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Decidi, entretanto, reapresentá-lo de forma mais completa. Inseri mais explicações e novos
gráficos de tal forma que um texto que era de cinco páginas se tornou um texto de 12 páginas.
Começo explicando o conceito de competência. Nós já sabemos que a Constituição não cria
tributos A Constituição outorga poder político aos entes federativos (União, Estados, DF e
Municípios) para que eles criem tributos. À esse poder político que os entes federativos dispõem
para criarem e legislarem sobre os tributos denomina-se competência tributária.
Assim, por exemplo, a Constituição Federal outorgou, no art. 153, competência tributária à
União para criar sete impostos distintos, a saber: II, IE, IOF, IPI, IR, ITR, IGF. (Obs: Grave nessa
ordem que facilitará a memorização das exceções ao princípio da legalidade, anterioridade e
noventena). O assunto está disciplinado no art. 153 da CF:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição; (Imposto Residual)
Além desses impostos, a União dispõe de competência tributária para criar as taxas (taxas pela
prestação de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua
disposição ou taxas pelo exercício regular do poder de polícia), as contribuições de melhoria (em
caso de obra pública que valorize o bem imóvel do contribuinte), o Empréstimo Compulsório (o
empréstimo compulsório é de competência exclusiva da União) e as Contribuições Sociais. (Como
regra geral, a competência das contribuições é da União, entretanto os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício
destes, do regime previdenciário. Ademais é oportuno lembrar que as contribuições de iluminação
pública são de competência dos Municípios e do Distrito Federal).
Os Estados e Distrito Federal dispõem de competência para criarem o ICMS, o IPVA e o ITCD,
conforme dispõe o art. 155 da CF:
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de
direitos a sua aquisição; (ITBI)
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar. (ISS)
É importante relembrar que o fato de o ente político criar e legislar sobre o imposto não
significa que ficará com a totalidade da arrecadação daquele imposto.
Assim, por exemplo, a competência tributária para criar o IPVA é do estado, entretanto,
o produto da arrecadação do IPVA pertence metade ao estado e metade ao
município.
1
O art. 147 da CF dispõe que Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e,
se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao
Distrito Federal cabem os impostos municipais. Assim, o DF tem competência para legislar sobre
seis impostos: IPVA, ITCD, ICMS, ISS, IPTU e ITBI.
Assim, os municípios não distribuem nada para outros entes políticos. A arrecadação do
IPTU, do ISS e do ITBI ficam integralmente com os municípios.
O gráfico seguinte expressa essa idéia de que o dinheiro somente desce a ladeira do
ente político maior para o menor:
GRÁFICO
O Distrito Federal também não distribui nada para os outros entes políticos. O raciocínio é
simples: Como é vedada a divisão do DF em municípios ( o DF tem competência
cumulativa dos impostos estaduais e municipais) não seria viável ele repartir a
arrecadação dos impostos estaduais a municípios inexistentes
A 3º regra fundamental é conhecer os impostos cujas receitas não são repartidas. Eis a
lista de impostos cuja receita não é repartida: ISS, IPTU, ITBI, ITCD, II, IE, IGF e IMPOSTO DE
GUERRA.
IRRF(1) IRRF(1)
(6) Art. 153. § 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento
cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste
artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a
transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos:
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I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
Outra informação direta é que o Município pode ficar com 50% ou 100% da arrecadação do
ITR. O município ficará com 100% da arrecadação do ITR quando o ITR for fiscalizado e
cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução
do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. O gráfico seguinte evidencia o
percentual de arrecadação do IPVA, ICMS e ITR que pertence aos Municípios.
Cabe agora lembrar que a União tem competência para criar o imposto residual e
que 20% do produto da arrecadação do imposto residual pertence aos Estados e ao
Distrito Federal.
Outra informação relevante é a repartição da receita oriunda do IOF incidente sobre o ouro
como ativo financeiro ou instrumento cambial. Nessa repartição os recursos do IOF (incidentes
sobre o ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial) são inteiramente repartidos entre o
Estado, Distrito Federal ou Território e o Município, de tal forma que trinta por cento é transferido
para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem e setenta por cento para o
Município de origem.
Estudamos até aqui as disposições contidas nos artigos 157 e 158 da Constituição
Federal, iniciaremos a análise das regras estabelecidas no art. 159 que trazem os
denominados fundos constitucionais ou repartição indireta.
A origem dos recursos para a formação desses fundos é o que vamos estudar agora.
Os três primeiros fundos (1,2 e 3) são formados com quarenta e oito por cento do
produto da arrecadação dos impostos sobre renda (IR) e proventos de qualquer
natureza e sobre produtos industrializados (IPI) que serão entregues da seguinte forma:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do
Distrito Federal;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste
a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro
decêndio do mês de dezembro de cada ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 55, de 2007)
O gráfico facilita a visualização das regras acima delineadas. Somei os 22,5% da alínea “b” com
o 1% da alínea “d” para formar o percentual de 23,5% do FPM:
É importante destacar a seguinte regra: uma parte do valor entregue pela União ao Fundo de
Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste vai para a Região Nordeste e dessa
parte destinada a Região Nordeste metade será destinada ao semi-árido do Nordeste. O gráfico
seguinte expressa essa idéia:
GRÁFICO:
De acordo com essa regra se um Estado da Federação não exporta nada, esse estado não
receberá absolutamente nada desse fundo. De acordo com essa norma, quanto maior a participação
do estado na exportação brasileira, mais esse estado receberá do fundo de compensação das
exportações.
Essa proporcionalidade, entretanto, tem um limite máximo de 20%. A regra é que a nenhuma
unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do montante do fundo de
exportação, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais participantes, mantido,
em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.
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Assim, por exemplo, vamos imaginar que o Estado de São Paulo participe com 50% de todas as
exportações brasileiras, nesse caso o Estado de São Paulo receberá apenas 20% do fundo destinado
a exportação2.
Da mesma forma que o estado tem que entregar 25% do ICMS aos Municípios, o estado
exportador tem que entregar 25% do valor recebido do fundo aos Municípios.
CIDE COMBUSTÍVEIS
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Conhecendo-se que os estados que mais exportam são normalmente os mais ricos, a fixação do limite
máximo de 20% diminui a concentração dos recursos do fundo para as regiões mais desenvolvidas,
amenizando, dessa forma, as desigualdades regionais.
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a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás
natural e seus derivados e derivados de petróleo;
Espero ter sintetizado da forma mais didática possível. Aguardo comentários sobre o
resumo.
Um abraço a todos.
Luís de Gonzaga
luis@euvoupassar.com.br
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