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Trabalho de Geografia
3°A
Quando acaba o quarto ciclo de Kondratieff? Existem três opiniões divergentes sobre
este assunto:
1. Os ciclos de Kondratieff não existem mais. Eram válidos para o século XIX e o
início do século XX, contudo já não valem mais para a situação atual.
2. O ciclo n° 4 acabou e o inverno teve lugar no fim dos anos 80, com a queda do
Muro de Berlim e com a decadência da URSS. Estamos num novo ciclo (n°5) que
deveria conduzir a um novo inverno a partir de 2010.
3. O ciclo n° 4 não acabou. É bem mais duradouro que os outros ciclos. Um período de
grande crescimento com o uso do petróleo a baixos custos e as intervenções dos
Estados em suas próprias economias deslocaram o inverno de Kondratieff, todavia não
o findaram.
Representação gráfica dos Ciclos de Kondratieff e projeções para os EUA.
O primeiro ciclo foi marcado, logo em seu início, por dois grandes movimentos
históricos: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Inglaterra pelo fato de este
país possuir, na época, condições propícias para a realização desta. Condições como o
acúmulo de capitais devido a expedições piratas, a grande quantidade de matéria-prima
proveniente de suas colônias, alta disponibilidade de trabalhadores devido a política de
cercamento no meio rural, que provocou êxodo, além das numerosas jazidas de ferro e
carvão, que abasteciam as máquinas a vapor. Máquinas estas que foram as grandes
inovações desse primeiro ciclo.
O segundo movimento citado foi um dos mais importantes da história (é tão
importante para o mundo que tornou-se o marco inicial da Era Contemporânea) e,
obviamente, aconteceu na França. Com a ascensão da burguesia ao poder, chefiada
pelo imperador Napoleão Bonaparte, a nação francesa desenvolveu-se bastante, com
investimentos bélicos, escolas, bancos, código civil, sistema métrico decimal, além, é
claro, da industrialização. Essa série de mudanças colocou a França como grande
potência mundial, atrás apenas da Inglaterra.
Como Napoleão queria ser o primeiro, o conflito entre os países logo
aconteceu, e o imperador francês perdeu, e sua derrota final teve sede em Waterloo,
cidade belga.
A crise de 1848, que explodiu devido à incompetência dos governos na Europa
central e oriental, em função das crises econômicas ocorridas, foi uma série de
revoluções lideradas algumas por burgueses, outras por socialistas, que determinou o
início do segundo ciclo de Kondratieff.
A Guerra Fria, de certa forma, foi benéfica. Com a disputa ferrenha pela
hegemonia mundial, EUA e URSS investiam muito dinheiro em setores industriais e
tecnológicos.
Basta ver o exemplo da corrida armamentista (ampliando ainda mais o
desenvolvimento bélico mundial), corrida espacial (exploração do espaço, avanço das
naves e desenvolvimento dos primeiros satélites), entre outros.
Além disso, havia um certo suborno feito por estas nações a outros países, para
que adotassem o regime vigente em seu país, impedindo a instalação do regime rival.
Isso foi feito com muito sucesso pelos Estados Unidos nos países latino-americanos,
incentivando a implantação de ditaduras altamente conservadoras para reter o avanço
do socialismo nessas áreas.
Aliás, a guerra era fria apenas entre os dois, pois neste 4° ciclo houve guerras
“quentes”, como a Guerra da Coréia (1950/1953), a Guerra do Vietnã (1959/1975), etc.
Todas elas pelo mesmo motivo: disputa interna entre capitalistas e socialistas.
O setor telecomunicacional avançou bastante, possibilitando o surgimento de
uma rede de negociações entre países que chamamos hoje de “globalização”, uma
ideia que propõe reduzir as fronteiras entre as nações. Propõe.
Pelo menos uma redução de fronteira ocorreu: com a decadência da URSS, que
não conseguia mais competir com os estadunidenses, o Muro de Berlim, que separava
a Alemanha Ocidental (capitalista) da Oriental (socialista), foi tombado, reunindo-as.
Um país que recuperou-se rápido da guerra e cresceu muito nesse período foi o
Japão. Curiosamente, os mesmos americanos que os explodiram na guerra, ajudaram
financeiramente o Japão, facilitando o desenvolvimento deste (é claro, os americanos
não queriam um Japão socialista).
Com a industrialização japonesa, foi criada uma nova divisão de trabalho: o
toyotismo, trazendo inovações como a mecanização flexível e o sistema “Just in time”,
ambas focadas em produzir o necessário, ao contrário do fordismo, que produzia o
máximo e estocava o excedente. Tal prática acabou facilitando o desenvolvimento da
crise de 29.
Esse avanço industrial japonês tornou-os a segunda potência mundial, posto
que ocupa ainda hoje.
Estudiosos preferem dizer que o 5° ciclo de Kondratieff é o outono do 4° ciclo,
entretanto tendo em vista os choques do petróleo na década de 70, o processo de
“globalização” e o avanço exponencial do setor de telecomunicações, acredito que
estamos passando pelo 5° ciclo, sendo a inovação tecnológica a rápida propagação da
informação. Aliás, acredito também que esta crise econômica que vivemos seja o
inverno deste ciclo.
Brasil nos Ciclos - O Brasil, durante o primeiro ciclo, não possui relevância, por ainda
estar, mesmo após a independência, intimamente ligado a Portugal.
Já no segundo ciclo, ele já aparece com um pouco mais de evidência, graças ao
sucesso da economia cafeeira, ainda com agricultura de plantation (latifúndio,
monocultura, escravidão e produção visando mercado externo).
Com a decadência do café, eis que surge Getúlio Dornelles Vargas (governou
de 1930 à 1945) durante o terceiro ciclo e conduz o Brasil a seu processo de
industrialização, ainda que tardio. Investiu primeiramente em indústrias de base, como
a Companhia Siderúrgica Nacional (1941) e a Petrobrás (1953). Seu governo foi de
caráter nacionalista e populista, mas até hoje é considerado por muitos como o melhor
presidente brasileiro de todos.
No quarto ciclo, o Brasil foi acompanhado de três fatores: crescimento
econômico, desigualdade social e endividamento externo. Crescimento econômico,
principalmente com Juscelino Kubitschek e nos primeiros anos de ditadura militar – o
chamado milagre econômico; desigualdade social devido a grande concentração de
renda no regime ditatorial; além do endividamento externo em ambos os governos
citados acima, tanto com JK no investimento em indústria automobilística financiado
pelo FMI, quanto com a ditadura na realização de empréstimos para perpetrar as
chamadas obras faraônicas (Transamazônica, Ponte Rio - Niterói, etc.)
No quinto ciclo, o Brasil, logo após a criação do Plano Real, cresceu bastante e
nossa moeda equiparou-se ao dólar por um tempo. Entretanto, com a série de
privatizações realizadas pelo governo FHC (neoliberal), o crescimento diminuiu e os
juros aumentaram muito, freando o ritmo de desenvolvimento do país. Com o
pagamento da dívida ao FMI (paga por Lula), os juros baixaram e, com um severo
controle da inflação, voltamos a crescer mais e, desta vez, com mais solidez, o que está
sendo provado nesta época de crise, uma vez que o Brasil vem sendo considerado um
dos países que melhor reagiu contra a crise, e está saindo rapidamente de sua também
rápida recessão.
Validade da Teoria – A teoria é válida até certo ponto: já ficou claro que o capitalismo
vive de fases, de ciclos, onde, geralmente, no início de outro ciclo há o aparecimento
de uma inovação tecnológica, seguida por uma política econômica que é o reflexo da
época. Há diversos exemplos na história que podem provar isto. No entanto, não se
pode ser tão rigoroso a ponto de estabelecer datas exatas para o acontecimento de uma
crise, por exemplo. Não há como afirmar que todos os ciclos do capitalismo duram 50
anos, porque dependendo da dimensão da crise, haverá um tempo maior ou menor para
o mundo recuperar-se. Além disso, é difícil interpretar a situação de um país
subdesenvolvido através desta teoria: como avaliar o crescimento de um país que não
cresce?
Bibliografia: