You are on page 1of 2

A Notícia do Dia

Dados da violência escolar ainda por reunir

FILIPA AMBRÓSIO DE SOUSA

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, ainda não fez o levantamento dos


casos de violência nas escolas, apesar de este crime ter sido seleccionado como
uma das suas prioridades até 2009, no âmbito da nova Lei de Política Criminal. Em
Novembro de 2007, o procurador garantia que iria preocupar-se com "cada caso de
um miúdo que dê um pontapé num professor ou lhe risque o carro", por não querer
que haja "um sentimento de impunidade" nas escolas, nem que "esse miúdo se
torne um ídolo para os colegas".

E antes, em Outubro, tinha dado a conhecer que iria emitir uma directiva para que
o MP fizesse uma recolha dos dados de indisciplina e violência escolar, começando
pela participação de todos os ilícitos que ocorrem nas escolas. Isto depois de, em
outra directiva, com vista à execução da Lei sobre Política Criminal para 2007/2009,
o procurador ter indicado como prioritárias as investigações dos crimes de
corrupção, contra idosos, crianças, deficientes e professores, em ambiente escolar.

Foi precisamente este o caso que ocorreu recentemente na Escola Secundária D.


Manuel Martins, em Setúbal, em que o director do Conselho Executivo, António
Pina, diz ter sido pontapeado por um aluno de 14 anos, depois de um incidente
entre este aluno numa sala de aula.

Perante esta situação, o DN questionou a Procuradoria-Geral da República sobre se


já fora feita a recolha de dados referentes ao fenómeno da violência escolar e fonte
do gabinete de Pinto Monteiro admitiu, numa resposta lacónica, que ainda não está
feito "qualquer levantamento".

A mesma fonte disse, em contrapartida, que o procurador-geral da República


determinou que fossem investigados todos os casos de violência de alunos contra
professores que houvesse conhecimento e que fosse dada prioridade à investigação
dos mesmos. Mas nada foi dito sobre números e medidas concretas.

Sobre o caso preciso da Escola Secundária D. Manuel Martins, de Setúbal, o


gabinete de Pinto Monteiro esclareceu que, antes de tomar alguma decisão,
aguarda que a PSP comunique a ocorrência ao Ministério Público para ser aberto o
competente inquérito.

PGR contra ministra

A "preocupação" de Pinto Monteiro pelo fenómeno da violência em ambiente escolar


levou mesmo o procurador a entrar numa troca de galhardetes com a ministra da
Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, acusando esta de minimizar o problema.
"Sei que há várias pessoas, até a senhora ministra da Educação, que minimizam a
dimensão da violência nas escolas, mas ela existe", disse o PGR, numa reacção à
ministra que tinha criticado o procurador de estar a dramatizar o fenómeno da
violência escolar. A ministra avisou Pinto Monteiro que não tem razões para se
preocupar porque a violência escolar "é rara e não está impune". Pinto Monteiro
tinha antes afirmado, em entrevista à revista Visão, que, "quanto à escola, ao nível
penal, deve existir tolerância zero. Mesmo que seja um miúdo de 13 anos, há
medidas de admoestação a tomar. Se soubessem a quantidade de faxes que eu
recebo de professores a relatarem agressões..." | com I.D.B.
In DN, 25/02/08

You might also like