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ARTIGO ARTICLE 389

Geoprocessamento, ambiente e saúde:


uma união possível?

Are geoprocessing, environment, and


health a possible combination?

Christovam Barcellos 1
Francisco Inácio Bastos 1

1 Departamento de Abstract Abstract The use of geoprocessing techniques allows one to gather socioeconomic,
Informações para a Saúde,
health, and environmental data on a spatial basis. However, interpretation of associations be-
Centro de Informação em
Ciência e Tecnologia, tween epidemiological and environmental variables requires the geoprocessing system design.
Fundação Oswaldo Cruz. The study scale and object choices precede conception of the system, conditioning the possible
Avenida Brasil 4365,
statistical and visual results. This scale must be compatible with the phenomenon on which one
Rio de Janeiro, RJ
21045-900, Brasil. intends to focus, aiming at internal homogeneity and external heterogeneity of spatial units. The
interdependency of spatial processes, reflected in the spatial configuration of social, environ-
mental, and epidemiological data distribution, affects interpretation of causes for simultaneous
processes. Geoprocessing allows for knowledge of the context or situational surroundings in
which the damage to health takes place.
Key words Geoprocessing; Environmental Analysis; Environmental Health; Epidemiology;
Public Health

Resumo O uso do geoprocessamento tem permitido a reunião de bancos de dados sócio-econô-


micos, de saúde e ambientais em bases espaciais. A interpretação dos resultados de associações
entre variáveis epidemiológicas e ambientais depende, no entanto, do desenho do sistema de
geoprocessamento. A escolha da escala e objeto de análise precede a concepção do sistema, con-
dicionando os possíveis resultados estatísticos e visuais. Esta escala deve ser compatível com o
fenômeno que se pretende enfocar, buscando-se uma homogeneidade interna e heterogeneidade
externa das unidades de análise escolhidas. A interdependência de processos espaciais, que se re-
fletem na sua configuração social, ambiental e epidemiológica, pode, se não adotada metodolo-
gia correta, impedir o estabelecimento de causas para processos simultâneos. O geoprocessa-
mento permite, por outro lado, o entendimento do contexto em que se verificam fatores determi-
nantes de agravos à saúde.
Palavras-chave Geoprocessamento; Análise Ambiental; Saúde Ambiental; Epidemiologia;
Saúde Pública

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“Essa cidade que não se elimina da cabeça é co- vido a estudos exploratórios mas não permite
mo uma armadura ou um retículo em cujos es- por si só a incorporação do espaço e seus ele-
paços cada um pode colocar as coisas que dese- mentos no âmbito da pesquisa em saúde. As
ja recordar: nomes de homens ilustres, virtudes, diferenças de incidências de câncer entre di-
números, classificações vegetais e minerais, da- versos países têm permitido o estabelecimento
tas de batalhas, constelações, partes do discur- de hipóteses etiológicas da doença (Hutt &
so.” – Italo Calvino em “As cidades invisíveis” Burkitt, 1986). Se é verdade que a incidência de
câncer de estômago no Japão é significativa-
mente mais alta que a média mundial, morar
Introdução neste país não pode ser considerado aprioristi-
camente como fator de risco. Antes disso, esta
A relação entre exposição ambiental a agentes diferenciação sugere a existência de padrões
de risco e condições de saúde tem sido estuda- genéticos, culturais ou ambientais que podem
da principalmente na dimensão temporal. As contribuir para a determinação de risco àquela
associações entre qualidade do ar e mortalida- população. Isto porque a diferenciação espa-
de por doenças pulmonares (Anto, 1989; cial subentende diversos outros diferenciais,
Schwartz & Marcus, 1990) são exemplos de es- tais como cultura, educação, renda, caracterís-
tudos valiosos no campo da saúde ambiental ticas genéticas e habitacionais.
que procuram avaliar o impacto de condições Na tentativa de estabelecer pesos para fato-
ambientais adversas sobre a saúde em curtos res genéticos e ambientais, estudos epidemio-
períodos de tempo. Se estas relações são obser- lógicos têm concentrado esforços sobre mi-
vadas no tempo, não são da mesma maneira grantes, que deveriam manter seu perfil de
evidentes na dimensão espacial. Isto porque no morbi-mortalidade no país de destino se o fa-
espaço encontram-se superpostas outras ins- tor genético fosse predominante. Vários traba-
tâncias da sociedade, como a econômica e a lhos, no entanto, têm mostrado que as taxas de
cultural-ideológica, além de fatores propria- mortalidade de migrantes tendem a se aproxi-
mente ambientais (Santos, 1988), que se mani- mar daquelas observadas no país de destino
festam em variáveis sócio-econômicas quanti- (WHO, 1983), o que demonstra a pressão do fa-
ficáveis que podem atuar como fatores de con- tor ambiental sobre os padrões de morbi-mor-
fusão (‘confoundings’) em estudos ecológicos talidade.
(Jacobson, 1984). Se a categoria espaço é depositária de uma
A indistinção entre variáveis de saúde, seus série de variáveis inter-relacionadas, como iso-
determinantes e seus contornos sócio-econô- lar os fatores ambientais dos demais nas análi-
micos fez com que diversos preconceitos étni- ses epidemiológicas? Se este espaço é resulta-
cos, culturais e ambientais fossem incorpora- do da ‘acumulação desigual dos tempos’ (San-
dos à chamada ‘geografia médica’. Os primei- tos, 1988), como entender a relação entre estas
ros trabalhos desta disciplina procuraram vin- variáveis através de cortes transversais? Este
cular áreas endêmicas de doenças a determi- trabalho levanta algumas questões pertinentes
nadas características culturais, raciais e climá- à utilização do geoprocessamento nas análises
ticas de ambientes e grupos populacionais de de ambiente e saúde. Longe de tentar esgotar o
maneira determinista (Lacaz et al., 1972). Estas assunto, o trabalho procura incorporar a esta
correlações foram estabelecidas de forma mar- análise alguns conceitos desenvolvidos na
cadamente inclusiva (as “doenças tropicais”) Geografia e propõe um conjunto de técnicas de
ou disjuntiva (a idéia dos cordões sanitários; mapeamento, buscando a análise integrada de
Gould, 1993). Alguns destes equívocos meto- riscos à saúde decorrentes de agentes ambien-
dológicos não podem ser imputados à carência tais.
de informações e de instrumentos de análise
no passado. O geoprocessamento, entendido
como “um conjunto de técnicas de coleta, exi- Escala e objeto de análise
bição e tratamento de informações espaciali-
zadas” (Rodrigues, 1990), permite a análise Fatores culturais, econômicos, demográficos e
conjunta de uma gama de variáveis sócio-am- ambientais estão presentes em todas as escalas
bientais, mas pode, da mesma maneira, indu- em que se represente o espaço. É talvez na es-
zir a estes equívocos. cala global que as variáveis culturais apresen-
A regionalização é freqüentemente utiliza- tem maiores diferenciais. Estes contrastes, po-
da em estudos epidemiológicos como uma va- rém, estão presentes na escala nacional, regio-
riável de análise junto a outras, como sexo, ida- nal e local com menor intensidade, ou se mos-
de e classe social. Este tipo de análise tem ser- tram ‘desbotados’ em relação a outros fatores

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de diferenciação populacional. A variável ren- No caso do geoprocessamento, a escolha da


da possui fortes diferenciais em todas as esca- escala de trabalho se delineia com o estabele-
las possíveis de análise. Serve para distinguir cimento a priori das unidades de agregação
conjuntos de países, da mesma forma que con- de dados e da extensão do território de traba-
juntos de bairros. A rigor, não existe o que se lho. Por exemplo, ao se trabalhar com os mu-
costuma denominar ‘regiões homogêneas’, nicípios do Brasil (numa escala de 1:1.000.000)
uma vez que o espaço é infinitamente divisível as cidades podem ser representadas por pon-
e diferenciado internamente. O espaço geográ- tos. Neste caso, as diferenciações internas às
fico é definido por Harvey (1980) como “com- cidades desaparecem e opta-se por analisar as
plexo, não homogêneo, talvez descontínuo e relações entre cidades. Esta escolha terá con-
quase certamente diferente do espaço físico”. A seqüências importantes sobre os processos
delimitação do objeto, objetivos e hipóteses de que se pretende estudar espacialmente. Nesta
estudo é que impõem uma homogeneização da escala pode-se traçar, por exemplo, os cami-
unidade de análise, no interior da qual não é nhos do cólera no Brasil, sua introdução e di-
possível observar diferenças espaciais. Apesar fusão em regiões do país. Numa escala local
do geoprocessamento permitir a construção e (1:10.000) a incidência de cólera pode revelar
operação de bases cartográficas em diversas variáveis ligadas ao ambiente e habitação. O
escalas, a estrutura e inter-relacionamento dos famoso mapa de Snow permitiu a identificação
bancos de dados fixa um modelo de agregação de populações de risco e forneceu pistas para
de dados por unidade espacial. desvendar o modo de transmissão da doença.
Ao se definir o objeto de estudo, elege-se Como se transmite o cólera, em quais residên-
uma escala de análise que deve ser compatível cias as pessoas têm maior risco de contrair có-
com o fenômeno sobre o qual se deseja traba- lera, em quais regiões o cólera se desenvolve
lhar. A homogeneidade interna da unidade es- com maiores taxas? São perguntas diferentes
pacial depende basicamente dos critérios – e que terão respostas diferentes devido às unida-
variáveis – utilizados na concepção do sistema. des de análise escolhidas. A primeira questão
Uma importante mudança de ponto de vista se não pode ser resolvida pelo geoprocessamen-
dá entre atividades de planejamento e análise, to, enquanto as demais encontram nele um po-
que se utilizam do espaço como categoria de deroso instrumento de análise.
trabalho (Piquet et al., 1986). Para os planeja- Além de restringir sua abrangência, a esca-
dores, as diferenciações intra-regionais são su- la de análise condiciona os estudos em saúde
peradas face à relação inter-regional que dese- ambiental, fornecendo maior ou menor peso a
jam enfocar. Tendo como território de atuação fatores sociais, ambientais e econômicos. Se-
os limites administrativos do estado (sua ‘re- gundo Lacoste (1988), cada escala evidencia
gião de planejamento’), o secretário de saúde um conteúdo próprio do território enfocado.
decide a localização de um centro de saúde em Nas palavras de Dollfus (1975), uma mudança
um ou outro município, baseado em critérios de escala “implica uma alteração de fenôme-
epidemiológicos, políticos e administrativos, nos, alteração esta não apenas nas proporções
que diferenciam municípios entre si. Por sua destes fenômenos como também em sua natu-
vez, os gestores de centros de saúde dificilmen- reza”. Isto se dá exatamente porque de uma pa-
te distinguem condições diferenciadas inter- ra outra escala mudam as unidades geográfi-
namente a suas ‘áreas-programa’. Sua escala de cas. Bairros, cidades e países possuem organi-
análise é o território intra-regional e pressupõe zações internas diferentes, o que conduz a aná-
homogeneidade. Deste modo, a concepção da lise para campos do conhecimento que melhor
região como área homogênea “baseia-se na de- as expliquem. Desta maneira, as respostas a
limitação de um território a partir da uniformi- questões acerca dos padrões de distribuição
dade de certas características”, onde os crité- espacial de agravos à saúde podem variar de
rios e objetivos de trabalho indicarão as variá- acordo com a escala adotada. Um exemplo dis-
veis a serem utilizadas para regionalização (Pi- so é a verificação da alta mortalidade por aci-
quet et al., 1986). Na fase de análise e avaliação, dentes de trânsito em áreas da periferia da Re-
as unidades espaciais são definidas buscando gião Metropolitana de São Paulo (Stephens et
os maiores diferenciais inter-regionais, de mo- al., 1994). Neste caso, este agravo está relacio-
do a estabelecer as relações entre as unidades nado à pobreza, através das condições de in-
de análise escolhidas, e adotando como terri- fra-estrutura urbana e de acesso a formas mais
tório para análise as “regiões polarizadas”. A ou menos seguras de transporte. Na escala na-
preocupação com estas relações ressalta as di- cional, é razoável supor que a mesma mortali-
ferenciações inter-regionais e pressupõe hete- dade por acidentes de trânsito esteja indireta-
rogeneidade entre unidades. mente associada à riqueza, através do aumen-

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to de veículos e rodovias em regiões industriais redes de interação social, difusão de epidemias


densamente povoadas. Estes resultados, apa- e criminalidade em bolsões de pobreza de me-
rentemente contraditórios, demonstram a su- trópoles como Nova Iorque.
bordinação de processos observáveis em esca- Em segundo lugar, o espaço produzido so-
las maiores (locais) e os diferentes determinan- cialmente exerce pressões econômicas e políti-
tes de saúde dominantes em cada escala. cas sobre esta sociedade, criando condições di-
Dentre as variáveis ambientais, os fenôme- ferenciadas para sua utilização por grupos so-
nos climáticos possuem maiores gradientes es- ciais. Lugares sujeitos a exteriorizações negati-
paciais em escalas regionais ou globais. O estu- vas – próximos a indústrias poluentes, com
do dos efeitos da redução da camada de ozônio baixa oferta de serviços urbanos – tendem a
sobre a saúde deve ser desenvolvido nesta es- concentrar moradores de baixa renda em bus-
cala, já que os danos à camada de ozônio têm ca de empregos ou locais de moradia mais ba-
as dimensões de um país. Por outro lado, é no rata. As condições ambientais, neste caso, po-
nível local onde melhor se verificam fatores li- dem atuar como um fator de segregação sócio-
gados à poluição atmosférica, uma vez que a espacial (Harvey, 1980).
difusão atmosférica de poluentes pode alcan- A junção dos dois primeiros componentes
çar alguns quilômetros. A escolha da escala de- do espaço geram um mecanismo de causação
pende, portanto, da identificação prévia dos circular em que o espaço é, ao mesmo tempo,
principais fenômenos a serem estudados e sua produto e produtor de diferenciações sociais,
extensão no espaço. No caso dos estudo de im- tendo importantes reflexos sobre a saúde dos
pacto de agentes ambientais sobre a saúde, a grupos sociais envolvidos. Este processo rela-
unidade de análise deve ter extensão compatí- ciona valor e uso do solo de modo a valorizar
vel com o fenômeno que se pretende enfocar. regiões com melhores condições ambientais e
desvalorizar áreas degradadas.
Em terceiro lugar, o espaço “acumula” as
O espaço como categoria de análise transformações ocorridas na sociedade, refle-
de eventos de saúde tindo mais seu passado do que propriamente o
presente. Pessoas e empresas possuem mobili-
A utilização da categoria espaço não pode, por dades espaciais limitadas, o que necessaria-
isso, limitar-se à mera localização de eventos mente introduz a dimensão tempo nos estudos
de saúde. Isto porque o lugar atribui a cada ele- das relações entre ambiente e saúde.
mento constituinte do espaço um valor parti- Em quarto lugar, o espaço possui valor em
cular (Santos, 1988). Esta categoria adquire va- si, produzindo condições diferenciadas para a
lor importante na análise de eventos de saúde evolução de uma população ou atividade hu-
através do inter-relacionamento de seus pró- mana. Grupos populacionais de características
prios significados. sócio-econômicas semelhantes podem possuir
Em primeiro lugar, sendo o espaço resulta- perfis epidemiológicos diversificados pelo fa-
do da ação da sociedade sobre a natureza, sua to de se localizarem em lugares diferentes. As
configuração incorpora a estrutura social e sua favelas do Rio de Janeiro, Bogotá e Bangkoc
dinâmica. Deste modo, uma cidade ‘produz’ o possuem aspectos habitacionais e demográfi-
lugar dos ricos, dos pobres e da indústria, bem cos similares, estando, no entanto, sujeitas a
como estabelece fluxos de circulação de bens e riscos diferenciados devido à sua localização.
serviços. Uma cidade é necessariamente hete- Este conjunto de favelas não constitui uma re-
rogênea. gião, apesar de suas semelhanças. Partes com-
No Terceiro Mundo, esta desigualdade ad- ponentes de uma região pressupõem critérios
quire tons dramáticos com a coincidência de geográficos como a extensão e contigüidade da
carência de serviços públicos, pobreza, e baixo mesma maneira que períodos históricos de-
nível de escolaridade em vastas regiões perifé- vem se suceder no tempo.
ricas das metrópoles. Ao se avaliar o efeito das Desta forma, incorporar a categoria espaço
condições de saneamento sobre a saúde de po- em estudos de saúde, significa não só estabele-
pulações pobres, deve-se ter em mente que es- cer diferenciações entre conjuntos de regiões
tas áreas estão sujeitas a uma grave conjunção conforme características que as distingam,
simultânea de riscos, que incluem muitas ve- mas também introduzir a variável localização
zes a falta de acesso a serviços de saúde e ou- nestes estudos. Pressupõe discutir diferenças
tras deficiências habitacionais. Estudos ameri- entre estas regiões e sua relação com a estrutu-
canos contemporâneos (Wallace, 1993) anali- ra espacial na qual estão inseridas. A ferramen-
sam situações análogas de desestruturação de ta do geoprocessamento permite a incorpora-

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ção de uma gama de variáveis, como a exten- ção espacial destes dados ( Wang & Xie, 1994).
são, localização, tempo e características sócio- O sistema de mortalidade possui dados agre-
econômicas, aos estudos em saúde. gados por município de residência ou ocorrên-
Algumas das variáveis citadas são visíveis cia do óbito, exigindo um grande esforço para
ou mensuráveis indiretamente. O geoprocessa- o endereçamento de informações em unidades
mento permite a utilização destas variáveis espaciais menores, como o setor censitário
através do processamento de imagens e da ma- (Cruz et al., 1995). O município reúne grande
nipulação de bancos de dados de interesse pa- parte das condições necessárias que viabilizam
ra a análise de saúde. A disponibilidade de téc- seu uso como unidade espacial de análise por
nicas de processamento de imagens permite a ser dotado de autonomia administrativa e ser-
identificação de padrões de uso do solo com vir como referência de dados primários em
certa facilidade e precisão. Algumas variáveis saúde e ambiente. Por outro lado, poucos fenô-
extraídas destas imagens (densidade de cons- menos de origem ambiental podem ser detec-
truções, vegetação, hidrografia) podem servir à tados neste nível (Barcellos & Machado, 1991).
análise espacial de eventos de saúde por estar Os trabalhos que relacionam ambiente e
relacionada a outras de interesse mais direto saúde através da análise espacial têm se desen-
(formas de habitação, densidade demográfica volvido em três principais vertentes. Uma pri-
e qualidade ambiental). meira procura identificar padrões de morbi-
mortalidade em torno de fontes de poluição
conhecidas. Um exemplo desta abordagem são
Indicadores de risco e sua localização os levantamentos de ocorrência de leucemia
próximos a usinas nucleares (Hills & Alexander,
O espaço, visto em sua totalidade como um 1989). Neste caso, procura-se certificar a vali-
conjunto de elementos sociais, econômicos, dade de hipóteses de indução de doenças atra-
culturais e ambientais inter-relacionados, não vés de padrões de distribuição relacionados às
pode ser representado através de mapas. Con- fontes de risco pré-estabelecidas.
dicionados pela própria entrada de dados, os Uma segunda estratégia tem sido a identifi-
mapas apresentam didaticamente elementos cação de padrões de distribuição de doenças e
visíveis do espaço, isto é, sua base física codifi- seu relacionamento com fatores de risco am-
cada através de sinais e convenções que facili- biental, tais como condições de saneamento,
tam sua interpretação. Os mapas temáticos po- habitação e poluição atmosférica. Para esta
dem ainda representar elementos não visíveis abordagem convergem os principais métodos
do espaço como classificação de solos, nível de estatísticos desenvolvidos pela geoquímica,
renda, densidade demográfica, e outras variá- utilizados para distinguir áreas de ocorrência
veis. O geoprocessamento permite a rápida de eventos selecionados segundo critérios de
apresentação destes mapas, bem como a su- similaridade (Atteia et al., 1994). Neste caso, o
perposição e interação entre estes, trabalhados padrão de distribuição da doença é previamen-
como camadas (‘layers’) contendo diferentes te desconhecido e busca-se sua identificação
informações. Para isso, deve contar com bases estatística ou visualmente (Carvalho, 1996). Na
de dados que estejam relacionadas às unidades fase de análise de dados epidemiológicos, estes
espaciais, o que traz problemas comuns a ou- podem ser reagregados com base em critérios
tros sistemas de informação, como a acessibili- de regionalização estabelecidos através de
dade, qualidade e atualização de dados (Mo- análises sócio-demográficas e administrativas
raes, 1994). (Jacobson, 1984). Segundo esta abordagem, fo-
Além disso, estes dados são referidos a uni- ram estabelecidas áreas de maior mortalidade
dades espaciais não coincidentes. O nível mí- infantil e relacionados os possíveis fatores de
nimo de agregação de dados de saneamento é risco na Região Metropolitana do Rio de Janei-
o território das agências locais de água e esgo- ro (Duchiade, 1991), e estudada a mortalidade
to, muitas vezes limitado por sub-bacias hidro- em áreas classificadas segundo características
gráficas. Dados de monitoramento de qualida- sócio-econômicas na Região Metropolitana de
de do ar e água se referem a pontos de amos- São Paulo (Stephens et al., 1994).
tragem cujas regiões de influência dificilmente Uma terceira linha de trabalho procura
são conhecidas. Estas amostras são represen- identificar tendências espaço-temporais a par-
tadas por pontos no mapa que constituem tir de trajetórias verificadas espacialmente.
uma discretização de fenômenos aparente- Com isso, são identificadas vulnerabilidades
mente contínuos. Pode-se, neste caso, recorrer ou barreiras ambientais que permitem a difu-
à interpolação de dados pontuais com a defini- são de doenças no espaço. Um exemplo desta
ção de uma superfície que represente a varia- abordagem é o traçado das trajetórias da difu-

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são da epidemia de AIDS (Smallman-Raynor & dose e dano têm sido objeto de estudo da toxi-
Cliff, 1991; Bastos & Barcellos, 1995) e cólera cologia clássica, que se utiliza principalmente
(Toledo, 1993). de ensaios de laboratório para a avaliação da
Todas estas estratégias para abordagem da toxicidade de determinada substância quími-
relação entre saúde e ambiente são, no entan- ca. Estes ensaios procuram simular condições
to, desenvolvidas a partir de hipóteses previa- de exposição do homem a agentes de risco. Os
mente estabelecidas. No primeiro caso, a fonte passos precedentes de uso, emissão por fontes
ou agente de risco são conhecidos e estudam- de contaminação e exposição de grupos popu-
se suas conseqüências sobre a saúde. No se- lacionais ocorrem no ambiente, sendo passí-
gundo, o lugar é conhecido e estuda-se a rela- veis de quantificação e localização no espaço.
ção entre variáveis ambientais, sócio-econômi- A avaliação dos principais usos e emissões de
cas e de saúde. No terceiro, o agravo e sua etio- uma substância química é realizada através do
logia são conhecidos e estuda-se sua relação inventário de fontes potenciais de poluição,
com fatores ambientais. Em todas estas abor- viabilizado por meio de dados secundários so-
dagens, os critérios utilizados para regionaliza- bre produção ( WHO, 1982; Stockwell et al.,
ção são determinantes dos resultados espera- 1993; Barcellos & Lacerda, 1994). Diferentes es-
dos. Nos primeiros casos, a região é previa- tratégias são adotadas para estudos de casos
mente estabelecida, isto é, um pressuposto de onde existam várias fontes de um só agente,
trabalho, e no terceiro ela é conseqüência do vários agentes emitidos por uma só fonte e
próprio processo de análise de dados epide- múltiplos agentes emitidos por fontes diversas
miológicos, isto é, seu resultado. de contaminação (Andersen & Gosk, 1989). Es-
O geoprocessamento apresenta vantagens tas fontes podem ser pontuais, lineares ou di-
não só na detecção, mas na apresentação vi- fusas, exigindo para cada tipo um tratamento
sual de agrupamentos (“clusters”) (Rothman, gráfico e estatístico para disposição e análise
1990). Neste caso, o geoprocessamento repre- de dados epidemiológicos.
senta uma ferramenta de divulgação de resul- Através da união entre os processos desen-
tados de investigações facilmente compreendi- cadeadores de riscos ambientais, pode-se esta-
dos pela população (Brown et al., 1984). belecer uma seqüência de passos metodológi-
Dentro do amplo espectro do que é deno- cos que permitem a análise globalizada de ris-
minado ‘mapa de risco’, encontram-se mapas cos à saúde. Esta metodologia foi recentemente
que têm como conteúdo desde a presença de utilizada na avaliação de riscos à saúde dos tra-
agentes ambientais de risco até suas conse- balhadores de uma indústria que utiliza mercú-
qüências, previstas ou medidas, sobre a popu- rio em seu processo produtivo (Melo & Barcel-
lação. Os possíveis danos à saúde humana cau- los, 1993). Sua adaptação ao geoprocessamento
sados por atividades poluidoras são precedidos pressupõe que os dados necessários para a ava-
por processos de uso de substâncias químicas, liação sejam localizáveis espacialmente.
sua emissão para o ambiente, a exposição de O esquema ( Tabela 1) é proposto para a
uma população e a dose a que será submetida análise de risco em condições onde predomina
esta população. As relações entre exposição, um agente de risco.

Tabela 1

5 Níveis de risco e indicadores de exposição a agentes físicos e químicos.

Passo Nível de controle Objetivo Conteúdo do mapa

Uso Tecnológico Identificar fontes potenciais Atividades potencialmente poluidoras


de poluição Fontes pontuais e difusas

Emissão Operacional Avaliar emissão de poluentes para Descarga de poluentes para o solo,
o ambiente água e atmosfera
Exposição Ambiental Identificar locais de maior concentração Concentração de poluentes no solo,
de poluentes e processos ambientais sedimento ou atmosfera
Dose Biológico Estabelecer populações de risco Indicador precoce de danos
e principais vias de exposição incorporação de poluentes

Agravo Clínico Avaliar a magnitude e distribuição Morbidade ou mortalidade


de agravos à saúde por agravo relacionado

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Esta análise será tão mais facilitada quanto O estabelecimento de populações poten-
maior a especificidade dos indicadores de cada cialmente expostas tem sido um dos objetos de
nível de controle. O solo e o sedimento têm sido estudo de análises de risco. A contaminação
utilizados como indicadores de contaminação não atinge a todos de forma indiferenciada. A
ambiental por sua facilidade de amostragem, população crítica (Penna Franca et al., 1984)
a integração de longos períodos de contami- dependerá dos hábitos culturais e alimentares,
nação. A urina ou sangue são tradicionalmen- das condições de moradia e da dinâmica dos
te tomados para a avaliação da exposição de tra- poluentes no ambiente. Se em condições ocu-
balhadores a agentes químicos. No caso dos pacionais a atmosfera é o caminho crítico de
metais pesados ou micropoluentes orgânicos, exposição de trabalhadores, na condição de
o uso da sua concentração em compartimen- habitação o alimento (incluindo a água) pode
tos bióticos e abióticos permite uma interliga- se transformar em fator crítico de exposição
ção entre níveis de controle, garantindo a espe- (Body et al., 1988). Neste caso, as principais
cificidade dos indicadores (Body et al., 1988). vias de exposição dependerão da ciclagem dos
Um cuidado adicional deve ser tomado neste poluentes no ambiente (solo, água e atmosfe-
caso para reduzir efeitos de variação natural de ra), incluindo a possível biomagnificação dos
níveis de base de metais presentes em todos poluentes através da cadeia trófica. No famoso
estes compartimentos (Godin et al., 1985). caso de Minamata, o grupo populacional críti-
Entre o uso de uma substância química e o co, que mais sofreu as conseqüências da con-
dano à saúde de uma população existe uma de- taminação por mercúrio, residia em torno da
fasagem que pode variar de dias a anos. Desta baía, onde o metal foi acumulado e sofreu
maneira a associação entre os indicadores fre- transformações químicas que lhe conferiram
qüentemente não é verificada. Como o tempo maior toxicidade.
de latência de doenças relacionadas a riscos A distância da população a fontes de polui-
ambientais pode alcançar alguns anos, a defa- ção é um fator controlador dos riscos associa-
sagem temporal entre mapas temáticos de ca- dos à exposição, mas não o único. O trabalho
da nível de controle de risco pode prejudicar a de Silvany Neto (1982) na Bahia mostrou uma
superposição destes dados, que representam forte correlação entre distância da fonte de
diferentes períodos no tempo. Além disso, o lo- emissão de metais pesados e indicadores de
cal de residência pode não representar o local dose na população vizinha. Por outro lado, a
de exposição, isto é, as condições nas quais se faixa etária, ocupação e condições de habita-
verificaram condições adversas geradoras da ção condicionam de forma seletiva grupos po-
doença. Este problema é minimizado para fai- pulacionais submetidos a maior risco. Outras
xas etárias correspondentes a crianças e re- variáveis culturais e sócio-econômicas podem
cém-nascidos, que são mais suscetíveis, foram influir no risco final. Fatores relevantes podem
submetidos a exposições recentes e possuem ser levantados por grupos populacionais ho-
uma mobilidade menor ou delimitável por in- mogêneos, incluindo condições de moradia,
formações familiares e escolares (WHO, 1983; ocupação, idade, densidade demográfica, utili-
Body et al., 1988). zando-se como unidade mínima o setor censi-
Da mesma maneira, na dimensão espacial, tário.
os fenômenos descritos possuem diferentes ex-
tensões no espaço. O raio de influência de uma
atividade poluidora é restrito segundo caracte- Considerações finais
rísticas de forma química da emissão de po-
luentes e condições locais de transporte destes A análise espacial de padrões epidemiológicos
poluentes. A escolha da escala de análise e do não pretende estabelecer associações causais
nível de agregação de dados deve ser compatí- no nível individual. Por outro lado, pode se
vel com a extensão prevista do risco associado transformar em um instrumento valioso na
a uma atividade poluidora ou agente químico avaliação do impacto de processos e estruturas
ou físico. A união entre modelos matemáticos sociais na determinação de eventos de saúde
de dispersão e ciclagem de poluentes com o (Marshall, 1991). A categoria espaço tem valor
geoprocessamento pode contribuir para a aná- intrínseco na análise das relações entre saúde
lise de cenários e a avaliação da extensão de e ambiente e no seu controle. Conhecer a es-
efeitos de contaminação ambiental. Para isso, trutura e dinâmica espacial permite a caracte-
é necessário dispor de grande número de va- rização da situação (entendida também no
riáveis espacializadas, como regime de ventos sentido latino de lugar) em que ocorrem even-
e precipitação, regime hidrológico e estrutura tos de saúde. Neste sentido, oferece instru-
do meio biótico. mentos aos autores que clamam por uma reto-

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396 BARCELLOS, C. & BASTOS, F. I.

mada, por parte da epidemiologia, da análise res visíveis, deve ser preterida em favor do es-
de situações concretas das populações em in- tabelecimento do contexto” no qual um evento
teração, submetidas a riscos de natureza difu- de saúde ocorre, o que certamente não é pou-
sa, e, por vezes, superposta (Barreto et al., co. Com isso, a categoria espaço contribui para
1993). Além disso, permite o planejamento de o entendimento dos processos envolvidos em
ações de controle, alocação de recursos e a pre- determinado fenômeno ambiental que se de-
paração de ações de emergência. seja estudar. Longe de pretender ser a ‘ciência
Devido ao conjunto de elementos inter-re- da totalidade’, a geografia “serve para desven-
lacionados presentes no espaço, torna-se difí- dar máscaras sociais”, como sugerido por Ruy
cil o estabelecimento de relações de causalida- Moreira. O geoprocessamento é, neste quadro,
de entre condições ambientais e saúde. O geo- um poderoso instrumento a serviço da pesqui-
processamento de informações ambientais e sa em saúde.
de saúde permite, antes de mais nada, a identi- No campo preditivo e preventivo, a ferra-
ficação de variáveis que revelem a estrutura so- menta do geoprocessamento permite ainda
cial, econômica e ambiental, onde riscos à saú- planejar medidas de intervenção junto a fontes
de estão presentes. Como sugere Santos (1978), poluidoras, áreas de concentração de poluen-
“a busca das causas, relacionando apenas fato- tes e populações expostas a risco.

Agradecimentos

Os autores agradecem a colaboração dos pesquisa-


dores Marília Sá Carvalho e Marco Aurélio Bassoli na
revisão e sugestões sobre este texto.

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