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Curso de Dietética – 2º Ano – 2º Semestre –

2003-2004
Disciplina de: Educação e Comunicação em Saúde – Docente: Dra. Celeste Duque

Colectânea de Textos
Trabalhos dos alunos no âmbito da disciplina de
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO EM SAÚDE
(organização da responsabilidade de Celeste Duque, com base nos ficheiros Word fornecidos pelos alunos)

Faro, Janeiro 2005


UNIVERSIDADE DO ALGARVE – ESSAF
Disciplina de: Educação e Comunicação em Saúde – Curso de Dietética – 2º Ano – 2º Semestre – 2003-
2004

Índice
Hábitos Alimentares: evolução em Portugal ..................................................................................................................................................................................................................................................... 4
Trabalho da autoria de: ................................................................................................................................................................................................................................................................................. 4
Ana Luz, Joana Godinho, Sandra do Ó, & Tahiana Santos ................................................................................................................................................................................................................... 4
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 4
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................................................................................................................................................................................................................... 5
2.1. Perspectiva Mundial............................................................................................................................................................................................................................................................................... 5
2.1.1. O mito da pílula alimentar..........................................................................................................................................................................................................................................................5
2.1.2. De Henry Ford à McDonald’s....................................................................................................................................................................................................................................................5
2.1.3. Microondas e Ultracongelados....................................................................................................................................................................................................................................................6
2.1.4. A alimentação sai do lar ..............................................................................................................................................................................................................................................................6
2.1.5. O fast-food ....................................................................................................................................................................................................................................................................................7
2.1.6. O hamburger e a pizza.................................................................................................................................................................................................................................................................8
2.1.7. Cozinha em kit .............................................................................................................................................................................................................................................................................8
2.1.8. Uma uniformização planetária? .................................................................................................................................................................................................................................................8
2.1.9. Racionalização, regressão e prazer..............................................................................................................................................................................................................................................9
2.2. Perspectiva Nacional.............................................................................................................................................................................................................................................................................. 9
2.2.1. Os indicadores sanitários portugueses.......................................................................................................................................................................................................................................9
2.2.2. Como comemos?.........................................................................................................................................................................................................................................................................10
2.2.3. Evolução dos hábitos..................................................................................................................................................................................................................................................................10
2.3. Hábitos alimentares dos portugueses alteraram-se....................................................................................................................................................................................................................... 11
2.3.1. Alimentação em Portugal e na União Europeia ......................................................................................................................................................................................................................11
2.3.2. Portugal é o 2º consumidor de Cereais da União Europeia ....................................................................................................................................................................................................12
2.3.3. Países mediterrânicos são os maiores consumidores de vegetais e frutos frescos ..................................................................................................................................................................12
2.3.4. Finlândia e Irlanda principais consumidores de Produtos Lácteos da União Europeia........................................................................................................................................................13
2.3.5. Portugueses estão entre os cinco principais consumidores de Carne da União Europeia.....................................................................................................................................................13
2.3.6. Grécia lidera consumo de Óleos e Gorduras vegetais na União Europeia.............................................................................................................................................................................13
3. MÉTODOS .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 14
3.1. Participantes........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 14
3.1.1. População ...................................................................................................................................................................................................................................................................................14
3.1.2. Amostra ......................................................................................................................................................................................................................................................................................14
3.2. Instrumentos........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 14
3.3. Organograma ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 14
3.4. Procedimento ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 15
3.5. Problema ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 15
3.6. Hipóteses................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 15
4. RESULTADOS ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 15
5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS........................................................................................................................................................................................................................................................................ 15
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 15
7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 15
Hábitos Alimentares e Obesidade...................................................................................................................................................................................................................................................................... 16
Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 16
Ana Silva, Júlia Marques, & Marta Coelho............................................................................................................................................................................................................................................. 16
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 16
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 17
2.1. Hábitos alimentares: definição........................................................................................................................................................................................................................................................... 17
2.2. Educação alimentar............................................................................................................................................................................................................................................................................... 17
2.2.1. Erros alimentares.......................................................................................................................................................................................................................................................................17
2.3. Evolução da alimentação..................................................................................................................................................................................................................................................................... 17
2.4. Factores que determinam a escolha alimentar................................................................................................................................................................................................................................ 18
2.5. Hábitos alimentares dos portugueses............................................................................................................................................................................................................................................... 18
2.6. Importância da educação alimentar.................................................................................................................................................................................................................................................. 18
2.7. Custos dos hábitos alimentares.......................................................................................................................................................................................................................................................... 19
2.8. Hábitos alimentares e mass media .................................................................................................................................................................................................................................................... 19
2.9. Hábitos alimentares que influenciam o desenvolvimento de doenças ..................................................................................................................................................................................... 19
2.10. Hábitos alimentares e obesidade ..................................................................................................................................................................................................................................................... 20
2.10.1. Como prevenir a obesidade......................................................................................................................................................................................................................................................20
3.3. Instrumentos........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 21
3.4. Procedimento ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 21
3.5. Problema ................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 21
3.5.1 Hipóteses......................................................................................................................................................................................................................................................................................21
4. CONCLUSÕES .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 21
5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 21
Hábitos Alimentares na Infância ....................................................................................................................................................................................................................................................................... 22
Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 22
Ana Cristina Pedrosa, Daniel Dornelles, & Tatiana Silva.................................................................................................................................................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 22
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 23
2.1. Hábitos alimentares e a escola............................................................................................................................................................................................................................................................ 24
2.2. Objectivos do lanche escolar............................................................................................................................................................................................................................................................... 24
2.3. O que deve conter um lanche escolar adequado............................................................................................................................................................................................................................ 24
2.4. Principais problemas na efectiva aplicação do lanche, do ponto de vista nutricional........................................................................................................................................................... 25
2.5. Sugestões para que o lanche atinja os seus objectivos de forma adequada no aspecto nutricional.................................................................................................................................... 25
2.6. Papel das indústrias alimentares no lanche escolar....................................................................................................................................................................................................................... 25
2.7. Necessidades nutricionais dos adolescentes ................................................................................................................................................................................................................................... 25
2.8. Erros alimentares mais comuns em Portugal.................................................................................................................................................................................................................................. 25
2.8.1. Consumo de sal em excesso .......................................................................................................................................................................................................................................................25
2.8.2 Elevado consumo de álcool .........................................................................................................................................................................................................................................................25
2.8.3. Elevado consumo de gorduras...................................................................................................................................................................................................................................................26
2.8.4. Saltar refeições ...........................................................................................................................................................................................................................................................................26
2.8.5. Comer demasiado .......................................................................................................................................................................................................................................................................26
2.8.6. Baixo consumo de legumes e produtos agrícolas .....................................................................................................................................................................................................................26
2.8.7. Baixo consumo de leite e derivados...........................................................................................................................................................................................................................................26
2.8.8. Elevado consumo de açúcar.......................................................................................................................................................................................................................................................26
2.9. Conselhos para uma alimentação equilibrada................................................................................................................................................................................................................................ 26
3. PROBLEMA ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
4. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
5. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27
UNIVERSIDADE DO ALGARVE – ESSAF
Disciplina de: Educação e Comunicação em Saúde – Curso de Dietética – 2º Ano – 2º Semestre – 2003-
2004
Hábitos Alimentares na Adolescência .............................................................................................................................................................................................................................................................. 28
Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 28
Ana Simas, Patrícia Vieira, & Pedro Cruz............................................................................................................................................................................................................................................... 28
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 28
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 28
2.1. Caracterização do Adolescente .......................................................................................................................................................................................................................................................... 28
2.1.1. Adolescentes de ontem, adolescentes de hoje............................................................................................................................................................................................................................28
2.1.2. A influência do grupo de colegas na adolescência ...................................................................................................................................................................................................................29
2.2. Os adolescentes e a alimentação ........................................................................................................................................................................................................................................................ 30
2.2.1. Mudança dos hábitos alimentares.............................................................................................................................................................................................................................................30
2.2.2. Hábitos Alimentares em Adolescentes .....................................................................................................................................................................................................................................31
3. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 32
HÁBITOS ALIMENTARES DOS P ORTUGUESES .................................................................................................................................................................................................................................................... 32
Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 32
Ana Luz,Joana Godinho, Sandra do Ó, & Tahiana Santos .................................................................................................................................................................................................................. 32
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 32
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 33
2.1. Perspectiva Mundial............................................................................................................................................................................................................................................................................. 33
2.1.1. O mito da pílula alimentar........................................................................................................................................................................................................................................................33
2.1.2. De Henry Ford à McDonald’s..................................................................................................................................................................................................................................................33
2.1.3. Microondas e Ultracongelados..................................................................................................................................................................................................................................................34
2.1.4. A alimentação sai do lar ............................................................................................................................................................................................................................................................34
2.1.5. O fast-food ..................................................................................................................................................................................................................................................................................35
2.1.6. O hamburger e a pizza...............................................................................................................................................................................................................................................................36
2.1.7. Cozinha em kit ...........................................................................................................................................................................................................................................................................36
2.1.8. Uma uniformização planetária? ...............................................................................................................................................................................................................................................36
2.1.9. Racionalização, regressão e prazer............................................................................................................................................................................................................................................36
2.2. Perspectiva Nacional............................................................................................................................................................................................................................................................................ 37
2.2.1. Os indicadores sanitários portugueses.....................................................................................................................................................................................................................................37
2.2.2. Como comemos?.........................................................................................................................................................................................................................................................................38
2.2.3. Evolução dos hábitos..................................................................................................................................................................................................................................................................38
2.3. Hábitos alimentares dos portugueses alteraram-se....................................................................................................................................................................................................................... 39
2.3.1. Alimentação em Portugal e na União Europeia ......................................................................................................................................................................................................................39
2.3.2. Portugal é o 2º consumidor de Cereais da União Europeia ....................................................................................................................................................................................................40
2.3.3. Países mediterrânicos são os maiores consumidores de vegetais e frutos frescos ..................................................................................................................................................................40
2.3.4. Finlândia e Irlanda principais consumidores de Produtos Lácteos da União Europeia........................................................................................................................................................41
2.3.5 - Portugueses estão entre os cinco principais consumidores de Carne da União Europeia...................................................................................................................................................41
2.3.6. Grécia lidera consumo de Óleos e Gorduras vegetais na União Europeia.............................................................................................................................................................................42
3. MÉTODOS ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 42
3.1. Participantes........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 42
3.1.1. População ...................................................................................................................................................................................................................................................................................42
3.1.2. Amostra .....................................................................................................................................................................................................................................................................................42
3.2. Instrumentos........................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43
3.3. Organograma ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43
3.4. Procedimento ......................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43
3.4.1. Problema.....................................................................................................................................................................................................................................................................................43
6. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43
7. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 43

Hábitos Tabágicos ................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 45


Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 45
Angela Pais; António Albergaria, & Claudia Rosa................................................................................................................................................................................................................................ 45
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 45
2. ETIOLOGIA DO TABAGISMO ............................................................................................................................................................................................................................................................................ 45
2.1. Factores sociais...................................................................................................................................................................................................................................................................................... 45
2.2. Factores psicológicos ............................................................................................................................................................................................................................................................................ 45
2.3. Factores ambientais............................................................................................................................................................................................................................................................................... 46
3. MOTIVAÇÕES .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 46
3.1. Motivos para cessar .............................................................................................................................................................................................................................................................................. 46
3.2. Motivos para não cessar....................................................................................................................................................................................................................................................................... 46
4. APLICAÇÃO DO CONSELHO MÉDICO AO FUMADOR ................................................................................................................................................................................................................................... 47
5. PRINCIPAIS ACÇÕES DA NICOTINA ............................................................................................................................................................................................................................................................... 47
5.1. Acção do monóxido de carbono......................................................................................................................................................................................................................................................... 48
5.2. Acção dos alcatrões............................................................................................................................................................................................................................................................................... 48
5.3. Outros malefícios do tabaco................................................................................................................................................................................................................................................................ 48
6. TRATAMENTO ................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 48
6.1. Métodos de ajuda.................................................................................................................................................................................................................................................................................. 48
7. ORIENTAÇÃO DIETÉTICA NA SUPRESSÃO DO TABAGISMO ........................................................................................................................................................................................................................ 49
7.1. Causas para os problemas de peso.................................................................................................................................................................................................................................................... 49
7.2. Como travar o apetite........................................................................................................................................................................................................................................................................... 49
7.3. Os alimentos certos para se manter em forma sem nicotina ...................................................................................................................................................................................................... 49
8. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 50
O T ABACO E AS M ULHERES , Q UE RELAÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................... 50
Trabalho da autoria de: ............................................................................................................................................................................................................................................................................... 50
Mara Ai-Ai; Sara Ferreira, & Sarah Pisco ................................................................................................................................................................................................................................................ 50
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 50
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO ......................................................................................................................................................................................................................................................................... 51
2.1. Tabaco e os seus constituintes ............................................................................................................................................................................................................................................................ 51
2.2. Tabagismo Passivo................................................................................................................................................................................................................................................................................ 51
2.3. Os malefícios do tabaco........................................................................................................................................................................................................................................................................ 52
2.4. Aumento do consumo tabágico nas mulheres................................................................................................................................................................................................................................ 52
2.5. Perigos do tabaco para a mulher........................................................................................................................................................................................................................................................ 52
2.5.1 O tabaco e o cancro da mama .....................................................................................................................................................................................................................................................52
2.6. O tabaco na gravidez............................................................................................................................................................................................................................................................................ 53
2.7. A dificuldade de deixar de fumar...................................................................................................................................................................................................................................................... 53
3. MÉTODO ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 54
3.1. Amostra................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 54
3.2. Instrumento de recolha de dados ...................................................................................................................................................................................................................................................... 54
3.3. Procedimentos........................................................................................................................................................................................................................................................................................ 54
5. RESULTADOS ....................................................................................................................................................................................................................................................Error! Bookmark not defined.
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................................................................................................................................................................................................................Error! Bookmark not defined.
7. CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 54
ANEXOS.................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 54
Universidade do Algarve – ESSaF
Hábitos Alimentares
Hábitos Alimentares: evolução em Portugal
Trabalho da autoria de:
Ana Luz, Joana Godinho, Sandra do Ó, & Tahiana Santos

"Diz-me o que comes, dir-te-ei a saúde que tens"


Dr. Emídio Peres

RESUMO
Ao longo deste trabalho iremos focar alguns aspectos da evolução de certas civilizações mundiais em
relação aos seus hábitos alimentares, e daremos especial ênfase aos hábitos alimentares portugueses. Em
paralelo à realização deste trabalho, o 2º ano de Dietética efectuou um inquérito na Escola Superior de
Saúde de Faro com o intuito de saber quais os hábitos alimentares dos estudantes deste estabelecimento.
Foi também elaborado um folheto informativo, a distribuir pela amostra, com a finalidade de elucidar os
alunos para as boas práticas alimentares.

1. INTRODUÇÃO
Alimentarmo-nos é um acto de cultura. O consumo de alimentos, necessário por razões
biológicas, está repleto de significados, de imagens relacionadas com usos, situações e
comportamentos colectivamente imaginados que constituem a alimentação em verdadeiro
sistema de comunicação codificado de acordo com uma lógica simbólica. Através dessa lógica e
através da alimentação, os grupos humanos comunicam a partilha de uma identidade
interpretativa da existência.
As sociedades do ocidente têm hoje do equilíbrio alimentar uma concepção baseada na ciência
da nutrição, com referência aos nutrientes e seus efeitos no organismo.
Na decisão sobre as virtualidades nutritivas dos alimentos domina o valor simbólico que traduz
o arbitrário cultural pelo qual as sociedades respondem às exigências relevantes do psiquismo
(Garine, 1979).
Comer cru ou cozinhar e como cozinhar são a base de um código comunicacional de valores de
valores e símbolos que inconscientemente revela a estrutura da sociedade (Levi-Straus, 1968).
Reduzir o tempo gasto na preparação alimentar (e não na refeição) é sinónimo de maior custo
económico já que o requinte e a delicadeza não podem ser afectados. No oposto, a redução do
tempo é um valor aliado ao da redução do preço e justifica a menor preocupação com a
qualidade.
Nos últimos cinquenta anos, no Ocidente, a produção industrial, a conservação, o comércio e os
transportes influenciaram directamente a alimentação e a culinária que num relativamente
pequeno período de tempo passaram a aprovisionar-se me alimentos estandardizados, parcial
ou completamente preparados para o consumo e, em grande parte, derivados de meios
sintéticos. A industrialização aumentou a produção alimentar e provocou um incremento dos
espaços e momentos em que se come, transformando as sociedades ocidentais em sociedades de
abundância (Goody, 1982; Mennel et al., 1992). Comer passou a ser um acto relativamente
constante, sem relação com a necessidade biológica de alimento e cada vez menos sujeito ao
ritmo das refeições (que no entanto continua a manter-se).
A indústria, associada à publicidade, conquista os actores sociais para o consumo de produtos
nutricionalmente desadequados onde abundam o açúcar, o sal e as gorduras animais
manipuladas de forma a desencadearem a aceitação e incrementarem a procura (Peres, 1997;
Mead, 1997).
Nas sociedades ocidentais de hoje, a subalimentação constitui um importante risco do ponto de
vista do desenvolvimento saudável. Em contraste com as sociedades da subnutrição, as

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Hábitos Alimentares
principais causas de morte nas nossas sociedades devem-se ao estilo de vida no qual se inclui a
alimentação demasiada rica em gorduras e calorias (James, 1990; OMS, 1996).
Realizou-se este trabalho com o objectivo de caracterizar a alimentação e identificar mudanças
no campo alimentar, tanto a nível nacional como mundial. Este encontra-se dividido em quatro
partes sendo elas: perspectiva mundial, perspectiva nacional, os hábitos alimentares dos
portugueses alteram-se e por último os inquéritos. Os resultados obtidos na análise estatística
dos mesmos dar-nos-ão uma perspectiva de como a nossa geração se alimenta.

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Perspectiva Mundial


A alimentação é a “acção de fornecer ao organismo os alimentos de que precisa sob a forma de produtos
alimentares naturais ou modificados ou ainda, em parte, sintéticos” (Ferreira, 1994).
Em 1932, um autor nova-iorquino imaginava que 50 anos mais tarde a população mundial
alimentar-se-ia de pílulas concentradas. Tal perspectiva não parecia suscitar qualquer receio,
pois a população manifestava confiança no progresso técnico e científico.
Em 1982, no outro lado do Atlântico, a maior parte da população receava a existência de uma
pílula que viesse substituir as refeições. Sondagens efectuadas nessa época, revelavam que
muitos franceses e habitantes do mundo desenvolvido visualizavam esta pílula, em termos de
funcionalidade, como uma suprema encarnação de um “admirável mundo novo”.

2.1.1. O mito da pílula alimentar


O receio da pílula, em particular pelos europeus do sul foi substituído pela preocupação na
saúde e na identidade. Na Grã-bretanha, nos países escandinavos, no norte da Europa e em
especial nos Estados Unidos, os “medos” recaíram sobretudo na saúde. Apesar dos sinais de
melhoria da saúde pública, apareceram doenças denominadas “doenças da civilização” como
patologias cardiovasculares e inúmeros cancros, que incriminaram a alimentação.
Em França, Itália, Espanha bem como noutras regiões de tradição católica receava-se que os
bons hábitos e costumes alimentares fossem com o tempo substituídos por um processo
designado de “americanização” e cujo o vector não é a pílula, mas o omnipresente hamburger.

2.1.2. De Henry Ford à McDonald’s


Enquanto que a industrialização da alimentação e a distribuição moderna só apareceram na
Europa em 1960, nos Estados Unidos da América, certos produtos alimentares industriais, como
Heinz, Nabisco e a Kellogg, já o faziam desde 1880.
Sendo a América precursora de hábitos alimentares, deveria ter uma melhor percepção dos
fenómenos que há cerca de trinta anos atormentam o velho mundo.
Certas características alimentares dos Estados Unidos observam-se menos, nos nossos dias, no
meio urbano de diversos países europeus. Tal facto, deve-se essencialmente ao
desenvolvimento agrícola e industrial. A agricultura, tornou-se cada vez mais específica, e os
produtos mais industrializados.
De igual forma a distribuição, comercialização e divulgação dos produtos alimentares,
verificaram uma enorme evolução. Os supermercados proliferaram na década de 1960,
paralelamente à indústria automóvel, à televisão, aos lazeres e ao aumento do nível de vida e
educação.
O aparecimento dos produtos transformados veio aumentar os custos com a alimentação.

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Hábitos Alimentares
A entrada da mulher no mercado de trabalho, fez com que o tempo dedicado às actividades
domésticas diminuísse e consequentemente aumentar a procura dos produtos distribuídos nos
supermercados, de forma a haver uma economia de tempo disponível.
A introdução de produtos light, fez com que a industria, não se encarregasse somente da
cozinha, mas também da dieta do consumidor.
Em 1960, ao contrário do que se verificava anteriormente, os produtos passaram a ser
embalados em plástico.
A industrialização veio alterar as características de origem dos produtos alimentares. Contudo,
os preços destes, tornaram-se mais acessíveis.
A indústria da alimentação continuou a evoluir. O nível de vida aumentou, as necessidades
energéticas dos consumidores diminuíram, e a concorrência do mercado tornou-se cada vez
maior.

2.1.3. Microondas e Ultracongelados


O forno de microondas e os congelados, tiveram o seu auge de desenvolvimento nos últimos
dez anos, onde por exemplo em 1990, cerca de um terço dos lares franceses possuíam estes
equipamentos.
Outras tecnologias deram origem a saladas pré-lavadas, a legumes pré-cozinhados, entre
outros. Estes produtos possuíam para além de um bom preço, gosto e qualidades
organolépticas (sujeitas a enormes variações culturais), um valor de saúde e comodidade de
utilização elevado.
Segundo a OMS a saúde é definida por “um estado de completo bem-estar físico, mental e social não
apenas a ausência de doença ou efermidade”
A noção de saúde assume uma perspectiva diferente tanto para os franceses como para os
ingleses, onde se pode constatar por exemplo que para os ingleses o queijo está carregado de
gorduras saturadas que ameaçam as suas artérias, enquanto que para os franceses, este
alimento apresenta um grande valor nutricional, sendo um produto rico em cálcio,
indispensável para um equilíbrio alimentar.
Pesquisas feitas, comprovam que em relação a estudos alimentares, os franceses estão menos
desenvolvidos que os americanos, mas por outro lado, os franceses são menos atingidos pela
obesidade, tendo também uma taxa de mortalidade mais baixa de todos os países
desenvolvidos, com excepção do Japão.
Relativamente à comodidade, este desempenha um factor bastante importante, onde se insere
uma contradição relativamente aos legumes frescos e aos frutos, em particular na França. Isto
acontece porque, os franceses atribuem aos legumes virtudes nutritivas consideráveis, mas ao
mesmo tempo o seu consumo não pára de baixar.

2.1.4. A alimentação sai do lar


Tanto a alimentação como a restauração tomaram uma evolução comparável. A alimentação
para além de se tornar um mercado de consumo de massas, identifica-se cada vez menos
necessariamente com o universo doméstico.
Esta modificação deveu-se à urbanização, à industrialização de 1950-1960, à profissionalização
das mulheres, ao aumento do nível de vida e da educação, à generalização do automóvel, ao
maior acesso da população ao lazer, entre outros factores que levaram a um aumento do
número de refeições tomadas fora de casa.

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Em 1950, apareceram na Europa as primeiras empresas de self-service. Depois no ano 1960,
apareceram diversas formas de restauração do outro lado do Atlântico, tendo como
intermediário, a Inglaterra onde, antes de se instalar no continente, se desenvolve a cadeia de
hamburger Wimpy.

2.1.5. O fast-food
O fast-food de inspiração americana surgiu na Europa Ocidental na década de 1970/1980. Já em
1950, nos Estados Unidos da América do Norte existiam grandes cadeias em regime franchising
nos eixos rodoviários, na periferia das cidades, nos centros comerciais e posteriormente nos
malls, extensas zonas comerciais fechadas ao trânsito A comida comercializada nesses espaços,
consistia essencialmente em pizzas, hamburgers, tortilhas, tacos mexicanos, fast-foods chinês,
japonês, e grego, pittas, falafels, croissants e sandes variadas.
Nos nossos dias, na Europa, o termo fast-food, já não tem o mesmo significado inicial, ou seja,
não evoca essa variedade de cozinhas cosmopolitas e heteróclitas. Actualmente, remete para a
triologia Ketchup-hamburger – batatas fritas e inevitavelmente para o McDonald’s.
Diversas pessoas que se deslocam de visita aos Estados Unidos constatam duas características
estranhas dos americanos: possuíam um imenso apetite, e consumiam as refeições o mais
rápido possível.
Paul Morand no início do séc. XX, relatava com certa estupefacção os hábitos alimentares dos
bairros alimentares de Nova Iorque.
O que surpreendeu Morand foi o facto de os trabalhadores nem saírem do local de trabalho nas
horas de almoço e o modo pouco humano e de convívio como tomavam as suas refeições.
Enquanto que na Europa a hora da refeição, é considerada sagrada, os hábitos alimentares
americanos causam confusão aos europeus pelo facto de serem bastante diferentes.
O que levou a implementação do fast-food com grande êxito, foi o facto dos primeiros
restaurantes terem especial atenção com a higiene alimentar e do espaço. Toda esta
preocupação se deve às descobertas de Pasteur sobre a origem bacteriana das doenças
infecciosas.
A paternidade e o mérito do fast-food, deve-se aos irmãos Dick e Mac McDonald’s.
Após um período de altos e baixos na empresa, por volta de 1948, a empresa conseguiu garantir
o sucesso. O cachorro quente foi substituído pelo hamburger, os preços tornaram-se bastante
mais acessíveis, o serviço ao cliente mais rápido e em self-service. Os pratos e talheres foram
substituídos por embalagens de cartão e sacos de papel e os extremos cuidados com a higiene
tornaram-se uma mais valia para o sucesso. Passou-se de um restaurante de adolescentes para
um restaurante onde as famílias operárias podem ir com os filhos.
A introdução de um sistema de produção em cadeia, uma equipa reduzida pouco qualificada e
por isso mal paga, e equipamentos adaptados, possibilitaram que as entregas se efectuassem
num tempo reduzido.
Por volta de 1950-1960, apareceram cadeias idênticas ao McDonald’s de que é exemplo a
Kentucky Fried Chicken, primeiramente nos Estados Unidos e posteriormente no estrangeiro.
No final da década de 1950 surgiu um mercado da pizza na América. A cadeia pizza Hut foi
responsável, pela transformação deste alimento em fast-food. Com o tempo a pizza tornou-se
cada vez mais americanizada e divulgada a nível mundial.

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2.1.6. O hamburger e a pizza
O fast-food, depois de se instalar nos Estados Unidos, começou a sua digressão mundial, tendo
pelo percurso bastantes obstáculos, como o que aconteceu com a Coca-Cola, que após ter sido
descoberta, era considerada na Europa uma mistura de delícia e de horror ideológico. Tanto na
Suécia, como na Itália, houveram diversas manifestações contra a dita “alimentação de
plástico”, que aliciava os jovens a substituir a alimentação tradicional.
O hamburger é considerado um grande mal, quer a nível nutricional ou simbólico, ou seja,
possui gorduras saturadas e perda de identidade. A pizza, até agora escapa à maior parte das
críticas, apesar de esta, estar espalhada pelo planeta e de ter um império mais importante que o
hamburger. A pizza, não é só espalhada pelas empresas que a propagam, como também por
outros estabelecimentos ligados à distribuição de alimentos, tais como nas padarias, mercearias,
nos vendedores ambulantes, entre outros. Pode ser entregue ao domicílio, ou então, consumida
em todo o tipo de restaurantes.
É de notar, que a crise das “vacas loucas”, deu uma vantagem significativa às pizzas, visto o
hamburger ter sido sujeito a uma suspeita mortal sobre a carne de vaca de que ele é composto.
Por este facto, começou-se a fazer as variantes de peixe e galinha para ver se a crise por ele
sentida, diminuía.

2.1.7. Cozinha em kit


Na Europa as velhas formas de restauração tendem a evoluir. A partir de 1970, são cada vez
mais introduzidos os produtos preparados pela indústria, como por exemplo as conservas
industriais, os produtos congelados e os purés instantâneos, tanto nas cantinas como na
restauração comercial. Dez anos mais tarde desenvolveram-se os molhos totalmente
preparados, bases de molhos e caldos de peixe.
Recentemente houve a introdução de técnicas de vácuo com cozedura a uma temperatura baixa,
primeiro na restauração e depois na grande distribuição.
Os alimentos assim preparados podem conservar-se, consoante os ingredientes, entre cinco a
vinte um dias, e para muitos chefes de cozinha estes alimentos possuem resultados muito
interessantes do ponto de vista gustativo.
Em França já há diversos anos que existe a distribuição dos pratos chamados “cozinhados sob
vácuo”, o que leva a uma grande discussão por parte dos puristas da técnica que afirmam que
estes pratos se aproximam da conserva tradicional, visto serem cozidos a temperaturas muito
mais elevadas do que os 55ºC ou 60ºC.
Apesar de os restaurantes utilizarem cada vez mais estas técnicas, os consumidores, não estão
preparados para as aceitar, como também ainda se encontram receosos, relativamente a
alimentos ionizados (por processo de irradiação), para uma melhor conservação.

2.1.8. Uma uniformização planetária?


O agro-negócio planetário e a sua grande distribuição, não se limita a acabar com as
particularidades culinárias locais, mas sim tentar expandir especialidades tradicionais e
exóticas, adaptadas ou estandardizadas, onde temos o caso do muesli suíço que se introduziu
cada vez mais nos pequenos-almoços dos ingleses e franceses.
Mas seria erróneo acreditar que a industrialização da alimentação, os progressos dos
transportes e o advento da distribuição em massa apenas servem para desagregar e nivelar as
particularidades locais e regionais.

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2.1.9. Racionalização, regressão e prazer
A dúvida que parece estar sempre na nossa mente, é como é que o fast-food, mais propriamente
a McDonald’s, apresenta um grande êxito a nível mundial. Esta empresa originária de Chicago
raramente conheceu um fracasso, e é evidente que os factores materiais, comerciais e
financeiros, favoreceram este êxito.
Ray Kroc desenvolveu um sistema de franchise, que para além de tentar garantir o
enriquecimento dos franchisers, tinha como objectivo principal nunca prejudicar o bom nome da
marca.
A exportação destas marcas veio levantar alguns problemas, como por exemplo, o anti-
americanismo e o facto do McDonald’s atrair mais os jovens, mas por motivos de rentabilidade,
esta empresa preferia atrair as famílias em vez dos adolescentes.
Outra dificuldade que surgiu, foi o facto da McDonald’s ter de se adaptar a determinados
factores condicionantes da cultura de cada país, como é o caso da França, onde os molhos
tiveram de se tornar mais ácidos, apesar de aparentemente os hamburgers, cheeseburgers, etc,
serem iguais ao resto do mundo.
É de notar que tanto a McDonald’s, como o fast-food em geral e as pizzas em particular
conheceram e conhecem um êxito estrondoso. As crianças, desde cedo, aprendem a apreciar o
sabor destas refeições. Com uma aspecto fofo, batatas fritas estaladiças e carne tenra, que
consegue ser mastigada, até mesmo por uma criança de muito jovem idade.
Não nos podemos esquecer o facto desta comida, não necessitar de etiqueta, podendo ser
consumida à mão, e com um grande à vontade, tendo também um preço acessível, uma
regularidade de prestação e comodidade que também contribuem para esse sucesso.

2.2. Perspectiva Nacional


Não se consegue responder como é que os portugueses se alimentam, pelo simples facto, de
todas as pessoas se alimentarem de forma diferente, consoante idade, região, horário de
trabalho, posses, distância de casa, tempo para cozinhar, entre outros factores.
Os comportamentos alimentares dos portugueses, apenas conseguem responder de uma forma
incoerente, aos indicadores sanitários, sem subestimar a importância de outros factores,
nomeadamente a educação para a saúde e meios de prevenção.

2.2.1. Os indicadores sanitários portugueses


Os indicadores sanitários revelam manifestações de carência alimentar profunda, como:
mortalidade infantil e infanto-juvenil elevadíssimas, envelhecimento precoce, grande
susceptibilidade a infecções e infestações graves, peso corporal muito baixo, produtividade
laboral e tempo limitado de vida.
Nas sociedades abastadas de consumo, com alimentação caloricamente excessiva e
nutricionalmente desregulada, em especial por abuso de gordura, carne, açúcar e álcool e por
falta de produtos horto-frutícolas em natureza e de amiláceos, os indicadores também são
coerentes: o desenvolvimento somático e o estado de saúde de crianças e jovens, são muito
bons, a capacidade de aprendizagem e desempenho profissional é elevada, as doenças
infecciosas graves têm pouca relevância. Mas, a partir da quarta década de vida, a pesada
incidência das doenças metabólicas e degenerativas crónicas, a quebra o estado de graça da
juventude incapacita ou mata em proporções alarmantes a população madura. (Peres, 1997)
Em países em desenvolvimento, como Portugal, tanto existem situações de subnutrição como
de esbanjamento, indicando uma certa contradição. Os problemas de excesso e carência de
alimentação são cada vez mais precoces.

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Quanto mais novo se começa a comer erradamente, mas cedo as doenças degenerativas
evoluem.
A situação sanitária portuguesa revela que hoje, está a desaparecer a velha subnutrição dos
pobres e novas formas de má nutrição atingem os meios urbanos e suburbanos desfavorecidos.

2.2.2. Como comemos?


Cerca de 30% a 35% dos portugueses mantêm bons costumes alimentares da cultura
mediterrânea (consumo de grandes quantidades de hortaliças, legumes e leguminosas, massa,
pão, etc).
Os portugueses que preferem a comida tradicional, não costumam consumir fast-food, nem
comida de cafetaria.
A população urbana ligada ao mundo do trabalho e vida mundana, cerca de 15%, têm
tendência para ter uma má alimentação, abusando de gorduras, calorias, poucas hortaliças,
entre outros.
Um quarto dos portugueses, alimenta-se muito desequilibradamente, dando preferência a
alimentos empacotados, “pronto a comer”, entre outros, sofrendo por isso, de carências
nutricionais. Junta-se a estes, os mais novos, que comem ao acaso e sem horas.
A alimentação de cafetaria não é muito relevante entre os portugueses, ao contrário do que
acontece nos Estados Unidos da América e Canadá, onde este problema já começou a ser
preocupante.
Contudo os produtos de cafetaria já começaram a invadir as nossas casas, com bastante
frequência. Segundo o Instituto nacional de Estatísticas, enquanto as despesas em restaurantes e
cafés aumentam, verifica-se um decréscimo na compra de produtos alimentares.
A subalimentação atinge os idosos isolados, reformados, pensionistas, membros de famílias
numerosas de fracos recursos, crianças e adolescentes do mundo do desemprego, perfazem 20%
dos portugueses. Poderá também atingir manequins e os maníacos de regimes.

2.2.3. Evolução dos hábitos


Para escolher e organizar uma alimentação saudável tem de haver uma educação alimentar
institucionalizada.
Os portugueses têm tendência para práticas alimentares nocivas das sociedades de consumo
mais desenraizadas da cultura.
Tanto em Portugal, como noutros países em desenvolvimento, com a mesma situação cultural, a
partir do momento que o poder de compra melhorava, as primeiras atitudes são comer e beber
mais, mas com uma diminuição da actividade física.
Numa primeira fase, temos o comer e beber generosamente, abusando de determinados
alimentos, como: pão, batata, arroz, vinho, etc. Depois segue-se a fase de eleger símbolos de
prestígio: entre eles, a carne de bovino, a doçaria, cerveja, pão branco e alguns produtos
embalados, começando assim a adoptar uma culinária mais engordurada. Seguindo-se depois, a
fase de comer fora. Por último aparece uma etapa, que é alcançada mais cedo pelos jovens,
devido a maus hábitos alimentares, onde temos, o desrespeito pelos horários das refeições, a
vulnerabilidade a apelos de consumo, a desestruturação de refeições, ou a troca das mesmas
por comidas rápidas.
Com o mundo moderno, a pratica de exercício, diminui cada vez mais, devido: à televisão, às
novas profissões, aos transportes motorizados, aos ambientes, que estão cada vez mais
aquecidos, à obesidade que aumenta cada vez mais, e às pessoas que não se importam com o
aspecto físico, nem com os conselhos médicos, que dai advêm.

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Ainda hoje, existe uma forte correlação, entre gordura, poder e beleza, onde obesa é a figura
padrão, forte significa gordo e fraco, magro. Estas e outras razões, tais como a situação sócio-
cultural de cada país e a geração considerada, fazem variar o conceito de obesidade.
Desde os anos 30, que as classes possidentes europeias passaram a marcar a diferença, com um
corpo mais saudável e enxuto de gordura, esta, deixa de ser considerada formosura e já não
evidência prestigio.
Com esta enorme mudança a mulher, é a mais afectada, deixando de lado aquele aspecto roliço,
e entrando para o mundo do trabalho com um aspecto elegante e com um corpo à medida dos
padrões de corte e costura. A roupa começa aqui, a tomar uma conotação bastante importante,
porque como já diz o velho ditado, “o hábito faz o monge”, e nos nossos dias, caber dentro de
cada vez menos é o alvo a atingir.
Então, perder peso merece todos os sacrifícios, e entra na ordem do dia.
Emagrecer torna-se então um problema social, sendo confundido erradamente com perder
peso, e também um problema médico, onde as dietas selvagens provocam desnutrição entre
outros problemas físicos, e atingindo a parte psicológica, porque se multiplicam as perturbações
neuróticas em resultado de uma insatisfação da imagem corporal e com um desejo compulsivo
de perder peso.
Mais de metade da população portuguesa sofrerá de obesidade em 2025 se a presente
degenerescência dos hábitos alimentares não for invertida, afirma a médica nutricionista Graça
Vargas.
A obesidade, ocupa hoje, um lugar proeminente entre as preocupações sanitárias. O excesso de
gordura, por si só gera um conjunto de doenças crónicas que pode levar à morte precoce.
Existem pessoas que se sentem felizes com o peso superior ao desejável e por outro lado, há
pessoas que se sentem bem, tendo peso menor que o aceitável. Este último grupo desconhece
que magreza habitualmente a um estado de carência nutricional.
Independentemente do lado em que estiverem, todas as pessoas tomam posição acerca do seu
peso, sendo isso tema de conversa, revistas, televisão, etc.
A preocupação reside nos jovens adolescentes, com o desejo de serem magros, provocando
perigo para o seu desenvolvimento final e a maturação do organismo.
Em Portugal 28% das raparigas e 9% dos rapazes querem perder peso, apesar de só 8% ter peso
a mais e 2% serem obesos.
Para a saúde o que interessa é o peso que devemos ter e a sabedoria para o manter toda a vida,
como resultado de proporções harmoniosas entre tecidos e órgãos, só possível pela eleição de
um estilo de vida sadio, para o que conta exercício físico, comida completa, equilibrada, variada
e em quantidades ajustadas ao que se gasta e sanidade psico-emocional (Peres, 1996).

2.3. Hábitos alimentares dos portugueses alteraram-se


Os hábitos alimentares da população portuguesa alteraram-se, tendo o consumo alimentar per
capita aumentado significativamente, consequência do desenvolvimento económico e do maior
poder de compra das famílias portuguesas, na década de 90.
Segundo Graça Vargas, apesar da gastronomia portuguesa ser muito saudável, infelizmente,
tem-se assistido à introdução da fast-food e novos alimentos muito ricos em gorduras, que são
introduzidas pela indústria alimentar como conservantes.

2.3.1. Alimentação em Portugal e na União Europeia

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Entre 1990 e 2002, verificou-se um maior consumo per capita de leites e derivados (+41%),
seguido do grupo de carne e ovos (+32%). Desta forma, regista-se um maior aumento do
consumo de produtos de origem animal. Muito menos consumido encontram-se os frutos e
produtos hortícolas (+8%) e os óleos e gorduras vegetais (+8%). O grupo dos cereais, arroz,
leguminosas e batata, apresentou um decréscimo de consumo per capita de 12%.

Figura 1. Evolução do consumo per capita em Portugal, por grupos de alimentos, nos anos de 1990 e 2002

Esta evolução permite concluir que os hábitos alimentares dos portugueses tendem cada vez
mais a afastar-se da dieta tipo mediterrânica, com um aumento do consumo de produtos de
origem animal muito superior ao dos de origem vegetal.

2.3.2. Portugal é o 2º consumidor de Cereais da União Europeia


Portugal ocupa o segundo lugar no consumo per capita de cereais relativamente aos países da
União Europeia (UE). O principal consumidor de cereais da UE é a Grécia e o que consome
menos são os Países Baixos. De realçar que as primeiras três posições são ocupadas por países
mediterrânicos com tradição no consumo de cereais.

Figura 2. Consumo per capita de cereais nos países da União Europeia, em 200-2001

2.3.3. Países mediterrânicos são os maiores consumidores de vegetais e frutos frescos


O maior consumidor de vegetais e frutos frescos da UE é a Grécia, seguindo-se Itália e Espanha,
e surgindo Portugal na 5ª posição. Entre os principais consumidores encontram-se os países
mediterrânicos, sendo a Suécia o país com menor consumo per capita.

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Figura 3. Consumo per capita de vegetais e frutos frescos nos países da União Europeia, em 2000

2.3.4. Finlândia e Irlanda principais consumidores de Produtos Lácteos da União Europeia


Os principais países consumidores de produtos lácteos frescos da UE, excluindo a nata, são a
Finlândia e a Irlanda. Portugal surge na 8ª posição e a Grécia apresenta-se como o país da UE
com menor consumo.

Figura 4. Consumo per capita de produtos lácteos nos países da União Europeia, em 1999 (fonte:
EUROSTAT, excepto Portugal)

2.3.5. Portugueses estão entre os cinco principais consumidores de Carne da União Europeia
Em 2001, a Espanha foi o país da UE com maior consumo per capita de carne, seguida da
Dinamarca e da Irlanda. Portugal, como já foi referido, apresentou um aumento significativo no
consumo de carne e ocupa o 5º lugar entre os países da UE.

Figura 5. Consumo per capita de Carne nos países da União Europeia – 2001 (Fonte: EUROSTAT, excepto
Portugal)

2.3.6. Grécia lidera consumo de Óleos e Gorduras vegetais na União Europeia


Relativamente ao consumo de óleos e gorduras vegetais em 1999/2000, a Grécia destaca-se
como sendo o principal consumidor. Portugal ocupa a 6ª posição, abaixo da Espanha e da Itália
(países mediterrânicos com tradição no consumo deste grupo de alimentos). A Suécia apresenta
o menor consumo.

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Figura 6. Consumo per capita de Óleos e Gorduras Vegetais nos países da UE, 1999-2000 (Fonte:
EUROSTAT, excepto Portugal)

3. MÉTODOS1

3.1. Participantes
3.1.1. População
Os indivíduos que participaram neste estudo foram os Alunos da Escola Superior de Saúde de
Faro, constituindo assim a nossa população.

3.1.2. Amostra
A nossa amostra é constituída por x alunos da Escola Superior de Saúde de Faro.

3.2. Instrumentos
O instrumento utilizado na recolha dos nossos dados foi um inquérito em estilo de questionário
elaborado pelo grupo turma que visava saber quais os hábitos alimentares da população alvo.

3.3. Organograma
• Elaboração de inquéritos que foram, posteriormente, distribuídos aos alunos da Escola
Superior de Saúde de Faro – 2 aulas (6 horas)
• Fotocomposição do questionário – 2 horas
• Fotocópia do questionário (400 exemplares) – 1 dia
• Distribuição/aplicação/recolha dos questionários aos alunos do ESSaF (Escola Superior de
Saúde de Faro) – 8 dias
• Criação de estrutura e introdução e análise de dados em Excel – 3 dias
• Tratamento Estatístico SPSS – ½ dia
• Discussão e análise de dados – ½ dia
• Elaboração do Relatório/Projecto escrito
• Pesquisa para enquadramento teórico – 2 dias
• Elaboração de sínteses pessoais e “bater em computador” enquadramento teórico – 3 dias

1 Em relação ao capítulo reservado à parte metodológica, já que não se conseguiu a recolha de um número
significativo de questionários, em tempo útil, e porque a estrutura se repete em todos os trabalhos, apenas se irá
apresentar neste primeiro trabalho o conteúdo na íntegra e, nos restantes trabalhos apenas irá permanecer a parte
referente ao problema e hipóteses.

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• Elaboração de resumo, introdução, análise e discussão de dados, conclusão – 2 dias
• Elaboração/organização da apresentação oral em PowerPoint – 2 dias
• Apresentação oral, à turma – 30 minutos
• Impressão do trabalho e encadernação – 15 minutos

3.4. Procedimento
O questionário foi distribuído pelos alunos do ESSaF.

3.5. Problema
O problema que se pretende estudar neste projecto é o seguinte:
Evolução dos hábitos alimentares e as suas consequências na saúde.

3.6. Hipóteses
Se o tipo de refeição que se toma habitualmente, ao almoço e jantar, é baseada em fast-food então,
não tem os hábitos alimentares mais correctos.
Se se tem por hábito comer sopa então, ingere-se uma excelente fonte de vitaminas, minerais,
fibras, proteínas de origem vegetal e água.
Se a alimentação é muito rica em fritos então, tem-se maior probabilidade de vir a sofrer de
doenças cardiovasculares.
Se se consomem maioritariamente doces então, tem-se maior probabilidade de sofrer de
diabetes, hiperglicémia, obesidade…
Se se mastigar bem os alimentos então, a digestão dos mesmos estará facilitada.

4. RESULTADOS
A não apresentação dos resultados deve-se ao facto da impossibilidade de os obtermos a tempo.

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Sem a obtenção dos resultados, torna-se impossível qualquer tipo de discussão.

6. CONCLUSÃO
Ao fazermos uma retrospectiva dos hábitos alimentares, podemos constatar uma crescente
evolução, que se verifica até aos dias de hoje.
No início, os alimentos caseiros tinham uma influência bastante positiva sobre a alimentação,
visto, eles serem mais saudáveis, possuírem menos riscos de contaminação, o tempo gasto com
a alimentação era maior, e as famílias conseguiam manter um ritual no momento das refeições.
No entanto, com a agitação que existe nos nossos dias, a mulher começou a introduzir-se no
mercado de trabalho, os hábitos alimentares das famílias modificaram-se, o antigo fogão a lenha
foi substituído pelo microondas, e na maior parte das vezes, as refeições não são realizadas em
casa. É notória a grande “explosão” do serviço de entregas ao domicílio, e de uma grande
variedade de produtos congelados, à nossa disposição, facilitando o preparo de uma refeição.

7. BIBLIOGRAFIA
Flandrin, J., & Montanari, M. (1996). História da Alimentação (pp. 413-430) – Volume II (1ª
Edição.) Lisboa: Terra Mar.
Ferreira, F. (1994). Nutrição Humana (p. 14). 2ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Peres, E. (1997). Bem Comidos e Bem Bebidos (pp. 25-30). Lisboa: Caminho.

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Peres, E. (1996). Emagrecer (pp. 13-318) (3ª Edição) Lisboa: Caminho.
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=292330
http://alea-estp.ine.pt/html/actual/html/act41.html
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2002/10/16k.htm
http://www.minerva.uevora.pt/netdays99/alimentos/index.htm#

FIM

Hábitos Alimentares e Obesidade


Trabalho da autoria de:
Ana Silva, Júlia Marques, & Marta Coelho

RESUMO
Este trabalho tem como objectivo analisar os Hábitos Alimentares dos estudantes da Escola Superior de
Saúde de Faro. Para o efeito foram distribuídos questionários aos alunos da referida escola de modo a
obter as informações necessárias para a realização deste estudo. Contudo os resultados não foram
analisados devido à escassez de questionários devolvidos.
No contexto teórico deste trabalho foram abordados os seguintes temas: factores que determinam a
escolha alimentar, hábitos alimentares dos portugueses, importância da educação alimentar, custos dos
hábitos alimentares, hábitos alimentares e mass media, hábitos alimentares que influenciam o
desenvolvimento de doenças. Como a obesidade pode ser influenciada pelos hábitos alimentares foram
também referidos os seguintes temas: hábitos alimentares e obesidade e sua prevenção.

1. INTRODUÇÃO
Porque nos alimentamos?
Para viver saudavelmente! O organismo utiliza as substâncias nutritivas contidas nos alimentos
para poder assegurar convenientemente as suas funções vitais.
Comer, deve ser antes de mais um prazer: o prazer de provar, de cheirar, de olhar, de partilhar
em convívio, este é o mais importante papel social da alimentação.
Todos os dias somos confrontados com as mais diversas alusões a produtos com alto teor
calórico mas que todos gostamos, seja pela cor efusiva, pelo aspecto atraente, por ser doce… e
isso leva-nos, a uns mais que outros, a uma mudança dos hábitos alimentares.
Foi essencialmente nos países industrializados que os hábitos alimentares mais se modificaram
devido a diversos factores tais como: modo de vida, técnicas agro-alimentares, publicidade, etc.
Esta mudança leva a uma maior incidência de doenças relacionadas a estas incorrecções, tais
como doenças cardiovasculares, obesidade, alguns tipos de cancro…
Ao haver uma mudança nos estilos de vida de um indivíduo em que a alimentação seja um dos
factores principais, poderá ocorrer nele, uma enorme variedade de distúrbios e doenças.
Segundo João Breda, “Cerca de 60 por cento das doenças coronárias e uma percentagem importante de
todos os cancros, situações de hipertensão, varizes, obesidade, osteoporose, diverticulose, calculose e outras
estão ligadas a hábitos alimentares” – patologias que poderiam ser prevenidas com base em
alterações dietéticas.

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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Hábitos alimentares: definição


Mas o que são hábitos alimentares? Correctos? Incorrectos?! – Hábitos alimentares podem ser
definidos como “modo pelo qual o indivíduo, em resposta a pressões sociais e culturais, selecciona,
consome e utiliza as reservas alimentares disponíveis” (adaptado de Krause, p. 394).
No entanto pode-se sempre alterar os hábitos alimentares para tentar melhorar a qualidade de
vida, para isso não é necessário proceder a mudanças radicais no estilo de vida é apenas preciso
fazer pequenas adaptações nos nossos hábitos e deste modo obter grandes melhorias na nossa
saúde.
Quanto a uma distinção entre hábitos alimentares correctos e incorrectos é uma distinção mais
complexa, pois cada pessoa tem as suas necessidades de acordo com a sua idade, como ter ou
não alguma patologia, alguma deficiência e também, de acordo com os seus gostos pessoais e a
sua “educação alimentar”.

2.2. Educação alimentar


A Educação Alimentar tem como objectivo principal ensinar/informar, não só individualmente,
mas também a nível comunitário, de que modo devemos comer, quando, como e quanto nas
doses adequadas à idade, ao sexo, à estatura e à actividade exercida, para que assim se possa
melhorar a qualidade de vida. Ainda nesta área de Educação, a Prevenção tem também um
papel muito importante, sendo esta definida como uma acção social com o objectivo, não só de
intensificar/melhorar o estado de saúde de uma população, mas também de reduzir o estado
de doença. Assim a Prevenção implica uma modificação de determinados estilos de vida.
Por maiores que sejam os erros, é sempre possível modificar a nossa alimentação, visto que a
podemos considerar como um acto consciente, voluntário e educável. Seguir os princípios de
uma alimentação racional e preservar a saúde e fomentar a economia.
2.2.1. Erros alimentares
Segundo Peres, existem oito grandes erros alimentares:
• Excesso de sal – a média de consumo de sal, hoje em dia, é de 12g/dia sendo este valor mais baixo
do que no final dos anos 70 (20g/dia), contudo o valor registado na actualidade ainda é muito
excessivo;
• Abuso de bebidas alcoólicas – é no nosso país onde se regista maior consumo de álcool por habitante,
situação que não tende a melhorar;
• Abuso das gorduras – aumentou o consumo de gorduras nas décadas de 50 a 70 observando-se agora
uma tendência para um abrandamento;
• Pouco leite
• Escassez de produtos hortícolas e frutas – este grupo de alimentos deve corresponder a 43% do peso
total de alimentos a consumir diariamente, o que está muito longe de se observar nas cidades e
zonas rurais sem horta;
• Saltar merendas e falhar o primeiro almoço
• Muito doce – a média nacional ronda 25-30 kg/ano “per capita”, três vezes mais do que há 40 anos
mas menos que na década de 70;
• Comida em excesso

2.3. Evolução da alimentação


No decurso da evolução a alimentação passou por três grandes períodos: o primeiro dos
recolectores – caçadores; o segundo ocorrido com a revolução agrícola; e o terceiro ocorrido com

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a revolução industrial, em que houve uma alteração drástica de oferta de alimentos
consequentemente nos padrões alimentares.

2.4. Factores que determinam a escolha alimentar


A alimentação sempre foi, e continuará a ser influenciada por factores físicos, económicos e
políticos que se conjugam com factores culturais, religiosos, sociais e psicológicos. No esquema

seguinte pode-se verificar a interacção entre estes vários factores:


Figura 1. Princípios básicos da alimentação e nutrição

2.5. Hábitos alimentares dos portugueses


Na década de 90 os hábitos alimentares dos portugueses sofreram grandes alterações. A subida
do rendimento das famílias, o aumento das grandes superfícies comerciais, a acessibilidade ao
“fast food” e a entrada de novos produtos europeus e não só (globalização alimentar)
modificaram a alimentação nacional.
O aumento do número de mulheres trabalhadoras e a flexibilização dos horários de trabalho
contribuíram para uma alteração dos estilos de vida, deixando de haver horários certos para as
refeições, havendo cada vez mais refeições fora do lar visto haver mais estratégias de opções
desde a alimentação em restaurantes mais tradicionais, “fast food” e locais de trabalho, bem
como o consumo de lanches, originando uma grande mudança nos hábitos alimentares, com
reflexos na nossa saúde.
Tudo isto levou com que a maioria dos portugueses deixassem de ter uma alimentação do tipo
mediterrâneo, com o consumo adequado de peixe, azeite, vinho tinto e horto-frutícolas, sendo
esta, a alimentação reconhecidamente mais saudável e com menos consequências nefastas para
a saúde.
A mudança dos estilos de vida levou a uma maior incidência de certas doenças: “Cerca de
sessenta por cento das doenças coronárias e uma percentagem importante de todos os cancros,
situações de hipertensão, varizes, obesidade, osteoporose, diverticulose, calculose e outras estão
ligadas a hábitos alimentares – patologias que poderiam ser prevenidas com base em alterações
dietéticas” (Breda, 2003, p. 12).
Segundo Emílio Peres, os portugueses estão entre os campeões mundiais quanto à prevalência
de hipertensão arterial, acidentes vasculares cerebrais isquémicos e cirrose hepática. Isto é
devido, em certa parte, ao abuso do consumo de dois tóxicos alimentares – o álcool e o sal.

2.6. Importância da educação alimentar


Muitos dos nossos hábitos alimentares são condicionados desde os primeiros anos de vida. Por
outro lado, uma alimentação saudável durante a infância é essencial para permitir um normal
desenvolvimento e crescimento e prevenir uma série de problemas de saúde ligados à
alimentação, como sejam a anemia, o atraso de crescimento, a malnutrição, a obesidade, ou a
cárie dentária. (Nunes, p. 8)

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Daí a importância da educação alimentar, especialmente quando é desenvolvida com grupos
etários mais jovens modelando-os e capacitando-os para escolhas alimentares mais saudáveis.
Como por exemplo, criar atitudes positivas face aos alimentos e à alimentação, promover a
compreensão da relação entre a alimentação e a saúde, encorajar a aceitação da necessidade de
uma alimentação saudável e diversificada.
Todo este processo é contínuo, começando por fazer com que os indivíduos tenham acesso à
informação, que a compreendam e que se motivem para uma mudança dos maus hábitos
alimentares. Esta mudança, que não implica só uma motivação por parte do indivíduo mas
também é necessário que o meio ambiente físico, económico, social e cultural ofereça condições
que facilitem e permitam o exercício deste novo comportamento.

2.7. Custos dos hábitos alimentares


Um dos principais factores que condicionam a variabilidade dos hábitos alimentares é o poder
económico da população. Levar a cabo um padrão alimentar correcto custa dinheiro e nem
todos estão em condições de o seguir.
Devido aos constantes aumentos de preços do sector alimentar, torna-se necessário alterar os
hábitos alimentares, tanto reduzindo a quantidade de produtos, de maneira a gerir o orçamento
apertado, como substituindo certos produtos por outros mais baratos e menos saudáveis.
Este é um problema que já afecta todas as classes sociais, obrigando a diminuir a quantidade de
alguns produtos básicos da alimentação, como o leite, o pão e a carne/peixe.
Há, no entanto, desvantagens a nível nutricional em se procurarem alimentos mais baratos, pois
estes são os mais ricos em calorias e componentes que nos afastam de uma desejável qualidade
de vida.

2.8. Hábitos alimentares e mass media


Hoje em dia é difícil resistir a uma boa publicidade de um “colorido” alimento e protagonizada
por pessoas bonitas, magras, saudáveis, felizes, e não raras vezes, figuras públicas e artistas.
Geralmente, a publicidade é feita para os alimentos que devem ser consumidos muito
moderadamente como açucarados, salgados e com alto teor em gordura, estando o consumo
exagerado destes produtos associado ao desenvolvimento da obesidade e doenças a ela
associadas, como a hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia,
contribuindo (a publicidade) para um aparecimento cada vez mais precoce destas doenças.
Assim é extremamente importante um controlo e uma influência positiva por parte dos pais
relativamente aos hábitos alimentares dos seus filhos proporcionando-lhes assim, uma boa
educação alimentar. Estes devem escolher alimentos saudáveis para os seus filhos iniciando
logo no nascimento porque não há idade para começar a comer “certo”.

2.9. Hábitos alimentares que influenciam o desenvolvimento de doenças


Os hábitos alimentares têm vindo a tornar-se uma das principais causas no que respeita a
determinadas doenças crónicas. As doenças cardiovasculares, a hipertensão, obesidade, o
cancro, a diabetes mellitus tipo II são exemplos de que, hoje em dia, a alimentação se pode
transformar num factor de risco.
Torna-se cada vez mais complicado “lutar” contra esta vaga de “fast-food” e “junk-food”,
principalmente quando nos referimos aos jovens e crianças. No entanto o abuso deste tipo de
alimentação leva a um aumento de ingestão de calorias substancial quando comparado com o
desgaste das mesmas. O início da ingestão de refeições hipercalóricas regularmente é cada vez
mais precoce o que leva a um aumento do risco de obesidade em adultos.

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2.10. Hábitos alimentares e obesidade
Obesidade é uma doença crónica que consiste na acumulação excessiva de gordura corporal,
causada por factores ambientais, sociais e genéticos.
Como neste relatório estão a ser tratados os hábitos alimentares, determinar-se-á apenas a sua
relação com a obesidade. Deste modo, a obesidade resulta de um ganho ponderal de peso, ou
seja esta surge quando a quantidade de energia ingerida é superior àquela que é precisa e gasta
pelo indivíduo.
A obesidade é uma doença crónica cuja prevalência está a aumentar. A fórmula mais usada
para avaliar o peso corporal e o índice de massa corporal que se traduz na seguinte fórmula:
IMC = peso corporal (Kg) / altura (m)2

Quadro 1
Relação entre IMC e situação nutricional (Femenias)

IMC Situação Nutricional

18,5 – 24,9 Normalidade


25 – 29,9 Excesso de peso
30 – 34,9 Obesidade de grau I
35 – 39,9 Obesidade de grau II
≥ 40 Obesidade de grau III

A obesidade pode classificar-se em três tipos:


1) Obesidade ginóide ou glúteo-femural, a massa gorda está preferencialmente localizada a nível das ancas,
e dos membros inferiores.
2) Obesidade andróide, abdominal ou central, a maior parte do tecido adiposo localiza-se acima da linha
do umbigo.
3) Obesidade de distribuição homogénea, o tecido adiposo existe em grande quantidade e distribuído por
todo o corpo.

2.10.1. Como prevenir a obesidade


A prevenção da obesidade deve ser dirigida à população em geral e constar de intervenção
especial, particularmente dirigida aos grupos considerados de alto risco.
De acordo com a OMS o conceito de prevenção da obesidade deve incluir uma série de
estratégias visando prevenir:
• o desenvolvimento de excesso de peso nos indivíduos com peso normal;
• a progressão de excesso de peso para a obesidade;
• o ganho de peso nos indivíduos com excesso de peso ou obesidade no passado.

Para tal, é necessário criar e difundir um programa de saúde pública de forma a diminuir a
incidência do excesso de peso e da obesidade e intervir, de uma forma mais selectiva, junto dos
indivíduos que por razões genéticas, biológicas ou outras têm um risco acrescido de se
tornarem obesos.
Em linhas gerais, podemos dizer que prevenir a obesidade implica duas mudanças: melhorar os
hábitos alimentares e aumentar a actividade física. Esta tarefa exige a colaboração dos governos,
dos profissionais de saúde, dos educadores, dos profissionais da indústria alimentar, dos media
e dos consumidores.
A prevenção da obesidade deve começar cedo na vida, provavelmente no período perinatal.
Durante a infância e mais tarde na adolescência são adquiridos determinados hábitos e
comportamentos que, juntamente com as alterações fisiológicas inerentes à idade, podem
facilitar o desenvolvimento do excesso de gordura corporal.

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Quadro 2
Principais doenças associadas à obesidade (adaptado de Femenías)

Diabetes Mellitus tipo II


Hipertensão arterial
Dislipidemias: aumento dos triglicéridos, colesterol LDL e diminuição do colesterol HDL
Cardiopatia isquémica
Alterações osteoarticulares
Insuficiência venosa nas extremidades inferiores
Acidentes vasculares cerebrais
Hiperuricémia e gota
Doenças digestivas: esteatose hepática, hérnia de hiato, litíase biliar
Apneias do sono
Insuficiência respiratória
Perturbações psicológicas
Afecções cutâneas
Tumores malignos: cólon, recto, próstata, ovários, endométrio, mama e vesícula biliar

3.3. Instrumentos
O instrumento utilizado na recolha dos nossos dados foi um inquérito elaborado pelo grupo
turma que visava recolher informações acerca dos hábitos alimentares ….

3.4. Procedimento
Foi aplicado o questionário aos alunos da ESSaF, depois analisou-se os dados obtidos a partir
dos inquéritos e daí verificou-se as hipóteses.

3.5. Problema
O problema que se pretende estudar neste, modesto, projecto é o seguinte: Qual a relação entre
maus hábitos alimentares e obesidade em indivíduos do sexo masculino e em indivíduos do sexo feminino.
3.5.1 Hipóteses
Não existem diferenças significativas entre os sexos.
Os indivíduos do sexo masculino consomem mais “fast-food” que os indivíduos do sexo
feminino então apresentam um risco acrescido de sofrerem de obesidade.
4. CONCLUSÕES
Como os inquéritos recolhidos não foram suficientes para uma análise estatística, não foi
possível obter resultados impossibilitando assim chegar a uma conclusão acerca dos Hábitos
Alimentares dos alunos da ESSaF.
5. BIBLIOGRAFIA
Breda, J. (2003). Fundamentos de alimentação. Nutrição e Dietética. Coimbra: Mar da Palavra.
Flandrin, J., & Montanari, M. (1996). História da Alimentação (pp. 413-430) – Volume II (1ª
Edição.) Lisboa: Terra Mar.
Ferreira, F. (1994). Nutrição Humana (p. 14). 2ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Krause & Mahan. Alimentos. Nutrição & Dietoterapia. São Paulo: ??.
Nunes, E. et al. Manual para uma alimentação saudável em jardins de infância. Lisboa: ??.
Peres, E. (1997). Bem Comidos e Bem Bebidos (pp. 25-30). Lisboa: Editorial Caminho.
Peres, E. (1996). Emagrecer (pp. 13-318) (3ª Edição) Lisboa: Editorial Caminho.
Peres, E. (1994). Saber comer para melhor viver. Lisboa: Editorial Caminho.
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=292330

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http://alea-estp.ine.pt/html/actual/html/act41.html
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2002/10/16k.htm
http://www.minerva.uevora.pt/netdays99/alimentos/index.htm#

FIM

Hábitos Alimentares na Infância


Trabalho da autoria de:
Ana Cristina Pedrosa, Daniel Dornelles, & Tatiana Silva

RESUMO
A formação dos hábitos alimentares é um processo que vai sendo ajustado ao longo da infância tendo
como suporte as preferências individuais, as experiências positivas e negativas vividas em relação à
alimentação, a disponibilidade de alimentos dentro do domicílio, o nível socioeconómico, a influência
dos meios de comunicação e as necessidades fisiológicas.
A escola e os pais são grandes influências na formação dos hábitos alimentares.
É fundamental criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças até aos cinco anos de idade, pois esta
fase é muito favorável para que se crie um consumidor assíduo de guloseimas ou então o inverso.
Deve-se ensinar desde a mais tenra idade às crianças, o gosto pelo desporto e por uma alimentação
saudável, porque sabemos que se induzir estilos de vida benéficos nas crianças, as probabilidades de
estas virem a ser adultos saudáveis são muito maiores.
Ao longo deste trabalho foram expostos vários aspectos ligados à competência nutricional dos lanches
dados às crianças nas escolas.
Foram, também descritos alguns erros alimentares em Portugal, como o elevado consumo de álcool e o
consumo de sal em excesso.
Concluiu-se que quanto mais variada for a nossa dieta, mais saborosa esta será e haverá menos
probabilidade de contrairmos doenças, pois estaremos ingerindo os nutrientes necessários para as
funções do organismo.

1. INTRODUÇÃO
Neste relatório vamos abordar os hábitos alimentares, incidindo nos hábitos alimentares
infantis.
A formação dos hábitos alimentares é um processo que tem início desde o nascimento com as
práticas alimentares introduzidas no primeiro ano de vida. Posteriormente vai sendo moldado,
tendo como base as preferências individuais, as quais são determinadas geneticamente, pelas
experiências positivas e negativas vividas em relação à alimentação, pela disponibilidade de
alimentos dentro do domicílio, pelo nível socioeconómico, pela influência dos meios de
comunicação e pelas necessidades fisiológicas.
Por todas essas considerações deduz-se que quanto mais cedo se instalar hábitos alimentares
correctos maior a probabilidade de que permaneçam na vida futura
Para a realização deste relatório efectuamos várias pesquisas na Internet.
Iremos começar por falar da etiologia dos hábitos alimentares. Posteriormente falaremos dos
hábitos alimentares infantis, em suas casas e nas escolas , indicaremos os erros alimentares mais
frequentes e finalizaremos com alguns conselhos para se seguir uma alimentação equilibrada.

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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
A educação alimentar exige um tempo longo de acção na formação dos hábitos alimentares, e a
escola faz parte desse processo, intervindo na cultura e nas atitudes com bases cognitivas.
Os pais são os grandes responsáveis na etapa que envolve o “o que” e o “como” comer.
Conforme estudos científicos, os hábitos alimentares das crianças são influenciados por um
factor genético determinante, que actua tanto em suas preferências alimentares como na
quantidade ingerida. No entanto, a escolha dos alimentos é uma questão cultural e que se
aprende no decorrer da vida.
Todas as crianças passam por uma fase chamada de neofobia, isto é, o medo de experimentar
alimentos novos, ou seja recusar um novo alimento é habitual, e essa recusa só deve ser
considerada depois de se oferecer esse alimento de 8 a 10 vezes e em episódios diferentes. É
muito comum a criança afirmar que não gosta de determinado alimento mesmo sem nunca tê-lo
provado, baseada apenas na aparência e cheiro deste, de modo que, muitas vezes, quando se
muda a sua apresentação, a aceitação passa a ser melhor. As experiências com os alimentos,
sejam positivas ou negativas, também vão influenciar a relação que a criança terá com a
alimentação mais tarde. A fase que vai dos 6 meses aos 4 anos é fundamental para a formação
de bons (ou maus) hábitos alimentares. E muitos desses hábitos adquirem-se por imitação dos
costumes dos pais. Logo, é importante que toda a família tenha uma alimentação saudável e
equilibrada.
Todas as experiências relacionadas com o acto de comer, desde a amamentação, proporcionam
uma aprendizagem para a sensação de diferentes sabores (doce, salgado, amargo e azedo) e
proporcionam relações com o alimento, como a identificação do que é fome, a vontade de
comer, a saciedade e a descoberta dos diferentes sabores e texturas e a importância da
socialização da refeição (comer com a família, por exemplo). Todos esses factores vão
determinar a aceitação ou rejeição de determinados alimentos.
As crianças desenvolvem a sensação dos sabores em fases diferentes nos primeiros 6 meses de
vida. Estas preferem naturalmente os alimentos mais ricos em hidratos de carbono, gordura, sal
e açúcar, assim como geralmente rejeitam verduras, legumes e frutas. Por exemplo: é mais fácil
que aceitem comer um puré de batatas que uma salada de vagem ou de alface, mas nunca se
deve deixar de insistir para que elas consumam esses alimentos.
Nos últimos anos, a televisão transformou-se no melhor amigo de muitas crianças.
Esta, para além promover um elevado grau de sedentarismo na criança, leva a que os mais
pequenos assistam a uma cascata infinita de anúncios, que foram especialmente concebidos
para serem “devorados” e interiorizados por elas.
Muitas crianças adoram estar constantemente a petiscar enquanto vêem televisão e o grande
perigo é que elas comem o que estiver à mão. As bolachas, os bolos e os aperitivos salgados
industrializados são os preferidos (e também os mais publicitados).
Estes alimentos, na grande maioria, pobres do ponto de vista nutricional, mas repletos de
calorias (muito açúcar e gordura), são ingeridos de forma inconsciente, sem uma mastigação
adequada e muito acima do limiar de saciedade.
A publicidade a produtos alimentares representa mais de 90% de toda a publicidade que passa
nos intervalos de programas infantis. A capacidade que a publicidade de certos produtos tem
de criar comportamentos automatizados nas crianças é ainda mais relevante do que o despertar
da vontade de comer.
É fundamental criar hábitos alimentares saudáveis nas crianças até aos cinco anos de idade.
Obviamente que a luta não deve terminar nesta altura, mas esta fase é muito favorável a que se
crie um consumidor assíduo de guloseimas ou então o inverso.

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O gosto pelo desporto e por uma alimentação saudável é algo que se deve ensinar desde a mais
tenra idade às crianças. Sabemos que se induzir estilos de vida benéficos nas crianças, as
probabilidades de estas virem a ser adultos saudáveis são muito maiores.

2.1. Hábitos alimentares e a escola


Mais do que representar apenas conteúdo educativo global, inclusive do ponto de vista
nutricional, as escolas devem oferecer alimentação equilibrada e orientar os seus alunos para a
prática de bons hábitos de vida, pois o aluno bem alimentado apresenta maior aproveitamento
escolar, tem o equilíbrio necessário para seu crescimento e desenvolvimento e mantém as
defesas imunológicas adequadas. As consequências principais da alimentação inadequada no
período escolar podem ser caracterizadas como alterações na aprendizagem, na atenção,
carências nutricionais específicas ou decorrentes do excesso de alimentos (sobrepeso e
obesidade).
Em muitos países, o hábito de ingestão de refeições principais e lanches intermediários é
bastante bem estabelecido. No Brasil, a maioria da população infantil faz três refeições diárias:
pequeno-almoço, almoço e jantar. Mesmo assim, o pequeno-almoço é saltado frequentemente
ou a ingestão é parcial. O jantar pode ser substituído por lanches em muitas famílias. Assim, o
lanche escolar é uma das poucas ocasiões em que as crianças podem sofrer algum grau de
intervenção ou supervisão, com aumento do volume calórico e com sensível melhoria do
aproveitamento escolar. Lanches adequados, com frutas, cereais, derivados lácteos e biscoitos,
podem ser agradáveis cumprindo essa função na escola. A agenda lotada das crianças pode
fazer com que o lanche em casa, ou durante outras actividades, não exista ou seja substituído
por petiscos de baixo valor nutricional, ou que os alimentos sejam ingeridos em horários
desencontrados. Daí a grande importância da refeição escolar. Muitas escolas têm formulado as
suas cantinas com o objectivo de melhorar os hábitos alimentares dos alunos. As crianças
precisam de voltar para casa como se tivessem sido alimentadas pelas suas próprias mães. Isso
porque, actualmente, muitas famílias não conseguem desempenhar esse papel por vários
motivos, e a escola precisa de oferecer educação e uma alimentação balanceada. Apesar da
maioria das escolas fornecer lanches ou possuir cantina, existem muitas crianças,
principalmente as pequenas, da educação infantil e das primeiras séries do ensino fundamental,
que preferem trazer alimentos fornecidos pela família.
Compete também aos profissionais de alimentação orientar os pais ou responsáveis que têm
dificuldade em programar o que vão colocar na lancheira diariamente. Fazer isso de maneira
não repetitiva e com carácter educativo é uma tarefa difícil. Deve-se levar em consideração, no
momento de preparar a lancheira, o valor nutricional dos alimentos, criatividade e respeito às
preferências das crianças. A merenda deve ser composta por um alimento energético e proteico,
uma sobremesa e uma bebida, respeitando os princípios da proporcionalidade, moderação e
variedade.
Uma das funções do nutricionista na escola é promover programas de educação alimentar e
nutricional, visando crianças, pais, professores, funcionários e directoria.

2.2. Objectivos do lanche escolar


O lanche deve suprir, no mínimo, 15% das recomendações nutricionais diárias para a criança
que permanece, em geral, quatro horas na escola e, também, contribuir para a adopção de
hábitos alimentares saudáveis.

2.3. O que deve conter um lanche escolar adequado


O lanche escolar deve ser uma refeição tão equilibrada como qualquer outra refeição do dia e,
portanto, deverá conter todos os nutrientes num percentual que supra as necessidades da
criança durante o período escolar e ser composto por alimentos de boa aceitação, visando
contribuir para a promoção da saúde.

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2.4. Principais problemas na efectiva aplicação do lanche, do ponto de vista nutricional
Existe uma grande deficiência na oferta de vitaminas e minerais, como cálcio, vitamina A, iodo,
ferro, entre outros. Sabe-se que o ferro fornecido no lanche escolar é principalmente do tipo
não-heme, proveniente de vegetais e leguminosas, tendo assim uma pequena absorção pelo
organismo. Torna-se necessário o aumento da frequência na oferta de alimentos ricos em ferro
de melhor absorção, ou seja, uma maior diversificação alimentar, proporcionando um aumento
na demanda de micronutrientes e também por estratégias de fortificação de alimentos,
cientificamente planeadas.

2.5. Sugestões para que o lanche atinja os seus objectivos de forma adequada no
aspecto nutricional
No aspecto nutricional há que recomendar alimentos de boa aceitação, que supram as
recomendações de macro e micronutrientes durante o período de permanência na escola, há que
educar a criança quanto à alimentação e nutrição e adoptar medidas de controlo e avaliação das
condições nutricionais da população atendida, visando o seu aprimoramento e real contribuição
para a promoção da saúde das crianças.

2.6. Papel das indústrias alimentares no lanche escolar


O papel das indústrias alimentares no lanche é muito importante, pois estas podem fabricar
produtos de boa qualidade, ricos em nutrientes necessários ao desenvolvimento das crianças
em idade escolar, atractivos para estimular a aceitação e consumo, que facilitem o preparo na
escola e, até mesmo, combatam as principais carências nutricionais, como a anemia ferropénica,
que pode ter a sua prevalência significativamente diminuída, por meio de consumo de
alimentos enriquecidos. O fabrico de alimentos voltados ao público infantil e às suas
necessidades nutricionais pode colaborar para uma melhor efectividade dos Programas de
Alimentação Escolar e do cumprimento dos seus objectivos.

2.7. Necessidades nutricionais dos adolescentes


Sabe-se que as necessidades nutricionais infantis e dos adolescentes são, em termos relativos,
maiores que as do adulto por estes se encontrarem em fase de crescimento e desenvolvimento.
Porém este crescimento não ocorre num ritmo uniforme, sendo que do terceiro ano de vida até à
puberdade, o crescimento é menor se comparado aos dois primeiros anos e à adolescência; com
isso as necessidades quantitativas do pré-escolar e escolar são menores e, consequentemente,
essas crianças irão manifestar menor apetite. Os profissionais de saúde necessitam estar atentos
a este facto e não confundir este fenómeno fisiológico com doença, gerando mais ansiedade aos
familiares ou interpretações diagnosticas e terapêuticas desnecessárias ou mesmo prejudiciais.

2.8. Erros alimentares mais comuns em Portugal


2.8.1. Consumo de sal em excesso
Em Portugal come-se tudo muito salgado. Esta tendência facilita a ocorrência de doenças como
hipertensão, AVC (Acidentes vasculares cerebrais) e acidentes cardiovasculares (enfartes...).
Segundo a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), cada pessoa deve
consumir, por dia, no máximo 5 gramas de sal. Em Portugal ingere-se cerca do triplo.
2.8.2 Elevado consumo de álcool
Os portugueses continuam a ser dos maiores consumidores mundiais de álcool per capita. O
álcool traz consequências directas quer na nossa saúde individual e colectiva, quer na
sinistralidade rodoviária e no local de trabalho, no baixo rendimento intelectual, na
deterioração das relações interpessoais, etc.

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2.8.3. Elevado consumo de gorduras
Consome-se principalmente gorduras de má qualidade, gorduras saturadas, hidrogenadas,
sobreaquecidas e de múltipla utilização. Do ponto de vista calórico, um grama de gordura tem
cerca de nove calorias, contrapondo às quatro calorias conferidas por um grama de hidratos de
carbono (pão, arroz, etc.).
2.8.4. Saltar refeições
Estar muitas horas sem comer cria uma maior sensação de fome, que leva a pessoa a fazer
posteriormente refeições demasiado pesadas. Aliás, a carência alimentar manifestada como
hipoglicemia (baixa da glicose no sangue) é responsável pela quebra de rendimento intelectual,
tanto na escola como no trabalho.
2.8.5. Comer demasiado
Refeições muito volumosas, aliadas a uma vida cada vez mais sedentária, provocam o aumento
de peso. Calcula-se que quase 50% da população nacional tem excesso de peso e, dentro destes,
muitos são obesos. Tal como estar muitas horas sem comer (resultando em hipoglicémia), comer
demais também é prejudicial. A maior parte dos acidentes de trabalho ocorre imediatamente
antes ou imediatamente após a hora do almoço. No primeiro caso por carência alimentar, no
segundo por excesso alimentar: se está com fome, come demais, se come demais há uma
chamada de sangue ao tubo digestivo, diminuindo a oxigenação cerebral, o que induz um
aumento da sonolência e dificuldade de concentração e na execução de tarefas.
2.8.6. Baixo consumo de legumes e produtos agrícolas
Muitas pessoas só comem alimentos de origem vegetal nas saladas, quando a melhor forma de
o fazer é cozidos na sopa, uma vez que são mais facilmente digeridos e conservam todos os
nutrientes na água da sopa.

2.8.7. Baixo consumo de leite e derivados


A osteoporose ainda é uma doença de elevada prevalência em Portugal. A carência destes
alimentos leva a uma grande falta de cálcio na infância, adolescência e início da idade adulta.
2.8.8. Elevado consumo de açúcar
O açúcar também faz parte de uma dieta saudável, mas não se deve exagerar na quantidade.
Não só porque ingerimos calorias a mais, mas também porque obrigamos o nosso pâncreas a
um desgaste enorme. Quando o pâncreas é demasiado estimulado, gasta a sua capacidade de
produzir insulina, o que, associado à obesidade, contribui ao longo dos anos, para o
aparecimento da diabetes.

2.9. Conselhos para uma alimentação equilibrada


• Faça uma dieta fraccionada, composta de três refeições principais e lanches leves e nutritivos, nos
intervalos, deve-se ingerir alimentos como iogurtes, frutas, cereais, etc.
• Evite comer depressa, pois antes que o estômago avise o cérebro já está saciado e o prato já estará
vazio.
• Componha a sua dieta em alimentos ricos em fibras, como verduras, legumes, frutas e cereais
integrais.
• Beba muita água, em média dois litros ao dia, desta forma estará hidratando o seu corpo e
estimulando o funcionamento dos rins e dos intestinos.
• Evite frituras e os alimentos gordurosos, pois são de difícil digestão e muito calóricos.
• Não consuma refrigerantes durante as refeições, porque além de não serem nada nutritivos,
ocasionam a distensão gástrica

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3. PROBLEMA
O problema analisado neste trabalho é a relação entre a formação dos hábitos alimentares e as suas
consequências na alimentação e ainda como a educação alimentar poderá contribuir nessa formação.

4. CONCLUSÃO
Quanto mais variada for a nossa dieta, mais saborosa será e haverá menos probabilidade de
contrairmos doenças, pois estaremos ingerindo os nutrientes necessários para as funções do
organismo.
O nutricionista poderá orientar e tranquilizar os pais, oferecendo-lhes algumas orientações
básicas:
• De acordo com os padrões sócio-económicos da família, procurar oferecer refeições balanceadas e
variadas, por exemplo a carne: em bife, moída, em bolinho; o leite: com chocolate, com cevada, como
pudim ou arroz-doce.
• Normalmente a criança imita os mais velhos por isso seria importante que toda família mantivesse
hábitos alimentares adequados. Permitir que a criança coma com os adultos, pois irá favorecer a
interacção e a socialização da criança.
• Restringir alimentos industrializados. Não oferecer à criança café, bebidas alcoólicas, excesso de
gordura e condimentos fortes, evitar enlatados, fritos, alimentos em conserva e coloridos
artificialmente. As guloseimas podem ser oferecidas após uma refeição completa. Dar preferência aos
sumos naturais e frutas.
• Estabelecer horários de refeição. Porém, principalmente durante os finais de semana, não há
necessidade de tanta rigidez, quando em comparação com o período escolar, desde que não interfira
no apetite da refeição principal.
De realçar ainda que:
• Entre os seis e sete anos as crianças costumam aceitar bem preparações novas; aos oito anos comem
tudo vorazmente, embora já tenham preferências definidas; aos nove anos revelam grande interesse
por comida e pela sua seu preparação, devendo ser estimulados e auxiliados.
• Adequar os horários das refeições ao horário de entrada nas aulas, para que não haja prejuízo do
apetite.
• Controlar os lanches nos intervalos e o consumo excessivo de guloseimas e refrigerantes.
• Procurar manter um ambiente agradável durante as refeições.

5. BIBLIOGRAFIA
www.expressoemprego.pt
http://saude.sapo.pt
www.apir.pt/ptalimentação\
www.educacional.com.br
www.nutrociencia.com.br
www.maringasaude.com.br
www.eb23-ribeirinha.rcts.pt/scancro.html

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Hábitos Alimentares
Hábitos Alimentares na Adolescência
Trabalho da autoria de:
Ana Simas, Patrícia Vieira, & Pedro Cruz

1. INTRODUÇÃO
A adolescência (do latim adolescere que significa “crescer”) sucede-se à infância e antecede a
idade adulta. Torna-se difícil defini-la devido ao seu carácter de transitoriedade entre duas
idades bem definidas e porque os seus limites cronológicos variam: a puberdade e a idade
adulta. A puberdade caracteriza-se por mudanças biológicas e psicológicas. A emancipação
consiste na obtenção do estatuto de pessoa responsável. Se no limite inferior, o da puberdade, a
variação cronológica é mínima, quanto ao outro já não se pode dizer o mesmo pois a atribuição
do estatuto de adulto, com os seus direitos e deveres varia de cultura para cultura. A
adolescência é um estádio de mudança a um tempo biológico e social, é um momento de
maturidade da infância, ou melhor, da puberdade, numa transição para a idade adulta.
A alimentação constitui um fenómeno social de especial importância nos tempos actuais,
especialmente quando se fala de adolescentes.
A análise e compreensão das práticas alimentares revestem-se de uma enorme complexidade,
uma vez que estão intimamente ligadas a uma multiplicidade de factores, questão amplamente
estudada e analisada por diversos autores. Assim, para compreender as práticas alimentares
dos jovens, a sua análise não pode dissociá-los dos aspectos que lhe estão intrínsecos, ou seja,
factores sócio-económicos e culturais, que se encontram em permanente mudança, e que as
afectam e influenciam.
No entanto, as práticas alimentares nem sempre foram as mesmas e para compreendermos as
mudanças sentidas, torna-se necessário reflectir sobre influências visíveis, sobretudo ao nível do
aumento dos rendimentos familiares e do poder de compra, nomeadamente pela terciarização
da nossa sociedade e pela entrada progressiva da mulher no mercado de trabalho, assim como
na emergência de novos valores e no modo de vida urbano. Estas influências repercutiram-se
de forma considerável na alimentação, capazes de se traduzir numa modificação dos
comportamentos alimentares existentes e mesmo no surgimento de novas práticas alimentares e
que, inevitavelmente, se reflectem na alimentação dos jovens, pela sua maior permeabilidade à
mudança.
Ao nível da segunda parte deste trabalho (enquadramento teórico), iremos fazer uma breve
caracterização do adolescente e a da sua relação com a alimentação.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
2.1. Caracterização do Adolescente
2.1.1. Adolescentes de ontem, adolescentes de hoje
A adolescência, tal como a conhecemos actualmente, isto é, um grupo social autónomo, com
uma especificidade própria e caracterizando um período de vários anos de existência, teria pois
aparecido nos séculos XVIII e XIX. Alguns chegam mesmo a dizer que a representação de uma
“juventude”, que se constitui como grupo autónomo, contestatário ou marginal relativamente
ao mundo adulto, é ainda mais recente, só sendo detectável depois da Segunda Guerra
Mundial. No entanto, a referência à juventude existe desde a antiguidade. É certo que ela se
manifestou sob a forma de apelo às virtudes de força e coragem, tendo em vista exercícios
militares ou a defesa do grupo social, mas em certas épocas a adolescência era ainda mais longa
do que é hoje. A brevidade da duração média da vida, a abundância e peso dos trabalhos
manuais e das tarefas exigidas para a sobrevivência levou a uma rápida assimilação aos

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indivíduos mais velhos. Analogamente, quando, antes da legislação do trabalho do século XIX,
as crianças ainda novas trabalhavam na fábrica, eram, antes da puberdade, submetidas a um
ritmo de vida e chamadas a tarefas profissionais próximas da do adulto. Quando o acesso à
profissão é retardado ou adiado, instaura-se uma demora entre a puberdade e a via adulta
(adolescência).
Quando se examina a maneira como se desenrola a adolescência nos diferentes países e nas
diferentes culturas do nosso planeta, a tese da universalidade e da homogeneidade é posta em
causa. É incontestável que as relações entre adolescentes e adultos são diferentes consoante os
países e as culturas, a duração da adolescência e os métodos adoptados para a socialização do
indivíduo.
No caso português pode-se dizer que a adolescência se encontra aproximadamente entre os
onze e os vinte anos.
2.1.2. A influência do grupo de colegas na adolescência
Os adolescentes ocupam a maior parte do seu tempo com colegas da mesma idade do que com
adultos. De facto, passam mais tempo com os amigos e colegas de escola, e também sozinhos,
do que com a família. Este facto constitui um dos mais significativos aspectos em que as
experiências da adolescência diferem das vivências da infância. Antes da adolescência, as
crianças passam mais tempo com os adultos do que com as outras crianças. Alguns peritos no
assunto referem-se à mudança da infância para a adolescência como o “alargamento do mundo
social”, devido ao maior número e à diversidade de contactos sociais que ocorrem na
adolescência.
A participação de um adolescente num grupo de jovens da mesma idade é vulgar e poderíamos
dizer que é absolutamente necessária. A necessidade para o adolescente de estar “em grupo”
responde a necessidades educativas e sociais mas também a motivações intra psíquicas
pessoais. E é sem dúvida até inquietante ver um adolescente isolado, que não se encontra com
os outros jovens da sua idade, e que fica demasiado ligado a relações limitadas ao círculo
familiar. De facto, os grupos são um meio de troca de diferentes informações que cada um pode
ter recolhido em situações familiares pessoais, em actividades de tempos livres ou através de
interesses individuais, tendo então oportunidade de as transmitir aos seus pares. Esta adesão ao
grupo responde igualmente a necessidades sociais que permitem ao adolescente sentir-se
integrado na sociedade e em particular no grupo de idades que caracteriza esta sociedade.
Neste mundo dos adolescentes verifica-se um complexo de modos, formas de viver e pensar
das quais os mais velhos se acham completamente alheios. Dir-se-ia que se trata de uma espécie
de reivindicação dos seus direitos, de um protesto organizado contra esse mundo que
encontram já feito e não os satisfaz.
Há sobretudo que salientar que os adolescentes deixam de estar dispersos e isolados:
descobrem-se a si próprios como um grupo homogéneo, um grupo de pressão que adquire a
consciência de si mesmo, dos seus desejos, dificuldades e reivindicações. A escolarização
também participa largamente, reestruturando e modificando as mentalidades, ao mesmo tempo
que acentua a distância em relação à geração dos pais.
Efectivamente, a escolaridade obrigatória leva a que quase sempre, esteja implícita, a realização
de uma ou mais refeições fora de casa, desde logo, as cantinas e os bufetes assumem grande
importância na alimentação do jovem. Inevitavelmente, estes regimes conduzem ao consumo de
alimentos fáceis de preparar e consumir. Verifica-se uma tendência para a padronização dos
gostos e consumos alimentares e para dar preferência, obviamente marcada pela massificação, a
certos alimentos. Massificação esta que tem de ser inserida por um lado, no contexto das
mudanças sociais da sociedade, sobretudo aquelas ligadas aos novos modos de vida, com a
urbanização, com a entrada numa sociedade de consumo e de abundância, e, por outro, no

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contexto da esfera alimentar, em especial das consequências da entrada da mulher no mercado
de trabalho.
Os contextos e processos de socialização dos jovens, transmitem-lhes certos modelos de conduta
e atitude, de valores, processos que acabam, inevitavelmente por se repercutirem nos
comportamentos alimentares. As suas práticas de consumo estão hoje cada vez mais associados
a um consumo simbólico e também a certas preocupações como o bem-estar, a auto-estima. Por
outro lado, dão mostras de adesão a valores edonistas, a valores de sociabilidade e de
convivialidade com os amigos, os quais assumem uma importante função de integração social e
mostram-se receptivos a uma socialização através do consumo e do lazer.
Assim, o significado simbólico das práticas de consumo juvenis, consiste sobretudo em vê-las
como a apropriação que alguns jovens fazem de certos consumos, nomeadamente alimentares, e
aí desenvolverem forma de sociabilidade por um lado, e também pela forma como esperam
ascender a um status social, através da atribuição de significados simbólicos a esse consumo.

2.2. Os adolescentes e a alimentação


2.2.1. Mudança dos hábitos alimentares
O tema da alimentação passa por vários aspectos importantes. O primeiro deles é o próprio
objecto da matéria: trata-se das mudanças nos hábitos alimentares da população mundial. Isto
ocorre, na realidade, dentro de um contexto mundial onde se insere um novo padrão de
alimentação fruto de uma imposição cultural/política. Hábitos alimentares consistem numa
disposição adquirida pela repetição frequente de certas formas e tipos de alimentação que faz
com que o individuo tenha a tendência para alimentar-se de determinada maneira e de
determinados tipos de alimentos, por exemplo, as horas das refeições, o que comer nas
diferentes refeições, o tipo de confecção, etc.
Outro é uma mudança ligada a grandes alterações do ponto de vista institucional: o lento e
gradual desaparecimento do conceito de família nuclear, em que todos se reúnem para as
refeições diárias. A este nível, a mudança dos papéis da mulher na sociedade foi decisivo. Não
se pode passar ao lado de outro importantíssimo aspecto: a situação sócio-económica que
ultrapassou as fronteiras dos hábitos alimentares e impôs novos costumes à família.
Também é importante referir que o verdadeiro ambiente em que a questão se coloca é ao nível
das grandes cidades industrializadas. Trata-se de uma área restrita, congestionada, em que o
ritmo de vida se torna muito intenso. E assim o recurso de um fast-food passa a tornar-se
infalível, tanto para quem vende quanto para quem consome. Ficam as perguntas: “o ‘fast-food’
é saudável? O que tem na sua composição que faz mal a quem o consome?”
Os hábitos alimentares são parte de uma complexa estrutura na qual se baseia a grande
sociedade. Não são os homens por sua livre e espontânea vontade que modificam os seus
hábitos. E no entanto, eles têm exactamente as mesmas necessidades alimentares que o velho
homem das cavernas. Então, o que se pode entender de tudo isto?
Em primeiro lugar, o aparecimento de um novo conceito de restaurante, o fast-food, foi
importante para suprir as necessidades do homem do mundo pós-industrial. Para que se possa
entender a importância do fast-food hoje em dia, é necessário encontrar as origens deste conceito.
Décadas atrás, dois homens resolveram criar um novo espaço de alimentação. Um deles pensou
que para tal, a qualidade dos serviços deve estar ligada à higiene. O outro, a partir da
concepção do modelo das linhas de montagem da indústria automobilística norte-americana,
pensou em um lugar onde se produz alimentos padronizados e em escala. Daí surge o
McDonald’s.
A alimentação, entretanto, não era a mesma dos dias de hoje. A gordura, nessa época, não fazia
parte dos conhecimentos dos estudos de nutrição. Achava-se que o recomendável era comer

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carne. Entretanto, o fast-food só começou a vingar com uma mudança capital. A ida das
mulheres para o mercado de trabalho mudou completamente a rotina das famílias. E para
substituir a ‘dona de casa’, nada mais prático do que um hábito que economize o tempo de
quem trabalha. E aí o fast-food tornou-se essencial. Os produtos produzidos e comercializados
em escala, e seguindo sempre os mesmos conceitos de higiene e controle de qualidade.
A acrescer a tudo isso, outras transformações foram fundamentais. A automatização das
tecnologias de locomoção (por exemplo, o desenvolvimento de automóveis, elevadores,
transportes em geral) ajudou a criar no homem atitudes sedentárias.
Assim, se tornaram mais importantes as práticas de exercícios físicos, para que este
sedentarismo seja combatido. Porque a massa muscular do ser humano foi feita para se
movimentar. Isto dá ao corpo resistência.
Ao mesmo tempo, há as necessárias mudanças por parte de cada um no que se refere à
alimentação. Pois, mesmo que se modifiquem os hábitos, as necessidades fisiológicas dos
homens continuam as mesmas. Até porque a nutrição humana e os exercícios físicos
permanecem no mesmo plano.
A tecnologia acarreta consequências. Portanto, é preciso dispor de um antídoto para aproveitar
suas facilidades. Pois, se ela traz consigo novos hábitos, entre eles, os alimentares, nem sempre
o corpo de cada pessoa os acompanham. Para isso, é necessária a consciencialização individual.
Pois assim como o oxigénio, a comida é necessária para a sobrevivência da espécie humana.
Comer é fundamental, uma vez que o ser humano precisa recorrer ao mundo exterior para
extrair alimentos para o seu organismo.
E assim, os costumes mudam. hoje, por exemplo, surge o novo conceito, o slow-food, aquele tipo
de restaurante onde se degusta mais demoradamente os alimentos.
2.2.2. Hábitos Alimentares em Adolescentes
As mudanças nas práticas de alimentação são muitas vezes complexas devido às muitas funções
e aspectos das mesmas. Assim, nos últimos anos, houve um aumento do número de refeições
feitas fora do lar e hoje temos várias estratégias de opções desde a alimentação sendo realizada
em restaurantes mais tradicionais, fast-foods e locais de trabalho, bem como o consumo de
lanches que já aparece como opção em carrinhos de cachorros-quentes ou outras formas.
Estas tendências devem ser relacionadas com a mudança no estilo de vida da população que
passou a procurar economia no tempo gasto com compra, preparação e consumo de alimentos.
A importância de se conhecerem as características da alimentação de adolescentes é reforçada
pelo facto de que os hábitos alimentares criados na ocasião em que o indivíduo valoriza cada
vez mais sua independência e geralmente se torna responsável pelas suas próprias ingestões
alimentares, aparentemente persistem na idade adulta. O desequilíbrio dietético pode causar
anormalidades metabólicas a longo prazo e tornar o adolescente mais vulnerável a diversas
doenças, já que as necessidades nutricionais são naturalmente maiores nesse período. Entre os
diversos factores que podem constituir obstáculo à nutrição cabe citar os seguintes: insuficiência
de alimentos, em quantidade e qualidade; factores psicológicos ou sociais que podem influir no
apetite; costumes alimentares e atitudes culturais; infecções e doenças parasitárias.
Tem sido constatado que os adolescentes fazem sempre lanches muito semelhantes, ricos em
gordura e que nem sempre atendem às suas necessidades de nutrientes. Esta falta de variedade
no grupo de alimentos preferidos contribui para o desequilíbrio nutricional usualmente
encontrado em estudos dietéticos com adolescentes. São encontrados excessos no total de
energia, total de gordura saturada, bem como no colesterol, sal e açúcar. Por outro lado, são
encontradas inadequações na ingestão de vitaminas, minerais e fibras.

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Analisando a dieta de adolescentes de 12 a 18 anos constatou-se que a ingestão de lípidos estava
acima do preconizado e a de açúcares, abaixo. A adequação do consumo de ferro, para o sexo
feminino, e de cálcio, para o sexo feminino e masculino, em todas as faixas etárias, esteve
sempre abaixo do recomendado.

3. BIBLIOGRAFIA
Avanzini, G. (1978). O Tempo da Adolescência. Lisboa: Edições 70.
Barros, M.A.R (2002). As práticas alimentares dos jovens em idade escolar. Lisboa: Gráfica Europan.
Mesquita, R., & Duarte, F. (1998). Psicologia 12ºano. Lisboa: Plátano Editora.
Pizarro, E. (1974). Psicologia do Adolescente. Lisboa: Edições Paulistas.
Sprinthall, N.A., & Collins, W.A. (1994). Psicologia do Adolescente. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
Stilwell, I. (200?). Revista Adolescentes, 14.
http://www.comportamentoalimentar.pt

FIM
HÁBITOS ALIMENTARES DOS PORTUGUESES
Trabalho da autoria de:
Ana Luz,Joana Godinho, Sandra do Ó, & Tahiana Santos

"Diz-me o que comes, dir-te-ei a saúde que tens" Emídio Peres


RESUMO
Ao longo deste trabalho iremos focar alguns aspectos da evolução de certas civilizações mundiais em
relação aos seus hábitos alimentares, e daremos especial ênfase aos hábitos alimentares portugueses. Em
paralelo à realização deste trabalho, o 2º ano de Dietética efectuou um inquérito na Escola Superior de
Saúde de Faro com o intuito de saber quais os hábitos alimentares dos estudantes deste estabelecimento.
Foi também elaborado um folheto informativo, a distribuir pela amostra, com a finalidade de elucidar os
alunos para as boas práticas alimentares.
1. INTRODUÇÃO
Alimentarmo-nos é um acto de cultura. O consumo de alimentos, necessário por razões
biológicas, está repleto de significados, de imagens relacionadas com usos, situações e
comportamentos colectivamente imaginados que constituem a alimentação em verdadeiro
sistema de comunicação codificado de acordo com uma lógica simbólica. Através dessa lógica e
através da alimentação, os grupos humanos comunicam a partilha de uma identidade
interpretativa da existência.
As sociedades do ocidente têm hoje do equilíbrio alimentar uma concepção baseada na ciência
da nutrição, com referência aos nutrientes e seus efeitos no organismo.
Na decisão sobre as virtualidades nutritivas dos alimentos domina o valor simbólico que traduz
o arbitrário cultural pelo qual as sociedades respondem às exigências relevantes do psiquismo.
(Garine, 1979)
Comer cru ou cozinhar e como cozinhar são a base de um código comunicacional de valores de
valores e símbolos que inconscientemente revela a estrutura da sociedade (Levi-Straus,1968).
Reduzir o tempo gasto na preparação alimentar (e não na refeição) é sinónimo de maior custo
económico já que o requinte e a delicadeza não podem ser afectados. No oposto, a redução do
tempo é um valor aliado ao da redução do preço e justifica a menos preocupação com a
qualidade,

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Nos últimos cinquenta anos, no Ocidente, a produção industrial, a conservação, o comercio e os
transportes influenciaram directamente a alimentação e a culinária que num relativamente
pequeno período de tempo passaram a aprovisionar-se me alimentos estandardizados, parcial
ou completamente preparados para o consumo e, em grande parte, derivados de meios
sintéticos. A industrialização aumentou a produção alimentar e provocou um incremento dos
espaços e momentos em que se come, transformando as sociedades ocidentais em sociedades de
abundância. (Goody, J., 1982; Mennel, S., et al. 1992). Comer passou a ser um acto relativamente
constante, sem relação com a necessidade biológica de alimento e cada vez menos sujeito ao
ritmo das refeições (que no entanto continua a manter-se).
A indústria, associada à publicidade, conquista os actores sociais para o consumo de produtos
nutricionalmente desadequados onde abundam o açúcar, o sal e as gorduras animais
manipuladas de forma a desencadearem a aceitação e incrementarem a procura. (Peres, E. 1997;
Mead, M., 1997)
Nas sociedades ocidentais de hoje, a subalimentação constitui um importante risco do ponto de
vista do desenvolvimento saudável. Em contraste com as sociedades da subnutrição, as
principais causas de morte nas nossas sociedades devem-se ao estilo de vida no qual se inclui a
alimentação demasiada rica em gorduras e calorias. (James, 1990; OMS, 1996)
Realizou-se este trabalho com o objectivo de caracterizar a alimentação e identificar mudanças
no campo alimentar, tanto a nível nacional como mundial. Este encontra-se dividido em quatro
partes sendo elas: perspectiva mundial, perspectiva nacional, os hábitos alimentares dos
portugueses alteram-se e por último os inquéritos. Os resultados obtidos na análise estatística
dos mesmos dar-nos-ão uma perspectiva de como a nossa geração se alimenta.

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Perspectiva Mundial


Em 1932, um autor nova-iorquino imaginava que 50 anos mais tarde a população mundial
alimentar-se-ia de pílulas concentradas. Tal perspectiva não parecia suscitar qualquer receio,
pois a população manifestava confiança no progresso técnico e científico.
Em 1982, no outro lado do Atlântico, a maior parte da população receava a existência de uma
pílula que viesse substituir as refeições. Sondagens efectuadas nessa época, revelavam que
muitos franceses e habitantes do mundo desenvolvido visualizavam esta pílula, em termos de
funcionalidade, como uma suprema encarnação de um “admirável mundo novo”.
2.1.1. O mito da pílula alimentar
O receio da pílula, em particular pelos europeus do sul foi substituído pela preocupação na
saúde e na identidade. Na Grã-bretanha, nos países escandinavos, no norte da Europa e em
especial nos Estados Unidos, os “medos” recaíram sobretudo na saúde. Apesar dos sinais de
melhoria da saúde pública, apareceram doenças denominadas “doenças da civilização” como
patologias cardiovasculares e inúmeros cancros, que incriminaram a alimentação.
Em França, Itália, Espanha bem como noutras regiões de tradição católica receava-se que os
bons hábitos e costumes alimentares fossem com o tempo substituídos por um processo
designado de “americanização” e cujo o vector não é a pílula, mas o omnipresente hamburger.
2.1.2. De Henry Ford à McDonald’s
Enquanto que a industrialização da alimentação e a distribuição moderna só apareceram na
Europa em 1960, nos Estados Unidos da América, certos produtos alimentares industriais, como
Heinz, Nabisco e a Kellogg, já o faziam desde 1880.
Sendo a América precursora de hábitos alimentares, deveria ter uma melhor percepção dos
fenómenos que há cerca de trinta anos atormentam o velho mundo.

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Certas características alimentares dos Estados Unidos observam-se menos, nos nossos dias, no
meio urbano de diversos países europeus. Tal facto, deve-se essencialmente ao
desenvolvimento agrícola e industrial. A agricultura tornou-se cada vez mais específica, e os
produtos mais industrializados.
De igual forma a distribuição, comercialização e divulgação dos produtos alimentares,
verificaram uma enorme evolução. Os supermercados proliferaram na década de 1960,
paralelamente à indústria automóvel, à televisão, aos lazeres e ao aumento do nível de vida e
educação.
O aparecimento dos produtos transformados veio aumentar os custos com a alimentação.
A entrada da mulher no mercado de trabalho, fez com que o tempo dedicado às actividades
domésticas diminuísse e consequentemente aumentar a procura dos produtos distribuídos nos
supermercados, de forma a haver uma economia de tempo disponível.
A introdução de produtos light, fez com que a industria, não se encarregasse somente da
cozinha, mas também da dieta do consumidor.
Em 1960, ao contrário do que se verificava anteriormente, os produtos passaram a ser
embalados em plástico.
A industrialização veio alterar as características de origem dos produtos alimentares. Contudo,
os preços destes, tornaram-se mais acessíveis.
A indústria da alimentação continuou a evoluir. O nível de vida aumentou, as necessidades
energéticas dos consumidores diminuíram, e a concorrência do mercado tornou-se cada vez
maior.
2.1.3. Microondas e Ultracongelados
O forno de microondas e os congelados, tiveram o seu auge de desenvolvimento nos últimos
dez anos, onde por exemplo em 1990, cerca de um terço dos lares franceses possuíam estes
equipamentos.
Outras tecnologias deram origem a saladas pré-lavadas, a legumes pré-cozinhados, entre
outros. Estes produtos possuíam para além de um bom preço, gosto e qualidades
organolépticas (sujeitas a enormes variações culturais), um valor de saúde e comodidade de
utilização elevado.
A noção de saúde assume uma perspectiva diferente tanto para os franceses como para os
ingleses, onde se pode constatar por exemplo que para os ingleses o queijo está carregado de
gorduras saturadas que ameaçam as suas artérias, enquanto que para os franceses, este
alimento apresenta um grande valor nutricional, sendo um produto rico em cálcio,
indispensável para um equilíbrio alimentar.
Pesquisas feitas, comprovam que em relação a estudos alimentares, os franceses estão menos
desenvolvidos que os americanos, mas por outro lado, os franceses são menos atingidos pela
obesidade, tendo também uma taxa de mortalidade mais baixa de todos os países
desenvolvidos, com excepção do Japão.
Relativamente à comodidade, este desempenha um factor bastante importante, onde se insere
uma contradição relativamente aos legumes frescos e aos frutos, em particular na França. Isto
acontece porque, os franceses atribuem aos legumes virtudes nutritivas consideráveis, mas ao
mesmo tempo o seu consumo não pára de baixar.
2.1.4. A alimentação sai do lar
Tanto a alimentação como a restauração tomaram uma evolução comparável. A alimentação
para além de se tornar um mercado de consumo de massas, identifica-se cada vez menos
necessariamente com o universo doméstico.

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Esta modificação deveu-se à urbanização, à industrialização de 1950-1960, à profissionalização
das mulheres, ao aumento do nível de vida e da educação, à generalização do automóvel, ao
maior acesso da população ao lazer, entre outros factores que levaram a um aumento do
número de refeições tomadas fora de casa.
Em 1950, apareceram na Europa as primeiras empresas de self-service. Depois no ano 1960,
apareceram diversas formas de restauração do outro lado do Atlântico, tendo como
intermediário, a Inglaterra onde, antes de se instalar no continente, se desenvolve a cadeia de
hamburger Wimpy.
2.1.5. O fast-food
O fast-food de inspiração americana surgiu na Europa Ocidental na década de 1970/1980. Já em
1950, nos Estados Unidos da América do Norte existiam grandes cadeias em regime franchising
nos eixos rodoviários, na periferia das cidades, nos centros comerciais e posteriormente nos
malls, extensas zonas comerciais fechadas ao trânsito A comida comercializada nesses espaços,
consistia essencialmente em pizzas, hamburgers, tortilhas, tacos mexicanos, fast-foods chinês,
japonês, e grego, pittas, falafels, croissants e sandes variadas.
Nos nossos dias, na Europa, o termo fast-food, já não tem o mesmo significado inicial, ou seja,
não evoca essa variedade de cozinhas cosmopolitas e heteróclitas. Actualmente, remete para a
triologia Ketchup-hamburger – batatas fritas e inevitavelmente para o McDonald’s.
Diversas pessoas que se deslocam de visita aos Estados Unidos constatam duas características
estranhas dos americanos: possuíam um imenso apetite, e consumiam as refeições o mais
rápido possível.
Paul Morand no início do séc. XX, relatava com certa estupefacção os hábitos alimentares dos
bairros alimentares de Nova Iorque.
O que surpreendeu Morand foi o facto de os trabalhadores nem saírem do local de trabalho nas
horas de almoço e o modo pouco humano e de convívio como tomavam as suas refeições.
Enquanto que na Europa a hora da refeição, é considerada sagrada, os hábitos alimentares
americanos causam confusão aos europeus pelo facto de serem bastante diferentes.
O que levou a implementação do fast-food com grande êxito, foi o facto dos primeiros
restaurantes terem especial atenção com a higiene alimentar e do espaço. Toda esta
preocupação se deve às descobertas de Pasteur sobre a origem bacteriana das doenças
infecciosas.
A paternidade e o mérito do fast-food, deve-se aos irmãos Dick e Mac McDonald’s.
Após um período de altos e baixos na empresa, por volta de 1948, a empresa conseguiu garantir
o sucesso. O cachorro quente foi substituído pelo hamburger, os preços tornaram-se bastante
mais acessíveis, o serviço ao cliente mais rápido e em self-service. Os pratos e talheres foram
substituídos por embalagens de cartão e sacos de papel e os extremos cuidados com a higiene
tornaram-se uma mais valia para o sucesso. Passou-se de um restaurante de adolescentes para
um restaurante onde as famílias operárias podem ir com os filhos.
A introdução de um sistema de produção em cadeia, uma equipa reduzida pouco qualificada e
por isso mal paga, e equipamentos adaptados, possibilitaram que as entregas se efectuassem
num tempo reduzido.
Por volta de 1950/1960, apareceram cadeias idênticas ao McDonald’s de que é exemplo a
Kentucky Fried Chicken, primeiramente nos Estados Unidos e posteriormente no estrangeiro.
No final da década de 1950 surgiu um mercado da pizza na América. A cadeia pizza Hut foi
responsável, pela transformação deste alimento em fast-food. Com o tempo a pizza tornou-se
cada vez mais americanizada e divulgada a nível mundial.

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2.1.6. O hamburger e a pizza
O fast-food, depois de se instalar nos Estados Unidos, começou a sua digressão mundial, tendo
pelo percurso bastantes obstáculos, como o que aconteceu com a Coca-Cola, que após ter sido
descoberta, era considerada na Europa uma mistura de delícia e de horror ideológico. Tanto na
Suécia, como na Itália, houveram diversas manifestações contra a dita “alimentação de
plástico”, que aliciava os jovens a substituir a alimentação tradicional.
O hamburger é considerado um grande mal, quer a nível nutricional ou simbólico, ou seja,
possui gorduras saturadas e perda de identidade. A pizza, até agora escapa à maior parte das
críticas, apesar de esta, estar espalhada pelo planeta e de ter um império mais importante que o
hamburger. A pizza, não é só espalhada pelas empresas que a propagam, como também por
outros estabelecimentos ligados à distribuição de alimentos, tais como nas padarias, mercearias,
nos vendedores ambulantes, entre outros. Pode ser entregue ao domicílio, ou então, consumida
em todo o tipo de restaurantes.
É de notar, que a crise das “vacas loucas”, deu uma vantagem significativa às pizzas, visto o
hamburger ter sido sujeito a uma suspeita mortal sobre a carne de vaca de que ele é composto.
Por este facto, começou-se a fazer as variantes de peixe e galinha para ver se a crise por ele
recaída, diminuía.
2.1.7. Cozinha em kit
Na Europa as velhas formas de restauração tendem a evoluir. A partir de 1970, são cada vez
mais introduzidos os produtos preparados pela indústria, como por exemplo as conservas
industriais, os produtos congelados e os purés instantâneos, tanto nas cantinas como na
restauração comercial. Dez anos mais tarde desenvolveram-se os molhos totalmente
preparados, bases de molhos e caldos de peixe.
Recentemente houve a introdução de técnicas de vácuo com cozedura a uma temperatura baixa,
primeiro na restauração e depois na grande distribuição.
Os alimentos assim preparados podem conservar-se, consoante os ingredientes, entre cinco a
vinte um dias, e para muitos chefes de cozinha estes alimentos possuem resultados muito
interessantes do ponto de vista gustativo.
Em França já há diversos anos que existe a distribuição dos pratos chamados “cozinhados sob
vácuo”, o que leva a uma grande discussão por parte dos puristas da técnica que afirmam que
estes pratos se aproximam da conserva tradicional, visto serem cozidos a temperaturas muito
mais elevadas do que os 55ºC ou 60ºC.
Apesar de os restaurantes utilizarem cada vez mais estas técnicas, os consumidores, não estão
preparados para as aceitar, como também ainda se encontram receosos, relativamente a
alimentos ionizados (por processo de irradiação), para uma melhor conservação.
2.1.8. Uma uniformização planetária?
O agro-negócio planetário e a sua grande distribuição, não se limita a acabar com as
particularidades culinárias locais, mas sim tentar expandir especialidades tradicionais e
exóticas, adaptadas ou estandardizadas, onde temos o caso do muesli suíço que se introduziu
cada vez mais nos pequenos-almoços dos ingleses e franceses.
Mas seria erróneo acreditar que a industrialização da alimentação, os progressos dos
transportes e o advento da distribuição em massa apenas servem para desagregar e nivelar as
particularidades locais e regionais.
2.1.9. Racionalização, regressão e prazer
A dúvida que parece estar sempre na nossa mente, é como é que o fast-food, mais propriamente
a McDonald’s, apresenta um grande êxito a nível mundial. Esta empresa originária de Chicago

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raramente conheceu um fracasso, e é evidente que os factores materiais, comerciais e
financeiros, favoreceram este êxito.
Ray Kroc desenvolveu um sistema de franchise, que para além de tentar garantir o
enriquecimento dos franchisers, tinha como objectivo principal nunca prejudicar o bom nome da
marca.
A exportação destas marcas veio levantar alguns problemas, como por exemplo, o anti-
americanismo e o facto do McDonald’s atrair mais os jovens, mas por motivos de rentabilidade,
esta empresa preferia atrair as famílias em vez dos adolescentes.
Outra dificuldade que surgiu, foi o facto da McDonald’s ter de se adaptar a determinados
factores condicionantes da cultura de cada país, como é o caso da França, onde os molhos
tiveram de se tornar mais ácidos, apesar de aparentemente os hamburgers, cheeseburgers, etc,
serem iguais ao resto do mundo.
É de notar que tanto a McDonald’s, como o fast-food em geral e as pizzas em particular
conheceram e conhecem um êxito estrondoso. As crianças, desde cedo, aprendem a apreciar o
sabor destas refeições. Com uma aspecto fofo, batatas fritas estaladiças e carne tenra, que
consegue ser mastigada, até mesmo por uma criança de muito jovem idade.
Não nos podemos esquecer o facto desta comida, não necessitar de etiqueta, podendo ser
consumida à mão, e com um grande à vontade, tendo também um preço acessível, uma
regularidade de prestação e comodidade que também contribuem para esse sucesso.

2.2. Perspectiva Nacional


Não se consegue responder como é que os portugueses se alimentam, pelo simples facto, de
todas as pessoas se alimentarem de forma diferente, consoante idade, região, horário de
trabalho, posses, distância de casa, tempo para cozinhar, entre outros factores.
Os comportamentos alimentares dos portugueses, apenas conseguem responder de uma forma
incoerente, aos indicadores sanitários, sem subestimar a importância de outros factores,
nomeadamente a educação para a saúde e meios de prevenção.
2.2.1. Os indicadores sanitários portugueses
Os indicadores sanitários revelam manifestações de carência alimentar profunda, como:
mortalidade infantil e infanto-juvenil elevadíssimas, envelhecimento precoce, grande
susceptibilidade a infecções e infestações graves, peso corporal muito baixo, produtividade
laboral e tempo limitado de vida.
Nas sociedades abastadas de consumo, com alimentação caloricamente excessiva e
nutricionalmente desregulada, em especial por abuso de gordura, carne, açúcar e álcool e por
falta de produtos horto-frutícolas em natureza e de amiláceos, os indicadores também são
coerentes: o desenvolvimento somático e o estado de saúde de crianças e jovens, são muito
bons, a capacidade de aprendizagem e desempenho profissional é elevada, as doenças
infecciosas graves têm pouca relevância. Mas, a partir da quarta década de vida, a pesada
incidência das doenças metabólicas e degenerativas crónicas, a quebra o estado de graça da
juventude incapacita ou mata em proporções alarmantes a população madura. (Peres, 1997)
Em países em desenvolvimento, como Portugal, existem tanto situações de subnutrição como
de esbanjamento, indicando uma certa contradição. Os problemas de excesso e carência de
alimentação são cada vez mais precoces.
Quanto mais novo se começa a comer erradamente, mas cedo as doenças degenerativas
evoluem.
A situação sanitária portuguesa revela que hoje, está a desaparecer a velha subnutrição dos
pobres e novas formas de má nutrição atingem os meios urbanos e suburbanos desfavorecidos.

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2.2.2. Como comemos?
Cerca de 30% a 35% dos portugueses mantêm bons costumes alimentares da cultura
mediterrânea (consumo de grandes quantidades de hortaliças, legumes e leguminosas, massa,
pão, etc).
Os portugueses que preferem a comida tradicional, não costumam consumir fast-food, nem
comida de cafetaria.
A população urbana ligada ao mundo do trabalho e vida mundana, cerca de 15%, têm
tendência para ter uma má alimentação, abusando de gorduras, calorias, poucas hortaliças,
entre outros.
Um quarto dos portugueses, alimenta-se muito desequilibradamente, dando preferência a
alimentos empacotados, pronto - a - comer, entre outros, sofrendo por isso, de carências
nutricionais. Junta-se a estes, os mais novos, que comem ao acaso e sem horas.
A alimentação de cafetaria não é muito relevante entre os portugueses, ao contrário do que
acontece nos Estados Unidos da América e Canadá, onde este problema já começou a ser
preocupante.
Contudo os produtos de cafetaria já começaram a invadir as nossas casas, com bastante
frequência. Segundo o Instituto nacional de Estatísticas, enquanto as despesas em restaurantes e
cafés aumentam, verifica-se um decréscimo na compra de produtos alimentares.
A subalimentação atinge os idosos isolados, reformados, pensionistas, membros de famílias
numerosas de fracos recursos, crianças e adolescentes do mundo do desemprego, perfazem 20%
dos portugueses. Poderá também atingir manequins e os maníacos de regimes.
2.2.3. Evolução dos hábitos
Para escolher e organizar uma alimentação saudável tem de haver uma educação alimentar
institucionalizada.
Os portugueses têm tendência para práticas alimentares nocivas das sociedades de consumo
mais desenraizadas da cultura.
Tanto em Portugal, como noutros países em desenvolvimento, com a mesma situação cultural, a
partir do momento que o poder de compra melhorava, as primeiras atitudes são comer e beber
mais, mas com uma diminuição da actividade física.
Numa primeira fase, temos o comer e beber generosamente, abusando de determinados
alimentos, como: pão, batata, arroz, vinho, etc. Depois segue-se a fase de eleger símbolos de
prestígio: entre eles, a carne de bovino, a doçaria, cerveja, pão branco e alguns produtos
embalados, começando assim a adoptar uma culinária mais engordurada. Seguindo-se depois, a
fase de comer fora. Por ultimo aparece uma etapa, que é alcançada mais cedo pelos jovens,
devido a maus hábitos alimentares, onde temos, o desrespeito pelos horários das refeições, a
vulnerabilidade a apelos de consumo, a destruturação de refeições, ou a troca das mesmas por
comidas rápidas.
Com o mundo moderno, a pratica de exercício, diminui cada vez mais, devido: à televisão, às
novas profissões, aos transportes motorizados, aos ambientes, que estão cada vez mais
aquecidos, à obesidade que aumenta cada vez mais, e às pessoas que não se importam com o
aspecto físico, nem com os conselhos médicos, que dai advêm.
Ainda hoje, existe uma forte correlação, entre gordura, poder e beleza, onde obesa é a figura
padrão, forte significa gordo e fraco, magro. Estas e outras razões, tais como a situação
sociocultural de cada país e a geração considerada, fazem variar o conceito de obesidade.
Desde os anos 30, que as classes possidentes europeias passaram a marcar a diferença, com um
corpo mais saudável e enxuto de gordura, esta, deixa de ser considerada formosura e já não
evidência prestigio.

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Com esta enorme mudança a mulher, é a mais afectada, deixando de lado aquele aspecto roliço,
e entrando para o mundo do trabalho com um aspecto elegante e com um corpo à medida dos
padrões de corte e costura. A roupa começa aqui, a tomar uma conotação bastante importante,
porque como já diz o velho ditado, “o abade faz o monge”, e nos nossos dias, caber dentro de
cada vez menos é o alvo a atingir.
Então, perder peso merece todos os sacrifícios, e entra na ordem do dia.
Emagrecer torna-se então um problema social, sendo confundido erradamente com perder
peso, e também um problema médico, onde as dietas selvagens provocam desnutrição entre
outros problemas físicos, e atingindo a parte psicológica, porque se multiplicam as perturbações
neuróticas em resultado de uma insatisfação da imagem corporal e com um desejo compulsivo
de perder peso.
Mais de metade da população portuguesa sofrerá de obesidade em 2025 se a presente
degenerescência dos hábitos alimentares não for invertida, afirma a médica nutricionista Graça
Vargas.
A obesidade, ocupa hoje, um lugar proeminente entre as preocupações sanitárias. O excesso de
gordura, por si só gera um conjunto de doenças crónicas que pode levar à morte precoce.
Existem pessoas que se sentem felizes com o peso superior ao desejável e por outro lado, há
pessoas que se sentem bem, tendo peso menor que o aceitável. Este último grupo desconhece
que magreza habitualmente a um estado de carência nutricional.
Independentemente do lado em que estiverem, todas as pessoas tomam posição acerca do seu
peso, sendo isso tema de conversa, revistas, televisão, etc.
A preocupação reside nos jovens adolescentes, com o desejo de serem magros, provocando
perigo para o seu desenvolvimento final e a maturação do organismo.
Em Portugal 28% das raparigas e 9% dos rapazes querem perder peso, apesar de só 8% ter peso
a mais e 2% serem obesos.
Para a saúde o que interessa é o peso que devemos ter e a sabedoria para o manter toda a vida,
como resultado de proporções harmoniosas entre tecidos e órgãos, só possível pela eleição de
um estilo de vida sadio, para o que conta exercício físico, comida completa, equilibrada, variada
e em quantidades ajustadas ao que se gasta e sanidade psico-emocional (Peres, 1996).

2.3. Hábitos alimentares dos portugueses alteraram-se


Os hábitos alimentares da população portuguesa alteraram-se, tendo o consumo alimentar per
capita aumentado significativamente, consequência do desenvolvimento económico e do maior
poder de compra das famílias portuguesas, na década de 90.
Segundo Graça Vargas, apesar da gastronomia portuguesa ser muito saudável, infelizmente,
tem-se assistido à introdução da fast-food e novos alimentos muito ricos em gorduras, que são
introduzidas pela indústria alimentar como conservantes.
2.3.1. Alimentação em Portugal e na União Europeia
Entre 1990 e 2002, verificou-se um maior consumo per capita de leites e derivados (+41%),
seguido do grupo de carne e ovos (+32%). Desta forma, regista-se um maior aumento do
consumo de produtos de origem animal. Muito menos consumido encontram-se os frutos e
produtos hortícolas (+8%) e os óleos e gorduras vegetais (+8%). O grupo dos cereais, arroz,
leguminosas e batata, apresentou um decréscimo de consumo per capita de 12%.

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Figura 1. Evolução do consumo per capita em Portugal, por grupos de alimentos 1990 e 2002

Esta evolução permite concluir que os hábitos alimentares dos portugueses tendem cada vez
mais a afastar-se da dieta tipo mediterrânica, com um aumento do consumo de produtos de
origem animal muito superior ao dos de origem vegetal.
2.3.2. Portugal é o 2º consumidor de Cereais da União Europeia
Portugal ocupa o segundo lugar no consumo per capita de cereais relativamente aos países da
União Europeia (UE). O principal consumidor de cereais da UE é a Grécia e o que consome
menos são os Países Baixos. De realçar que as primeiras três posições são ocupadas por países
mediterrânicos com tradição no consumo de cereais.

Figura 2. Consumo per capita nos países da União Europeia em 2000-2001

2.3.3. Países mediterrânicos são os maiores consumidores de vegetais e frutos frescos


O maior consumidor de vegetais e frutos frescos da UE é a Grécia, seguindo-se Itália e Espanha,
e surgindo Portugal na 5ª posição. Entre os principais consumidores encontram-se os países
mediterrânicos, sendo a Suécia o país com menor consumo per capita.

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Figura 3. Consumo per capita de vegetais e frutos secos nos países da União Europeia, 2000

2.3.4. Finlândia e Irlanda principais consumidores de Produtos Lácteos da União Europeia


Os principais países consumidores de produtos lácteos frescos da UE, excluindo a nata, são a
Finlândia e a Irlanda. Portugal surge na 8ª posição e a Grécia apresenta-se como o país da UE
com menor consumo.

Fonte: EUROSTAT, excepto Portugal

Figura 4. Consumo per capita de


produtos lácteos nos países da União Europeia, 1999

2.3.5 - Portugueses estão entre os cinco principais consumidores de Carne da União Europeia
Em 2001, a Espanha foi o país da UE com maior consumo per capita de carne, seguida da
Dinamarca e da Irlanda. Portugal, como já foi referido, apresentou um aumento significativo no
consumo de carne e ocupa o 5º lugar entre os países da UE.

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Fonte: EUROSTAT, excepto Portugal

Figura 5. Consumo per capita de carne nos países da União Europeia, 2001

2.3.6. Grécia lidera consumo de Óleos e Gorduras vegetais na União Europeia


Relativamente ao consumo de óleos e gorduras vegetais em 1999/2000, a Grécia destaca-se
como sendo o principal consumidor. Portugal ocupa a 6ª posição, abaixo da Espanha e da Itália
(países mediterrânicos com tradição no consumo deste grupo de alimentos). A Suécia apresenta
o menor consumo.

Fonte: EUROSTAT, excepto Portugal

Figura 6. Consumo per capita de óleos e gorduras vegetais nos países da União Europeia, 1999-2000

3. MÉTODOS
3.1. Participantes
3.1.1. População
Os indivíduos que participaram neste estudo foram os Alunos da Escola Superior de Saúde de
Faro, constituindo assim a nossa população.
3.1.2. Amostra
A nossa amostra é constituída por x alunos da Escola Superior de Saúde de Faro.

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3.2. Instrumentos
O instrumento utilizado na recolha dos nossos dados foi um inquérito em estilo de questionário
elaborado pelo grupo turma que visava saber quais os hábitos alimentares da população alvo.

3.3. Organograma
• Elaboração de inquéritos que foram, posteriormente, distribuídos aos alunos da Escola
Superior de Saúde de Faro – 2 aulas (6 horas)
• Fotocomposição do questionário – 2 horas
• Fotocópia do questionário (400 exemplares) – 1 dia
• Distribuição/aplicação/recolha dos questionários aos alunos do ESSaF (Escola Superior
de Saúde de Faro) – 8 dias
• Criação de estrutura e introdução e análise de dados em Excel – 3 dias
• Tratamento Estatístico SPSS – ½ dia
• Discussão e análise de dados – ½ dia
• Elaboração do Relatório/Projecto escrito
• Pesquisa para enquadramento teórico – 2 dias
• Elaboração de sínteses pessoais e “bater em computador” enquadramento teórico – 3
dias
• Elaboração de resumo, introdução, análise e discussão de dados, conclusão – 2 dias
• Elaboração/organização da apresentação oral em PowerPoint – 2 dia
• Apresentação oral, à turma – 30 minutos
• Impressão do trabalho e encadernação – 15 minutos

3.4. Procedimento
3.4.1. Problema
O problema que se pretende estudar neste, modesto, projecto é o seguinte:
6. CONCLUSÃO
Ao fazermos uma retrospectiva dos hábitos alimentares, podemos constatar uma crescente
evolução, que se verifica até aos dias de hoje.
No início, os alimentos caseiros tinham uma influência bastante positiva sobre a alimentação,
visto, eles serem mais saudáveis, possuírem menos riscos de contaminação, o tempo gasto com
a alimentação era maior, e as famílias conseguiam manter um ritual no momento das refeições.
No entanto, com a agitação que existe nos nossos dias, a mulher começou a introduzir-se no
mercado de trabalho, os hábitos alimentares das famílias modificaram-se, o antigo fogão a lenha
foi substituído pelo microondas, e na maior parte das vezes, as refeições não são realizadas em
casa. É notória a grande “explosão” do serviço de entregas ao domicílio, e de uma grande
variedade de produtos congelados, à nossa disposição, facilitando a preparação de uma
refeição.
Ao fazermos uma retrospectiva dos hábitos alimentares, podemos constatar uma crescente
evolução, que se verifica até aos dias de hoje.

7. BIBLIOGRAFIA
Flandrin, J., & Montanari, M. (1996). História da Alimentação, volume II

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Hábitos Alimentares
Flandrin, J., & Montanari, M. (1996). História da Alimentação (pp. 413-430) – Volume II (1ª
Edição.) Lisboa: Terra Mar.
Ferreira, F. (1994). Nutrição Humana (p. 14). 2ª Edição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Krause & Mahan. Alimentos. Nutrição & Dietoterapia. São Paulo: ??.
Nunes, E. et al. Manual para uma alimentação saudável em jardins de infância. Lisboa: ??.
Peres, E. (1997). Bem Comidos e Bem Bebidos (pp. 25-30). Lisboa: Editorial Caminho.
Peres, E. (1996). Emagrecer (pp. 13-318) (3ª Edição) Lisboa: Editorial Caminho.
http://www.portugaldiário.iol.pt/noticias/noticia.php?id=292330
http://alea-estp.ine.pt/html/actual/html/act41.html
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2002/10/16k.htm
http://www.minerva.uevora.pt/netdays99/alimentos/index.htm#
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=292330
http://alea-estp.ine.pt/html/actual/html/act41.html
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2002/10/16k.htm
http://www.minerva.uevora.pt/netdays99/alimentos/index.htm#

FIM

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Hábitos Tabágicos
Hábitos Tabágicos2
Trabalho da autoria de:
Angela Pais; António Albergaria, & Claudia Rosa

Tabagismo
1 - Introdução
2 - Etiologia do tabagismo
3 - Motivações
4 - Aplicação do conselho médico ao fumador
5 - Principais acções do tabaco
6 - Tratamento
7 - Orientação dietética na supressão do tabagismo
8 - Conclusão

1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho vamos abordar um dos comportamentos de risco: o tabagismo.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo deve ser
considerado uma pandemia, ou seja, uma epidemia generalizada e como tal
precisa ser combatida.

2. ETIOLOGIA DO TABAGISMO
1. Factores sociais
2. Factores psicológicos
3. Factores ambientais

2.1. Factores sociais


• A atitude positiva em relação a fumar, dos amigos, dos pais, dos irmãos e dos ídolos;
• O facto dos pais, dos irmãos e dos ídolos fumarem;
• O facto de fumar ser um comportamento “socialmente aceite”;
• A influência dos media.

2.2. Factores psicológicos


• O desejo de ser como os colegas;
• A dificuldade de resistir às pressões dos colegas e amigos;
• O receio de cair no ridículo se recusar ou não adoptar um comportamento generalizado
no grupo;
• O desconhecimento dos riscos do fumo do cigarro;

2
Este trabalho é apresentação em PowerPoint.
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Hábitos Tabágicos
• A necessidade de demonstrar que atingiu a maioridade;
• O desejo de ser e comportar-se como adulto;
• A curiosidade natural do jovem; algumas crenças relacionadas com o fumo;
• A necessidade de chamar a atenção dos outros.

2.3. Factores ambientais


• Publicidade ao tabaco;
• Facilidade de comprar tabaco ( máquinas de venda automáticas, cafés, etc...).

3. MOTIVAÇÕES
3.1. Motivos para cessar
• Medo de adoecer
• Sintomas
• Dinheiro gasto
• Querer ter controlo na vida
• Desprezo pelo comportamento
• Vergonha
• Roupas, carro, cabelo com mau odor
• Problemas no trabalho

3.2. Motivos para não cessar


• Tranquilidade
• Espertina de manhã
• Ajuda a pensar
• Ocupa as mãos
• É algo para fazer quando está ao telefone
• Gosto pelo cheiro/paladar
• Ajuda a lidar com problemas
• Amigos/familiares fumadores

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4. APLICAÇÃO DO CONSELHO MÉDICO AO FUMADOR

5. PRINCIPAIS ACÇÕES DA NICOTINA

Lugar Acção Efeitos

Cérebro Estimulante Excitação


Nervosismo
Irritabilidade
Tremuras- convulsões
Vómitos
Dependência

Sistema Estimulante Taquicardia


Cardiovascular Hipertensão

Sistema digestivo Estimulante Hipersalivação


Hipercloridria

Brônquios Estimulante Hipersecreção

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5.1. Acção do monóxido de carbono
• Diminuição da oxigenação dos tecidos (hipoxia);
• Cansaço, fadiga fácil;
• Atordoamento;
• Diminuição da agilidade e da concentração mentais.

5.2. Acção dos alcatrões


• Carcinogénese (indução de tumores);
5.3. Outros malefícios do tabaco
• Vasoconstricção e redução do fluxo de sangue para os tecidos
• Lesão do endotélio dos vasos
• Aumento da agregação plaquetária
• Redução do colesterol bom (HDL)
• Inflamação e irritação dos olhos, garganta e vias aéreas
• Síndrome de apneia do sono
• Arteroesclerose
• Osteoporose
• Problemas na gravidez.
6. TRATAMENTO
OBJECTOS MÉTODOS

Decisão Campanhas publicitárias

Por em prática Conselho médico

Aliviar o síndroma de Técnicas naturais


abstinência Métodos psicológicos
Métodos farmacológicos

Manutenção Ajuda

• Orientações médica sobre o tabagismo;


• Terapia cognitiva e / comportamental;
• Reposição de nicotina com goma de mascar para reduzir os sintomas de abstinência;
• Uso de medicamentos que reduzam a vontade de fumar – bupropiona;
• Apoio de amigos, familiares e profissionais da saúde por 1 ano.

6.1. Métodos de ajuda

• Marcar uma data, num prazo de duas semanas;


Aconselhar a retirar os cigarros de casa, do local de trabalho, do carro, etc…
• Orientar o paciente a deixar de fumar nestes locais;
Rever tentativas anteriores, o que o ajudou e o que contribuiu para a recaída;
Antecipar dificuldades e ajudar o paciente a preparar-se para elas.

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7. ORIENTAÇÃO DIETÉTICA NA SUPRESSÃO DO TABAGISMO

7.1. Causas para os problemas de peso


• A nicotina é uma impulsionadora do metabolismo: a nicotina acelera as funções do
organismo. Activa a distribuição das hormonas do stress que, por sua vez,
mobilizam a decomposição de açucares e gorduras.
• A tensão muscular: a privação de nicotina diminui o tónus muscular e,
consequentemente, decresce também a queima de calorias nos músculos;
• O apetite: a nicotina diminui o apetite e inibe o paladar. Ao deixar de fumar, o ex-
fumador volta a sentir mais fome e a comida passa a saber-lhe melhor.
• O desejo de comer doces: a nicotina reduz o nível de insulina no sangue;
consequentemente a taxa de açúcar no sangue mantém-se elevada. Ao privar o
organismo de nicotina, os níveis de insulina sobem e a taxa d sangue diminui – o
resultado é um desejo enorme de comer doces.
7.2. Como travar o apetite
• Não encher demasiado o estômago;
• Preferir uma maior ingestão de hidratos de carbono em vez de proteínas e gorduras;
• Mastigar muito bem os alimentos;
• Saborear o maior número possível de paladares diferentes;
• Eliminar os aperitivos;
• Deixar de fumar no início do Verão.
7.3. Os alimentos certos para se manter em forma sem nicotina
• Maçã;
• Abacate;
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• Alimentos ricos em fibras (pão de centeio, grão, nozes, ameixa);
• Banana;
• Batata;
• Camarão.
8. CONCLUSÃO
O tabagismo é uma doença crónica e, o fumador deve ser tratado como um dependente de
drogas.
Parar de fumar não é uma acto isolado na vida. A sensação de perda é muito grande e o
fumador deve encarar o fim como uma oportunidade de fazer um balanço e modificar os seus
hábitos e estilo de vida.
A maioria dos fumadores necessita de auxílio médico e, muitos deles de medicamentos que
reduzam a vontade de fumar e os sintomas de abstinência.

FIM

O TABACO E AS MULHERES, QUE RELAÇÃO


Trabalho da autoria de:
Mara Ai-Ai; Sara Ferreira, & Sarah Pisco

Resumo
Com a realização deste trabalho pretendemos dar a conhecer a evolução e o aumento do consumo do
tabaco nas mulheres e também fazer uma pequena abordagem geral do tabagismo. Para tal
procedemos a pesquisa teórica sobre: tabaco e os seus constituintes, tabagismo passivo, os malefícios
do tabaco para a mulher, o
do tabaco, aumento do consumo tabágico nas mulheres, perigos
tabaco na gravidez, a dificuldade de deixar de fumar.

1. INTRODUÇÃO
Neste trabalho iremos abordar um tema actual que é o tabagismo, tendo em especial atenção os
efeitos deste nas mulheres.
O objectivo principal deste trabalho é dar a conhecer a evolução e o aumento do consumo do
tabaco nas mulheres e as consequências na sua saúde.
Inicialmente começaremos por uma pequena introdução teórica sobre o tabagismo em geral, e
depois mais especificamente sobre o seu efeito nas mulheres. São as mulheres que vieram
manter os níveis do consumo, pois os homens presentemente fumam menos; as mulheres, que
até há cerca de trinta anos praticamente não fumavam, começaram a partir de então a consumir
cada vez mais tabaco.

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Segundo Jane Ogden, um vício é “necessidade de consumir uma droga”, “uso de uma
substância que é física e psicologicamente viciante”, “apresentar tolerância e privação”; e uma
dependência é “demonstrar sintomas psicológicos e fisiológicos de privação”.
Este trabalho contém uma parte prática em que se distribuíram questionários referentes ao
tabagismo aos alunos da Escola Superior de Saúde de Faro, para posterior recolha e análise dos
resultados.

2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O consumo de cigarros é a mais devastadora causa evitável de doenças e mortes prematuras da
história da humanidade. O consumo do tabaco atingiu a proporção de uma epidemia global,
provocando, a cada ano, a morte de 4 milhões de pessoas em todo o mundo, ou seja, uma a cada
oito segundos. Um quadro preocupante com consequências graves sobre a saúde da população,
a economia e o meio ambiente.
A Organização Mundial da Saúde-OMS registra mais de 60 mil pesquisas publicadas e
reproduzidas em diversos lugares do mundo, comprovando a relação causal entre o consumo
do cigarro e doenças graves como cancro de pulmão (90% dos casos), enfisema pulmonar (80%),
enfarto do miocárdio (25%), bronquite crónica e derrame cerebral(40%).
Por esta razão, o controle do tabagismo é uma das prioridades do Instituto Nacional de Cancro,
já que esta é a mais importante e eficaz acção de prevenção do cancro de pulmão, reduzindo
seus índices de incidência e mortalidade.
2.1. Tabaco e os seus constituintes
O fumo do cigarro contém ciliotoxinas e irritantes que produzem irritação nos olhos, nariz e
garganta, bem como diminuem a mobilidade dos cílios pulmonares, ocasionando alergia
respiratória em fumadores e fumadores passivos.
Para tentar limitar as consequências do tabaco, muitas pessoas estão a consumir cigarros light.
Mas o seu uso é muito controverso. De facto, o fumador adapta espontaneamente a sua maneira
de fumar aos cigarros que utiliza, compensando a falta de nicotina com inalações mais
profundas e mais frequentes. Acontece que, assim, acaba por fumar mais cigarros.
2.2. Tabagismo Passivo
Os fumadores passivos expostos ao fumo do cigarro absorvem nicotina, monóxido de carbono e
outras substâncias da mesma forma que os fumadores, embora em menor quantidade. A
quantidade de produtos tóxicos absorvidos depende da extensão e da intensidade da exposição,
além da qualidade da ventilação do ambiente onde se encontra a pessoa.
A permanência em um ambiente poluído faz com que se absorvam quantidades de substâncias
tais como a nicotina em concentrações semelhantes às de quem fuma.
A nicotina pode ser encontrada no sangue e na urina de fumadores passivos que moram ou
trabalham com fumadores.
Tendo em vista que as pessoas passam 80% de seu tempo em locais fechados tais como
trabalho, residência, locais de lazer e hospitais, o cigarro é considerado, pela Organização
Mundial de Saúde, como o maior agente de poluição doméstica ambiental.
Cada vez mais autoridades governamentais estabelecem regulamentos que protegem o
fumador passivo. Além disso, houve um aumento da consciencialização dos indivíduos sobre o
ar que eles respiram, não só em casa, como nos ambientes de trabalho e locais públicos.
Mas pode-se fazer mais, incentivando os locais de trabalho, escolas, unidades hospitalares e
outros sectores da sociedade a desenvolverem uma política de protecção ao fumador passivo
em ambientes fechados. Os fumadores passivos sofrem os efeitos imediatos da poluição
tabágica ambiental, tais como irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaleia, aumento

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de seus problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias, e aumento dos problemas
cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito). Outros efeitos a
médio e longo prazos são a redução da capacidade funcional respiratória, aumento do risco de
ter arteriosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças. Além disso, os
fumadores passivos morrem duas vezes mais por cancro de pulmão do que as pessoas não
submetidas à poluição tabágica ambiental.
As crianças, principalmente as de baixa idade, são gravemente prejudicadas na sua convivência
involuntária.

2.3. Os malefícios do tabaco


Se o cancro do pulmão é o primeiro dos tumores ligados ao tabagismo, não é o único. O tabaco
é também um dos principais factores responsáveis pelos cancros da boca, da garganta e do
esófago. Este risco é ainda aumentado pelo consumo do álcool, mesmo quando moderado.
Fumar está também na origem do cancro do aparelho urinário, pois o alcatrão presente nos
cigarros é armazenado na bexiga antes de ser eliminado na urina. As doenças cardiovasculares
e as doenças respiratórias crónicas são igualmente patologias directamente ligadas ao
tabagismo.

2.4. Aumento do consumo tabágico nas mulheres


A partir de 1977 verificou-se um grande aumento de consumo de tabaco pela mulher devido a
mudanças sócio-culturais. Estas mudanças estão relacionadas com o facto da mulher começar a
frequentar os mesmos meios que os homens, permitindo-lhe uma maior liberdade para
experimentar novos desafios. (ver Gráfico I, em anexo).

2.5. Perigos do tabaco para a mulher


As mulheres, na sua luta pela emancipação, têm cometido alguns erros de percurso e o do
tabagismo foi um deles, ao copiarem uma atitude incorrecta só para se igualarem aos homens. E
se introduzirmos um novo dado, a pílula anticoncepcional, então saberemos que as mulheres
que usam anticoncepcionais orais e fumam têm um risco de acidente cardiovascular 10 vezes
maior.
Pílula + Tabagismo = Risco muito elevado
A mulher fumadora não só apresenta maior incidência de cancro de pulmão, como também de
outros tipos de cancro em relação ao homem.
2.5.1 O tabaco e o cancro da mama
O cancro ou carcinoma da mama é uma doença caracterizada pela multiplicação
descontrolada de células geneticamente anormais, originadas pela transformação das células
normais da glândula mamária quando expostas a agentes agressores ( factores carcinogénicos).
As causas que levam ao aparecimento do cancro da mama ainda não estão completamente
esclarecidas. No entanto, sabe-se que existem genes normais responsáveis pelo crescimento e
pela multiplicação das células e que quando expostos a factores carcinogénicos podem activar
os oncogenes (genes que estimulam o crescimento celular descontrolado). No entanto, para que
ocorra a transformação maligna, parece ser necessário que mais de um oncogene seja activado é
também necessário que os genes supressores tumorais sejam desactivados, (responsáveis pela
inibição da multiplicação de células geneticamente alteradas). Além dessa predisposição
genética, há a necessidade de que a pessoa seja exposta a fatores ambientais que propiciem
condições adequadas ao crescimento do tumor.
Os principais factores de risco para o surgimento do cancro da mama são:
• Sexo femenino
• Idade entre 40 e 60 anos
• Cor branca
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Hábitos Tabágicos
• História familiar de acncro da mama (mãe, irmã ou filha) principalmente se ocorreu nas duas
mamas ou antes da menopausa
• História pessoal de cancro da mama
• Primeira mentruação (menarca) precoce (antes dos 12 anos)
• Última menstruação (menopausa) tardia ( após os 55 anos)
• Primeira gestação completa mais de 37 semanas de gestação) após os 30 anos
• Ausência de gestações
• História pessoal de doença benigna da mama com atipias celulares (células de características
anormais mas não malignas)
• Presença de mutações genéticas
• Sedentarismo
• Maior renda familiar e elevada escolaridade
• Dieta rica em gorduras e pobre em fibras e vitaminas
• Obesidade
• Consumo de bebidas alcoólicas
• Tabagismo
2.6. O tabaco na gravidez
Fumar durante a gravidez traz sérios riscos. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros,
bebés de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e
episódios de hemorragia. A gestante que fuma apresenta mais complicações durante o parto e
têm o dobro de hipóteses de ter um bebé de menor peso e menor comprimento, comparando-se
com a grávida que não fuma. Tais situações são devidas, principalmente, aos efeitos do
monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a sua absorção pelo organismo
materno.
Um único cigarro fumado por uma gestante é capaz de acelerar, em poucos minutos, os
batimentos cardíacos do feto, devido ao efeito da nicotina sobre o seu aparelho cardiovascular.
Assim, é fácil imaginar a extensão dos danos causados ao feto, com o uso regular de cigarros
pela gestante.
Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem somente do hábito de fumar da mãe.
Quando a gestante é obrigada a viver em ambiente poluído pelo fumo do cigarro ela absorve as
substâncias tóxicas do fumo, passa para o feto através do sangue.
Se a mãe fuma depois que o bebé nasce, este sofre imediatamente os efeitos do cigarro. Durante
o aleitamento, a criança recebe nicotina através do leite materno, havendo registro de
intoxicações atribuíveis à nicotina (agitação, vómitos, diarreia e taquicardia) em filhos de mães
fumadoras. Em recém-nascidos, filhos de mães fumadoras de 2 a 3 maços por dia, observou-se
acidentes mais graves como palidez, cianose, taquicardia e crises de parada respiratória, logo
após a mamada.
Deste modo é, fundamental que os adultos não fumem em locais onde haja crianças, para que
não as transformem em fumadores passivos.

2.7. A dificuldade de deixar de fumar


Não se consegue com um simples estalar dos dedos. Deixar de fumar exige preparação,
investimento e, sobretudo, uma forte motivação. Não recomeçar é o maior desafio. Mas, se é
verdade que não é fácil deixar de fumar, também é verdade que não é impossível. O mais difícil
é decidir que se vai deixar de fumar. Mas logo que se aceita a ideia entra-se no bom caminho.
Parar definitivamente exige uma grande coragem. Podem-se distinguir três espécies de
fumadores. O impenitente, que fuma por prazer. O compulsivo para preencher lacunas de
qualquer ordem. E o fumador-vítima, que está consciente dos riscos que a sua saúde corre e se
sente culpabilizado. Embora o primeiro seja um mau candidato à interrupção do vício, qualquer
fumador pode reaprender a viver sem tabaco.

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Hábitos Tabágicos
As explicações do fumador podem ser múltiplas: o stress, a falta de coragem, a necessidade de
fumar para ser capaz de trabalhar ou o cigarro para ganhar confiança em público são apenas
algumas das justificações mais ouvidas.
3. MÉTODO
Passado u questionário sobre hábitos tabágicos, realizado pela turma.

3.1. Amostra
A amostra estudada são os alunos da Escola Superior de Saúde de Faro.

3.2. Instrumento de recolha de dados


Foi elaborado um questionário nas aulas de Educação e Comunicação em Saúde tendo em vista
o estudo dos hábitos tabágicos dos alunos da Escola Superior de Saúde de Faro. (Questionário
em anexo)

3.3. Procedimentos
Começou-se por elaborar os questionários, que posteriormente foram distribuídos pelos alunos
da Escola Superior de Saúde de Faro. Procedeu-se então à recolha dos questionário e depois
analisou-se os dados recolhidos. A seguir, concluiu-se acerca dos dados obtidos.
7. CONCLUSÃO
Podemos concluir que o consumo de cigarros é a mais devastadora causa evitável de doenças e
mortes prematuras da história da humanidade, e que ultimamente se tem vindo a assistir a um
crescente consumo por parte das mulheres.

ANEXOS
Gráfico I - Evolução da prevalência do Tabagismo em Portugal
Comissão Europeia e Instituto Nacional de Estatística

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