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Mc
Graw Hill, 1985, Part II, p. 20-112.
* Por Vivian Graça Barcellos Barreira
O poder está em tudo. Mesmo que o que se queira não seja exatamente poder,
como fazer para consegui-lo, senão através de suas próprias forças? A única resposta
possível é que alguém possa dá-lo a você de muita boa vontade. Judeu e sem muito
dinheiro – é claro que a condição de marginalizado de Morgenthau pesou sobre os seus
escritos realistas. Mas, seria, então por isso, uma mentira ou uma meio-verdade o que ele
diz? Logo ele, que só quis perseguir a “verdade”. 1 E se o realismo se propõe a mostrar a
verdade, é porque essa simplesmente está lá mas nem todos podem ver. Isso porque as
crenças realistas não estão nos discursos dos homens de estado, dos ideólogos ou dos
homens de fé, mas elas só existem porque existe um mundo real que não é contemplado
por esse mundo dos discursos. Para Morgentau, ninguém fará você livre ou próspero, a não
ser, é claro, que seja do interesse dele. O que vale para os homens vale também na relação
entre os países.
Mas se o mundo é cercado pela luta de poder; se todos, realmente todos, querem o
poder, por que então o mundo não vive mais em guerra do que o de costume? Justamente,
porque todos querem o poder. O que leva a paz é o equilíbrio da balança de poder. Quando
o país hegemônico tem seu poder contrabalanceado pelo de um outro ou mais países, então
a defesa garantida impede mesmo o ataque:
1
Cf. Keneth Thompson sobre a busca da verdade de Morgenthau no prefácio à 6ª edição.
2
John Mearsheimer (2005).
Morgenthau cita aqueles que acreditam que, ao contrário dele, a luta pelo poder
pode ser eliminada. Esse pensamento teria surgido no século XIX, com a chamada doutrina
da harmonia de interesses. Esse utopianismo científico encontrou refúgio nos Estados
Unidos e sobreviveu até bem depois da I Guerra Mundial nos assuntos que tangiam as
relações internacionais. Os marxistas, por sua vez, crêem que no socialismo não haverá
guerras. Esses utópicos, pensa Morgenthau, vivem à procura de uma fórmula mágica, e de
um dia e uma oportunidade para usá-la. Recobertos pelos princípios de cientificidade,
perfeição moral e política apareceram ligados, para esses:
Bibliografia: