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ABSTRACT: For the poetical construction of a corporal one, we thinks in the dance how a
creative process of the Being through the body. In the perspective Bachelardiana, the
imagination, creative making allow the man to live in the present instant all the ambivalences
of the life, being obtained to raise himself in a vertical ascension that exactly takes him until
the center of himself. In the formation of a creative Being, playful and sensible, the touch is
plenty of emotion, also collaborating of essential form for the humanization and,
consequently, the autotranscendence.
INTRODUÇÃO
* Faculdade de Artes do Paraná / Curitiba, Paraná, Brasil.
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Nosso corpo somos nós. É nossa única realidade perceptível. Não se opõe à
nossa inteligência, sentimentos, alma. Ele os inclui e dá-lhes abrigo. Por
isso tomar consciência do próprio corpo é ter acesso ao ser inteiro… pois
corpo e espírito, psíquico e físico e até força e fraqueza, representam não a
dualidade do ser, mas a unidade (BERTHERAT, 2003, p. 03).
Para tanto, buscamos nossos saberes advindos, apoiando-se nos estudos bachelardianos
que favorecem a compreensão do saber criar, no qual a expressividade serve como área da base
de pesquisa, o saber brincar com o lazer, o saber sentir na sensibilidade e, finalmente, os saberes
humanizar-se e pensar para transcender-se. Na poética de Bachelard, o processo criativo permite
ao homem chegar ao centro de si mesmo, a partir dessa perspectiva procuramos desenvolver um
trabalho de educação poética através da dança, no qual a autotranscendência é permitida em um
vôo fecundo da imaginação.
1. A Metáfora
01), representando o saber brincar e o saber criar; depois puxa uma outra ponta com um outro
fio de teia para formar um suporte de três pontas da teia (fase 02), simbolizando o saber
sentir; abaixo do saber sentir está o saber pensar e na origem dos saberes brincar e criar está o
pensar no sentido mais amplo da palavra no qual tudo foi originado; para que em seguida
possa com o apoio e a utilização dos três saberes a partir do centro, completar e finalizar a teia
(fase 03) com o saber humanizar-se, a expandir-se e transcender-se.
Fase 01
Fase 02
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Fase 03
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É uma escola que as contribuições do movimento filosófico denominado de 'neokantismo' e a sua
importância para a teoria da metodologia das ciências sociais na contemporaneidade.
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ter construído, estas citações não comprometem por si mesmas os autores no subjetivismo
criticado. Para elucidar mais um problema importante, cito-os.
4. A Poética e a Dança
Barbosa e Bulcão (2004) dizem que a razão e a imaginação, para Bachelard, são os
eixos principais para a problemática educacional, ao ser opostos e contraditórios, o paradoxo
estaria instalado, porém, apesar disso, eles complementam-se ontogenicamente renovando o
mundo e contribuindo para o crescimento do espírito humano. É necessário, então, que para a
poética manifestar-se no homem, tome o instante e não o tempo linear e sua continuidade, já
que para Bachelard todas as imagens poéticas surgem e desenvolvem-se conscientemente na
solidão do instante. As imagens criativas e poéticas são vividas no tempo do instante,
distanciando-se do tempo comum, o tempo vivido supostamente contínuo e linear.
A respeito da criatividade, para Best (1996, p. 127) é importante que se saiba que, não
é só nas artes, ainda que não nos preocupemos principalmente com ela em detrimento de
nossas concepções erradas, que podemos ser criativos, e sim, nas ciências, matemática e
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filosofia como em qualquer outro assunto, ou seja, no teatro, poesia, música, pintura e na
dança.
Imaginou-se, que o único espaço criativo no contexto educacional curricular, fosse de
pura exclusividade da arte, durante muito tempo, criando a expressão do Mito subjetivista, no
qual, para além de constituir não só uma distorção da arte, como na educação em geral,
negligenciando assim a igual importância da criatividade em todas as matérias. Entretanto,
Best (1996), ainda afirma que o conceito da criatividade está relacionado com a imaginação e
originalidade. “Para além disso, a minha argumentação aplica-se, de igual modo, ao criador e
espectador, uma vez que a imaginação é necessária para compreender um trabalho de
imaginação” (BEST, 1996, p. 128).
Diante desse pressuposto, podemos perceber a importância e a relação que a
imaginação tem com a poética na dança.
De acordo com Best (1996), a expressão livre não pode apenas ser deixada sob toda a
responsabilidade no plano subjetivista, dando-nos um exemplo de um professor universitário,
que diz que, não devemos intervir de modo algum em um trabalho de uma criança, abrindo
uma lacuna na noção de educação. Desse ponto de vista perde-se o significado, e muito
menos, a justificação para empregar professores de arte e dança, alertando-nos desse perigo.
Deus, cuja espiritualidade do corpo é o único caminho para recuperar a graciosidade, caso a
tenha perdido. “O espírito divino manifesta-se na graciosidade natural do corpo e na
amabilidade das atitudes da pessoa para com todas as criaturas de Deus. A graça é um estado
de santidade, de inteireza, de conexão com a vida e de unidade com o divino”. (LOWEN,
1990, p. 14)
Quando há uma diminuição em seu nível energético, há uma atenuação do seu espírito
vital e a redução de sua vitalidade corporal, somos levados a uma falta de sensibilidade
corporal, que por sua vez vem da quebra das ligações com o mundo externo e
conseqüentemente, com o self corpóreo. “[…] a profundidade e a intensidade dos sentimentos
de uma pessoa são, na maioria das vezes, expressas através de respostas corporais. Toda
experiência vivida por uma pessoa afeta o seu corpo e é registrada na sua mente”. (LOWEN,
1990, p. 27)
Lowen (1990) estabelecia uma relação entre a energia e o espírito, investindo numa
espiritualidade do corpo, fazendo uma fusão dos pontos de vista oriental e ocidental, para
compreender as tensões que afetam o corpo pelo poder da mente, denominando de análise
bioenergética. Quando falamos que o espírito ou a espiritualidade está associado com uma
perspectiva energética do corpo, falamos do pensamento do Oriente. As energias opostas que
podemos citar do povo indiano e chinês, cuja busca do equilíbrio entre essas forças para uma
melhor saúde são, respectivamente, Ha, ou energia do Sol e Tha, ou energia da Lua; e Yin e
Yang que representam à energia da terra e a energia do céu. Essas energias que fluem em
canais, na medicina chinesa são reconhecidas pela acumputura, redirecionando a energia do
corpo para manter a saúde ou sanar doenças através de pressões de pontos determinados ou na
introdução de agulhas especiais. Também, eles possuem e utilizam a favor da saúde,
imobilizando a energia corpórea, através do Tai chi chuan, conhecido como um programa
especial de exercícios, executado de forma lenta e ritmada, gastando o mínimo de força
possível, em uma descontração generalizada, no qual o chi para os chineses e o ri5 para os
japoneses são facilitados. “Nosso corpo é percorrido por correntes positivas e negativas que
entrecruzam; quando essas correntes estão em completo equilíbrio, gozamos de perfeita
saúde”. (Yesudian e Haich apud LOWEN, 1990, p. 31)
Entretanto, a energia no ponto de vista ocidental não é reconhecida pela comunidade
científica, pois sua visão é principalmente em termos mensuráveis e mecanicistas. Sabemos,
então, que organismos vivos, ao contrário das máquinas, reagem a determinados aspectos da
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chi e ri – fluxo de energia interna.
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De acordo com Lowen (1990, p. 44) “O nível básico de energia do indivíduo só pode
ser aumentado fazendo-se o corpo ficar mais cheio de vida através da manifestação dos
sentimentos. A repressão dos sentimentos sempre resulta na falta da vivacidade”.
Em nossa técnica corporal citada acima, o toque e o contato foram fundamentais na
prática, que através de algumas terapias ou educações somáticas vivenciamos. A eutonia vem
ao encontro, quando utiliza o toque para sentir. “Embora o tato não seja uma emoção, seus
elementos sensoriais induzem mudanças neurológicas, glandulares, musculares e mentais que,
combinadas, podem produzir ou despertar uma emoção” (VISHNIVETZ, 1995, p. 29).
“Alguns de nós tem memórias muito antigas, muito arcaicas, que têm raízes na vida
intra-uterina” (LELOUP, 1998, p. 19). Entretanto, foi com Ashley Montagu em seu livro Tocar:
o significado humano da pele que vimos o quanto é importante o toque para os laços entre mãe
e filhos, de um para o outro, enfim, para os relacionamentos e o quão importante é sua
utilização na técnica referida acima e no seu processo de socialibilização.
CONCLUSÃO
O presente trabalho está no papel de um degrau de uma longa escada dos estudos
voltados para a dança, sugerindo a compreensão de que a mesma demanda estudo de
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pressupostos teóricos e práticos. Para tanto, foram selecionados autores que puderam
subsidiar a nossa reflexão sobre a dança que queremos propor, contextualizando o que já se
fazia com a técnica corporal e com o vivido nesse momento no Atelier de Pesquisa
Corporeidade na Educação, possibilitando-nos a uma maior compreensão da corporeidade
presente em nosso ser, levando-nos também a uma maior transcendência.
Constata-se, então, que a forma encontrada de alcançar os saberes em nossa vivência
foi o da reconstrução e da renovação da razão, através da emoção, do subjetivismo,
impregnado de sentimentos e sensações, toques e contatos, empenhados apenas, na
formação de um Ser criativo, lúdico e sensível, mais humano e espiritual através da
experiência teórico-prática na dança.
REFERÊNCIA
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Estela dos Santos Abreu. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
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Abreu. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
CONGER, J. P. Jung & Reich: o corpo como sombra. Trad. Maria Selma Mourão Netto. São
Paulo: Summus, 1993.
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KELEMAN, S. Mito e corpo: uma conversa com Joseph Campbell. Trad. Denise Maria
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LELOUP, J. O corpo e seus símbolos: uma antropologia essencial. 7. ed. Petrópolis, Rio de
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______. Alegria: a entrega ao corpo e a vida. Trad. Maria Silvia Mourão Netto. São Paulo:
Summus, 1997.
MONTAGU, A. Tocar: o significado humano da pele. Trad. Maria Silvia Mourão Netto. São
Paulo: Summus, 1988.
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São Paulo: Summus, 1995.
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de Maro Júnior. São Paulo: Triom, 2000.