O documento apresenta uma introdução à sericicultura, definindo-a como a arte de produzir seda através da cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda. Discorre sobre a origem da sericicultura na China e sua disseminação para outros países. Também aborda a situação atual da sericicultura no Brasil e no mundo, destacando o sistema integrado de produção brasileiro e a importância socioeconômica da atividade.
O documento apresenta uma introdução à sericicultura, definindo-a como a arte de produzir seda através da cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda. Discorre sobre a origem da sericicultura na China e sua disseminação para outros países. Também aborda a situação atual da sericicultura no Brasil e no mundo, destacando o sistema integrado de produção brasileiro e a importância socioeconômica da atividade.
O documento apresenta uma introdução à sericicultura, definindo-a como a arte de produzir seda através da cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda. Discorre sobre a origem da sericicultura na China e sua disseminação para outros países. Também aborda a situação atual da sericicultura no Brasil e no mundo, destacando o sistema integrado de produção brasileiro e a importância socioeconômica da atividade.
Prof. Ronald Zanetti - DEN/UFLA, CP 3037, 37200-000, Lavras, MG. zanetti@ufla.br
1 SERICICULTURA
1. INTRODUO SERICICULTURA
A sericicultura uma das atividades agroindustriais mais antigas de que se tem notcia na humanidade. Compreende a cultura da amoreira, a criao do bicho-da-seda e a produo dos fios de seda para a indstria txtil, ou seja, a sericicultura a arte de produzir seda. Seda um produto filamentoso de origem protica, produzida pelas glndulas sericgenas das lagartas do bicho-da-seda, principalmente Bombyx mori Linnaeus 1758 (Lepidoptera: Bombycidae), que produz mais de 95% da seda produzida no mundo. Dos mais de 50 pases produtores de seda no mundo, o Brasil destaca-se em quinto lugar na produo mundial, porm ocupa uma das primeiras posies no quesito qualidade, devido ao sistema integrado de produo, que padroniza todas as operaes e insumos ao longo da cadeia produtiva, diferentemente de outros pases produtores, que utilizam grande nmero de variedades de amoreira e de bicho-da-seda.
1.1. HISTRICO
A sericicultura teve origem na China por volta de 4500 a.C., quando a Imperatriz Hsi-Ling-Chi, esposa do Imperador Hwang-Te, propiciou aos sbios da poca condies de estudar e controlar o ciclo do bicho-da-seda alimentando-o com folhas de amoreira-branca e matando os adultos antes de emergirem, alm de conhecer as tcnicas do bobinamento dos filamentos, tecendo-os em fios resistentes que, posteriormente, eram usados para a confeco de tecidos. Os chineses dominaram o segredo de produo da seda por mais de 3000 anos, impondo severos castigos, como a pena de morte, queles que contrabandeavam os ovos do bicho-da-seda ou as sementes de amoreira para fora do seu territrio. Com o reatamento das relaes comerciais da China com outros pases e com a imigrao dos chineses, a sericicultura chegou Coria por volta do ano 1000 a.C. Da, atingiu o Japo ( 337 a.C.), a ndia ( 400 a.C.) e o Tibet ( 140 a.C.). Por volta de 550 d.C., a sericicultura foi introduzida em Constantinopla (Istambul), difundindo-se mais tarde para a Itlia, Frana, Espanha e outros pases. No Brasil, a sericicultura foi introduzida por Moreira Azevedo, aps a vinda de D. Joo VI. Entretanto, somente no sculo XIX alcanou maior desenvolvimento com a fundao da Companhia Seropdica Fluminense, em Itagua (RJ), por Jos Pereira Tavares.Em 1848, D. Pedro II, scio majoritrio da Companhia, passou a denomin-la de Imperial Companhia Seropdica Fluminense. Notas de Aula de ENT 110 Sericicultura Prof. Ronald Zanetti - DEN/UFLA, CP 3037, 37200-000, Lavras, MG. zanetti@ufla.br
2 Em 1850 foi introduzida, em Sorocaba (SP), a primeira mquina de desenrolar fios de seda. Em 1912, o Governo Federal criou a primeira Estao Experimental de Sericicultura, em Barbacena (MG). Em 1921 foi criada a Indstria de Seda Nacional S.A, implantada por Francisco Matarazzo, Campinas (SP), estimulando o desenvolvimento da sericicultura, atravs da formao de tcnicos de campo, alm da produo de mudas de amoreiras e ovos de bicho-da-seda. No ano de 1935, o governo de So Paulo criou a 3 a Seo de Sericicultura com a finalidade de produzir ovos do bicho-da-seda e de prestar assistncia tcnica aos produtores. Em 1941, ela passou a se chamar Servio de Sericicultura do Estado de So Paulo. Aps a Segunda Guerra Mundial, a sericicultura se expandiu muito, principalmente nos Estados de So Paulo, Paran e Mato Grosso do Sul.
1.2. SITUAO ATUAL DA SERICICULTURA
A sericicultura explorada em mais de 50 pases em todo o mundo. A produo mundial de fios de seda gira em torno de 95 mil toneladas anualmente, sendo que a China contribui com 69,0% e a ndia, com 16,0%, sendo os maiores produtores. O Brasil situa-se em quinto lugar com 2,7% da produo mundial, 2500 toneladas, em 1995. As exportaes correspondem a 95% da produo nacional, sendo o Japo o maior importador da seda brasileira com participao de mais de 60%. Os Estados brasileiros com a maior produo de casulos verdes so Paran, com 80%, So Paulo, 13%, e Mato Grosso do Sul, 3%. Em Minas Gerais, a sericicultura concentra-se no sul e sudeste do Estado, no entanto a produo pouco significativa no contexto nacional, apesar do clima favorvel e da proximidade com as indstrias beneficiadoras de casulos.
1.3. SISTEMA INTEGRADO DE PRODUO
O sistema de produo de fios de seda no Brasil dito integrado, envolvendo principalmente empresas e produtores, alm do governo em alguns Estados. O sistema funciona atravs de uma empresa que decide explorar uma determinada regio e procura os produtores locais para formarem uma parceria. A empresa se compromete a distribuir as estacas de amoreira, produzir e distribuir as lagartas de terceira idade para os produtores conveniados e garantir a compra dos casulos a preo de mercado. Os produtores, conveniados empresa, se comprometem a comprar as lagartas e produzir os casulos, que so vendidos para a empresa produtora de fios de seda conveniada. Para os produtores poderem iniciar o negcio, o governo cria programas de crdito para a sericicultura, em que os produtores adquirem emprstimos em um banco oficial (pblico) e saldam suas dvidas com a venda dos casulos empresa conveniada. Notas de Aula de ENT 110 Sericicultura Prof. Ronald Zanetti - DEN/UFLA, CP 3037, 37200-000, Lavras, MG. zanetti@ufla.br
3 Em alguns Estados, no existem programas de crdito para a sericicultura e os produtores iniciam o negcio com capital prprio ou tomam emprstimo normal, com pagamento no vinculado produo de casulos. A maioria dos crditos agrcolas sericicultura estabelece um prazo de amortizao de dois a cinco anos, com uma carncia de dois anos. Os financiamentos so destinados para todas as etapas.
1.4. ASSISTNCIA TCNICA
A assistncia tcnica para os sericicultores prestada geralmente pelas empresas produtoras de fios de seda, mas tambm por alguns rgos pblicos de assistncia tcnica dos Estados.
1.5. IMPORTNCIA SCIO-ECONMICA
- Cultura alternativa: a sericicultura vem oferecendo uma alternativa promissora nas atividades agro-zootcnicas por constituir uma explorao de pequeno risco, que necessita de pequena rea, pequeno capital de giro, utilizao de mo-de-obra familiar e produo para o mercado externo.
- Produto de exportao: atualmente, cerca de 95% da produo nacional exportada. O fio de seda tem um mercado externo promissor, pois a China, o maior produtor, est reduzindo sua produo pela mudana na economia do pas. No Japo, grande produtor e importador mundial de fios de seda, o consumo vem aumentando muito, o pas no possui rea disponvel para o cultivo da amoreira e, por isso, est preferindo importar fios semibeneficiados para sua indstria de tecidos. Alm disso, o preo do produto determinado pelo mercado internacional em dlares, reduzindo sua desvalorizao em relao ao real.
- Fixao do homem no campo: a sericicultura fixa o homem no campo, pois uma atividade que pode ser desenvolvida paralelamente a outras culturas, como o caf, milho e pecuria leiteira, etc., empregando a mo-de-obra o ano todo, propiciando estabilidade no emprego. Alm disso, tem baixo custo em insumos, retorno rpido do capital investido e garantia da venda de toda a produo.
- Pouca dependncia climtica: por ser uma planta rstica, a amoreira, nico alimento do bicho-da-seda, depende pouco das precipitaes pluviomtricas, possibilitando sua produo em praticamente todo pas.
- Pequeno custo de produo: como o alimento do bicho-da-seda consiste unicamente de folhas de amoreira, essa pode ser produzida a um baixo custo, diminuindo os custos de produo. Os custos iniciais consistem na formao Notas de Aula de ENT 110 Sericicultura Prof. Ronald Zanetti - DEN/UFLA, CP 3037, 37200-000, Lavras, MG. zanetti@ufla.br
4 do amoreiral, construo da sirgaria e depsitos de folhas, que exigem baixas quantidades de recursos investidos.
- Racionalizao da mo-de-obra: pelo fato de as atividades de manejo na criao exigirem pouco esforo fsico e serem realizadas dentro das sirgarias e prximos residncia, elas apresentam a possibilidade de serem realizadas por mulheres, idosos, adolescentes, ocupando a mo-de-obra geralmente ociosa do campo.
A aliança para o progresso e o governo João Goulart (1961-1964): Ajuda econômica norte-americana a estados brasileiros e a desestabilização da democracia no Brasil pós-guerra