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UBI - Mestrado em Supervisão pedagógica Trabalho Individual –

Carlos Maricoto Silva


Professora Carina Guimarães

Reflexão individual: Trabalho III


Como promover a auto-regulação na supervisão pedagógica.

Neste 3º trabalho individual, foi-nos possibilitado optar por uma exposição


teórica sobre o tema, ou uma reflexão prática, visando um caso concreto desta
temática. Optei pelo caso concreto, e ainda por cima muito actual que é esta
nova Avaliação do Desempenho Docente (à frente designada por ADD). Irei
tentar nas poucas linhas permitidas para este trabalho, descrever o quão difícil
se torna este processo de supervisão conjugado com a auto-regulação.
O conceito de supervisão não sendo novo, ganha novamente uma
grande relevância com a implementação da ADD, num contexto de Reforma do
Sistema Educativo, em que a observação de aulas não se limita aos professores
que se encontram em formação inicial, mas a todos os professores que estão
inseridos no sistema. Não sendo uma prática comum no nosso Sistema
Educativo, esta medida tornou-se muito controversa e possibilitou a união de
uma classe profissional com vista à sua rejeição como nunca se tinha
observado. Trazendo a supervisão para o campo de todos os professores em
exercício, esta provoca uma nova intervenção pedagógica pautada por conceitos
como: competências, estratégias, responsabilização, avaliação, monitorização,
qualidade, auto-regulação1.
A supervisão já não se limita à formação inicial de professores.
Contempla um campo cada vez mais alargado de investigação, fácil de verificar
pela literatura produzida pelos investigadores em educação e pelo leque cada
vez mais alargado de pós-graduações que as instituições de ensino superior
disponibilizam. O Ministério da Educação, ao introduzir este instrumento na ADD
pretende a (re) qualificação dos docentes a par da melhoria da qualidade do
ensino ministrado nas escolas públicas. Tem como pano de fundo, a reflexão
sobre:
• A auto-regulação do ensino e da aprendizagem.

• A investigação / acção no processo educativo.

• A melhoria da prática pedagógica.

• Uma “nova” relação com a comunidade educativa.


A ADD, como não poderia deixar de ser, está entroncada numa base
teórica que dá relevância à supervisão. Isabel Alarcão e Maria do Céu Roldão
definem-na como “um conceito alicerçante de construção do conhecimento

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profissional”2.A escola é a referência do professor em termos de construção do


conhecimento.
Existem várias teorias e modelos / práticas de supervisão (Behaviorista,
clínica, psico-pedagógica, reflexiva etc…), mas a relevância do processo de
supervisão na construção e desenvolvimento do professor enquanto ser
aprendente, colaborativo e reflexivo é comum a todas as teorias e modelos. A
supervisão encarada duma forma construtivista, ligada às aprendizagens e
melhoria das práticas pedagógicas, pode contribuir para a melhoria da qualidade
da educação, do desempenho profissional e da promoção de um clima auto-
regulatório nas escolas.
É consensual que a sala de aula detém o principal papel na promoção do
sucesso educativo dos alunos, independentemente das diferentes variáveis que
nela coexistem. A supervisão em contexto de ADD pode dar uma excelente
contribuição para promover a auto-regulação na organização das aprendizagens
dos alunos e na gestão curricular por parte dos professores.
Neste quadro de ADD, o supervisor (encarando grandes adversidades
por parte dos professores, pois é visto como um avaliador ), terá de reordenar o
ciclo da supervisão alargando os encontros pré-observação e pós observação da
prática lectiva para enfatizar a prática reflexiva. Se é objectivo da supervisão
melhorar o nível de desempenho do professor e consequentemente a qualidade
das aprendizagens dos alunos, cabe ao supervisor através de um processo
negocial e de respeito mútuo promover a investigação / acção e os processos
reflexivos na prática pedagógica. Nesta dinâmica, o supervisor não pode
desligar-se da sua vertente formativa para a transformar numa dimensão
correctiva e classificativa ou ser controlo, superioridade e imposição. Pelo
contrário tem de fomentar a análise e interpretação de práticas, processos,
acções e resultados. Incentivar a auto-reflexão na acção e sobre a acção,
estratégias e meios motivadores gestores da aprendizagem e seus efeitos.”A
relação facilitadora e encorajadora, que se pretende estabelecer, assentará na
existência de uma relação interpessoal positiva, saudável, em que todos se
sintam comprometidos com um objectivo comum – a melhoria das
aprendizagens dos alunos através de um processo de ensino / aprendizagem de
qualidade, ministrado em condições facilitadoras da aprendizagem”3.
Será justamente nesse alargamento dos encontros pré e pós observação
que se poderá reflectir sobre as condições facilitadoras da aprendizagem,
estratégias de aprendizagem e estratégias de auto-regulação que os alunos
podem utilizar.
As condições facilitadoras da aprendizagem estão dispersas por uma
vasta literatura, e comportam todo o espaço físico, materiais ao dispor dos
alunos, processos motivacionais tanto de professores e alunos para ensinar e

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aprender, assim como o tipo de relacionamento interpessoal que se desenvolve


na comunidade educativa.
O professor deve ter bem definido o que são estratégias de
aprendizagem:
“Estratégia é uma sequência de procedimentos organizados para alcançar uma
determinada aprendizagem” (Cano-Garcia & Justicia, 1994, citado por autor
desconhecido).
“Nas últimas décadas, tornou-se claro que uma das questões fundamentais da
aprendizagem auto-regulada é a capacidade do aluno para seleccionar,
combinar e coordenar as estratégias cognitivas de uma maneira eficaz”
(Boekaerts, 1999, citado por autor desconhecido).
“Os estudantes podem ser ensinados ou incitados a transformarem-se em
alunos mais auto-reguladores através da aquisição de estratégias eficazes e
incrementando as suas percepções de auto-eficácia” (Zimmerman, 1989, citado
por autor desconhecido).

Estratégias Definição

1-Auto-avaliação Declarações indicando as avaliações dos alunos sobre a qualidade ou


processos do seu trabalho. “Verifiquei o meu trabalho para ter a
certeza que estava bem”.

2-Organização e Declarações indicando as iniciativas dos alunos para reorganizarem,


transformação melhorando-os, os materiais de aprendizagem. “Faço resumos a partir
de frases que retiro do manual”.

3- Declarações indicando o estabelecimento de objectivos educativos:


Estabelecimento planeamento, faseamento no tempo e conclusão de actividades.
de objectivos e “Estudo duas semanas antes do teste”.
planeamento

4-Tomada de Declarações indicando os esforços para registar eventos ou


apontamentos resultados. “Escrevo num bloco tudo o que o professor diz na aula”.

5-Procura de Declarações indicando os esforços dos alunos para adquirir


informação informação extra. “Vou à Net, Vou à biblioteca”.

6-Estrutura Declarações indicando esforços para seleccionar ou alterar o


ambiental ambiente físico ou psicológico. “Vou para o meu quarto. Não quero ser
interrompido”.

7-Auto- Declarações indicando a imaginação ou a concretização de


consequências recompensas ou punições para os sucessos ou fracassos escolares.
“Se o teste me correr bem, ofereço-me gomas”.

8-Repetição e Declarações indicando as iniciativas e os esforços dos alunos para


memorização memorizar o material. “Faço perguntas e respostas numa folha”.

9-Procura de Declarações indicando as iniciativas dos alunos para procurarem


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ajuda social ajuda dos pares, professores e adultos. “Vou perguntar à minha mãe”.

10-Revisão de Declarações indicando os esforços/Iniciativas dos alunos para relerem


dados notas afim de se prepararem para um exercício ou teste. “Leio tudo o
que pesquisei”.

Estratégias de auto-regulação da aprendizagem (adaptado de Zimmerman


& Martinez-Pons, 1986)
Capacidade de acção educativa e auto-regulação, postura crítica face
aos contextos profissionais, promoção da autonomia dos alunos, gestão
diferenciada das aprendizagens, processos de reflexão e experimentação,
observação, abertura, monitorização, comunicação e negociação, diálogo e
partilha são algumas das palavras chave que se poderiam aplicar a esta
implementação da ADD no nosso sistema educativo. Este modelo de ADD passa
por uma plataforma de entendimento entre professores e supervisores, onde
deve prevalecer o princípio da confiança mútua, transparência, envolvimento
positivo dos sujeitos envolvidos na valorização da profissão, na qualidade e
eficácia dos resultados.

Referências bibliográficas.
1. CASEIRO, Maria dos Anjos Cohen, Acção de Formação “Supervisão
Pedagógica”, Funchal, 2007.
2. ALARCÂO, Isabel e ROLDÂO, Maria do Céu, Supervisão. Um contexto
de desenvolvimento profissional dos professores, Edições Pedago,
Mangualde, 2008.
3. CASEIRO, op. cit.
4. ALARCÃO, Isabel, Formação reflexiva de professores. Estratégias de
supervisão, Porto Editora, 1996..
5. SÁ-CHAVES, Idália, organização de, Percursos de formação e
desenvolvimento profissional, Porto Editora, 1997.

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