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RESUMO: Nos últimos sete anos tem ocorrido no Brasil uma progres-
siva municipalização do ensino fundamental, da educação infantil
e de jovens e adultos decorrente de induções/programas do poder
central que assumiu a descentralização como um dos princípios das
políticas educativas. Embora não se desconheça que estas medidas
têm contribuído para o aumento das matrículas nesses níveis, no
presente artigo problematiza-se o seu pouco alcance para garantir
processos de escolarização com efetiva qualidade. Pontuando-se as
principais características que passaram a nortear a ação do Estado,
particularmente no que concerne às mudanças da administração
burocrática para a gestão gerencial, procura-se mostrar as implicações
dessas mudanças na educação municipal, tendo-se por referente
resultados de pesquisa sobre impactos de programas do governo
federal voltados para o financiamento da escolarização nos espaços
locais.
Palavras-chave: Municipalização do ensino. Modelo de gestão geren-
cial. Políticas educativas. Processos de descentralização.
Programas federais. Financiamento da educação.
Considerações iniciais
Fonte: MEC/INEP
* 100% correspondem a um total de 4.640.220 matrículas.
** 100% correspondem a um total de 5.912.150 matrículas.
*** 100% correspondem a um total de 1.511.164 matrículas.
**** 100% correspondem a um total de 1.759.804 matrículas.
Quadro 2
Matrículas na Educação de Jovens e Adultos no
Brasil e no Nordeste por Redes de Ensino (1997 e 2001)
Fonte: MEC/INEP
* 100% correspondem a um total de 2.881.770 matrículas.
** 100% correspondem a um total de 3.777.989 matrículas.
*** 100% correspondem a um total de 732.180 matrículas.
**** 100% correspondem a um total de 1.119.143 matrículas.
Quadro 3
Matrículas no Ensino Fundamental no Brasil
e no Nordeste por Redes de Ensino (1996-2001)
Fonte: MEC/INEP
* 100% correspondem a um total de 33.131.270 matrículas.
** 100% correspondem a um total de 35.298.089 matrículas.
*** 100% correspondem a um total de 10.475.469 de matrículas.
**** 100% correspondem a um total de 12.430.998 de matrículas.
Brasil Nordeste
a a a a a a a a
Rede de Ensino 1 à 4 série 5 à 8 série 1 à 4 série 5 à 8 série
Federal 0,0 0,1 0,0 0,0
Estadual 28,3 60,0 17,9 48,5
Municipal 63,2 30,0 75,0 42,8
Privada 8,5 9,9 7,1 8,7
Total 100,0* 100,0** 100,0*** 100,0****
Fonte: MEC/INEP
* 100% correspondem a um total de 19.727.684 matrículas.
** 100% correspondem a um total de 15.570.405 matrículas.
*** 100% correspondem a um total de 7.505.976 matrículas.
**** 100% correspondem a um total de 4.925.022 matrículas.
Quadro 5
Quantidade de Projetos Cadastrados e
Conveniados com o FNDE em 2000 por Especificação do Programa
PROJETOS
CADASTRADO CONVENIADO
PROGRAMAS
QUANTIDADE % QUANTIDADE %
Aceleração da Aprendizagem 656 4,57 314 2,19
Educação Especial 1.137 7,91 769 5,36
Ensino Fundamental Regular 2.571 17,90 132 0,92
Educação Indígena 60 0,42 20 0,14
Educação de Jovens e Adultos 907 6,32 466 3,24
Paz nas Escolas 11 0,08 11 0,08
Educação Pré-Escolar 3.249 22,63 519 3,61
Saúde do Escolar 2 0,01 2 0,01
Transporte do Escolar 4.684 32,62 1.091 7,60
TV Escola 1.082 7,54 14 0,09
TOTAL 14.359 100,00 3.338 23,24
Notas
1. Weber (1991) atribuiu ao desenvolvimento do capitalismo o surgimento das bases
econômicas para a emergência da administração burocrática, ao possibilitar os recursos
fiscais necessários ao seu funcionamento. Numa breve síntese de suas análises, podemos
dizer que, para ele, o capitalismo fez emergir a administração burocrática moderna, apoiada
na centralização das decisões, na hierarquia estruturada a partir da unidade de comando,
configurando uma estrutura de poder piramidal, com normas rígidas de controle
contínuo dos processos. Este modelo, por seu turno, possibilitou o aparecimento de uma
burocracia estatal formada por técnicos altamente qualificados, selecionados e treinados
para equacionar racionalmente as demandas e soluções colocadas ao Estado. Vale
lembrarmos, entretanto, a perspectiva metodológica que Weber imprimiu aos seus tipos
ideais, dentre os quais ao “tipo ideal de administração burocrática”. Conforme destacou,
nenhum tipo ideal seria puramente encontrado na realidade, já que se constituiu em um
método possibilitador da formulação de hipóteses sobre fenômenos a serem investigados.
2. Tratam-se de resultados de estudos desenvolvidos, por meio de pesquisa integrada, no
Núcleo de Estudos e Pesquisa de Políticas Públicas de Educação, do Programa de Pós-
Graduação em Educação da UFPE. Eles têm por objetivo comum o exame das repercussões
de políticas educativas estabelecidas pelo poder central nas municipalidades pernambu-
canas e envolvem, também, dissertações e trabalhos de iniciação científica.
3. Esta documentação, que vem sendo exigida para o estabelecimento de convênios pelas Leis
de Diretrizes Orçamentárias, compreende o seguinte: cadastro do órgão/entidade e do seu
dirigente; declaração de regularidade; comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica; balanço contábil de ano anterior; lei orçamentária, do município, do
estado federado ou do Distrito Federal, acompanhada do(s) anexo(s) referente(s) à Secre-
taria de Educação (aprovada para o exercício do ano do projeto), constando, inclusive, a
previsão de recursos a serem utilizados no projeto como contrapartida; certidão negativa
de débito com o INSS; certificado de regularidade de situação do FGTS; certidão negativa de
débito de tributos e contribuições federais; certidão negativa quanto à dívida ativa da
União; cópia da ata de eleição e posse do dirigente do órgão ou ato de nomeação ou
designação, quando for o caso de entidades não-governamentais (MEC/FNDE, 2000b).
Referências bibliográficas