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Na descrição não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte

que não haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente


que está sendo descrito diferentemente da narração, mas sim a
apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um
determinado momento.

A descrição se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou


cenas. Para produzir o retrato de um ser, de um objeto ou de uma cena,
podemos utilizar a linguagem não-verbal, como no caso das fotos,
pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). A utilização
de uma dessas linguagens não exclui necessariamente a outra: pense,
por exemplo, nas fotos ou ilustrações com legendas, em que a
linguagem verbal é utilizada como complemento da linguagem não-
verbal. Pense também num anúncio de animal de estimação perdido em
que, ao lado da descrição verbal, também seja apresentada, como
complemento àquela informação, a sua foto.

A Descrição Verbal

A descrição verbal também trabalha com imagens, representadas por


palavras devidamente organizadas em frases. Essas imagens podem ou
não vir associadas a informações.

Pode-se entender a descrição como um tipo de texto em que, por meio


da enumeração de detalhes e da relação de informações, dados e
características, vai-se construindo a imagem verbal daquilo que se
pretende descrever. Observe que, no texto de Arthur Nestrovski, o autor
enumera elementos constantes do trabalho de Sebastião Salgado,
associando a eles informações que não estão presentes na foto.

A descrição, entretanto, não se resume a uma enumeração pura e


simples. Se assim fosse, a descrição de Arthur Nestrovski faz da foto de
Sebastião Salgado nada nos esclareceria além daquilo da própria foto
nos diz. É essencial revelar também traços distintivos, ou seja, aquilo
que distingue o objeto descrito dos demais. Observe que, ao descrever a
foto, o autor nos revela características que, talvez, não tivéssemos
percebido quando a olhamos pela primeira vez, além das impressões
que ela lhe causou.

Uma observação

Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descrito (isso


ocorre em catálogos, manuais e demais textos instrucionais). O mais
comum é haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos e
dissertativos. Em romances, por exemplo, que são textos narrativos por
excelência, você pode perceber várias passagens descritivas, tanto de
personagens como de ambientes.

O Ponto de Vista

O Ponto de vista é a posição que escolhemos para melhor observar o ser


ou o objeto que vamos descrever. No entanto, nas descrições, além da
posição física, é fundamental a atitude, ou seja, a predisposição
psicológica que temos com relação àquilo que vamos descrever. o ponto
de vista (físico e psicológico) que adotarmos acabará determinando os
recursos expressivos (vocabulário, figuras, tipo de frase) que
utilizaremos na descrição.
O ponto de vista físico vai determinar a ordem da apresentação dos
detalhes, que devem ser apresentados progressivamente. Observe o
que diz Othon M. Garcia, em sua obra Comunicação em prosa moderna
p. 217:

Nunca é, por exemplo, boa norma apresentar todos os detalhes


acumulados em um só período. Deve-se, ao contrário, oferecê-los ao
leitor pouco a pouco, verificando as partes focalizadas e associando-as
ou interligando-as.

Na descrição de uma pessoa, por exemplo, podemos, inicialmente,


passar uma visão geral e depois, aproximando-se dela, a visão dos
detalhes: como são seus olhos, seu nariz, sua boca, seu sorriso, o que
esse sorriso revela (inquietação, ironia, desprezo, desespero...), etc.

Na descrição de objetos, é importante que, além da imagem visual,


sejam transmitidas ao leitor outras referências sensoriais, como as táteis
(o objeto é liso ou áspero?), as auditivas (o som que ele emite é grave
ou agudo?), as olfativas (o objeto exala algum cheiro?).

A descrição de paisagens (uma planície, uma praia, por exemplo) ou de


ambientes (como uma sala, um escritório) -- as cenas -- também não
devem se limitar a uma visão geral. É preciso ressaltar seus detalhes, e
isso não é percebido apenas pela visão. Certamente, numa paisagem ou
ambiente haverá ruídos, sensações térmicas, cheiros, que deverão ser
transmitidos ao leitor, evitando que a descrição se transforme numa fria
e pouco expressiva fotografia. Também poderão integrar a cena
pessoas, vultos, animais ou coisas, que lhe dão vida. É, portanto,
fundamental destocar esses elementos

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