Professional Documents
Culture Documents
A Ética de Espinosa
Uma das principais características dos modernos, na ótica dos pós-modernos, é uma
pretensão a querer explicar tudo. Nas definições que Espinosa propõe, podemos ver um
viés de presunção da verdade, em qualquer tempo e em qualquer lugar. Neste sentido,
Espinosa é um autor moderno por excelência.
Esta perspectiva é o chamado paralelismo, que quer dizer justamente que na filosofia
de espinosa não há soberania da alma em relação ao corpo. Os afetos explicam o
pensamento na mesma medida em que o pensamento é indicativo das sensações corporais.
Espinosa diria: Não posso propor uma reflexão ética se não considerar de forma
destacada os afetos do corpo, porque se a ética é a reflexão sobre a vida, é evidente que não
posso refletir sobre a vida higienizando-a dos afetos do corpo. Não posso supor que a
produção da razão ignore a existência dos afetos.
Os afetos são interpretações do corpo aos efeitos que o mundo produz sobre ele.
Para entender isto de forma mais clara, é preciso que o leitor perceba o que Espinosa
entende pela vida, pela existência.
Para ele, a vida é uma sucessão de encontros com o mundo. A palavra encontro é
fundamental para Espinosa, pois ele não concebe nenhuma reflexão sobre a vida sem ser
constituída fundamentalmente pelo encontro com o mundo. A idéia é de que o mundo não
sai de nossa frente, de que a vida é no mundo, constituída de encontros com este.
Mas nem nós nem o mundo somos apresentados um ao outro como totalidade.
Somos parte e encontramos outras partes do mundo. A vida de cada um de nós é a relação
ininterrupta da parte que somos com outros corpos, também parte do todo, que espinosa
chamará de mundo.
Não perca.