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Afastando os Evangélicos da Palavra de Deus

(Parte I)
A apostasia dentro da igreja evangélica, atualmente, é rompante. Esta é pelo menos a
minha perspectiva como a de quem observa as tendências religiosas e os desenvolvimentos
nas últimas três décadas. Antes de apresentar minhas específicas preocupações, permitam-me
definir alguns termos.

O uso da palavra “evangélico” neste artigo refere-se exclusivamente àqueles que


afirmam ser a Bíblia sua exclusiva fonte de autoridade em todos os assuntos de fé e prática. A
apostasia consiste naqueles ensinos e práticas contrários à Palavra de Deus, os quais seduzem
e enganam tantos os cristãos nominais como os verdadeiros crentes. A apostasia bíblica “é o
afastamento que resultará num falso Cristianismo sob o controle do Anticristo”: “Ninguém de
maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o
homem do pecado, o filho da perdição” (2 Tessalonicenses 2:3). Embora o ápice da apostasia deva
acontecer após o arrebatamento da igreja, vários aspectos dessa religião apóstata têm
enredado e continuarão enredando muitos crentes, ao longo do seu desenvolvimento. Em
determinado ponto, no futuro, haverá uma completa rejeição ao Cristianismo bíblico, o qual
será substituído pela religião do Anticristo. Esta vai manter uma aparência de Cristianismo, o
qual se tornará acessível a todas as religiões. Essa perversão do Cristianismo não vai
acontecer repentinamente, até o Anticristo aparecer. O processo do engodo começou há muito
tempo, no Jardim do Éden, quando Satanás seduziu Eva, tendo se tornado gradativamente
uma influência corruptora dentro do Cristianismo, à medida em que se aproxima o
aparecimento do falso messias, que o mundo inteiro vai adorar (Apocalipse 13).

Satanás iniciou o seu diálogo com Eva plantando as sementes da dúvida sobre o que
Deus havia realmente ordenado: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?”
(Gênesis 3:1). Essa brecha do Adversário foi a base principal de sua estratégia, a partir de
então, para induzir os homens à rebelião contra Deus. Suas implicações impugnando o caráter
de Deus e sancionando as racionalizações do homem parecem intermináveis: por que iria
Deus privá-lo de algo bom? Será que Ele realmente governa? Ele faz as regras? Você
entendeu mal as Suas ordens; não existem absolutos; você precisa considerar o que Ele diz a
partir de sua própria perspectiva, e assim por diante. Mesmo tendo confirmado o mandamento
divino, na maior parte das vezes, Eva acrescenta o seu errôneo pensamento ao que Deus havia
realmente dito: “Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele,
nem nele tocareis para que não morrais” (Gênesis 3:3).

É isso o que acontece quando surgem os diálogos relativos aos absolutos: a verdade é
acrescentada ou então é subtraída. Tragicamente, muitos cristãos nada vêem de errado em se
reescrever a Palavra de Deus. Eles estão perfeitamente de acordo com as versões bíblicas que
têm feito exatamente isso.

Em resposta a Eva, Satanás rejeita ostensivamente as admoestações divinas de que a


morte seria a conseqüência do pecado: “Certamente não morrereis” (verso 4), tornando Deus
mentiroso e, ao mesmo tempo, rebaixando-O, conforme tem sido o jogo de Satanás. Desse
modo, a serpente convence Eva de que obedecer ao mandamento de Deus equivalia a ser
privada da iluminação, da divindade e do conhecimento, limitando severamente o seu
potencial: “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como
Deus, sabendo o bem e o mal” (verso 5).

Variações dessa mentira básica feitas por alguém que foi mentiroso desde o princípio
(João 8:44) têm enganado sucessivamente a humanidade através da história: “É assim que Deus
disse?” . Esse ataque direto de Satanás contra a Palavra de Deus tem levado tanto os cristãos
nominais como os cristãos verdadeiros à apostasia.

Questionar ou rejeitar o que Deus disse nas Escrituras é o que está no âmago da
rebelião contra Ele. As razões deveriam ser óbvias:

1. - Quando não confiamos na Bíblia como sendo a comunicação específica de Deus à


humanidade, então ficamos sem coisa alguma, além das suposições e opiniões do homem
sobre Deus e sobre o que Ele deseja de nós.

2. - As finitas especulações humanas sobre o seu Criador infinito não apenas são
terrivelmente errôneas como malignas, por serem geradas pelo homem pecador e pela sua
natureza auto-serviente.

3. - Até mesmo um verdadeiro crente pode mergulhar em trevas, se ficar privado da


verdadeira luz e da lâmpada que é a Palavra de Deus (Salmos 119:105).

Embora a Bíblia tenha sofrido vários ataques ao longo dos séculos, a principal
estratégia da serpente do “É assim que Deus disse?” pode ser a mais letal, desde a antiguidade. O
processo envolve os cristãos funcionalmente iletrados sobre o que a Bíblia realmente ensina,
os quais, desse modo, não possuem uma base sólida de interesse em discernir entre a verdade
e o erro bíblico. Por “funcionalmente iletrados” quero dizer que esses evangélicos sabem ler a
Bíblia, possuem uma Bíblia (de algum tipo), porém raramente a lêem, preferindo obter o seu
conteúdo de alguma outra fonte [É a síndrome católica do fiel que deixa tudo nas mãos da
hierarquia romana, um mal que tem dominado os evangélicos modernos - MS].

Condicionados por esse processo subversivo, os cristãos biblicamente superficiais têm


pouca ou nenhuma preocupação com a doutrina. Eles se destacam em experiências e
sensações, as quais determinam quase tudo em que eles crêem. Falando profeticamente sobre
os últimos dias, o Apóstolo Paulo parece ter tido exatamente isso em mente: “Porque virá
tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si
doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas” (2 Timóteo 4:3-4). Concupiscências da carne e da imaginação estão aqui implícitas.

Algumas décadas atrás, os extremistas pentecostais e carismáticos teriam sido o ponto


óbvio de referência à admoestação de Paulo, em vista de sua obsessão por curas, prosperidade
e poder espiritual, em busca de sinais e maravilhas. Hoje, o Cristianismo experimental tem-se
estendido muito além das fronteiras do que antes se considerava um elemento evangélico
alienado. Ele agora invade toda a igreja, inclusive aquelas denominações antes conhecidas
pelas suas conservadoras visões doutrinárias e adesão à Bíblia. Elas têm solidificado
vigorosamente o engodo dos espúrios sinais e maravilhas em seus portões de entrada,
abrindo, ao mesmo tempo, as portas laterais e os salões da juventude aos provedores de
experiências menos óbvias, porém igualmente desastrosas em suas formas.

Diante dos exemplos do Cristianismo experimental hoje apresentados, deve ficar


entendido que o Cristianismo verdadeiro é tanto doutrinário como experimental. Isso inclui
uma relação pessoal com o Senhor Jesus Cristo, a qual tem início quando alguém entendeu a
doutrina (isto é, o ensino básico) da salvação - o Evangelho de Cristo - e tem-na aceitado pela
fé. Quando isso acontece, o Espírito de Cristo vem habitar na pessoa (Efésios 1:13; 4:20;
Romanos 8:9). Quando alguém compreende tudo que Cristo fez por nós, o Seu verdadeiro
amor acontece.

Em seguida e à medida em que alguém cresce no relacionamento com Cristo,


conhecendo e obedecendo as Escrituras, o verdadeiro amor por Jesus aumenta. E à medida
em que a pessoa amadurece na fé, o fruto do Espírito vai gradualmente se manifestando:
“amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22).
Nesse caso, qual o problema fundamental do Cristianismo experimental?

O erro principal na igreja evangélica de hoje é que as experiências (sensações, emoções,


paixões, intuições, etc.) têm-se tornado a direção para se entrar ou estabelecer a verdadeira
espiritualidade. Em vez das sensações e emoções subjetivas estarem presentes como resultado
de uma adesão à sã doutrina, essas experiências têm-se tornado o árbitro de alguém ser ou não
ser cristão. Em vez de testar um ensino, prática ou situação conforme a Palavra de Deus, o
julgamento passa a ser “ como alguém se sente”.

Duas vezes no Livro de Provérbios, nos termos mais claros, somos ensinados que “Há
um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Provérbios 14:12
e 16:25). Em outras palavras, quando alguém se orienta pelo que pensa ou sente,
independentemente de ser ou não contra o que Deus disse, as conseqüência serão apenas de
destruição para ele. A morte consiste na separação do espírito e da alma do corpo humano;
além disso, os caminhos de morte incluem a separação do homem da verdade da luz de Deus:
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” (Isaías
8:20).

O experimentalismo (que parece direito ao homem) é o levedo que está agindo em sua
ação perniciosa dentro da igreja, minando a verdade bíblica. Hoje em dia acontecem infectas
manifestações com forte ênfase sobre o seguinte: sinais e maravilhas; curas e prosperidade
pela fé; logos versus rhema; novos apóstolos e profetas; domínio do reino; missões redimindo
as culturas; batalha espiritual estratégica; cura interior; doze passos; psicologia cristã;
ativismo evangélico social; ecumenismo; crescimento da igreja; igreja com propósito; igreja
emergente; misticismo contemplativo, entretenimento na igreja; adoração contemporânea,
versões culturalmente adaptadas da Bíblia, traduzidas visualmente. Todos esses movimentos
estão em franca oposição ao meridiano ensino da Palavra de Deus e, mesmo assim, multidões
os têm ansiosamente seguido.

Embora esses diversos esforços muitas vezes se distanciem em termos de conceitos e


métodos, eles têm compartilhado uma característica comum: conquanto prestando um culto
labial às Escrituras, todos eles, quer seja por ignorância, auto-engodo ou engodo planejado,
subvertem criticamente os seus ensinos. O caminho que parece direito ao homem - caminho em
que ele se sente bem, produz crescimento numérico, parece mais espiritual, movimenta
emocionalmente as pessoas, parece mover Deus em favor de alguém, mantém as pessoas
unidas, fazem-nas parecer mais próximas de Deus e se sentirem melhor consigo mesmas, é
mais positivo, enche mais bancos, impressiona o mundo, não faz julgamentos, etc. - este
caminho está eliminando sistematicamente qualquer preocupação com a sã doutrina dentro da
igreja. Isso é experimentalismo que se opõe à sã doutrina entre os evangélicos, ajudando a
igreja a entrar na apostasia.

Não temos espaço suficiente neste artigo para explicar todos os movimentos supra
citados [A tradutora recomenda para isso o livro “Reconhecendo o Engodo”, de Dene
McGriff, por ela traduzido e posto à disposição dos leitores]. Temos escrito sobre a maioria
deles durante anos. Muitos deles podem ser encontrados em pesquisas no site
www.thebereancall.org ou nos livros por nós ali oferecidos.

Embora conectados aos tempos atuais pelos indivíduos, metodologias ou objetivos


semelhantes, a ligação básica que liga todos esses movimentos é a experiência substituindo a
Palavra de Deus. Todos eles estão agindo conforme essa mesma premissa antibíblica.

Os carismáticos e pentecostais extremistas têm como ensino fundamental o modo


como Deus se comunica diretamente com o Seu povo, fora da Bíblia, principalmente através
de uma nova geração de apóstolos e profetas. Essa nova maneira é chamada “Rhema de
Deus” [tendo sido criada por David Yongi Cho, na Coréia do Sul], apresentada como um
contraste com o logos, considerado como a antiga forma escrita. Um dos líderes mais
importantes desse movimento é C. Peter Wagner [considerado a apóstolo principal], o qual
afirma estar instruindo a igreja em novas maneiras de fazer as coisas através dos seus
modernos profetas. Desse modo, a Bíblia se torna de pouco ou nenhum valor para julgar o que
está sendo promovido. Tal ensino não apenas é antibíblico como tem sido catalisado da maior
parte dos rituais espiritualmente espúrios do século passado, desde a proliferação dos falsos
profetas até a assim chamada amarração de espíritos territoriais, para que seja tomado o
controle das cidades, dos países e, finalmente do mundo “para o Senhor” [É uma variação da
teologia de Agostinho de Hipona conhecida como Dominionismo].

Conhecer e ficar espiritualmente mais próximos de Deus (por exemplo, através da


visualização ocultista) é a pratica atual de muitos evangélicos hoje em dia. Richard Foster [um
líder quaker com inclinação à Nova Era] e outros têm derivado sua técnica de formação
espiritual a partir dos “santos” e místicos. Foster criou a Bíblia de Formação Espiritual
Renovaré, a fim de respaldar sua técnica mística, embora os seus escritos deturpem as
Escrituras e minimizem a sã doutrina. Ele introduziu técnicas místicas orientais na igreja,
algumas décadas atrás, através de sua obra “Celebração da Disciplina” (depressa adotada
como leitura essencial pela liderança da Campus Crusade for Christ). Atualmente, sua
agenda de formação espiritual é fundamental à igreja emergente, movimento amplamente
difundido entre os evangélicos de 20-30 anos de idade, os quais são atraídos pelas liturgias
sensoriais (velas, incenso, cânticos, vestimentas, rituais, estátuas, imagens, etc.) do
Catolicismo Romano e da Ortodoxia Oriental, como um suposto meio de fortalecer a sua
formação espiritual. Eugene Peterson, contribuinte da Renovaré, tem sua versão popular -
The Message (A Mensagem). O experimentalismo através de uma presumível licença poética
é ostensivamente manifestado através desta humanista e culturalmente aceitável perversão da
Palavra de Deus, a qual Rick Warren tem promovido ao máximo.

Considerem a tradução de Mateus 16:25 na Bíblia ACF: “Porque aquele que quiser salvar
a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á” . Agora vejam como este
verso aparece em A Mensagem: “Auto-ajuda não é ajuda de modo algum; Auto-sacrifício é a maneira,
a minha maneira de encontrar a mim mesmo, de encontrar o meu verdadeiro eu”. Tentem encontrar o
menor resquício de “o verdadeiro eu” em qualquer outra tradução bíblica deste verso. Este é o
levedo da psicoterapia (totalmente experimental e subjetiva) que tem permeado a igreja.

Mesmo em guarda contra os abusos bíblicos dos carismáticos, até mesmo as igrejas
evangélicas mais conservadoras têm sido seduzidas pelas auto-orientadas e sensoriais
metodologias da psicologia moderna. Ninguém no Cristianismo contemporâneo levantou até
agora um grito: “É assim que Deus disse?” comparando o que as Escrituras realmente ensinam
com a assim chamada psicologia cristã. A começar dos programas psicologizados e dos Doze
Passos (Exemplo, o Celebrate Recovery de Rick Warren, que a Saddleback tem difundido em
milhares de igrejas), aos ministérios de cura interior movidos a ocultismo (Exemplo, Casa de
Elias, de John e Paula Sanford), até os estudos humanistas da Focus Family [James Dobson],
o levedo psico-espiritual tem-se espalhado imbativelmente.

O movimento da busca pelo sensível crescimento da igreja tem empurrado o


experimentalismo (e o seu parente próximo, o pragmatismo) de maneira predominante, graças
ao poder de marketing. Necessariamente a sã doutrina é posta de lado, enquanto as igrejas
correm ao encontro das “necessidades dos sentidos” dos consumidores visados como cristãos
potenciais. A convicção de pecado não causa bem estar, nem promove boas vendas. O
pensamento desejável da “igreja com propósito”, que atrairia o perdido a se voltar contra os
métodos do mundo, tem-se tornado um Titanic que ignora as admoestações, atirando para
longe a sua ligação com a doutrina de Cristo. Ao mesmo tempo em que a orquestra busca
uma substituição do coro para “Mais Perto de Ti Senhor”, o vapor vai mergulhando nas
profundezas do compromisso, e recusando os salva-vidas que poderiam salvar o mundo dos
seus problemas. Este é um caminho que parece direito ao mundo e a um espantoso número dos
que professam crer na Bíblia. Ironicamente, o nosso tempo está dando mais atenção à mídia
cristã e a mais entretenimento do que à Bíblia. Contudo, o resultado é a corrupção da verdade
de Deus, deixando de existir qualquer amor pela sã doutrina, especialmente desde que os
adeptos do marketing têm estado na liderança do caminho. Na melhor das hipóteses, a igreja
evangélica dos USA [e das simiescas nacionais que a seguem] apresenta-se morna como a de
Laodicéia (Apocalipse 3:14-17): rica e abastada de bens materiais, igreja que pode produzir
cristãos superficiais, e que, na pior das hipóteses, tem-se tornado aceitável ao engodo dos
tempos finais. Contudo, até mesmo em face da perturbadora situação, temos razão de ser tanto
encorajados como frutíferos, se obedecermos à inspirada exortação do Apóstolo Paulo na 1
Timóteo 4:16: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto,
te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. Oremos uns pelos outros, a fim de que isso
realmente aconteça!

T. A. McMahon - “Weaning Evangelicals Off the Word - Part 1”

TBC, fevereiro 2007.

Tradução e comentários de Mary Schultze http://www.cpr.org.br/Mary.htm


Afastando os evangélicos da Palavra de Deus
(Parte II)

No mês passado, na parte I desta série, citamos o Apóstolo Paulo falando sobre como os
cristãos iriam ver a doutrina no tempo que antecede a volta de Cristo à Sua igreja: “Porque virá
tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão
para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da
verdade, voltando às fábulas” (2 Timóteo 4:3-4). Obviamente, a doutrina bíblica não será
considerada favoravelmente. A implicação é que a doutrina será considerada mais como um
fardo, algo que os cristãos não vão mais querer “carregar”.

Conformar-se à sã doutrina exige disciplina espiritual, diligência mental e fazer escolhas


embasadas na Palavra de Deus, o que contraria os desejos da carne. A sã doutrina contém os
ensinos de Deus, com instruções, preceitos e mandamentos - ou seja, tudo que Ele diz, de
Gênesis até Apocalipse: “E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus” (Lucas 4:4).

Contudo, nos últimos dias, muitos, senão a maioria dos cristãos, não vão suportar a sã
doutrina. Então, o que vai restar? A apostasia - uma forma de Cristianismo que é apenas um
verniz do que a Bíblia ensina. Ela [a apostasia] vai acomodar os desejos carnais sob uma capa de
piedade, conforme Paulo diz na 2 Timóteo 3:1-5: “Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem
afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”.

Além disso, haverá um grande suprimento de cristãos persuasivos, os quais, intencional ou


não intencionalmente, sutil ou não sutilmente (mas com toda certeza) vão subverter a sã doutrina.
Este processo já está em franco andamento.

Conforme mencionamos na parte I, a principal estratégia de Satanás na sedução da


humanidade é minar, perverter, distorcer, corromper, difamar, denegrir e negar as Escrituras, de
toda maneira possível. O resultado dessa missão será uma religião apóstata e uma igreja, na qual
os congregados vão adorar e seguir o Anticristo, o homem do pecado possuído por Satanás.
Entender essa missão envolve uma fórmula muito simples, a qual foi terrivelmente efetiva no
Jardim do Éden, através de todo o Velho Testamento e nos tempos apostólicos. Ela prosseguiu em
toda a história da igreja, até os dias de hoje: seduzir a humanidade no sentido de desviá-la e
finalmente fazê-la rejeitar o que Deus falou. Adão e Eva foram os primeiros a sucumbir. Uma
natureza pecaminosa herdada fez com que sua descendência se tornasse uma presa mais fácil
para o adversário, o qual conforme a 1 Pedro 5:8: “anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar”.

Deus declarou continuamente aos israelitas que se eles obedecessem, seriam abençoados
e se andassem em desobediência iriam sofrer as devastadoras conseqüências do seu pecado - a
separação de Deus. [Isso está claro em Isaías 59:2: “Mas as vossas iniqüidades fazem
separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para
que não vos ouça.”] Além da separação de Deus, haveria a perda de direção e proteção certas e
as várias ações disciplinares de Deus, inclusive ficarem sujeitos à Sua ira. As experiências de
Israel no deserto, em Êxodo e através dos ciclos de rebelião e arrependimento no Livro de Juízes
testificam o fato de que Deus é fiel à Sua Palavra e verdadeiro em Suas admoestações.

Deuteronômio parece ser um exercício em redundância, quando Moisés sempre e sempre


profere as instruções de Deus aos filhos de Israel e os aconselha a obedecerem cuidadosamente o
que Ele tem ordenado. Não era simplesmente uma questão de Lei, mas de Vida: “Disse-lhes:
Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as
recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta
lei. Porque esta palavra não vos é vã, antes é a vossa vida; e por esta mesma palavra
prolongareis os dias na terra a qual, passando o Jordão, ides a possuir (Deuteronômio 32:46-
47).

Samuel, os profetas e os juízes repetem a exortação de Moisés por mais de três séculos a
seguir: “Então disse Samuel ao povo: Não temais; vós tendes cometido todo este mal; porém
não vos desvieis de seguir ao SENHOR, mas servi ao SENHOR com todo o vosso coração. E
não vos desvieis; pois seguiríeis as vaidades, que nada aproveitam, e tampouco vos
livrarão, porque vaidades são” (1 Samuel 12:20-21).

Não simplesmente abandonar Deus em busca de vaidades, que nada aproveitam, mas
esse exato processo é maligno: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é
como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te
rejeitou a ti...” (1 Samuel 15:23). A inspirada analogia de Samuel sublinha não apenas o mal da
rebelião no que se refere à idolatria, como ainda provê um insight que nos ajuda a reconhecer as
induções de Satanás à desobediência que hoje prevalece na igreja.

A idolatria era o item predominante. Aos filhos de Israel havia sido ordenado que não
fizessem imagens de escultura ou deuses de prata e ouro (Êxodo 20:3,4,23). E qual foi a sua
resposta? “Tudo o que o SENHOR tem falado faremos, e obedeceremos” (Êxodo 24:7).
Contudo, tempos depois, quando Moisés demorou a regressar do Monte Sinai, e o medo se
estabeleceu, eles se rebelaram contra a Palavra de Deus em direção ao que supunham que melhor
se adaptaria às suas “necessidades” emocionais e espirituais. Fabricaram um objeto físico para
ser adorado - um bezerro de ouro.

Embora o seu ato fosse uma indesculpável rebelião contra Deus, vamos considerar o que
muito provavelmente teria inflamado o seu pensamento. Seu líder espiritual havia desaparecido.
O pânico tomara conta deles. Eles se sentiam mais confortáveis com as formas físicas de
adoração aprendidas no Egito do que com as instruções de um Deus invisível. Talvez Aarão
tivesse achado que a melhor maneira de apaziguar o povo fosse dar-lhe algo com que os seus
sentidos físicos pudessem se relacionar - algo experimentalmente reconfortante. [Nota da
tradutora: Certa vez, quando tentei mostrar a um padre católico desta cidade o erro de aprovar a
idolatria (numa aula de religião na FESO), ele deu a seguinte desculpa: “Temos de aprovar a
tradição popular e a veneração às imagens porque isso é o que o povo aprecia e nós queremos
que o povo seja feliz...”].

O que havia de errado em lançar mão de um procedimento abrangente, ou seja, ir ao


encontro das necessidades do corpo, mente e espírito do povo? Será que a sua adoração de um
objeto físico, bem como o estímulo espiritual não seriam “aceitáveis”, visto serem dirigidos ao
Deus de Abraão, Isaque e Jacó?

Aarão deve ter pensando assim. Ele fabricou o bezerro de ouro, construiu um altar,
supervisionou a liturgia e dedicou a festa “ao Senhor”. A resposta dos israelitas foi precursora do
Ecumenismo e do compromisso religioso tão prevalecente em nosso tempo, os quais são também
alicerçados em mentiras: “E ele os tomou das suas mãos, e trabalhou o ouro com um buril, e
fez dele um bezerro de fundição. Então disseram: Este é teu deus, ó Israel, que te tirou da
terra do Egito” (Êxodo 32:4).

Precisamos urgentemente de uma compreensão bíblica sobre o que engloba a idolatria. Os


exemplos do Velho Testamento e as admoestações contra ela são entregues por Deus. Por que
seriam elas importantes para nós? Porque a igreja evangélica de hoje está seguindo os mesmo
exemplos de Aarão. A maioria dos cristãos definiria a idolatria como “qualquer coisa que tome o
lugar de Deus em nossas vidas”.

É verdade. Mesmo assim, muito freqüentemente essa resposta generalizada deixa de ajudar-
nos a entender as maneiras e os meios pelos quais a idolatria opera. Conseqüentemente, talvez
não possamos ter o necessário discernimento para ficar de sobreaviso contra ela.

Por que a idolatria é tão condenável? Comecemos pelo óbvio: a Bíblia define os ídolos
como falsos deuses (Salmos 96:5). Eles são itens de engodo e, o que é pior, são criações de
homens e demônios. Adorá-los é engano. A própria veneração se constitui em dissipação e
depravação, pois são atividades rituais totalmente dedicadas aos sentidos físicos. A idolatria
envolve o materialismo e o experimentalismo, totalmente dirigidos à carne. Os supostos deuses
são fisicamente representados e sensualmente adorados. A maioria dos evangélicos sabe tudo
isso, mas o que parece não ser entendido hoje é a natureza da idolatria e como esta subverte a
nossa adoração ao Deus vivo e verdadeiro.

A adoração que Deus esperava dos israelitas, o povo que Ele havia separado para receber o
Messias, permanece em rompante contraste com os esforços religiosos dos pagãos. Em vez de
dar-lhe imagens, Moisés lhes falou as palavras de Deus e em seguida as escreveu no Livro:
“Moisés escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de madrugada,
e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel; e
enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e sacrificaram ao
SENHOR sacrifícios pacíficos de bezerros. E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em
bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o leu
aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o SENHOR tem falado faremos, e
obedeceremos” (Êxodo 24:4-7). Ele lhes falou (e em seguida escreveu) que a fabricação de
imagens para representar Deus era condenável: “Não farás para ti imagem de escultura, nem
alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas
debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu
Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta
geração daqueles que me odeiam” (Êxodo 20:4-5).

Por que teria Deus dado esse mandamento? Por que imagem nenhuma que o homem
conseguisse fabricar, cravar, pintar, esculpir, apresentar por meio de qualquer médium ou
adivinho mental poderia de modo algum representar o Deus verdadeiro. Ele é infinito (1 Reis
8:27). Ele é espírito (João 4:24). Ele é invisível (João 1:18). Até mesmo os locais de adoração
prescritos por Deus eram drasticamente diferentes dos locais dos seus rivais pagãos. Nada
deveria haver de físico na adoração. O Santo dos Santos dentro do Tabernáculo e mais tarde no
Templo de Salomão, não continha a imagem de Deus, mas a Palavra de Deus, representada pela
Arca da Aliança. Dentro da Arca estava o testemunho de Deus, o segundo jogo de tábuas da Lei
escrita pela própria mão de Deus (Deuteronômio 10:1-2). Mais uma vez, a ênfase de Deus foi
sobre a Sua Palavra.

Deus preferiu revelar-se à humanidade através de palavras e não de imagens. Da mesma


maneira, a adoração deve ser feita através de e conforme a Sua Palavra. Sem dúvida Ele
selecionou as palavras porque estas melhor de prestam a transportar convenientemente o que Ele
deseja que a humanidade saiba e realize. As palavras têm uma significação definitiva e podem ser
interpretadas objetivamente. Somente as palavras escritas ou faladas podem se aproximar com
exatidão de comunicar os atributos do nosso Deus transcendente em Sua natureza divina.

Por outro lado, a adoração concebida pela imagem pode, na melhor das hipóteses, transportar
uma informação de modo simbólico e superficial. Suas interpretações são na maior parte das
vezes subjetivas, experimentais e repousam principalmente sobre a imaginação do observador.
Por outro lado, a mensagem da Bíblia não trata da gratificação estética, mas da nossa redenção;
não repousa sobre os nossos sentidos, mas sobre a Sua verdade, as quais as imagens jamais
podem expressar, mas apenas se opor.

A teologia da Bíblia é instrutiva. Ela é entregue em palavras que podem ser entendidas pelo
homem: “A sabedoria é a coisa principal; adquire pois a sabedoria, emprega tudo o que
possuis na aquisição de entendimento” (Provérbios 4:7).

A Bíblia encoraja a fé, que é o alicerce na evidência, na lógica e na razão. Nenhum sistema
de crença embasado em imagens pode fazer tais reivindicações e quando o povo do Livro se
volta para um objeto religioso, ele está abandonando a razão e seguindo a idolatria. Isso
aconteceu aos israelitas através da história, inclusive quando eles foram instruídos por Deus a
fazer uma serpente de bronze como um símbolo que apontava principalmente para a morte de
Cristo na cruz, para o perdão dos pecados do mundo. Mais tarde, os israelitas transformaram a
serpente em objeto de idolatria e, por causa disso, Deus mandou que eles a destruíssem. (2 Reis
18:4).

Através de sua história, a Cristandade também tem sucumbido à idolatria através de


imagens e rituais. A tradição católica romana credita “santa” Verônica como tendo ela capturado
a imagem de Cristo em seu véu, o que, supostamente, se tornou uma fonte de ícones, pinturas e
gravuras de Jesus. Até hoje “santa” Verônica continua sendo venerada, quando os católicos
celebram o ritual das estações da Via Sacra. A Igreja Ortodoxa Oriental fabricou ícones de
Cristo, de Maria e dos “santos”, como atalhos para transcender misticamente o temporal, através
de imagens que possibilitam alguém a “espiritualizar a visão” indescritível da divindade.

No século 9, a Igreja Ortodoxa Russa adotou as imagens como parte central de sua
adoração, inclusive uma forma de divindade conhecida como “rezar através de ícones”.
Novamente eis uma rebelião religiosa que as Escrituras nos dizem ser pecado de feitiçaria.

O Imperador Constantino fez de tudo para introduzir a iconolatria no Cristianismo, a fim de


apaziguar as multidões de pagãos que ele coagiu a se juntarem à nova religião recentemente
favorecida em seu reino. Contudo, foi durante a Idade Média que a Igreja Católica Romana
aumentou gradualmente o uso de imagens visuais. Estátuas religiosas, pinturas, remissões,
exibição de relíquias, bem como liturgias ampliadas por meio de vestimentas luxuosas, uso de
incenso, velas e procissões foram gradualmente enfatizados, a fim de encorajar a participação da
população biblicamente iletrada. Em vez de educar as pessoas, a Igreja de Roma as alimentou
com a sua teologia experimental e visual, fazendo crescer a ignorância sobre as Escrituras, tendo,
desse modo, alimentado a superstição. Pela graça de Deus, a imprensa de Guttemberg, no século
15, e a Reforma Protestante, no século 16, foram essenciais no sentido de ajudar os que
protestavam contra a ICR e a se voltarem para a Bíblia.

Causa espanto verificar que a igreja evangélica vai progressivamente deslizando para a
idolatria, à medida em que se afasta da Palavra de Deus, voltando-se para as imagens. Um dos
objetivos da American Bible Society é gravar toda a Bíblia em vídeo, a fim de atrair a nossa
geração visualmente orientada (a qual não se interessa pela leitura). O filme JESUS, uma
dramática representação do Evangelho de Lucas, tem sido o chamariz dos evangélicos, nos
esforços além-mar da Campus Crusade. O filme realmente católico - A Paixão de Cristo -
tornou-se um campeão de bilheteria, mormente devido ao retumbante apoio dos evangélicos.
Organizações biblicamente conservadoras, tais como Gospel for Asia, estão usando essa
produção de Mel Gibson como parte do seu programa de alcance exterior. Milhões de DVDs
com A Paixão de Cristo foram adquiridos pelas igrejas evangélicas para uso nas escolas
dominicais, nos estudos bíblicos e em pequenos encontros de grupos.

Os filmes religiosos estão em alta (por exemplo, A História da Natividade, Uma Noite
com o Rei) como parceiros evangélicos de Holywood, atraindo um apetitoso e proveitoso
mercado. Certo pastor, cuja igreja havia alugado teatros para exibições particulares do filme A
Paixão de Cristo (o que resultou em apenas uma conversão), arrependeu-se. Ele acabou se
convencendo de que sua igreja havia se tornado de fato uma “co-proxeneta de Holywood”.

Tanto quanto possa ser verdade, e tão louvável como foi o seu arrependimento, se ele não
entender a grave natureza (conforme acima explanado) de tentar representar a Palavra de Deus de
forma dramática, continua vulnerável para repetir o mesmo erro da idolatria visual.

Não se trata de uma simples condenação do uso de filme e vídeo, mas que os filmes não
podem ser usados para apresentar visualmente as Escrituras sem que se tornem idolátricos. As
imagens apresentadas não apenas são historicamente falsas (elas são construídas pela imaginação
de um diretor cinematográfico), como devem estar de acordo com os mecanismos do meio (ação,
cinematografia, are, direção, iluminação, música, efeitos sonoros), os quais são destinados a
manipular os sentidos e as emoções para fins dramáticos. (Ver “Showtime for the Sheep?” , na
www.thebereancall.org para explicações mais detalhadas).

Os filmes bíblicos são apenas uma armadilha entre muitas dúzias, que estão contribuindo
para afastar os evangélicos da Palavra de Deus e produzir cristãos biblicamente iletrados. Isso é
especialmente verdade quando se trata de nossa juventude visualmente orientada. Na parte final
desta série, desejamos oferecer exemplos mais amplos dos movimentos que operam dentro do
Cristianismo evangélico, os quais estão desviando agressivamente das Escrituras as gerações
futuras, rumo ao experimentalismo idolátrico.

Servimos a um Deus misericordioso, o qual pode resgatar uma alma das mais negras
circunstâncias, mas que não apoiará com a Sua graça os caminhos e meios religiosos do
homem em sua tentativa de servi-Lo: “Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR”. À medida em
que nos desviamos do Seu caminho, vamos resvalando na idolatria. Como Jesus explicou [à
mulher de Samaria]: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em
espírito e em verdade” (João 4:24).

TBC - março, 2007 - “Weaning Evangelicals Off the Word” – Par II

T. A. McMahon, traduzido por Mary Schultze, 12/03/2007

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