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O visitante que vai at o Museu do Louvre, em Paris, no estar realizado se sair de l sem ter sequer passado alguns segundos diante do quadro da Monalisa. Na movimentada salle des Etats, turistas de toda parte do mundo se amontoam para olhar nos olhos do famoso retrato com sua expresso indefinida. Quem tem a oportunidade de viver essa experincia pode orgulhosamente afirmar: Eu vi um Da Vinci. A maioria das pessoas do mundo, porm, jamais estiveram no Louvre e nem por isso podem dizer que no conheceram a Monalisa. Em estampas, anncios, psteres, revistas, em toda parte, encontramos ela, ainda olhando misteriosamente em nossos olhos. Isso a obra de arte na era da reprodutibilidade tcnica. Para Walter Benjamim (....), as obras de arte, antes cultuadas por sua unicidade, raridade e dificuldade de acesso, com o surgimento de meios tecnolgicos de reproduo, passam a ser objetos de exposio. Muda-se a relao entre o pblico e a obra. O que antes exigia recolhimento, agora torna-se diverso; o que antes era fruio, agora distrao; e (por que no dizer?) o que antes era arte, agora entretenimento. A experincia de contemplao que a obra de arte requeria anteriormente deixa de existir. Ao se retirar a obra de arte do seu local, de seu valor de culto, desfaz-se o seu ritual e ela passa a ter apenas o valor de exposio. J no interessa a sua ambincia, pouco importa a sua autenticidade, nada se v de seu testemunho histrico. Mata-se a aura. Mas no se pode afirmar que a reprodutibilidade trouxe apenas
desvantagens. Quantos de ns poderamos ter acesso s obras originais? Quantos poderiam ver in loco o quadro da Monalisa? A fotografia, o cinema, as cpias impressas tornaram a arte democrtica. Podemos ter o retrato mais famoso do mundo em nossas camisetas, na capa de nossos cadernos, como papel de parede de nosso computador. Nesse novo contexto, a experincia importante aquela que pode ser compartilhada e a reprodutibilidade tcnica torna a obra acessvel.