) encadeamento, (c)
estabelecimento de controle de estímulo, (d) inferências falsas de
causa e efeito e desenvolvimento de superstições e (e)
condicionamento autónomo e biofeedback.

7. Algumas questões controversas que estão ligadas ao condicionamento:


Os condicionamentos operante e respondente são dois aspectos de um
único processo? O que exactamente é aprendido durante o
condicionamento? E como? Até que ponto características específicas da
espécie devem ser consideradas durante o condicionamento?

8. A aprendizagem por observação ocorre enquanto as pessoas observam-


se. Envolve actividade cognitiva (avaliação e memória). retardamento
de tempo e condicionamento operante. As pessoas são especialmente
propensas a imitar modelos bem-sucedidos e poderosos com os quais
se identificam – particularmente se a resposta é compatível com seu
estilo de vida. O despertar emocional moderado torna mais provável a
aprendizagem.
33

9. Procedimentos de modificação de comportamento baseiam-se nos


condicionamentos respondente e operante. bem como na aprendizagem
por observação

Bandura – teoria da Aprendizagem Social

- a aprendizagem não é explicada pelo C.O., mas sim pelas interacções do


sujeito com o ambiente social.

O sujeito aprende nas seguintes condições:


- estar atento
- reter na memória um comportamento
- reproduzir
- receber reforço/incentivo para voltar a reproduzir os
comportamentos.

A Teoria da aprendizagem social


Bandura desenvolve uma teoria explicativa e justificativa de construção
da personalidade assente na aprendizagem social. Sublinha todo o processo
de enculturação e socialização que decorre desde a infância.

Contrariamente a outros teóricos como o behaviorismo que sublinhava


também a influência do meio, Bandura entende que neste processo de
socialização, a pessoa não é passivamente moldada do exterior. Com efeito,
não é a sociedade e o superego que impõe restrições ao indivíduo, assim
como não é recorrendo a castigos e reforços positivos que o indivíduo se
desenvolve de forma equilibrada.

Bandura entende que a socialização faz-se por modelagem (modelos)


em que o indivíduo (jovem) é activo, toma parte activa observando as outras
pessoas que ele escolheu como modelo e por isso mesmo deseja imitar. A
modelagem é, pois um processo complexo de aprendizagem social onde o
indivíduo observa a realidade comportamental que o envolve, toma a
iniciativa e vai imitar os modelos escolhidos.
- A aprendizagem e consequente desenvolvimento do indivíduo exige:
que o indivíduo preste atenção ao comportamento dos modelos e ás
circunstâncias em que esse comportamento ocorre;
- A memorização ou registo desse comportamento;
- Ser capaz de reproduzir o comportamento observado no modelo;
- Ser capaz de na altura própria discriminar, escolher um momento
próprio e o
enquadramento situacional em que deve ocorrer a imitação.
O esforço é muito importante no desenvolvimento da nossa
personalidade. O reforço positivo estimula a pessoa, é portanto um factor de
repetição, reprodução de condutas; o reforço negativo (o castigo) é
igualmente importante, Bandura fala no reforço e castigos vicariante, o
reforço e castigo vicariante faz incrementar ou inibir uma conduta pela
34

observação da recompensa ou do castigo, punição dadas ao modelo. Assim


aprendemos muito com o que acontece com os outros, sobretudo se esses
outros são modelos ou casos significativos.
Outro factor muito importante no desenvolvimento da personalidade é
o auto-reforço ou seja, é aquilo que a pessoa sente de satisfação quando se
apercebe de que actuou correctamente. Segundo Bandura a educação deve
fomentar no aprendiz a capacidade de se auto-reforçar, dado que ajuda a
pessoa a manter elevados padrões de desempenho. Aqui O aprendiz
prescinde de estímulos ou reforços estranhos e pode mesmo ultrapassar
incompreensões dos outros.
Conclusão: - para Bandura o desenvolvimento da personalidade
resulta da interacção, conjugação de factores pessoais internos onde
se incluem os genes, e factores ambientais ou externos, o nosso
próprio comportamento ou experiência que desenvolvemos
diariamente.
~
Teorias Humanistas da Personalidade

Teoria Fenomenológica de C. Rogers

Carl Rogers é um humanista e elaborou a teoria centrada no cliente. O


indivíduo que lhe é apresentado é um ser com uma definição neurofisiológica,
uma realidade concreta. Um organismo que não padece de qualquer doença
(diferente de paciente), apenas tem que se libertar da resistência em aceitar
as suas próprias experiências e os sus sentimentos.
Rogers considera que os problemas desaparecem quando o eu assume
conscientemente os seus sentimentos e experiências, isto é, quando a pessoa
se encontra a si própria e chega a uma clarificação interior, este processo
pode ser ajudado pelo terapeuta que com ele estabelece uma relação de
auxílio (pedagogia não directiva), é importante que o cliente encontre no
terapeuta uma pessoa digna de confiança, interessada, cordial e atenciosa, e
suficientemente sensível para não ajuizar nem condenar, não fazendo
interpretações divergentes e não dizendo ao cliente o que deve fazer ou
como deve actuar.
No percurso existencial há conflitos e a maneira como resolvemos esses
conflitos (racionalização, sublimação e simbolização ), como os encaramos e
ultrapassamos, traduz-se num amadurecimento positivo tomando a pessoa
expansiva, socializada e descomplexada.
O organismo é assim a sede da experiência. Existe a experiência e o
campo fenomenal. Experiência é aquilo que acontece aqui e agora (num dado
momento) de que temos conhecimento, consciência, vivido pelo organismo.
O campo fenomenal é o conjunto das experiências vividas ao longo
do nosso percurso e que de alguma forma marcaram a nossa personalidade.
São as conscientes e inconscientes, aquelas de que tenho uma lembrança ou
representação. O campo fenomenal é uma referência que juntamente com as
influências do exterior promovem o meu comportamento.
35

Do campo fenomenal destaca-se o Self (o eu próprio) que é a forma


como o indivíduo se vê a si próprio e como se relaciona com os outros. O
Self tem qualidades e defeitos.
Há ainda o Self ideal que entra em competição com o Self normal:
aquilo que a pessoa gostaria de ser que impulsiona confronta-se com aquilo
que a pessoa reconhece ser. Daqui resulta a autenticidade e a aceitação de
si, havendo congruência e incongruência. Há congruência quando o Self
reflecte a experiência do organismo ou seja, quando eu sou e manifesto
aquilo que sinto.
Esta sintonia significa autenticidade, é benéfica para a pessoa e permite
um bom
relacionamento com os outros. A incongruência consiste no desajuste entre o
self e o organismo. Este desacordo origina confusão, vulnerabilidade, quando
crises de tensão e angústia.

Teoria da Auto-realização de Maslow


Os estudos de Abraham Maslow partiram de pessoas saudáveis,
criativas e auto-realizadas.
Maslow considera que as necessidades se organizam hierarquicamente,
desde as necessidades básicas até ás necessidades de auto-realização.
A motivação é o motor da vida das pessoas, sendo a personalidade
marcada pelos diferentes itinerários percorridos pelo indivíduo à medida que
as necessidades são satisfeitas.
Maslow vai dar particular atenção à necessidade de realização dos
talentos e potencialidades individuais.
A satisfação das necessidades depende do meio e das condições de vida
que moldam a personalidade do indivíduo. Se um meio é propício e
estimulante, desenvolve-se a personalidade própria das pessoas auto-
realizadas que, segundo Maslow apresentam as seguintes características:
- orientam-se realisticamente;
- aceitam-se a si próprias, aceitam os outros e o mundo
natural em que vivem;
- têm grande dose de espontaneidade;
- centram-se mais nos problemas do que em si próprios;
- valorizam a solidão;
- são autónomos e independentes,
- a apreciação que fazem das pessoas e das coisas não é
estereotipada;
- identificam-se com a humanidade;
- as relações íntimas com as pessoas amadas tendem a ser
profundas e com grande carga emotiva;
- os seus valores e atitudes são democráticos,
- não confundem meios com fins;
- têm grande criatividade;
- resistem ao conformismo;
- não copiam o que os circunda (resistem à enculturação).
36

Estas são algumas das teorias mais importantes explicativas da


personalidade, cada uma dá ênfase a certos aspectos particulares, tentando
compreender os mecanismos da personalidade humana.
Dentro das teorias psicanalíticas teremos além de Freud, as teorias de
Carl Jung e Adler ; Michel, Walters, Dollard e Miller, tal como Bandura dão
particular relevo à
aprendizagem social.
Nas teorias humanistas Rogers e Maslow são os psicólogos que
se sobressaem.
Contribuições de outras perspectivas para a Psicologia do Desenvolvimento

- Teorias Etológica
- Teorias Ecológicas
- Perspectiva Sócio-Cultural

As Teorias Etológicas

Lorenz (1952)
Tinberger

Pontos importantes do comportamento animal a partir de 3 perspectivas:


- Antecedentes filogenéticos (AF)
- Qual é o valor destes antecedentes para a sobrevivência
animal?
- Qual a importância destes antecedentes para a sua
adaptação ao nicho ecológico?

- Um dos conceitos importantes trazido por esta perspectiva teórica à


psicologia de desenvolvimento foi de Imprinting (impregnação):

Imprinting (impregnação): K. Lorenz fez estudos aves – patos, gansos,


cisnes, pintos. Com gansos constatou que estes quando nascem ficam
prontos a seguir e procurar o contacto e a proximidade da sua mãe,
proporcionando mais proximidade e sobrevivência. Estes padrões vêm neles
impressos ao nascer. Durante uma margem de tempo (Período Crítico), se a
estimulação necessária não se der, põe-se em perigo o seu desenvolvimento.

As principais contribuições para o ser humano dados pela Etologia para


a Psicologia do desenvolvimento são o Imprinting e a Noção de Período
Crítico:
- À nascença não somos uma “tábua rasa”, pois já nascemos com padrões de
conduta que devem ser actualizados, onde ocorre o período crítico.
- Existem uma série de reflexos inatos (que nascem connosco),
desaparecendo alguns, por serem demasiado arcaicos. É exemplo disso o
reflexo de sucção..., o reflexo de moro (esticar e encolher quando tocamos a
sola do bebé...
37

Taxias e Padrões fixos de conduta – são tendências de conduta que são


activadas logo que nascemos e não são estimulados com o meio, embora
permitam a adaptação ao nicho ecológico.

J. Bowlby elaborou a teoria da Vinculação/Attachment (1969):


- mostrou que a partir de certas condutas que os bebés têm, do choro, do
riso e da necessidade de contacto físico com seres humanos. A partir destas
condutas que levam a que os adultos tenham vontade de estar com eles e de
lhes dar atenção que se estabelecem assim relações de interacção
bebé/adulto e adulto/bebé.
Estas condutas e tendências são universais, existem em todos os lados do
mundo e em todos os seres e em todas as espécies.

- Os estudiosos desta corrente (etologia) utilizam também métodos


naturalistas que hoje são também uma tendência.

A Perspectiva Ecológica

Bronffenbrennek (1979)
Até este autor o meio e o contexto em que as pessoas se desenvolvem não
era plenamente tido em conta (para a Psicologia do Desenvolvimento). A
partir desta altura passou a encarar-se o desenvolvimento humano tendo em
conta o contexto em que as pessoas vivem e se desenvolvem.

Concepção ecológica de Bronffenbrennek (1979):

- o contexto é composto de um conjunto de esferas que interagem e se


influenciam entre si e que vão actuar de um modo combinado e conjunto
sobre o desenvolvimento da pessoa. Descreve 5 (cinco) esferas:

1ª esfera – Microssistema (a esfera mais no centro)


2ª esfera – Mesossistema
3ª esfera – Exossistema
4ª esfera – Macrossistema
5ª esfera – Cronossistema (a esfera mais do lado de fora)

- Cada uma destas esferas representa um tipo e uma fonte de influência para
a pessoa.

Microssistema – diz respeito às fontes de influência que estão mais perto de


nós – os pais, a família mais chegada, os amigos, os professores, os colegas
de turma/ de trabalho – tem a ver com o nosso dia-a-dia.

Mesossistema – é uma unidade de análise (por isso não tem um


preenchimento físico) que estuda as relações e as influências que existem
entre a família, os professores, os colegas, os amigos... com a comunidade e
38

as instituições (a escola, o bairro, os serviços de saúde – é o estudo delas)


que estão no Exossistema e que de forma indirecta influenciam a nossa vida.

Exossistema – são as instituições e a comunidade.

Macrossistema – é constituída pelos traços que caracterizam e juntam


todos os outros (sistemas) – as normas sociais, as leis, os costumes, o
desenvolvimento tecnológico, a situação económica. Define os grandes traços
que pertencem às outras esferas.

Cronossistema – tem a ver com o período histórico em que vivemos e que


também vai influenciar a nossa cultura e todos os outros sistemas (esferas)
são por sua vez influenciados pela mesma (cultura).

Crítica feita à Teoria Ecológica:


- é demasiado social e não tem em conta os aspectos biológicos e cognitivos
do desenvolvimento.

Perspectiva Sócio-Cultural
Lev Vygotsky

A perspectiva de Lev Vygotsky faz uma análise sociogenética e histórico


cultural e é inspirada na filosofia marxista e sobretudo sobre dois conceitos:
1.º - dar grande relevância ao papel social.
2.º - grande importância à Actividade – a acção que o indivíduo exerce
sobre o meio, e por isso, o modifica. A Acção é uma mediadora que, tanto
permite a transformação tanto do meio como do sujeito. Ao modificar o meio,
agindo sobre ele, o indivíduo actua também sobre si mesmo e se transforma.
É através da acção humana que desenvolvemos funções tão importantes para
a espécie, como a linguagem e o pensamento. A linguagem e o pensamento
adoptam diferentes formas, dependendo do grau cultural, em cada momento
histórico e meio social, e também adoptam formas e níveis diferentes de
complexidade.
A linguagem, os símbolos e os instrumentos culturais de que dispomos são
instrumentos de mediação para nos relacionarmos com o meio onde vivemos.
O que influencia o nosso comportamento não são os estímulos (conforme o
behaviorismo), o que influencia a nossa conduta são os processos
psicológicos superiores que são adquiridos no curso da nossa evolução
histórico-cultural e depois no decurso do nosso desenvolvimento individual.
Para Lev Vigotsky, os comportamentalistas (behavioristas) estão
completamente errados, o estímulo poderá não ter qualquer significado, pois
para ele o que conta no desenvolvimento humano são os chamados
processos psicológicos superiores. O sujeito tem sempre um papel activo
sobre (na interpretação do) estímulo, podendo mesmo até ignorá-lo.
39

Barbara Rogoff fez estudos com crianças na Guatemala em que o seu


objectivo era saber quais eram as ferramentas culturais usadas no
aprendizado de tecedeiras. As meninas aprendem desde muito pequenas, a
tecer tal como na nossa cultura, nós aprendemos a falar, a andar de bicicleta.
Desde muito jovens as raparigas vivem junto das mães e é através da
observação e do contacto unicamente que fazem este aprendizado, sem
qualquer influência verbal e sem o ensino das mães.

Conceito vigotskyano importante:

ZDP – Zona Proximal de Desenvolvimento – uma pessoa tem


determinadas capacidades para resolver sozinha um problema, caso ela seja
ajudada por um tutor poderá desenvolver capacidades de resolução de
problemas ainda mais difíceis, de níveis superiores.

Limite superior ≠ Limite inferior

Limite superior – nível de dificuldade do problema em que a criança resolve


sozinha a tarefa.
Limite inferior – nível de responsabilidade adicional em que a criança pode
aceitar a ajuda de um tutor.

Conclusão:
A Psicologia no final do séc. XX foi muito influenciada por esta perspectiva,
tanto no desenvolvimento cognitivo, linguístico... No final do séc. XX a
Psicologia Cognitivista desenvolveu aspectos da linguagem.
A Psicologia do Comportamento voltou a dar importância merecida aos
aspectos afectivos e emocionais.
Para além de, hoje saber-se muito mais sobre a adolescência, a adultês e a
velhice.
As teorias ecológicas são muito importantes para a aprendizagem.
40

A Mudança de Atitude

Atitudes – são predisposições aprendidas para responder de modo favorável


ou desfavorável a uma determinada pessoa, crença, comportamento ou
objecto

A atitude muda por introdução de elementos novos em qualquer uma das


esferas, o que vai provocar a desarmonia e o desequilíbrio entre as três
componentes da estrutura do conjunto. (conhecimentos, sentimentos ou
comportamentos).

Cognitiva Afectiva
(opiniões) (sentimento)

Comportamental
(condutas)

O restabelecimento do equilíbrio entre as três esferas pode processar-se das


seguintes formas, dependendo do grau de consistência da atitude original:
Rejeição do elemento novo.
Mudança parcial das componentes.
Mudança em algumas das componentes, mas não no todo.
Reestruturação de todas as componentes da atitude

HISTORIA VALORATIVA

A Maria namorava há dois anos com o João. Fazia precisamente anos nessa
semana. Tinha uma prenda para ele. Por pouca sorte, ele estava na tropa e,
nesse fim-de-semana, estava de serviço. Tinha de o ver e de lhe dar a
prenda! Mas como? Sem transportes, tinha de pedir a alguém que a levasse a
Évora. Foi falar com o José, amigo de João. Percebeu a situação e resolveu
aproveitá-la. Sim senhor, se ela se deitasse com ele como pagamento. Ela
aceitou. Levou a prenda, viu o namorado e pagou a dívida. A Carla, amiga de
Maria, soube por José o que se tinha passado. Na primeira oportunidade,
contou ao João. João acabou o namoro com Maria. O pai de Maria expulsou-a
de casa. A mãe de Maria apoiava-a sem o pai saber.

Ordene pelo critério: “Quem agiu melhor?” – João, Maria, José, o pai, a mãe,
Carla.
41

Sexualidade e Género
Género e Sexo
- Os papéis sexuais, expectativas da sociedade sobre o que é o
comportamento apropriado para os homens e as mulheres, conduzem
aos estereótipos sobre o género e ao sexismo.
- Embora existam diferenças cognitivas e de personalidade entre os
géneros, a magnitude das diferenças é pequena e tende a desaparecer
com o tempo.
- As diferenças sexuais e de género são causadas pela interacção de
factores biológicos e de ambiente.

Compreender a resposta sexual humana: os factos da vida


- Embora os factores biológicos predisponham as pessoas para a
actividade sexual são necessários outros estímulos para que a
excitação sexual ocorra.
- Zonas erógenas são áreas do corpo particularmente sensíveis ao toque
dada a presença de uma densa rede de receptores nervosos. Contudo,
mulheres seguem um padrão regular com quatro fases: excitação, o
que torna sexual um toque é o contexto e a interpretação que lhe é
dada.
- Fantasias, pensamentos e imagens mentais jogam um importante papel
sexual, na produção da excitação sexual.
- Embora existam diferenças, a resposta sexual dos homens e a das
mulheres seguem um padrão regular com quatro fases: excitação,
plateau, orgasmo e resolução.

As variedades do comportamento sexual: A cada um a sua verdade


- As definições de comportamento sexual normal são influenciadas pelas
expectativas, atitudes e crenças do estado dos conhecimentos médicos
num dado período.
- A masturbação (auto-estimulação sexual) é comum em homens e em
mulheres embora seja vista negativamente por muitas pessoas.
- O padrão duplo tem vindo a diminuir nas últimas décadas; tolerância e
actos de sexualidade pré-conjugal têm aumentado grandemente.
- Homossexuais são atraídos por membros do mesmo sexo, e os
bissexuais são atraídos por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto.

Dificuldades sexuais: quando a sexualidade corre mal


- As violações ocorrem quando uma pessoa força outra a submeter-se a
uma actividade sexual. É frequentemente mais motivada por poder ou
raiva do que desejo de gratificação sexual.
- O abuso sexual de crianças é um fenómeno surpreendentemente
frequente. As mais frequentes doenças sexualmente transmitidas (DST)
incluem a clamídia a tricomoníase o herpes genital, a gonorreia a sífilis,
as verrugas genitais e a sida.
42

- Entre os problemas sexuais mais frequentes encontram-se a disfunção


eréctil, a ejaculação precoce, a frigidez ou anorgasmia, e a inibição do
desejo sexual.

Quais as majores diferenças entre os papéis sexuais da mulher e do


homem?
1. A maneira como pensamos acerca de nós próprios é parcialmente
determinada pelo género, a sensação de se sentir homem ou mulher.
Os papéis sexuais são expectativas definidas pela sociedade que
indicam quais os comportamentos apropriados para os homens e para
as mulheres. Quando os papéis sexuais reflectem favoritismo em
relação a um dos géneros, levam aos estereótipos e produzem sexismo
– atitudes e comportamentos fundamentados no género e não na
pessoa.

2. Os estereótipos do género propõem habitualmente para o homem


traços relacionados com a competência, enquanto para a mulher se
sublinham as capacidades de expressão e empatia. As diferenças
sexuais reais são muito menos claras e de magnitude menor do que os
estereótipos sugerem. Existem de facto diferenças no nível de
agressão, auto-estima, estilos de comunicação e talvez em capacidades
cognitivas, mas a magnitude das diferenças não é grande. As
diferenças existentes são produzidas por uma combinação de factores
biológicos e ambientais.

3. As causas biológicas das diferenças sexuais evidenciam-se pelas


diferenças da estrutura cerebral, e o funcionamento diferencial entre
homens e mulheres pode estar associado a uma diferente exposição a
hormonas antes do nascimento. Alguns psicólogos adoptam uma
perspectiva evolucionária relativamente às diferenças de género,
explicando-as em termos de diferentes heranças genéticas e da
necessidade de educação de crianças, embora esta abordagem seja
muito controversa. Em termos de causas ambientais as experiências de
socialização produzem esquemas sexuais. quadros cognitivos que
organizam e guiam a compreensão da criança sobre a informação
relevante em termos de género.

Como e em que circunstâncias ficamos excitados sexualmente?


4. Embora a presença de factores biológicos tais como a presença de
andróginos (hormonas sexuais masculinas) e estrogéneo e
progesterona (hormonas sexuais femininas) predisponham as pessoas
para a actividade sexual, praticamente todo o tipo de estímulos pode
produzir excitação sexual, dependendo da experiência anterior das
pessoas. As zonas erógenas são áreas do corpo que são
particularmente sensíveis ao toque e ficaram associadas com a
excitação sexual. As fantasias, os pensamentos e as imagens são
também importantes na produção de excitação.
43

5. A resposta sexual das pessoas segue um padrão regular que consiste


em quatro fases: excitação, plateau, orgasmo e resolução. As mulheres
podem experimentar orgasmos múltiplos. Enquanto os homens entram
num período refractário durante o qual o sexo é impossível até que um
período de tempo passe. Investigações recentes revelam que os
homens são capazes de orgasmos múltiplos mas não de múltiplas
ejaculações.
O que é o comportamento sexual "normal"?
6. Existe um conjunto de abordagens para determinar a normalidade:
Desvio relativamente à média, comparação do comportamento sexual
com um padrão ou ideal ou – a situação usada mais frequentemente –
a consideração das consequências físicas e psicológicas do
comportamento para a pessoa e para os outros.

Como é que as pessoas se comportam sexualmente?


7. A masturbação é uma auto-estimulação sexual. A frequência da
masturbação é elevada particularmente para os homens. Embora as
atitudes relativamente à masturbação se tenham tornado mais liberais.
elas são ainda negativas – embora não se tenham detectado
consequências negativas do acto em si.
8. A heterossexualidade ou atracção sexual por membros do sexo oposto
é a orientação sexual mais comum. Em termos da sexualidade pré-
conjugal, o padrão duplo, no qual a actividade sexual pré-marital é
mais permissiva para os homens do que para as mulheres, diminuiu
particularmente entre os jovens. Foi substituído pelo padrão de
permissividade com afecto, que propõe que as relações sexuais pré-
maritais sejam aceites se ocorrerem num contexto de uma relação de
compromisso amoroso.

9. A frequência da actividade sexual pré-conjugal é muito variada.


Contudo, os jovens casais tendem a ter relações sexuais mais
frequentemente do que os casais mais idosos. Para além disso a
maioria dos homens e das mulheres não se envolve em sexualidade
extraconjugal.

10. Os homossexuais são atraídos por membros do seu próprio sexo;


Bissexuais são atraídos por pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto.
Cerca de 25% dos homens e 15% das mulheres tiveram pelo menos
uma experiência homossexual, e entre 5% e 10% de todos os homens
e mulheres são homossexuais durante longos períodos de tempo das
suas vidas. Nenhuma explicação para a questão do porquê de algumas
pessoas se tomarem homossexuais foi confirmada; entre as diferentes
possibilidades constam os factores genéticos e biológicos, as influências
da infância e familiares, e as aprendizagens e os condicionamentos
anteriores. O que é claro é que não há relação entre ajustamento
psicológico e orientação sexual.
44

Qual a frequência de violações e outras formas de actividade sexual


não consentida e qual a sua causa?
11. A violação ocorre quando alguém força outra pessoa a submeter-se a
actividade sexual. A violação não ocorre apenas entre estranhos;
frequentemente a vítima é conhecida do violador. A motivação para a
violação raramente é a gratificação sexual. Mais frequentemente tem
que ver com poder, agressão e raiva.

12. O abuso sexual de crianças é muito disseminado; cerca de 22% dos


norte-americanos reportam ter sofrido alguma forma de abuso sexual
enquanto crianças. A maioria dos perpetradores era conhecido ou
membro da família. Efeitos marcantes podem ser sentidos e continuar
até à idade adulta.

Quais são as doenças sexualmente transmitidas mais frequentes?


13. A síndroma da imunodeficiência adquirida ou sida representa um
problema de saúde que tem profundos efeitos no comportamento
sexual. Primeiro limitada à população de homossexuais, a sida
encontra-se agora também na população heterossexual, tendo trazido
mudanças na actividade sexual fora de uma relação e na prática sexual
das pessoas. A doença traz um conjunto de questões psicológicas
difíceis de resolver. Outras doenças sexualmente transmitidas incluem
a clamídia, o herpes genital, a tricomoníase, a gonorreia e as verrugas
genitais.

Quais as dificuldades sexuais que as pessoas encontram mais


frequentemente?
14. Entre os principais problemas sexuais descritos pelos homens
encontram-se a disfunção eréctil (primária, se nunca experimentaram
uma erecção anteriormente, secundária se tiveram erecções no
passado); a ejaculação precoce, na qual o orgasmo não pode ser
retardado; a ejaculação retardada, na qual o homem não consegue
ejacular durante as relações sexuais. Para as mulheres a maior
dificuldade é a frigidez ou anorgasmia, a ausência de orgasmo.
Também nesta situação o problema pode ser primário (nas mulheres
que nunca experimentaram orgasmo) ou secundário (em mulheres que
são capazes de experimentar orgasmo mas só nalgumas condições).
Quer os homens quer as mulheres podem sofrer de inibição do desejo
sexual.

Termos e conceitos-chave sobre sexualidade


género – consciência da identidade masculina ou feminina.
papéis sexuais – conjunto de expectativas definidas numa dada sociedade
indicando o que é apropriado para os homens e para as mulheres.
sexismo – atitudes e comportamentos negativos em relação a uma pessoa
baseados não nas suas características próprias mas na sua pertença a um
dos géneros sexuais.
45

- As expectativas em relação ao sexo fazem com que seja mais difícil


para as mulheres serem bem sucedidas em empregos tradicionalmente
dominados pelos homens. Porém, um número crescente de mulheres
está a ultrapassar as barreiras na construção civil e noutros campos.
esquema do género – quadro cognitivo que organiza e guia a compreensão
de uma criança sobre a informação a que é exposta no que diz respeito ao
género.
andrógino – caracterizado por papéis sexuais que incluem traços típicos
daquilo que se pensa próprio de cada género.
andrógenos – hormonas sexuais masculinas segregadas pelos testículos.
genitais – os órgãos sexuais masculinos e femininos.
estrogéneo – hormonas sexuais femininas.
progesterona – hormonas sexuais femininas.
ovulação – a altura em que um óvulo é libertado dos ovários.
zonas erógenas – áreas do corpo que são particularmente sensíveis dada a
existência de um grande número de células nervosas receptoras.
– os tipos de fantasias sexuais que os homens e as mulheres têm durante
as relações sexuais são bastante semelhante (Sue, 1979).
fase de excitação – o momento em que um estímulo excitante inicia uma
sequência que prepara os órgãos genitais para a relação sexual.
fase de plateau – o período no qual o nível de excitação é máximo, o pénis
e o clitóris incham com sangue, e o corpo prepara-se para o orgasmo.
orgasmo – o pico da excitação sexual, durante o qual contracções
musculares rítmicas ocorrem ao nível dos órgãos genitais.
fase de resolução – o momento a seguir ao orgasmo no qual o corpo volta
ao seu estado normal, invertendo as mudanças iniciadas com a excitação.
período refractário – período momentâneo na sequência da fase de
resolução no qual o homem não pode ser outra vez sexualmente excitado.
– Nalgumas culturas o facto de uma mulher mostrar publicamente
qualquer parte do seu corpo – incluindo a cara – é considerado
sexualmente provocante e desapropriado.
masturbação – auto-estimulação sexual.
heterossexualidade – atracção sexual e comportamento orientado para
pessoas do sexo oposto, consistindo em muito mais do que a relação sexual
entre a mulher e o homem.
padrão duplo – visão segundo a qual a sexualidade deve ser permitida aos
homens mas não às mulheres.
sexualidade extraconjugal – actividade sexual entre uma pessoa casada e
alguém que não é o seu cônjuge.
homossexual – pessoa que se sente atraída por outras do mesmo sexo.
bissexual – pessoa que se sente atraída por pessoas do mesmo sexo e do
sexo oposto.
violação – acto pelo qual uma pessoa força outra a submeter-se a uma
actividade sexual.
violação entre amigos – violação na qual o violador tem uma relação
romântica com a vítima.
46

sida (síndroma de imunodeficiência adquirida) – uma doença fatal


sexualmente transmitida (ou por via sanguínea) causada por um vírus que
destrói o sistema imunológico do organismo.
doença sexualmente transmitida (DST) – uma condição médica adquirida
por via do contacto sexual.
- o número de pessoas infectadas com o vírus da sida varia
substancialmente com a região geográfica. A maioria dos casos
encontra-se em África e no Médio Oriente, embora a doença seja um
problema crescente na Ásia (Nações Unidas, aids program, 1997).
disfunção eréctil – dificuldade do homem em ter ou manter uma erecção.
ejaculação precoce – a incapacidade do homem em retardar o orgasmo
durante o tempo que pretende.
ejaculação retardada ou inibida – incapacidade do homem em ejacular
quando pretende, ou mesmo total incapacidade de ejacular.
anorgasmia ou frigidez – incapacidade da mulher em atingir o orgasmo.
inibição do desejo sexual – disfunção sexual na qual a motivação para a
actividade sexual é restrita ou completamente ausente.

Principais momentos do desenvolvimento


Hitos do calendário evolutivo

ATÉ AO FIM DO 1.º MÊS


- Controla melhor os estádios do comportamento (mantém-se mais
tempo no estádio 4).
- Sorri para a mãe e por vezes emite sons guturais.
- Olha para a mãe quando esta lhe fala e segue o seu rosto num
arco de 90°.
- Volta os olhos ou a cabeça na direcção dos sons (campainha,
foca, voz humana).
- Deitada de barriga para baixo – posição de prono, levanta a
cabeça por momentos.
- Puxada a sentar, deixa pender a cabeça para trás.
- Seguro na posição de pé, flecte as coxas e pernas e tem reflexo
da marcha.
- Mantém as mãos quase sempre fechadas, com reflexo de
preensão.

ATÉ AOS 3 MESES


- Sorri, vocaliza e palra em resposta a solicitações do adulto e
depois espontaneamente.
- Segue com o olhar os objectos e as pessoas à sua volta e brinca
com as suas mãos.
- Volta-se com interesse para os sons familiares.
- De barriga para baixo levanta activamente a cabeça.
- Puxada a sentar, consegue segurar a cabeça alinhada com o
tronco.
47

- Tem as mãos cada vez mais abertas, já sem o reflexo de


preensão.
- Guarda nas mãos os objectos que lá colocarmos.

ATÉ AOS 6 MESES


- Vocaliza muito, imitando a entoação do adulto.
- Mostra agrado e desagrado.
- Ri alto, dá gargalhadas e gritos de prazer.
- Olha para os objectos mais pequenos.
- Segue com o olhar a queda de um objecto até ao local onde
desaparece do seu campo visual.
- Excita-se ao ouvir sons familiares e volta-se ostensivamente para
as fontes sonoras.
- De barriga para baixo apoia-se nos braços.
- Dá a volta na cama.
- Segura perfeitamente a cabeça e pode ficar sentada com apoio.
- Em pé, sustenta o peso do corpo, esticando as pernas por
momentos.
- Já não tem o «reflexo de Moro».
- Agarra os objectos voluntariamente com as duas mãos e leva-os
à boca. Muda-os de uma mão para a outra.
ATÉ AOS 9 MESES
- Reconhece rostos familiares e "receia os estranhos.
- Vocaliza várias sílabas sem significado.
- Percebe o «não».
- Faz jogos de imitação (palminhas, a galinha põe o ovo).
- Leva tudo à boca e mastiga.
- Senta-se sem apoio.
- Volta-se de barriga para baixo e por vezes começa a querer
rastejar.
- Fica de pé se a segurarmos ou apoiarmos.
- Segura um objecto em cada mão e diverte-se a atirá-los. Começa
a procurá-los.
- Apanha migalhas e objectos pequenos com pinça imperfeita do
polegar e indicador.

ATÉ AOS 12 MESES


- Colabora nas brincadeiras com prazer.
- Imita gestos, diz adeus e sacode a cabeça para dizer «não».
- Chama a atenção.
- Compreende ordens simples (por exemplo: «não mexe»).
- Repete sons e vocaliza com entoações diversas segundo a
intenção (por vezes diz a primeira palavra).
- Procura e encontra objectos que viu esconder.
- Desloca-se com facilidade, arrastando-se e gatinhando.
- Põe-se de pé e anda apoiada.
- Quando está sentada, vira-se para agarrar os objectos, atira-
os voluntariamente com força.
48

- Agarra migalhas com pinça perfeita entre o polegar e o


indicador.

ATÉ AOS 18 MESES


- Manifesta a sua vontade e tem reacções de ciúme e rivalidade
para com os irmãos.
- Imita gestos e comportamentos do adulto, mesmo na sua
ausência.
- Diz algumas palavras com verdadeiro significado (a primeira
aparece geralmente antes dos 15 meses).
- Começa a usar o copo e a colher.
- Compreende e executa ordens simples (uma de cada vez).
- Aponta, com o indicador, objectos e imagens.
- Anda sem apoio e explora toda a casa com grande curiosidade.
- Se lhe dermos a mão, sobe degraus (um de cada vez).
- Tira os sapatos.
- Constrói torres de 2-3 cubos.

ATÉ AOS 24 MESES


- Manifesta interesse por outras crianças, mas não brinca com elas.
- Brinca ao mesmo tempo (jogo paralelo) e tira-lhes os brinquedos.
- Imita muito os actos dos adultos.
- Usa bem a colher e consegue comer sozinha, se for habituada.
- Pede para comer e, por vezes, para ir à casa de banho.
- Designa-se a si própria pelo nome.
- Diz muitas palavras com significado (por vezes só percebidas pela
família). Diz palavras-frase.
- Faz recados simples.
- Anda sozinha e cone.
- Dá pontapés na bola.
- Sobe e desce escadas com apoio no corrimão (1 degrau de cada
vez).
- Constrói torres de 5 cubos.

DOS 2 AOS 3 ANOS


- Muito egocentrista. Quer tudo para ela e quer fazer tudo sozinha.
- Muito crédula. Vive num mundo de fantasia, misturando real com
imaginário.
- Joga e brinca sozinha ou em paralelo até perto dos 3 anos, altura
em que começa a brincar com os outros.
- Desenvolve muito a linguagem. Diz «eu» ou «mim» para se
designar e elabora frases simples.
- Faz muitas perguntas ( «porquê»?).
- Aprende a saltar e a trepar.
- Anda de triciclo (primeiro sem e depois com pedais).
- Copia o círculo e faz perto dos 3 anos o primeiro esboço de figura
humana girino).
49

- Na maior parte dos casos controla os esfíncteres durante o dia.

DOS 3 AOS 4 ANOS


- Brinca com outras crianças. Começa a partilhar os brinquedos.
- Manifesta afecto pelos irmãos mais novos.
- Se for habituada, despe-se e veste-se sozinha (excepto atar os
sapatos e abotoar alguns botões «difíceis»).
- Tem uma linguagem compreensível, com infantilismos e alguns
problemas de articulação.
- Gosta muito de ouvir e contar pequenas histórias. Diz o nome, o
sexo e a idade.
- Faz 2 recados em série.
- Copia a cruz e depois o quadrado. Faz figura humana com cabeça
e tronco.
- Reconhece 2-3 cores fundamentais.
- Salta bem a pé coxinho e é capaz de andar em bicos de pés.
- Sobe escadas alternando os dois pés.
- Usa o garfo.
DOS 4 AOS 5 ANOS
- Distingue o tamanho e a forma dos objectos.
- Estabelece relações espaciais (cima, baixo, à frente, atrás).
- Conta histórias com grande à vontade.
- Tem a linguagem básica adquirida, com menos infantilismos e
pronuncia bem quase todos os sons.
- Aprende a contar os dedos.
- Despe-se e veste-se sozinha (se for habituada).
- Copia um quadrado e um triângulo. Faz figura humana com
cabeça, tronco e membros, segurando bem no lápis.
- Consegue, por vezes, agarrar a bola com as duas mãos se lha
atirarmos de 1-2 metros. Ajuda nas tarefas caseiras.
- Identifica-se com o progenitor do sexo oposto.
- Desce escadas sem apoios alternando os dois pés.
- Adquire a acuidade visual próxima da do adulto.

DOS 5 AOS 6 ANOS


- Mais controlada e segura, entrega-se a trabalhos mais demorados
e minuciosos.
- Inventa jogos e faz «batota» mudando as regras.
- Fala com correcção, sem infantilismo nem qualquer problema de
articulação.
- Desenha bem o triângulo e faz figura humana com cabeça,
tronco, membros e mãos.
- Começa a entender relações temporais {hoje, ontem, amanhã).
- Memoriza e reproduz sequências de 3 objectos ou dígitos.
- Consegue emparelhar objectos pela sua forma, cor e textura.
- Executa 3 recados em série.
- Agarra uma bola que lhe é atirada de 2,3 metros.
- Usa bem o garfo e a faca.
50

DOS 6 AOS 8 ANOS


- Adquire a capacidade de interpretar e generalizar de acordo com
a experiência.
- Sabe comparar, ordenar, seriar e classificar.
- Aprende a ler e a escrever.
- Adopta comportamentos sedutores para conseguir a aceitação
social.
- Participa em jogos cooperativos, embora tenha tendência de
estabelecer regras em benefício próprio.
- Adquire a noção de tempo e aprende a ver as horas. Sabe os dias
da semana e do mês.
- Orienta-se melhor no espaço e distingue direita e esquerda:
- Faz 3-4 recados em série sem se enganar.
- Copia o losango, faz figura humana com cabeça, tronco,
membros, mãos, dedos e muitos pormenores de vestuário.
DOS 9 AOS 10 ANOS
- Mais seguro das suas capacidades.
- Raciocina com base em dados concretos do quotidiano (faz
problemas simples e manuseia a semanada e os trocos com
facilidade).
- Junta-se ao grupo de colegas, unissexual, e desenvolve o espírito
cooperativo.
- Joga bem à bola, salta à corda, joga à «macaca», com grande
destreza.
- Coordena bem todos os movimentos e apanha uma bola com as
suas mãos, atirada a uma distância de 3,4 metros.
- Desenha uma figura humana expressiva, com atitudes e
movimentos. Desenha a face, tronco e membros de perfil.
- É muito minucioso e hábil. Faz construções imaginativas e tem
uma caligrafia uniforme.
- Organiza o tempo disponível de acordo com as tarefas que tem
de realizar.

29.11.02
Visionamento do filme sobre Reprodução, Gestação e Parto

03.12.02

Karge (1982)
Lewis (1978)
Bowlby (1963,1973)
Ainsworth (1963)
López (1986)
Smith (1986)

Desenvolvimento da primeira infância 0-2 anos


51

Geralmente fala-se em desenvolvimento psicomotor (psicomotricidade) –


durante esta etapa o desenvolvimento físico e motor e o desenvolvimento
psicológico estão muito relacionados uns com os outros.

Psicomotricidade
– conjunto de comportamentos, habilidades e capacidades expressivas que
estão em desenvolvimento contínuo e que articulam o desenvolvimento físico
(estatura, peso, proporções) com o desenvolvimento motor (coordenação,
equilíbrio, rapidez e a precisão de movimentos) com o desenvolvimento
psicológico (que inclui personalidade, os estilos de relação, os
comportamentos e as atitudes) A toda esta macrodimensão chamamos de
psicomotricidade do desenvolvimento humano. Com este conceito pretende-
se expressar a ideia de que o desenvolvimento psicológico não é de forma
nenhuma independente do desenvolvimento psicomotor.
O desenvolvimento psicomotor funciona segundo duas leis: lei do céfalo
caudal e lei do próximo distal

lei do céfalo caudal – diz que controlamos os movimentos das partes do


nosso corpo que estão mais perto da cabeça e do tronco e só depois as mais
distantes (ombros e braços)

lei do próximo distal – diz que dominar primeiro os movimentos das partes
que estão mais perto do eixo corporal (primeiro os ombros e só depois os
dedos dos pés e das mãos)

À medida que o bebé cresce vai ter precisão e adquire o controlo e se tornam
movimentos voluntários sobre todas as partes do corpo; o desenvolvimento
psicomotor faz-se sempre em interacção com o meio e com as pessoas que
gostam e cuidam do bebé. O nossos desenvolvimento é sempre dirigido para
a relação que temos com os outros.

Notas – Há grande variabilidade individual , o ritmo de desenvolvimento é


diferente para cada um (nisso poderá influenciar o peso, o tamanho da
cabeça, etc.).
Quando o bebé nasce, ele está preparado para interagir com o meio e
para perceber certos estímulos e dar uma resposta que é selectiva e
adaptada. Estas habilidades perceptivas permitem aos bebés coordenarem as
suas actividades com os adultos; estas actividades coordenadas com a mãe
ou com o pai vão-se tornar em plataformas de desenvolvimento (o bebé deve
receber estimulação por parte dos adultos).
Estas actividades de rotina (mamar, acariciar) permitem estabelecer os
primeiros esquemas de relações sociais e são estes esquemas que vão
permitir estabelecer vínculos com estas pessoas. – a partir do momento que
o bebé reconhece o outro, ele é capaz de reconhecer-se a si próprio e desta
forma identificar-se-à como um sujeito psicológico independente. Na tarefa
de reconhecimento dos outros, as emoções jogam um papel fundamental.
52

Attachment – vinculação – Bowlby


O Apego

Lewis (1978) – a respiração, o batimento cardíaco, etc.

O teste APGAR

O teste das caras – os bebés são sensíveis aos estados emocionais

Embora J. Bowlby seja um dos primeiros, Ainsworth foi quem melhor


desenvolveu o conceito de apego e conseguiu que este fosse essencial para
explicar o processo de socialização da criança.

Apego – padrão de condutas – caracterizado por aparência em uma série


de condutas que se desencadeiam em conjunto, tais como:
- proximidade física
- seguir com o olhar
- deslocamento motor
- contágio emocional
- imitação do gesto
- sorrisos
- agitação quando se dá a separação

Ainsworth estabelece 3 etapas para descrever o processo evolutivo dos


vínculos afectivos:
- a primeira etapa caracteriza-se pela predisposição do bebé para responder
ao rosto humano de modo discriminado e positivo (o bebé nasce com a
predisposição para saber o que é um rosto humano e imita o sorriso que o
adulto faz).
- a segunda etapa caracteriza-se pelo facto de o bebé produzir respostas
selectivamente mais alegres, por uma maior actividade motora e uma
expressão facial de reconhecimento para com os adultos que o cuidam (o
sorriso)
- a terceira etapa é a que se dá por volta dos 9 meses e é caracterizada pela
aparição de uma emoção negativa que é medo face aos desconhecidos.

Notas: – Todas as condutas que o bebé apresenta são os primórdios do


nosso auto-conceito.
Desde cedo os bebés se manifestam orientando os seus movimentos
para os outros meninos e para ter aquilo a que chamamos de contágio
emocional, não considerando que exista já uma interacção e só a partir dos 6
meses que os bebés mostram mais interesse por outros bebés do que pelos
brinquedos com cor.
Só a partir dois 2 anos é que começa a existir uma interacção maior em
que duas crianças são capazes de brincar uma com a outra. (tipo toma – dá).
53

Entre os 6 meses e os 2 anos sentem-se mais seguras e mais


confiantes se estiver a mãe presente quando estão brincando com as outras
crianças.
A mãe (figura de apego) é fundamental para o desenvolvimento das
relações interpessoais.

Visionamento do filme First Steps

O desenvolvimento da criança dos 2 aos 6 anos

Piaget designa este período de período pré operatório. O pensamento


da criança é pré-conceptual e intuitivo.
As crianças são capazes de compreender o mundo mas as explicações
do bebé embora tentando ser coerentes ainda não utilizam a mesma lógica
dos adultos. A pouco e pouco o pensamento vai-se abrindo à lógica.
Piaget diz que este estádio é de transição e no qual as estruturas e os
esquemas mentais ainda não são independentes da percepção da criança e
das acções que elas podem realizar sobre as coisas, os esquemas mentais
dependem muito da sua prática e experiência.

O pensamento é pré-conceptual.

Conceito, em Piaget, é uma definição categorial e funcional de um objecto


ou entidade. Um conceito enuncia-se pela classe ou categoria de pertença de
uma dada coisa e quais os seus atributos (de classe ou funcionais).

Classe supra-ordenada – a mesa e a cadeira pertencem a duas


subcategorias e ambas pertencem a uma classe superior, a dos móveis.

A rede de informação (categorias) vai ordenar o nosso conhecimento


sobre o mundo real – isto é um processo artificial (não natural), é uma
construção humana.

A criança utiliza pré-conceitos, ela ainda não consegue supraordenar.

A pouco e pouco as crianças vão classificando e estabelecendo relações entre


diferentes classes.

Para as crianças os critérios de classificação são bastante grosseiros para


rotular as coisas. - 1º critério de utilização (1 prato, 1 carrinho, uma mação,
um garfo).
54

Já a criança com um pensamento conceptual/operatório classificará de forma


diferente. À medida que a criança vai crescendo vai utilizando um critério
mais lógico de constituição de conceitos.

Pré-conceitos – são construções cognitivas não conceptuais. São categorias


feitas a partir de um processo pessoal de classificação que muitas vezes
utiliza critérios pouco relevantes.
Até aos seis anos a criança vai refutando os seus pré-conceitos e
classificações. Quando as crianças chegam aos seis anos são capazes de
realizar interpretações de tudo o que vê e experiencia.
Estádio Pré-Operatório
Aparecimento da linguagem e da inteligência representativa.
Termina com a representação e seriação.
É pré-lógico.
- Egocêntrico
- Animista
- Transductivo
- Irreversível
- Não Conservante
- Sincrético

Sincrético – a criança utiliza só um traço perceptivo para compreender as


coisas.
(a tarefa de conservação dos líquidos)

Egocentrismo Intelectual – Piaget refere-se ao facto de a criança se


centrar unicamente sobre o seu próprio pensamento; isto dificulta a
sensibilidade das crianças ao discurso do outro, o que as impede de se
colocarem no lugar do outro (esta é a característica que melhor define este
estádio).

Realismo – Durante esta fase as operações que a criança é capaz de fazer


são muito rudimentares e precárias. As crianças são muito realistas e estão
convencidas de que tudo lhes pode acontecer (para os meninos acreditarem
nas histórias que lhes contam). Este mesmo processo do realismo leva ao
animismo.

Animismo – Para a criança, como as coisas são tidas com vida


(característica de pensar que é igual nas sociedades mais primitivas), a
criança atribui vida e sentimentos a tudo...

Artificialismo – As crianças pensam que tudo o que existe foi fabricado pelo
homem (não distinguem o que é do que não é natural) Este tipo de discurso
mental vai desaparecendo à medida que a criança evolui, tendo a ver com as
respostas/incentivos dados pelos pais.
Nesta fase há ainda mais duas características, a Transdução e
Justaposição que são mecanismo que servem para a criança ordenar
casualmente os factos.
55

Justaposição – se duas coisas ocorrem ao mesmo tempo têm um vínculo


causal (sempre que a mãe lhe põe umas calças novas tem de ir passear ao
parque)

Transdução – se acontece uma coisa a um objecto, pessoa ou animal, esse


facto de ser observado noutros objectos ou pessoas (se a laranja está
madura em Novembro, então, todo o que é cor de laranja se pode comer no
mês de Novembro.

Estas características são as primeiras lógicas.


Irreversibilidade - Para Piaget, a criança não é ainda capaz de realizar
operações nem elaborar conceitos, elas não conseguem aceitar ainda que as
coisas são um conjunto de elementos sobre os quais se podem realizar
processos como a adição, a associação, a composição e a identidade. Ainda
não conseguem aceitar que todas estas operações têm uma versão oposta –
são reversíveis (adição – subtracção).

Para as crianças nesta etapa, o mais importante é o uso quotidiano do


que fazemos com as coisas e não as operações (as coisas da cozinha servem
apenas para comer, cozinhar e ainda não se deram conta de que podem ser
somadas, divididas

O pensamento nesta fase é:


- mais simbólico do que o sensório-motor
- animista, irreversível e não conservante
- egocêntrico, não distingue o seu pensar da perspectiva do outro.
- É mais intuitivo do lógico.

O desenvolvimento da criança dos 7 aos 12 anos

Estádio das Operações Concretas

Operações Intra-lógicas:.
- Composição
- Reversibilidade
- Associabilidade
- Identidade
- Interacção
- Tautologia

A criança vai desenvolver melhor certas capacidades que tinham em


fases anteriores. Já tem um pensamento lógico e já é capaz de realizar certas
operações mentais. Muitas vezes podem ficar “agarrados” aos traços
perceptivos do objecto.
56

A lógica da criança, nesta fase, não é uma lógica formal, mas sim uma
lógica concreta.

As operações infra-lógicas que a criança faz nesta fase permitem-lhe


ter uma noção sólida do mundo que a rodeia. Permite que se aperceba da
estabilidade do mundo que a rodeia e das modificações que o mundo
apresenta.

Existe uma diferença qualitativa do carácter estrutural o que significa


que as suas capacidades cognitivas modificam a sua natureza. A criança é
capaz de realizar operações mentais superiores.

Os conceitos de agrupamento e retículos são utilizados por Piaget para


explicar as operações mentais que a criança realiza.

Lei da Composição – As crianças dão conta de que duas operações se


podem agrupar numa só. Ex.: x+x’ = y

Lei da Reversibilidade –Uma composição pode decompor-se nas suas


várias partes. Ex.: y-x’ = x

Lei da Associatividade – Um mesmo resultado pode obter-se por dois


caminhos diferentes desde que tenha o mesmo sentido. Ex.: x + x’+ y = (x
+ y) + x’

Lei da Identidade – Se um determinado grupo se mantiver constante ao


longo do tempo, então não irá sofrer mudanças. Ex.: x - x = 0

Lei da Interacção – Se acrescentarmos um elemento a um conjunto vamos


obter uma nova classe. Ex.: = x + x = x’

As crianças são capazes de realizar determinadas acções de uma forma


funcional e ainda não conceptual.
A concepção da criança para espaço e tempo é muito diferente.

Lei da Tautologia – Se juntarmos mais elementos a uma mesma classe,


obtemos um conjunto muito semelhante. Ex.: x x x = x

Na fase anterior, as crianças já tinham capacidades para realizar certas


operações em espaço e tempo, mas só a partir desta fase é que elas
conseguem atribuir o seu valor conceptual.

Nesta fase existe um realismo intelectual, pois a criança desenha as


coisas conforme são; ainda não utiliza a noção de perspectiva.

Aos 8 – 10 anos (idade escolar), a criança utiliza um realismo gráfico,


pois desenha as coisas conforme as vê, utiliza a per5spectiva. Só a partir
57

desta idade é que a criança consegue fazer notações mentais sendo capaz de
desenhar uma perspectiva vista a partir de outro ângulo.
Operações lógicas:

Conservação
Classificação simples
» múltipla
» inclusão de classes

Seriação simples
» múltipla
» inferência transitiva ou seriação dedutiva

Conservação – A criança é capaz de perceber que as relações quantitativas


entre duas realidades se mantêm constantes apesar de que os desenhos de
formação perspectivava as façam aparecer com traços diferentes.

3 Momentos Evolutivos da Conservação:


1. Resposta não conservante
2. Se a deformação é pequena dá uma resposta conservante, se a
deformação for mais grande é não conservante
3. Resposta conservante independentemente da deformação

É mais fácil as crianças darem respostas conservantes sobre sólidos (1),


líquidos (2), gases (3).

É mais fácil operar sobre quantidade, peso, volume.

Classificação

Simples: é coerente com o mesmo critério.


Múltipla: é capaz de classificar com 2 elementos.
Inclusão de Classes: é capaz de classificar segundo classes supra-
ordenadas.

Também se podem definir 3 estádios que reflectem a habilidade da


criança para agrupar as coisas entre si:
1. Classificação simples
2. Classificação múltipla
3. Inclusão de classes

Seriação – refere-se às relações da ordem que se estabelecem ou dimensão


em que existe uma relação de hierarquia.

O Estádio das Operações Concretas começa quando a criança tem


um esquema antecipado (classificação e seriação faz-se mentalmente)
58

O pensamento alcança um nível lógico concreto:

1) Não projecta as leis do psiquismo aos seres naturais.

2) Limita-se ao observável, tangível.


- é capaz de acções lógicas simples que incluam reversibilidade,
conservação, ordenação, seriação.

- o pensamento lógico substitui o intuitivo mas só em


circunstâncias concretas.

- O pensamento é não abstracto, não imagina os passos para


resolver uma equação.

- Tarefas de classificação. Pode dividir em conjuntos e


subconjuntos e pensar nas suas relações.

O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO

PRINCÍPIOS GERAIS

Este capítulo descreveu muitas teorias e abordagens diferentes para estudar-


se o desenvolvimento cognitivo. Após examinar estas diversas abordagens,
podemos encontrar alguns princípios unificadores que transcendem a teoria
59

ou o método específico que está em uso? Em outras palavras,


independentemente da abordagem teórica específica – se piagetiana,
vygotskiana ou do processamento da informação -, quais princípios básicos
permeiam o estudo do desenvolvimento cognitivo e o unificam?

À medida que revisamos os dados, descobrimos algumas respostas


possíveis (Sternerg & Powell, 1983). Primeira, ao longo do curso do
desenvolvimento, parecemos obter controle mais sofisticado sobre nosso
próprio pensamento e aprendizado. A medida que ficamos mais velhos,
tomamo-nos capazes de interacções mais complexas entre o pensamento e
o comportamento. Segunda, com a idade, empenhamo-nos em um
processamento da informação mais completo. As crianças mais velhas
codificam mais informações provenientes de problemas do que as mais
jovens e, portanto, aquelas têm maior probabilidade de resolver os
problemas com exactidão. Mesmo durante a vida adulta, continuamos a
acumular conhecimento ao longo da duração média de vida. Terceira,
tornamo-nos progressivamente capazes de compreender relações
sucessivamente mais complexas por todo o curso do desenvolvimento.
Finalmente, com o passar do tempo, desenvolvemos uma crescente
flexibilidade em nossos usos de estratégias ou de outra informação. À medida
que envelhecemos, ficamos menos vinculados ao uso da informação apenas
em um único contexto e aprendemos como aplicá-la em uma variedade maior
de contextos. Podemos até obter maior sabedoria – insight sobre nós
mesmos e sobre o mundo que nos rodeia.
O facto de que essas conclusões são confirmadas por uma ampla
variedade de abordagens teóricas e experimentais fortalece-as. O próximo
capítulo, sobre inteligência, oferece um sortimento igualmente variado de
perspectivas.

RESUMO sobre as teorias do desenvolvimento cognitivo:

1. Quais são algumas das perspectivas teóricas quanto ao modo como


ocorre o desenvolvimento cognitivo? Jean Piaget propôs que o
desenvolvimento cognitivo centraliza-se em adaptações progressivamente
complexas ao ambiente, baseadas principalmente em mudanças decorrentes
da maturação fisiológica. Mais especificamente, o desenvolvimento cognitivo
ocorre em grande parte por meio de dois processos de equilibração:
assimilação e acomodação. A teoria do desenvolvimento cognitivo, de Lev
Vygotsky, enfatiza mais vigorosamente a importância do contexto social, em
vez da maturação fisiológica, como um determinante do desenvolvimento
cognitivo. Sua teoria acentua a importância da internalização e da zona
proximal de desenvolvimento. Os teóricos do processamento da informação
procuram compreender o desenvolvimento cognitivo em função de como as
crianças processam a informação, em diferentes idades, especialmente com
relação à resolução de problemas. Alguns teóricos formulam teorias gerais
60

sobre como funciona o processamento da informação, enquanto outros


estudam o processamento da informação dentro de domínios específicos.

2. Quais são os principais estágios de desenvolvimento cognitivo


piagetianos? Como outros psicólogos do desenvolvimento cognitivo
aperfeiçoaram a teoria de Piaget? Como as pesquisas dos não-
piagetianos sustentam ou refutam as observações de Piaget? Piaget
postulou quatro estágios de desenvolvem-to cognitivo: o estágio sensório-
motor, o estágio pré-operatório, o estágio operatório concreto e o estágio
operatório formal. Ao fim do estágio sensório-motor, as crianças começam a
desenvolver o pensamento representativo, envolvendo pessoas e objectos
que a criança não pode presentemente ver, ouvir ou, de outra maneira,
perceber. Apesar da contribuição valiosa da teoria de Piaget à nossa
compreensão do desenvolvimento cognitivo, a maioria dos eruditos acredita,
agora, que a teoria avalia, inadequadamente, as idades nas quais as
crianças, pela primeira vez, tornam-se capazes de realizar várias tarefas. A
teoria de Piaget é, geralmente, considerada como uma teoria da
competência, em vez de uma teoria do desempenho. Muitos também
questionaram a fonte das limitações que as crianças parecem mostrar no
desempenho de tarefas de raciocínio piagetiano, sugerindo que pode haver
explicações alternativas para as aparentes deficiências infantis de raciocínio.
Alguns teóricos postularam um quinto estágio, além dos quatro originais de
Piaget. Esse estágio pós-formal pode envolver a descoberta de problemas
(em lugar da resolução de problemas) ou uma tendência ao pensamento
dialéctico.

3. Quais são algumas das tendências e dos factos importantes no


desenvolvimento cognitivo? À medida que as crianças ficam mais velhas,
tornam-se menos egocêntricas – isto é, menos concentradas em si mesmas e
mais capazes de perceber as coisas a partir da perspectiva dos outros. Elas
também ficam mais capazes de descentrar-se de um aspecto
perceptivamente notável de um objecto ou um conceito, para considerarem
aspectos múltiplos. Em geral, parecem progressivamente capazes de
considerar a informação, senão a que é imediatamente aparente através de
seus sentidos, observável inicialmente com clareza no alcance da
permanência do objecto, mas a que é aparente mais tarde, em outros
desenvolvimentos cognitivos também. Por exemplo, elas não começam a
mostrar a conservação de quantidade, apesar das mudanças em aparência,
até o estágio operatório concreto. Elas também evidenciam crescente
capacidade para empenhar-se em processos metacognitivos, tais como a
monitorização cognitiva, na qual seguem a trilha de seus próprios "trens" de
pensamento. Em geral, mostram progressiva rapidez em seu processamento
cognitivo, com a idade, como
é evidenciado na rapidez com que podem notar mentalmente as imagens de
objectos. Por todo o curso do desenvolvimento cognitivo, as pessoas
geralmente desenvolvem estratégias mais sofisticadas de pensamento, seu
processamento da informação torna-se mais completo, elas ficam cada vez
mais capazes de compreender as relações de ordem sucessivamente superior
61

e progressivamente flexíveis em sua utilização de estratégias para a


resolução de problemas.

4. Quais são algumas das questões-chave nas teorias do


desenvolvimento cognitivo e como essas questões são tratadas?
Embora quase todos os psicólogos cognitivos reconheçam, ao menos
parcialmente, os papéis separados e interactivos da maturação (natureza) e
da aprendizagem (educação) no desenvolvimento cognitivo, vários teóricos
seguidamente enfatizam a importância de uma ou de outra. Os teóricos
também discordam quanto à extensão em que o desenvolvimento é em
estágios e descontínuo ou é uniforme e contínuo – uma progressão gradual
ininterrupta. As mudanças tanto no desempenho de tarefas cognitivas como
na maturação fisiológica do cérebro parecem sustentar a concepção de que
alguns aspectos do desenvolvimento cognitivo são contínuos, mas outros são
descontínuos. Quanto à questão do desenvolvimento geral para o domínio
versus específico para o domínio, grande parte do desenvolvimento
conceptual das crianças parece ser específico para o domínio – ocorrendo em
diferentes taxas em diferentes domínios -, embora alguma parte pareça ser
geral para o domínio – ocorrendo em todos os domínios com,
aproximadamente, a mesma taxa. Além disso, uma compreensão do
desenvolvimento cognitivo é acelerada tanto pela pesquisa geral para o
domínio quanto pela pesquisa específica para o domínio. Outra questão
emerge das dificuldades com que os pesquisadores se deparam, quando
tentam avaliar a competência baseada no desempenho. Diferentes teóricos e
pesquisadores tratam essas dificuldades de diferentes maneiras.

5. Quais são algumas das mudanças de desenvolvimento, na


cognição, que ocorrem durante a vida adulta? Parece que as
capacidades fluidas – envolvidas no rápido processamento cognitivo em
resposta a novas tarefas cognitivas –primeiramente, aumentam e, depois,
começam a diminuir, em algum momento mais tardio da vida, ao passo que
as capacidades cristalizadas – representadas pelo acúmulo de conhecimento
– aumentam por toda a duração média de vida ou, pelo menos, estabilizam-
se gradualmente na vida adulta tardia. Além disso, a sabedoria (amplamente
definida como insight extraordinário, consciência aguçada e julgamento
excepcional) geralmente aumenta com a idade, embora haja excepções.

PALAVRAS-CHAVE

acomodação – processo equilibrador pelo qual uma pessoa modifica seus


esquemas cognitivos para adaptar-se a novos aspectos relevantes do
ambiente.
ambiente de avaliação dinâmico – um contexto para exame, no qual o
examinador responde distintamente quando uma criança dá uma resposta
incorrecta, oferecendo-lhe uma série gradual de pistas para orientá-la em
direcção à resposta correcta.
ambiente de avaliação estático – o contexto típico para exame, no qual o
examinador não faz esforço algum para responder distintamente quando uma
62

criança dá uma resposta incorrecta, prosseguindo, em vez disso; para a


próxima questão do teste.
assimilação – processo equilibrador pelo qual uma pessoa incorpora a nova
informação aos esquemas cognitivos existentes.
centração – a tendência das crianças em concentrarem todos os processos
de pensamento em um aspecto perceptivelmente notável de um objecto,
uma situação ou um problema, à exclusão de outros aspectos relevantes.
conservação – a capacidade para considerar mentalmente a estabilidade de
uma dada quantidade, apesar das mudanças observadas na aparência do
objecto ou da substância.
desenvolvimento cognitivo – as mudanças qualitativas no pensamento,
que ocorrem ao longo da duração média de vida, em associação à
progressiva maturidade fisiológica (maturação) e experiência
(aprendizagem).
egocentrismo – característica na qual as crianças concentram-se
enormemente em si mesmas e em sua própria perspectiva; durante o curso
do desenvolvimento, entretanto, elas tornam-se cada vez menos
egocêntricas e, dessa forma, mais capazes para observar as coisas a partir da
perspectiva dos outros.
equilibração – um processo de adaptação cognitiva ao ambiente, pelo qual
a pessoa trabalha para manter um estado de equilíbrio cognitivo (balanço),
mesmo diante de nova informação (cf. assimilação, acomodação).
estágio operatório formal – estágio piagetiano (começando
aproximadamente aos 12 anos de idade), durante o qual as crianças tornam-
se competentes na manipulação mental de suas representações internas não
só de objectos concretos, mas também de símbolos abstractos.
estágio pré-operatório – estágio piagetiano (aproximadamente dos 2 aos 7
anos de idade), durante o qual a criança começa activamente a desenvolver
representações mentais internas e a usar a linguagem como um meio de
manipulação cognitiva, assim como de comunicação.
estágio sensório-motor – estágio piagetiano (aproximadamente do
nascimento aos 2 anos de idade), durante o qual o bebé, gradualmente,
adapta o output (p. ex., reflexos) em resposta ao input sensorial, a fim de
satisfazer os objectivos intencionais do bebé; envolve acréscimos tanto no
número quanto na complexidade das capacidades sensoriais e motoras.
internalização – um processo vygotskiano pelo qual as pessoas incorporam
a si próprias o conhecimento que obtêm por intermédio de suas interacções,
dentro de um contexto social.
operações concretas – estágio piagetiano (aproximadamente dos 7 aos 12
anos de idade), durante o qual as crianças tornam-se competentes em
manipular mentalmente suas representações internas de objectos concretos.
pensamento representativo – processos pelos quais as crianças formam
representações internas (representações imaginárias ou simbólicas) de
estímulos externos.
permanência do objecto – uma consciência cognitiva de que os objectos
continuam a existir, mesmo quando eles não são imediatamente perceptíveis
pelos sentidos.
63

plasticidade – uma característica da cognição humana, pela qual parecemos


ser ilimitadamente capazes de modificar nossos processos e produtos
cognitivos, melhorando nossa eficácia nas tarefas com as quais nos
deparamos.
irreversível – característica dos processos que podem ser desfeitos, tão logo
tenham sido feitos (p. ex., despejar de um recipiente para outro e depois
despejar de volta novamente).
sabedoria – amplamente definida como insight extraordinário, consciência
aguçada e julgamento excepcional.
teoria da competência – abordagem teórica que enfatiza o que as pessoas
são idealmente capazes de fazer (cf. teoria do desempenho).
teoria do desempenho – perspectiva teórica que enfatiza o que as pessoas
tipicamente fazem (cf. teoria da competência).
teóricos do processamento da informação – psicólogos cognitivos que
procuram compreender o desenvolvimento cognitivo, em função de como as
pessoas empenham-se em vários processos cognitivos, tais como
descodificação, codificação, armazenamento e recuperação da informação sob
várias formas (p. ex., imagens, proposições ou símbolos)
teóricos gerais para o domínio – teóricos do desenvolvimento cognitivo
que procuram compreender como os princípios gerais do processamento da
informação se aplicam e são usados por meio de uma variedade de funções
cognitivas.
zona de desenvolvimento proximal (ZDP) – a amplitude de capacidade
entre a capacidade potencial não-desenvolvida existente na criança
(competência) e a capacidade observada da criança (desempenho).

PONDERANDO O PENSAMENTO:
Questões Concretas, Analíticas, Criativas e Práticas

1. Segundo Piaget, quais são os principais estágios do desenvolvimento


cognitivo?

2. Quais são algumas das modificações fisiológicas importantes que


acompanham o desenvolvimento cognitivo?

3. Compare e diferencie a teoria piagetiana e a teoria vygotskiana.


64

4. Como alguns dos resultados baseados na teoria do processamento da


informação complementam os resultados baseados na teoria
piagetiana?

5. Escolha uma área de cognição que lhe interessa e planeje um


experimento que usaria uma abordagem do processamento da

6. informação, para estudar as tendências do desenvolvimento nessa área


de cognição.

7. Planeje uma tarefa que possa ser usada em um ambiente de avaliação


dinâmico. Inclua a série graduada de sugestões que deveria ser dada
ao tomador do teste.

8. Segundo Piaget, o egocentrismo é uma característica cognitiva. De


que maneira você observa essa característica em seu próprio
pensamento e no pensamento de outras pessoas que você conhece?

9. Suponhamos que você é o líder de grupo de uma força-tarefa que


compreende dois grupos de voluntários: estudantes do segundo grau
que estão obtendo crédito do curso pelo voluntariado e trabalhadores
aposentados que querem oferecer seus préstimos à sua comunidade.
Supondo que as tendências quanto à inteligência fluida versus
inteligência cristalizada aplicam-se a essas pessoas, que tipos de
tarefas você atribuiria aos trabalhadores mais jovens e aos mais velhos
para tirar completo proveito de suas respectivas capacidades?

QUESTÕES APLICADAS
1. Que entende, normalmente, por estrutura? Quais as suas principais
características?

2. Qual a importância da noção de estrutura em Psicologia do


Desenvolvimento?

3. Qual a relação entre desenvolvimento humano e estrutura do sujeito?

4. Quais os principais aspectos da estrutura da personalidade do


sujeito?

5. Porque é que o estruturalismo «piageciano» é considerado com mais


rigor como um «construtivismo»?

6. Quais os principais processos ou métodos normalmente utilizados no


estudo do desenvolvimento humano? Qual a importância da
observação? Qual desses processos lhe parece melhor? Porquê?
65

7. Em que se distinguem fase etária e estádio de desenvolvimento? Qual


a sua importância no estudo do desenvolvimento?

8. Como se distinguem e se justificam os estádios de desenvolvimento


em Freud, Wallon, Piaget e Bruner?

9. Indique os principais estádios de Freud. Em que base é que eles


assentam?

10. Indique os principais estádios de Wallon. Em que base é que eles


assentam?

11. Indique os principais estádios de Piaget. Em que base é que eles


assentam?

12. Indique os principais estádios de Bruner. Caracterize-os.

13. Qual a importância da estrutura em Piaget? Qual o papel dos


«schèmes» de acção e dos «schèmes» operatórios, no interior da
estrutura? Como se transformam os «schèmes» de acção em
«schèmes» operatórios ou de conhecimento?

14. Qual a importância do estádio emocional em Wallon? Porquê?

15. Qual a distinção entre operações concretas e formais em Piaget?

16. Qual dos modelos apresentados lhe parece mais relevante para a sua
missão de educador?

17. Quais as perspectivas actuais no estudo do desenvolvimento humano?


Porquê?

Questões sobre Maturação e Motricidade

1. Diga quais são as relações entre a maturação e o crescimento físico.

2. Enuncie os dois períodos que constituem a fase pré-natal.

3. Caracterize sucintamente o desenvolvimento pré-natal.

4. Diga o que entende por desenvolvimento psicomotor.


66

5. Quais são as competências psicomotoras do bebé quando nasce?

6. Qual a finalidade da utilização do teste APGAR.

You might also like