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Simplesmente opinião…

Existe alguma falta de divulgação de toda a legislação de campos de férias.


Mas também alguma despreocupação das entidades/pessoas em recolher
documentos e informações relacionadas com Campos de Férias.
Existem leis e decretos (o que é muito positivo), mas existem os que não
aplicam. Sabendo da falta de funcionários suficientes para inspeccionar, visitar
e/ou informar os responsáveis dos Campos de Férias, muitos pensam
(ignorantemente): Para quê cumprir?

Da Comissão de Atribuição de Alvarás

O Decreto-Lei n.º 304/2003, de 9 de Dezembro, com as alterações impostas


com a publicação do Decreto-Lei n.º 109/05 de 8 de Julho, bem como demais
legislação complementar, tendo em vista a regulamentação da realização de
campos de férias, o licenciamento de instalações e criação de livro de
reclamações. Após a aprovação do Campo, a aplicação deste decreto é
realizada por uma empresa (não sei o nome, tanto mais que penso que tem
variado de ano para ano) que fiscaliza as instalações e se as mesmas
cumprem com os requisitos exigíveis. Assim, o IPJ emitindo o alvará (neste
momento tem a duração dos 3 anos seguintes) e se as entidades promotoras
e/ou organizadoras não derem conhecimento da realização do seu Campo de
Férias (20 dias antes do inicio do Campo têm de informar o IPJ), não existe
fiscalização, havendo a possibilidade do não cumprimento com os requisitos
das ditas entidades.

"Nesta conformidade, foi publicado o Decreto-Lei n.º 109/05 de 8 de Julho, pelo


qual as instalações que não reúnam, neste âmbito, os requisitos impostos pela
Portaria respectiva "podem ser utilizadas para aquele fim até 31 de Dezembro
de 2007, desde que previamente sujeitas a vistoria da autoridade de saúde
competente que ateste a existência das condições mínimas de higiene,
salubridade e segurança." (Cf. art. 29.º. n.º 1)". Poucos são os que reúnem
todas as condições previstas e agora? Fecha-se os Campos?
Das comunicações obrigatórias

- Ao abrigo do n.º 1 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 304/03 de 9 de Dezembro,


deve o IPJ ser notificado com a antecedência mínima de 20 dias úteis, da
realização dos campos e nos termos das respectivas alíneas a); b); c); d) e e);
- Ao abrigo do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 304/03 de 9 de Dezembro,
devem as entidades policiais, os Delegados de Saúde e os Corpos de
Bombeiros da área onde se realizam os campos de férias ser notificados pelos
organizadores com a antecedência mínima de 48 horas, antes do início das
respectivas actividades, com indicação clara da localização e calendarização.
- Ao abrigo do n.º 3 do artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 304/03 de 9 de Dezembro,
na redacção do Decreto-Lei n.º 109/05 de 8 de Julho, devem os autos das
vistorias às instalações onde se realizem os campos, ser remetidos ao IPJ até
5 dias antes do início do respectivo campo;

Do Seguro Obrigatório – Artigo 17.º do Decreto-Lei n.º 304/03 de 9 de


Dezembro.

Muitas seguradoras não desejam estabelecer um seguro pessoal relativamente


aos Campos de Férias. E muitas vezes quando o fazem o prémio atinge
valores exorbitantes. Algumas entidades fazem seguros que não cobrem as
cláusulas exigidas no Decreto-lei (por vezes para não pagarem o dito prémio
elevado), o que implica que se um participante tiver um acidente as
seguradoras não assumem o sucedido.

Da formação e certificação do pessoal técnico – Artigos 19.º e seguintes,


27.º e 28.º do Decreto-Lei n.º 304/03 de 9 de Dezembro.

“As habilitações e formação do pessoal técnico serão fixadas por portaria


conjunta dos membros do Governo que tutelam a área da Juventude, defesa
do consumidor e formação profissional, no prazo de 180 dias, a contar da data
de 10 de Março de 2004.”
Ainda não existe legislação para as habilitações e formação do pessoal técnico,
logo desde 9 de Março de 2006 (período transitório previsto na Lei, para que
tais funções possam continuar a ser asseguradas pelo pessoal que as vinha
exercendo, é de dois anos, nos termos do n.º 1 do artigo 28.º.) ninguém pode
exercer funções de acompanhamento e execução de actividades nos campos
de férias, desde que "(...) comprove a frequência de acções de formação na
área respectiva", se antes não ocorrer a publicação de portaria sobre a matéria.
Sabemos que algumas entidades promovem formações, mas com que base de
conhecimento e experiência poderão “formar” outros técnicos, quando os
próprios formadores não foram sujeitos a nenhum tipo de avaliação.

Até à data pouco se tem falado da formação para Coordenadores de Campos


de Férias. São estes, que de acordo com a legislação, “estão responsáveis
pelo funcionamento do campo de férias, cabendo-lhe a superintendência
técnica, pedagógica e administrativa das actividades do campo.”. É
fundamental unir esforços para esta função, uma vez que esta pessoa, entre
outras valências, é responsável pela elaboração do Plano Pedagógico de
Actividades.

Outra questão não menos importante é o facto de ter sido muito simples a
atribuição de alvarás. Neste momento já deve estar perto das 500 entidades
com alvarás emitidos, o que equivale a muitas entidades promoverem Campos
de Férias e poucas a serem inspeccionadas.

Visto algumas entidades terem como ramos de negocio este tipo de acções e
outras no “aproveitamento” da oportunidade de negócio, cada vez mais
empresas e pais “regateiam” o preço final a pagar por participante. Ao baixar
estes valores, reduz-se os custos fixos o que é o mesmo que dizes: menos
monitores, menos qualidade e quantidade de refeições e menos preço a pagar
pelos seguros.
Há que capacitar não somente a existência de Campos de Férias nas férias
sazonais como uma ocupação do jovem, mas antes apostar numa extrema
qualidade de oferta diversificada e segura de entidades que “trabalhem” e
vivam os campos dia após dia, antes, durante e depois da realização temporal
do Campo de Férias.

“A legislação é positiva, mas tarda em ser aplicada, e/ou rectificada.”

Terminando, é apenas uma opinião, uma vez que a minha área não é a
jurídica. É preferível um local de Campo de Férias funcionar devidamente e
receber vários grupos com um serviço prestável e cumpridor (e ser objecto de
constante avaliação e discussão), do que muitos Campos de Férias a receber
vários grupos, criando desta forma a dita dificuldade de inspecção, fiscalização
e informação pelas entidades competentes.

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