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Tema da aula teórica de dia 27 de Out.

de 2008: Contabilidade Pública e Nacional

O Estado em sentido lato engloba:

- Os Serviços Integrados ou SPA (sector público administrativo) que inclui os Ministérios,


dentro dos quais existem várias unidades orgânicas (como direcções gerais, por
exemplo) – é o Estado stricto sensu;

- Os Fundos e Serviços Autónomos que têm autonomia administrativa e financeira e


normalmente são Institutos Públicos (descentralização administrativa);

-A segurança social; e

- A Administração local e regional (como existe aqui independência orçamental há quem


defenda que esta é a verdadeira forma de descentralização administrativa/
descentralização administrativa propriamente dita).

O objectivo da contabilidade pública é dar uma visão de conjunto da situação financeira


do Estado em sentido lato, mediante a análise do saldo final. Para se alcançar esse saldo
há que fazer uma confrontação das receitas e despesas, o que irá mostrar a realidade
financeira dos vários sub-sectores do Estado.

Receitas – Entrada de activo monetário para o património do Estado

Despesas - Saída de activo monetário

Receitas/ Despesas correntes – não afectam o património duradouro do Estado (que é


aquele que permanece na posse do Estado durante 1 ano)

Receitas/ Despesas de capital – afectam o património duradouro do Estado

A classificação económica classifica as várias cifras de acordo com a sua natureza. Elas
podem ser:

1 – Receitas correntes desagregadas

2 – Despesas correntes desagregadas

3 – Saldo corrente: obtém-se pela confrontação de 1 com 2 e será positivo se as receitas


forem superiores às despesas, negativo se ocorrer o contrário e neutro se as receitas
forem iguais às despesas.

4 – Receitas de Capital desagregadas

5 – Saldo Global que se calcula em percentagem do PIB

Exemplo

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


-4,3 % O,2 % 0,1 % 0,1 % - 4,2%
Sendo estes os saldos globais de cada sector do Estado em sentido lato, o saldo deste é
negativo (-4,2%), o que significa obviamente que as despesas suplantaram, neste ano,
as receitas.

A análise dos valores apresentados pode ser:

- Consolidada

- Não consolidada.

Exemplo (quadro de valores de receitas correntes não consolidados)

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


60 15 10 15 100

Nestes valores de receitas estão incluídos tanto receitas provenientes de transferências


de outros sectores do Estado em sentido lato, como receitas próprias como são os
impostos, por exemplo. Isto porque estamos no campo da análise não consolidada.

Porém, há interesse em saber, por exemplo, quanto do valor de 60 que diz respeito às
despesas do Estado são transferências de outros sectores, para o que é necessário
recorrer a uma análise consolidada que estabelece a diferença entre as receitas totais e
as receitas por transferência.

Quadro com o valor de receita de cada sector do Estado que é transferência de outros

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


10 6 6 5 28

Quadro com os valores consolidados

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


50 8 4 10 72

Estes valores permitem saber quanto do acervo total de receitas é por transferência e,
consequentemente, permite saber qual o grau de dependência ou de autonomia dos
vários sub-sectores. Segundo esta análise é possível constatar que os FSA e a Ad. Local
e Regional são os mais dependentes do Estado, enquanto que a Seg. Social é mais
autónoma.

Pode fazer-se o mesmo exercício para as despesas:

Quadro com os valores de despesas correntes não consolidados

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


65 10 15 10 100

Quanto destas despesas é devido a transferências para outros sectores?


Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total
35 1 2 1 39

Análise consolidada:

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social Total


30 9 13 9 61

Este quadro mostra que o Estado é um gastador líquido com os outros sub-sectores,
enquanto estes são receptores líquidos.

No apuramento do saldo dos vários sectores, os dados também podem ser consolidados
ou não:

-Análise não consolidada

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social


65-60= - 5 15-10=5 10-15= -5 15-10=5

Este quadro mostra que o Estado e a Ad. Regional e Local são os sectores mais
gastadores.

-Análise consolidada

Estado FSA Ad. Regional e Local Seg. Social


50-30= 20 8-9=-1 4-13= -9 10-9=1

Fazendo a análise do saldo do Estado pode dizer-se que o seu saldo não consolidado é
negativo, mas só devido ao esforço com transferências para outros sectores porque se
não fosse esse esforço o saldo era positivo (o saldo consolidado é positivo).

Também se retira do quadro que a Seg.Social é o sector menos dependente, enquanto


que a Ad. Local e Regional é fortemente dependente.

Qual então a utilidade da contabilidade pública?

. perceber quanto da despesa do Estado é com os cidadãos, empresas e


desenvolvimento do país e quanto é com relções internas com os outros sectores

. perceber o grau de dependência entre eles

Contabilidade Pública – perspectiva jurídico - constitucional

Contabilidade Nacional (está a ultrapassar o modelo da contabilidade pública) –


perspectiva económica (é com este modelo que os países comunitários têm que
apresentar as suas contas à Comissão que instituiu o SEC 95 – sistema europeu de
contas de 1995 – que é um documento que contém um conjunto de regras
contabilísticas uniformes. Um dos objectivos dessas regras é impedir a contabilidade
criativa e o recurso a técnicas de desorçamentação).
Sistema público administrativo e Sector empresarial do Estado são termos utilizados
pela contabilidade pública que correspondem, na contabilidade nacional,
respectivamente a Administrações públicas e Sector Público empresarial.

Que critérios tem que ter uma situação para ser integrada nas Administrações Públicas/
SPA?

1 – Produtores não mercantis

2 – Consumo individual ou colectivo

3 - Pagamentos obrigatórios, por exemplo, através dos impostos

4 – Instituições com propósito distributivo

E para ser integrada no SPE/SEE (por exemplo, hospital passar a ter a forma
empresarial)?

1 – Lógica mercantil com venda de bens ou serviços no mercado a preços


economicamente significativos

2 – Forma jurídica empresarial

3 – Capitais quase totalmente públicos

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