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INTRODUÇÃO
CAPITALISMO E EDUCAÇÃO
A lei 4.024/ 1961 estabelece as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ela
está vinculada entre os dois projetos de Lei (Mariani e Lacerda). Dessa forma os setores
privados asseguram seus direitos triunfando a proposta Lacerda, e a lei também absorve
elementos da proposta Mariani, como a equipação dos cursos de nível médio e a
flexibilidade do intercâmbio entre eles.
A LDB não corrige as diferenças sociais do sistema educacional, que além de
contribuir para reproduzir a estrutura de classe e as relações de trabalho, também
reproduz essa ideologia da igualdade. Ao se submeter aos padrões de seleção da escola,
a classe subalterna assume a culpa de seu fracasso. Aceita a condição subalterna como
aceita a condição de mando e de exploração da classe que controla essas condições. A
classe subalterna procura valer-se da educação como canal de mobilidade e ascensão
social. A classe dominante esconde seus verdadeiros interesses e lança a ideologia de
chances iguais para todos. Por isso o setor privado tira proveito da situação oferecendo a
“mão-de-obra qualificada” que garante a produção. Por um outro lado, a classe
subalterna busca através do ensino profissionalizante, não habilitações profissionais,
mas chances formais de ingresso à universidade. Com a pressão sobre a universidade a
classe dominante vê-se obrigada a reforçar o controle da seletividade. Depois de 64, a
política educacional deve resolver a preocupação com a mão-de-obra qualificada e a
preocupação com os excedentes.
Podemos concluir que a seleção feita pela escola privilegia sistematicamente a
classe média e alta, à medida que ascendem verticalmente na pirâmide educacional.
Quando finalizou a substituição fácil de importações, para que o processo de
acumulação pudesse prosseguir, sentiu-se a necessidade de aumentar a procura, ou seja,
dar nova feição à economia brasileira.
O modelo de internacionalização do mercado interno nada mais é do que colocar
o mercado e o consumo brasileiro a nível do mercado internacional. Através do capital
estrangeiro a aristocratização do consumo e a expansão das exportações.
A nova situação econômica exige, portanto, a reorganização da sociedade
política e da sociedade civil, a fim de que o Estado se torne novamente mediador dos
interesses da reprodução ampliada das empresas privadas nacionais e multinacionais. O
Estado é forçado a ceder à nova tendência da “internacionalização do mercado interno”.
A política educacional serve à sociedade política, e pode ser considerada como
aparelho ideológico do Estado e responsável pela perpetuação das classes: de um lado
os dominados e do outro os dominantes. Política de controle dos interesses econômicos
e sociais da classe dominantes.
A extensão do ensino gratuito para toda a população em idade escolar até 8ª
série é uma meta fixada para 1980, já sabendo que não podia ser alcançada. A
dificuldade não está somente em ampliar a base que não existe no concreto, só no papel
– É preciso primeiro criar a base para, depois, ampliá-la.
Há, no desenvolvimento histórico da realidade brasileira, um deslocamento
sistemático do fator educacional da periferia do sistema para seu centro, assumindo
aqui, na atualidade, força estratégica para a consolidação do capitalismo no país. A
tomada de consciência da importância da educação como mecanismo manipulável para
a implantação, conservação e dinamização das estruturas de produção capitalista no
Brasil, corresponde, em certo sentido, à valorização teórica que este fator experimentou
nos últimos anos para a compreensão e explicação dos dinamismos de reprodução das
modernas sociedades capitalistas em geral.
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PONTOS E CONTRAPONTOS
• Ensino aprendizagem
No primeiro ciclo, o estudo da Geografia deve abordar principalmente questões
relativas à presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação dos indivíduos, dos
grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço geográfico. Para
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tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar
seu trabalho.
O segundo ciclo deve abordar principalmente as diferentes relações entre as
cidades e o campo em suas dimensões sociais, culturais e ambientais e considerando o
papel do trabalho, das tecnologias, da informação, da comunicação e do transporte. O
objetivo central é que os alunos construam conhecimentos a respeito das categorias de
paisagem urbana e paisagem rural, como foram construídas ao longo do tempo e ainda o
são, e como sintetizam múltiplos espaços geográficos.
No terceiro ciclo, o estudo da Geografia poderá recuperar questões relativas à
presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação dos indivíduos, dos grupos
sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço.
A observação e a caracterização dos elementos presentes na paisagem é o ponto
de partida para uma compreensão mais ampla das relações entre sociedade e natureza.
O aluno deverá obter maior autonomia em relação ao método da observação,
descrição, representação, explicação e compreensão do espaço e suas paisagens, assim
como em relação aos diferentes recursos e linguagens com os quais possa obter
informações para essa melhor compreensão.
É essencial, que o professor trabalhe com diferentes tipos de mapas, Atlas, globo
terrestre, plantas e maquetes de boa qualidade e atualizados, em situações em que os
alunos possam interagir com eles e fazer uso cada vez mais preciso e adequado deles.
O aluno do quarto ciclo já é capaz de maior sistematização, podendo
compreender aspectos metodológicos da área quando estudada as relações entre
sociedade, cultura, Estado e território ou as contradições internas que ocorrem entre
diferentes espaços geográficos com suas paisagens.
Portanto é fundamental que a escola se preocupe com a formação dos alunos para
o mundo ocupacional. Um mundo ocupacional acessível que lhes dê uma autonomia
desejada em relação à família, tanto para a independência como para a liberdade de
ação.
Obs: Os PCNs trazem ainda, os objetivos e conteúdos, a serem trabalhados pelo
professor, de cada ciclo e/ou série.
Aspectos negativos:
- Retoma os conceitos básicos, porém não conseguem articular com os objetivos
gerais e com os procedimentos metodológicos.
- Os textos contidos nos PCNs são teóricos demais. Têm por objetivo abranger
professores de todo o Brasil, no entanto usam linguagem para professores de primeiro
mundo. Em conformidade com Pontuschka,
O texto é teórico demais para o professor que ainda utiliza o livro didático
como a sua única ou principal bibliografia. Desse modo, ao lado dos PCNs,
muitas outras ações precisam ser efetivadas para que o público-alvo possa
elevar a qualidade de seu trabalho de acordo com os objetivos gerais
previstos pelo MEC (PONTUSCHKA, 1999, p. 16).
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Mexe-se no currículo, mas não são pensadas ações que ofereçam aos
professores, distribuídos por todo o território brasileiro, momentos de
reflexão, no sentido de valorizar a interdisciplinaridade e os trabalhos
coletivos em uma sociedade e em uma organização escolar em que prevalece
o individual, para não dizer o individualismo, em que as disciplinas estão
extremamente compartimentadas, não considerando as fronteiras indeléveis
existentes entre elas. Idéias boas são destruídas pela forma autoritária de sua
implementação (PONTUSCHKA, 1999, p.17).
Desde 1990 o Banco Mundial tem declarado que seu principal objetivo é o
ataque à pobreza, destacando o investimento em educação como a melhor
forma de aumentar o recurso dos pobres. Segundo Corragio, o que o Banco
Mundial teme é colocar em risco a sustentação política do ajuste estrutural,
entendido como caminho para retomar o crescimento e por isso lança mão
das chamadas políticas compensatórias no campo da educação como forma
de mitigar os impactos do ajuste sobre a população mais empobrecida
(CACETE, 1999, p. 39).
As análises anteriores, com certeza, nos despertou para uma reflexão mais profunda
sobre os PCNs. Sendo assim, discutiremos, a seguir, a realidade vivenciada nas salas de
aula pelo professor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que haja essa transformação cultural a escola deverá se comprometer com
a compreensão e transformação da realidade social vivida por professores e estudantes,
propiciando ao professor uma formação ativa e permanente, coerente com sua prática
pedagógica e de acordo com suas condições financeiras.
Antes de tudo, devemos vislumbrar que a realização das reformas educacionais
que vem ocorrendo faz parte de um conjunto de ações políticas que visam implementar
uma determinada ideologia. Se o processo de internacionalização do mercado vinha se
fazendo no campo da economia, agora vemos um aprofundamento deste processo
através da educação.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS