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TEMÁTICA:
Migração, urbanização, pendularidade e "novas territorialidades";
TÍTULO:
Urbanização, movimento pendular e migração: surgem novas
territorialidades em áreas peri-metropolitanas? O caso do Rio de
Janeiro
Rainer Randolph,
Prof. Titular, IPPUR / UFRJ, Pesquisador CNPq
2
regionais com uma certa distância da capital. Conforme aponta Baeninger (1998),
“as cidades pequenas e de porte médio passaram a construir uma importante fatia
do dinamismo regional com a mudança da direção e do sentido dos fluxos
migratórios”. Esse processo leva a “novas espacialidades” na medida em que é
capaz “tanto de absorver quanto de reter grande parte dos fluxos migratórios que,
anteriormente, se dirigiam às grandes concentrações metropolitanas” (BAENINGER,
1999).
Em que concerne ao estado de Minas Gerais,
o desenvolvimento dos pólos regionais cria novas alternativas locacionais
com impactos evidentes no dinamismo dos movimentos migratórios. Deve-
se ainda ressaltar que a desconcentração demográfica no estado também
conta com a capacidade de retenção e atração populacional, cada vez mais
significativa, dos pequenos municípios próximos a esses pólos regionais.
Nesse sentido, percebe-se que a emergência de “novas territorialidades”
predominantemente urbanas não faz diminuir a importância do nascimento
de um novo mundo rural (UMBELINO/SATHLER, 2005).
Essa tendência mantem-se na década de 1990 conforme mostram os
resultados publicados do Censo 2000 (IBGE, 2003). o que levou a um aumento da
participação das cidades médias no aumento populacional
(VASCONCELLOS/RANGEL, 2005) .
Para o estado do Rio de Janeiro no século XXI, pressupomos que se
encontrem entre os municípios peri-metropolitanos, ou mesmo aqueles que
pertencem à franja dessa área, alguns que podem ser considerados centros
regionais e apresentam na sua dinâmica algum grau de autonomia em relação à
metrópole. Neste nosso caso, diferentemente da realidade paulista estudada por
Baeninger, esse grau é certamente mais reduzido até por causa da menor distância
desta área em relação ao núcleo da região metropolitana (no máximo 150 km). Por
isto, Castello Branco chama esses municípios de “Subnúcleos do Entorno” (2006, 8)
Portanto – lógica e ao mesmo tempo paradoxalmente -, se queremos
identificar alguma nova forma de urbanização nessas áreas, precisamos comprovar
a hipótese de que o processo de expansão metropolitana em curso fortalece (e não
enfraquece) o grau de centralidade existente de uma parte dos municípios peri-
metropolitanos.
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Vai ser preciso, então, no decorrer da nossa argumentação, mostrar que as
condições para essa hipótese são dadas; antes mesmo que se começa a discutir os
conteúdos da própria hipótese aqui apresentada.
b) Segundo, a expansão da metrópole e as transformações na sua área peri-
metropolitana estão vinculadas a diferentes formas complexas de mobilidade,
deslocamentos pendulares e migrações; eis o aspecto processual e dinâmico da
questão.
Em relação às migrações, pode-se afirmar, de uma maneira geral, que os
intensos fluxos migratórios verificados nas últimas décadas foram responsáveis por
processos de redistribuição espacial da população e da urbanização,
contribuindo para a recente importância da migração intra-estadual nos
distintos espaços regionais. Assistiu-se à concentração e desconcentração
metropolitana em curto espaço de tempo, com a diversificação dos fluxos
migratórios (Baeninger, 1998).
A autora introduz a distinção entre fluxos migratórios intrametropolitano e
intra-estadual que é importante para nossa discussão. Relacionando a escala
intrametropolitana com a intra-estadual chega-se aos seguintes resultados: no
Estado do Rio de Janeiro a migração intra-metropolitana foi responsável por quase a
metade de todas as migrações intra-estaduais; já em Pernambuco, São Paulo e Rio
Grande do Sul, essas migrações perdem importância: Em Pernambuco cai para
34,3%; em São Paulo para 23 % e chega no Rio Grande do Sul a apenas 19,5%
(Baeninger, 1998). Evidencia-se, portanto, uma intensa mobilidade intra-
metropolitana da população que se concretiza, geralmente, através de seu
deslocamento do núcleo da metrópole para áreas periféricas. Em relação a São
Paulo na década de 1980, identificou-se também um aumento dos movimentos
periferia-periferia.
As migrações circunscritas às dinâmicas interioranas foram responsáveis
por mais da metade dos movimentos intra-estaduais nos Estados do Pará,
Bahia, Minas Gerais e Paraná, demonstrando o recente fortalecimento
dessas áreas em termos econômicos e demográficos. Destaca-se que as
migrações no interior do Rio de Janeiro responderam por 19,0% do total da
migração do estado, indicando a consolidação dessa área (Baeninger,
1998).
A relação complexa entre movimento pendular e migração também já foi
objeto de estudos anteriores. Citando novamente como exemplo um estudo de
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Baeninger (1996), a autora encontra na sua investigação uma relação entre
migração e movimento pendular de chefes de famílias. Os migrantes mais recentes
em áreas metropolitanas são mais propensos a realizar deslocamentos pendulares
do que aqueles habitantes que permanecem há mais tempo em um determinado
lugar. Aparentemente, no caso desses migrantes, a mudança de sua residência não
os aproximou ao seu lugar de estudo ou trabalho. Pode-se arriscar, talvez, a
hipótese que na decisão sobre o deslocamento da residência o local de trabalho
teve um papel subordinado; ou por causa de imposições externas (mercado
imobiliário, renda familiar etc.), ou por razões subjetivas da busca pela proximidade
ao consumo (shopping), lazer, “verde”, segurança, tranqüilidade etc. decorrentes de
valores de consumo e entretenimento.
Apesar de não poder trabalhar explicitamente a complexidade no presente
trabalho, vale destacar que no nosso caso seria necessário, a princípio, considerar
três diferentes tipos de deslocamentos. Além dos mencionados deslocamentos
permanentes (migração) e dos deslocamentos contínuos com freqüência diária
(comutação), o entendimento da realidade peri-metropolitana ia exigir uma terceira
modalidade: os deslocamentos periódicos com uma freqüência reduzida. Como há
uma crescente penetração nas áreas peri-metropolitanas por casas de fim de
semana, os movimentos pendulares com freqüência semanal ou mesmo semestral
tem uma grande importância para a determinação das atuais características da área
peri-metropolitana. São mais importantes ainda em relação ao potencial dessa área
de ser receptor de um repentino e qualificado deslocamento em maior escala
(migração) na medida em as condições materiais (e infra-estruturais) já são dadas
em grande medida através das segundas residências desse grupo.
Em outro lugar desenvolvemos essa idéia mais aprofundamente (RANDOLPH
2005).
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uma fronteira em comum com ela. Em tese devíamos dirigir nossa atenção para
processos que fortalecem os centros regionais em torno da metrópole. Mas, por falta
de dados adequados desistimos dessa empreitada.
Por isto o que interessa aqui são os fluxos que vão se uma região para outra
ou mesmo aquelas que constituem certas “regiões” em torno das cidades médias
encontradas no entorno da metrópole. Não cabe aqui entrar num debate acerca do
termo e conceito da região.
Conseqüentemente, nossa atenção está voltada para aqueles deslocamentos
da população que partem de dentro das regiões metropolitanas e tem como destino
outras “regiões” próximas, mas não metropolitanas. Há na literatura diferentes
autores que procuram caracterizar esse processo por meio de diferentes termos
como involução urbana ou metropolitana (SANTOS, 1996), urbanização extensiva
(Monte-Mor 1994), contra-urbanização (BERRY, 1976) e, mesmo, implosão/explosão
metropolitana (Lefebvre 1999) como marco da propagação de uma “sociedade
urbana”.
Pode-se identificar duas perspectivas distintas a respeito da interpretação
desses processos de expansão. Por um lado, há aqueles que admitem o processo
de um espraiamento para além das fronteiras metropolitanas e, inclusive, identificam
o advento de uma nova geografia de cobertura global baseada na valorização das
cidades à medida que assumem um crescente número de funções globais e no
conseqüente surgimento de novas centralidades no sistema das cidades mundial
(vide p. ex. Mattos 2001). Porém, esse processo não passa, conforme o mesmo
autor, de uma “metropolização expandida, na qual, progressivamente, vão ser
ocupadas às aldeias e áreas rurais que se encontram em seu caminho,
transbordando uma e outra vez seus limites anteriores.” Mattos como muitos outros
autores – vide para o caso do Rio de Janeiro particularmente Castello Branco (2006)
- não considera essas tendências como novas, mas
como uma culminação lógica e previsível de uma forma de urbanização
capitalista, que já se havia anunciado antes. E que, portanto, a partir
dessa perspectiva, o tipo de cidade que agora se está desenvolvendo
seria o resultado de um conjunto de mutações perfeitamente
compatíveis com a modalidade específica daquela urbanização cujas
origens seguramente deve se situar no momento em que se inicia a
revolução industrial (MATTOS, 2001).
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Entretanto, existe uma forma diferente de interpretar os mesmos processos.
Aguilar (2002) chega a conclusões que contradizem essa visão de Mattos a partir do
estudo do desenvolvimento econômico e da estrutura territorial metropolitana da
Cidade de México. Para Aguilar, os estudos sobre o papel das grandes cidades
dentro da economia global negligenciam o desenvolvimento das periferias
metropolitanas e, por causa disto, não conseguem identificar que a expansão
metropolitana está adquirindo uma forma diferente àquela do passado recente.
Em anos mais recentes, podemos apreciar que na medida em que
diminuiu o crescimento da grande metrópole, continuou um importante
crescimento das cidades intermediárias próximas à primeira, com o qual
tem se aumentado uma marcada concentração de atividades produtivas
e de população urbana em uma ´região central´ que contém a maior
cidade do país, mas cobre um território muito mais amplo (AGUILAR,
2002).
Acrescenta ainda que
as expandidas e cada vez mais difusas periferias metropolitanas ao
redor dessas grandes cidades tornaram-se sumamente importantes para
entender a natureza em mudança das mega-cidades; .... Em termos
territoriais, a mega-cidade apresenta na atualidade uma expansão mais
policêntrica através de centros e sub-centros urbanos que seguem um
padrão de rede que tende a ampliar-se ao longo das principais rodo e
ferrovias que saem em forma radial do centro da grande cidade”
(AGUILAR, 2002).
Como já anunciado antes, a perspectiva do nosso trabalho corresponde a de
Aguilar. Na medida em que não descartamos, como o citado autor, a presença de
uma nova dinâmica urbana nessas periferias fora das regiões metropolitanas,
parece-nos justificado designá-las com um nome próprio que tanto expresse sua
distinção em relação à metrópole e sua área de influência, como faça alusão que
essa realidade não possa ser entendida sem a presença da metrópole. Parecia,
então, a qualificação de “peri-metropolitana” bastante adequada para a designação
de um conjunto de municípios limítrofes às regiões metropolitanas dessas áreas
(vide RANDOLPH 2005). Na literatura, esse termo surgiu ao menos desde o início
da década de 1990 (HART 1991) em investigações fundamentalmente na Austrália
que diziam respeito às metrópoles daquele país (vide, por exemplo, MURPHY,
BURNLEY 1993; BURNLEY, MURPHY 2002). No presente ensaio, não cabe
aprofundar essa discussão (vide, por exemplo RANDOLPH/GOMES, 2007a).
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Os fenômenos e processos – migração e movimento pendular - sob
investigação precisam ser compreendidos nos seus contextos históricos. Uma breve
contextualização histórica torna-se indispensável quando se segue a argumentação
de Singer (1980; apud OLIVEIRA, 2006):
Como qualquer outro fenômeno social de grande significado na vida das
nações, as migrações internas são sempre historicamente condicionadas,
sendo o resultado de um processo global de mudança, do qual elas não
devem ser separadas. Encontrar, portanto, os limites da configuração
histórica que dão sentido a um determinado fluxo migratório é o primeiro
passo para o seu estudo.
Esse desafio, talvez, possa ser explicitado quando percebemos essa última
passagem como aquela que, tendencialmente, está a caminho de superar tanto as
determinações intrínsecas à sociedade industrial do desenvolvimentismo, como a
sociedade de consumo que foi se constituindo para uma pequena, mas poderosa
minoria no Brasil a partir dos anos 1950. Se na sociedade industrial (caracterizada
por assalariamento e integração nacional de mercados – inclusive o de trabalho) os
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deslocamentos populacionais são em boa parte determinados pelas relações de
produção, na sociedade de consumo é a reprodução que assume o papel de orientar
os fluxos migratórios e movimentos pendulares. A residência daqueles que fazem
parte dessa sociedade – uma pequena, mas hegemônica parcela da população –
não está mais escolhido por razões vinculados ao mundo do trabalho; mas ao
mundo do consumo (lazer, entretenimento, tranqüilidade, segurança etc.).
A fase pós-moderna, nos preferimos chamar esse período mais recente de
transição para a sociedade urbana (LEFBEVRE, 1999), caracteriza-se pela
superação das dicotomias constituintes das fases anteriores. As migrações e os
movimentos pendulares deixam ter vínculo estreito tanto com o mundo do trabalho
como com o mundo do consumo; as oposições entre produção e reprodução,
trabalho e lazer, cotidiano e festa etc. vão ser superadas e reformatados na
sociedade urbana. Sem poder prever, hoje, as formas de mobilidade e migração que
vão ser características para essa sociedade, parece-nos plausível que as distinções
entre deslocamentos permanentes, deslocamentos contínuos (diários),
deslocamentos periódicos com uma certa freqüência e deslocamentos esporádicos
vão ser qualitativamente transformadas.
Por isto acreditamos será necessário, desde já, voltar nossa atenção a formas
de deslocamentos – como as acima mencionados periódicos semanais ou
semestrais – que possam anunciar as formas de movimentos de amanhã. É claro, e
logo isto vai ficar patente no nosso próprio ensaio, que as informações das quais
dispomos limitam a investigação dessas formas. Mesmo assim, acreditamos ser
importante, ter em mente que devemos estar preparados amanha para lidar com
esse aumento da complexidade dos fenômenos e processos..
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que leva milhares de cariocas para as praias e montanhas ao redor da região
metropolitana.
Observa-se como essa forma de deslocamento se transforma ou num
deslocamento permanente com a mudança da residência das pessoas para suas
segundas residências ou deslocamento mais contínuo onde essa mudança não traz
consigo também o deslocamento do lugar de trabalho. Por isto começamos a
estudar tanto as migrações para lugares dentro dessa área peri-metropolitana como
os deslocamentos pendulares que podem, ambos, sem muita precisão, dar uma
idéia se aquele processo de “urbanização pós-modera” ou da transição para a
sociedade urbana já pode estar em curso.
Certamente, os dados apenas vão permitir ter uma aproximação muito
precária a esses novos fenômenos; mas, acreditamos que vale a pena mesmo
assim. Por isto vamos, no presente item, “revisitar” brevemente o conceito do
movimento pendular.
Nas palavras de Moura, Castello Branco e Firkowsi (2005),
As informações sobre deslocamentos domicílio-trabalho/estudo constituem
importante referencial para a análise dos processos de metropolização e
expansão urbana. Na atualidade, verifica-se que esses deslocamentos
ocorrem entre distâncias cada vez maiores entre a origem e o destino,
revelando o avanço do processo de ocupação do espaço das aglomerações
urbanas. As centralidades dessas áreas tornam-se nítidas e permitem a
identificação de processos seletivos de uso e apropriação do espaço, com
segmentação dos locais de moradia e de trabalho.
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TABELA 1
População Residente
Região Metropolitana 10 710 109 6 789 290 5 979 468 797 039 11.74
Rio de Janeiro 5 857 738 3 779 550 3 736 228 36 275 0.96
Belford Roxo 434 394 261 823 178 535 82 917 31.67
Duque de Caxias 775 406 471 939 372 585 98 686 20.91
Nova Iguaçu 920 572 563 598 424 831 137 415 24.38
São Gonçalo 891 108 564 508 415 140 148 719 26.34
São João de Meriti 449 463 276 416 182 531 93 256 33.74
Núcleo Metropolitano 5 857 738 3 779 550 3 736 228 36 275 0.96
Periferia
4 852 371 3 009 740 2 243 240 760 764 0.25
Metropolitana
Média dos 25% mais 32.58
Média total 22.94
Média dos 25 % menos 12.75
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Entre os estudos clássicos, observa-se uma certa compreensão de que os
movimentos migratórios variam quanto à duração e à escala de
abrangência, e que aqueles de caráter cotidiano devem ser compreendidos
no contexto em que se inserem, predominantemente urbano. (MOURA,
CASTELLO BRANCO e FIRKOWSKI (2005),
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5. CARACTERÍSTICAS DOS MUNICÍPIOS PERI-METROPOLITANOS:
DESLOCAMENTO PENDULAR E MIGRAÇÕES
a) Deslocamentos pendulares e indícios de regionalizações na área peri-
metropolitana e sua franja
Área Peri-Metropolitana 809 451 526 575 489 439 35 987 6.83
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parece estar encerrada neles mesmos. A compreensão da importância dos outros
municípios necessita uma ampliação do universo de pesquisa para municípios
vizinhos daqueles que constituem a área peri-metropolitana – a uma “franja peri-
metropolitana” como apresentado na TABELA 3.
TABELA 3
População residente
Deslocamento para trabalho e estudo
Franja Peri-Metropolitana e
Trabalhavam ou
municípios de residência Trabalhavam ou
Total Trabalhavam ou estudavam no Relação
estudavam em outro
estudavam (A) município de (C/A) %
município da UF (C)
residência (B)
Franja Peri-Metropolitana 1 482 759 950 854 866 355 79 110 8.32
Nova Friburgo 173 399 119 463 117 159 2 011 1.68
São José do Vale do Rio Preto 19 277 12 273 11 545 728 5.93
Volta Redonda 242 042 152 927 144 115 7 689 5.03
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Na TABELA 3 encontram-se os 16 municípios nomeados com os respectivos
dados sobre a mobilidade pendular da sua população. Uma primeira análise indica
que dois dos 16 municípios mostram altas taxas de movimento pendular por serem
vizinhos ao pólo siderúrgico-metal-mecânico importante do Médio Vale do Paraíba
do Sul (Volta Redonda e Barra Mansa); por isto, nos não os consideramos
pertencentes à franja peri-metropolitana do Rio de Janeiro.
Três municípios apresentam taxas muito baixas – pouco acima de 1 % - o que
pode significar uma relativa autonomia de seu mercado de trabalho e sistema
educacional. Essa conclusão deve, pelo menos, ser válida para Angra dos Reis e
Nova Friburgo que, neste sentido e aspecto, também se encontram fora de uma
influência mais significativa da metrópole.
Os outros municípios com taxas relativamente mais elevadas – entre 6 e 8 %
- estão vinculados a outros municípios que fazem parte da área peri-metropolitana
(Areal, Paraíba do Sul e Paty de Alferes) e a Angra dos Reis ou, de novo, ao centro
industrial do Médio Rio do Paraíba do Sul (Piraí e Rio Claro) que não mantém
vínculo mais forte com a região metropolitana.
Em termos da regionalização da área peri-metropolitana – observando aqui
com a mobilidade pendular apenas um dos critérios possíveis –, podemos constatar
que essa sua franja (sem consideração de Barra do Piraí e Pinheiral) apresenta uma
média relativamente baixa de aproximadamente 5 % da população trabalhando e
estudando fora do seu município em relação à média do grupo de municípios que
faz parte da Área Peri-Metropolitana.
Interessante ainda é uma comparação da heterogeneidade em cada grupo:
na “franja” os valores oscilam entre 1,34% e 7,66%; na área peri-metropolitana entre
2,08% e 9,92% o que mostra que os fluxos do segundo grupo são tendencialmente
maiores do que o primeiro.
Em síntese, sem puder concluir nada em relação ao surgimento de uma nova
regionalização que envolve tanto as metrópoles como seu entorno mais ou menos
imediato, temos indícios que os municípios que integram a Área Peri-Metropolitana
se caracterizam por um fluxo de trabalhadores e estudantes relativamente maiores
do que aqueles que são mais distantes ainda; que, por sua vez, estão vinculados a
determinados daquelas cidades peri-metropolitanas.
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Neste sentido, a Área Peri-Metropolitana pode exercer uma função de
mediação entre a metrópole e regiões mais distantes e reforçar sua posição nessa
cadeia de influências. Defendemos aqui a hipótese de que essa mediação não
corresponde mais aquela tradicional das cidades médias dentro de uma hierarquia
urbana. Mas, a comprovação dessa hipótese, certamente vai exigir investigações
mais qualitativos como estamos realizando em alguns “pontos” (municípios) em
torno da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Pois, apesar do inquestionável
mérito das pesquisas empíricas e estatísticas a respeito das transformações das
metrópoles contemporâneas – como aquela que acabamos de realizar aqui -, seu
valor parece limitado quando se encara o processo de mudança em toda sua
profundidade.
Dentro desse quadro geral das transformações que observamos aqui nos
últimos 20 a 25 anos, para avançar no entendimento dos processos, é necessário
empreender pesquisas estatísticas mais sofisticadas como aquelas como, no caso
do Rio de Janeiro, as de Castello Branco (2006) para identificar outras
características dessa rica rede de articulações em torno da metrópole do Rio de
Janeiro.
É essa potencialidade de uma certa “flexibilidade da função” - sob constância
da forma - que nos leva a chamar atenção, no final do nosso pequeno ensaio, para o
fato de que cada investigação pressupõe um certo posicionamento – muitas vezes
implícito – com relação ao seu “objeto” ou aquilo que compreende como sua
“realidade”. A problemática apresentada nesse pequeno ensaio só vai poder ser
investigada adequadamente, ao nosso ver, se a “realidade” estudada for
compreendida a partir do conceito de Lefebvre que atribui ao real uma virtualidade
própria e propõe identificar, nela mesma, seu potencial futuro – possibilidades que
se podem (ou não) tornar real (LEFEBVRE 1999, p. 16).
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Já observamos anteriormente que desde a década de 1980 o crescimento
populacional se desloca dos núcleos metropolitanos para os municípios localizados
na sua periferia. Essa afirmação pode ser verificada em relação ao Ro de Janeiro e
sua área metropolitana também para a década de 1990 como mostra a seguinte
TABELA 4.
TABELA 4
Regiões de Governo Taxa média Taxa líquida de Taxa de crescimento
e municípios geométrica de migração (%) vegetativo (%)
crescimento anual (%)
Estado 1,30 0,19 1,11
Região Metropolitana 1,12 0,06 1,06
Nilópolis -0,31 -1,41 1,10
São João de Meriti 0,60 -0,85 1,46
Niterói 0,58 -0,27 0,85
Rio de Janeiro 0,74 -0,13 0,87
Duque de Caxias 1,67 0,12 1,56
Paracambi 1,18 0,13 1,05
Tanguá 1,27 0,13 1,15
São Gonçalo 1,49 0,28 1,21
Nova Iguaçu 1,97 0,57 1,40
Belford Roxo 2,09 0,65 1,44
Japeri 2,67 0,77 1,90
Queimados 2,37 0,85 1,51
Magé 2,57 1,01 1,56
Itaboraí 3,34 1,74 1,60
Seropédica 2,48 1,74 0,73
Guapimirim 3,44 1,80 1,64
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE.
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Região Serrana na sua totalidade tem um desempenho pior do que a Região
Metropolitana, mas alguns municípios mostram taxas de crescimento e
deslocamento moderadas acima da média estadual.
TABELA 5
Taxa de
Regiões de Governo Taxa média Taxa líquida de
crescimento
e municípios geométrica de migração (%) vegetativo (%)
crescimento anual (%)
Estado 1,30 0,19 1,11
Região Metropolitana 1,12 0,06 1,06
Rio de Janeiro 0,74 -0,13 0,87
Região Serrana* 1,01 -0,13 1,14
Petrópolis 1,28 0,21 1,08
São José do Vale do Rio Preto 2,47 0,97 1,50
Teresópolis 1,51 0,09 1,42
Nova Friburgo 0,41 -0,61 1,02
Sumidouro 0,99 -0,17 1,15
Região das Baixadas Litorâneas 4,31 2,83 1,48
Araruama 3,83 2,23 1,61
Cachoeiras de Macacu 2,12 1,04 1,07
Maricá 5,71 4,49 1,22
Rio Bonito 1,07 -0,32 1,39
Saquarema 3,68 2,47 1,21
Silva Jardim 1,78 0,34 1,44
Região Centro-Sul Fluminense 1,19 0,04 1,14
Areal 2,08 0,43 1,65
Mendes 0,45 -0,40 0,85
Miguel Pereira 2,32 1,32 1,00
Engenheiro Paulo de Frontin 0,09 -0,69 0,78
Paraíba do Sul 1,09 0,06 1,03
Paty do Alferes 1,87 0,44 1,43
Pinheiral
Piraí
Rio Claro
Três Rios 0,97 -0,37 1,35
Vassouras 1,04 -0,17 1,21
Região da Costa Verde 3,47 1,48 1,99
Angra dos Reis 3,76 1,85 1,91
Itaguaí 3,40 0,99 2,41
Mangaratiba 3,72 2,35 1,37
Fonte: Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro - CIDE.
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da ocupação urbana; há um deslocamento para áreas urbanas periféricas, tanto no
interior, como – e mais acentuadamente – na franja da Região Metropolitana.
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FIGURA 1 - Espaço Urbano do Rio de Janeiro – Fluxos de Movimento Pendular excluindo a
Metrópole do Rio de Janeiro; Fonte: Castello Branco, 2006: 8
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