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Abstract – The global changes, notably the climate changes, have put the tourism industry
on the alert, which has already started a strategic planning focused on diminishing the
phenomenon effects over the tourism financial income through the adoption of half
measures, such as the greenhouse gases emission reduction, as part of the sustainable
tourism project. From another perspective, the present paper intends to show, by means of
the network concept introduction, how ecotourism may stop being one of the most
threatened businesses with global climate changes to become a tool for transformation and
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reaction against the ideological values that are responsible for social-environmental crisis in
modern world, as well as the global changes which arise from the western Economy.
Introdução
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acumulação financeira, coloca em risco crescente o bem-estar e a própria sobrevivência
humana.
Os efeitos mais imediatos provenientes da postura inconseqüente do modelo econômico
ocidental sobre o ambiente físico, e que têm causado maiores temores em função do caráter
imparcial de sua ação destrutiva, é certamente o fenômeno da mudança climática, cuja
polêmica resultante tem mobilizado diferentes segmentos da sociedade urbano-industrial,
entre os quais é objeto de análise deste trabalho a indústria turística, e mais precisamente, o
segmento do ecoturismo.
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ambiental e cultural, bem como o bem-estar e desenvolvimento das populações
envolvidas(ADAMS, 1992; GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL MMA-
MICT-IBAMA-EMBRATUR, 1994).
Não obstante, as populações envolvidas, notadamente as comunidades tradicionais, têm
sido vítimas de uma série de problemas provenientes daquilo que poderíamos distinguir
como o ecoturismo de mercado que, longe de se identificar com o ecoturismo legítimo, tem
provocado a degradação ambiental, o impacto negativo sobre as culturas locais e a criação
de dificuldades econômicas por meio da inflação local (WEARING e NEIL, 2001;
CASTROGIOVANNI, 2004). Isto se deve, particularmente, ao fato do turismo ser, em
geral, promovido por interesses puramente econômicos de pessoas ou grupos estranhos à
região, bem como por não estar estruturado de forma a satisfazer as necessidades locais,
exportando os benefícios financeiros para fora da região (BRANDON, 1995; LUCHIARI,
1999).
Essa situação, comum em inúmeros cenários turísticos brasileiros, pode ser revertida
mediante a adoção de uma estrutura organizadora compatível com as características sociais
e cooperativas das comunidades tradicionais.
Os princípios que norteiam o conceito de redes, bem como a sua arquitetura e função, se
configuram na estrutura ideal para viabilizar a organização da comunidade no processo de
administração do ecoturismo a partir de uma perspectiva de desenvolvimento sustentável
(MARTINHO, 2004). Além disso, as exigências do ecoturismo por instalações pequenas
para meios de hospedagem e em conformidade com a cultura local, criam a oportunidade
para a implantação de um sistema de hospedagem familiar, exigindo poucos investimentos
adicionais e permitindo a inclusão de toda a comunidade, onde cada integrante pode
participar exercendo as mesmas funções que exerce no seu dia-a-dia, contribuindo com
seus serviços ou seus produtos, dentro de um processo cooperativo de ajuda mútua com
partilha justa dos rendimentos. A organização comunitária numa estrutura em rede
orientada aos princípios da sustentabilidade permite, ainda, o fortalecimento político local e
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regional por meio do aumento de sua representatividade e força política na administração
pública (CASTELLS, 2003).
Um modelo assim definido produz uma forte dependência entre a conservação ambiental,
fortalecimento cultural, fortalecimento político e desenvolvimento sócio-econômico,
constituindo-se num instrumento eficaz para assegurar a prática do ecoturismo verdadeiro e
conduzir o processo de implementação do desenvolvimento sustentável.
O efeito auto-multiplicador de uma rede, assim definida, garante tanto a sua reprodução
estrutural, i.é., sua ampliação física e geográfica, como a difusão ideológica (Figura 1),
pois, sendo o ecoturismo uma modalidade turística fortemente caracterizada por seu aspecto
educacional, processa-se a sensibilização e a reaproximação do homem em relação ao
ambiente natural por meio da reconstrução de valores éticos vinculados ao bem-estar social
e à integridade ambiental. Como conseqüência desse processo, emerge a possibilidade
factível e necessária de trabalhar a re-orientação dos estilos de vida e consumo nas
sociedades urbano-industriais, uma vez que entende-se, de forma mais clara, serem, esses
fatores, importantes geradores da energia que impulsiona a dinâmica responsável pela
degradação ambiental e, conseqüentemente, de todos os outros efeitos que dela resultam
(HENDERSON, 2006; LATOUCHE, 2006; DALY, 2005; SACHS, 2002; FOLADORI,
2001; BARBIERI, 1996; CASTORIADIS; 1987).
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Figura 1 – Representação esquemática do processo auto-reprodutivo de uma rede: 1. Introdução da noção de
redes numa localidade ecoturística; 2. Ativação da rede local; 3, 4 e 5. Estabelecimento e adensamento das
conexões – formação da rede; 6. Difusão ideológica por meio do ecoturismo; 7. Ativação de redes em outras
localidades; 8. Estabelecimento de conexões entre redes locais; 9. Propagação da rede local em direção à
esfera global.
Considerações finais
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como efeito colateral do enriquecimento de grupos melhor posicionados dentro da política
econômica mundial.
Referências
BARBIERI, E. Desenvolver ou preservar o ambiente? São Paulo: Ed. Cidade Nova, 1996.
62p.
CAPRA, F. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Ed.
Cultrix, 2002. 296p.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 2003. 698p.
Volume 2.
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CEBALLOS-LASCURÁIN, H. O ecoturismo como um fenômeno mundial. In:
LINDBERG, K.; HAWKINS, D. E. Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São
Paulo: SENAC, 1995. 23-29p.
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MARTINHO, C. Redes: uma introdução às dinâmicas da conectividade e da auto-
organização. Brasília, D.F., 2003. 91p. Disponível em http://www.wwf.org.br. Acesso em:
22 de abril de 2004.