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Comentário à análise crítica elaborada pela colega Júlia Sombreireiro

De entre as várias análises críticas enviadas para o fórum, seleccionei a que foi
elaborada pela colega Júlia Sombreireiro porque, ao contrário de mim, ainda não
aplicou o modelo de auto-avaliação. Das suas palavras transparece o receio que eu
própria senti no ano lectivo anterior, quando me vi confrontada com a responsabilidade
de avaliar o trabalho desenvolvido na/com a BE. Espero, de alguma forma, com este
meu comentário, aliviar um pouco a apreensão da colega face à auto-avaliação da
biblioteca.

A Júlia começa por referir que o modelo de auto-avaliação é “um óptimo


instrumento para termos a noção do nosso papel e do caminho a seguir a fim de
atingirmos os objectivos da escola e a BE servir da melhor forma os utentes”. Sem
dúvida que se trata de um excelente documento de apoio a uma prática fundamental
no quotidiano de um Professor Bibliotecário do séc. XXI. Citando Eisenberg (2002):

“Analysis and planning are crucial. Analyze what is currently real, what is
desired, and then plan how to get there. Once the analysis is complete, implement a
rolling five-year plan to get the desired results.”

É imperativo que se trace um plano de actuação e este passará


inequivocamente por planificar e avaliar o trabalho que se desenvolve, situando a BE
num nível de desempenho após reflexão sobre as evidências recolhidas. Terminado
este apurar de resultados haverá lugar e condições para delinear um plano de
acção/melhoria, a implementar para optimizar o trabalho e afirmar progressivamente a
eficácia da BE.

Recordo, do texto da sessão disponibilizado pelas formadoras, a pertinência da


metáfora da Alice no seu encontro com o gato Cheshire. E atrevo-me a acrescentar as
palavras de um outro autor:

“Nenhum vento é favorável para um barco que anda à deriva. E anda à deriva se não
existe um projecto concreto de viagem, se não há forma de controlar o barco ou se não
estamos a navegar na direcção correcta.”

Santos Guerra, 2002

Na minha opinião (modesta), o modelo de auto-avaliação das bibliotecas


escolares é uma grande ajuda para definir um “projecto concreto de viagem” e
“navegar na direcção correcta”.
A Júlia refere-se à auto-avaliação da BE como “um processo longo” em que o
Professor Bibliotecário precisa da “abertura e colaboração de toda a comunidade
educativa”. Concordo consigo, mas acrescento que é muito importante que a recolha
de evidências decorra desde o início do ano lectivo e que, em cada actividade que
desenvolvemos, para a qual até tivemos o envolvimento desta ou daquela turma,
deste ou daquele professor, é possível e primordial recolher evidências. A este
respeito, Todd (2008) defende três conceitos/dimensões: “evidence for practice”,
“evidence in practice” e “evidence of practice”. Quanto aos muitos elementos, fontes e
instrumentos de recolha de dados que o modelo elaborado pelo GRBE indica, são
passíveis de selecção por parte do Professor Bibliotecário. Posso dizer-lhe que, a nível
pessoal, também no ano lectivo transacto apliquei o modelo de auto-avaliação por
minha conta e risco, sem a ajuda dos elementos da equipa (ocupados com outra
avaliação, a dos colegas), e que me surpreendi ao descobrir que o quadro referencial
é uma grande ajuda e que o processo não é tão complexo como, à partida, parece.

Por último, quero ainda referir que o modelo de auto-avaliação da BE define


muito bem as linhas de acção de uma biblioteca escolar, o trabalho a desenvolver no
sentido de caminhar ao encontro dos quatro pilares educacionais da sociedade do
conhecimento (Delors, 1998): “aprender a conhecer”, “aprender a fazer”, “aprender a
viver em comum” e “aprender a ser”. E isso, a meu ver, é de grande valor para
Professores Bibliotecários com ou sem experiência.

“Não há nada impossível; há só vontades mais ou menos enérgicas.”

(Júlio Verne)

BIBLIOGRAFIA:

DELORS, Jacques (Coord.). Os quatro pilares da educação. In: Educação: um tesouro


a descobrir. São Paulo: Cortezo. p. 89-102.

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Want to Change Your Job”,
School Library Journal. 9/1/2002

Texto da sessão

A Formanda,

Paula Morgado

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